FILADELFIA, 26 Set. 15 / 12:31 pm (ACI).- Após sua chegada
ao aeroporto Internacional da Filadélfia às 9:30h (horário local), o Santo
Padre se dirigiu à histórica Catedral de São Pedro e São Paulo para celebrar
sua primeira Missa no Encontro Mundial das Famílias. Na sua alocução o Santo Padre
recordou o encontro entre Santa Catarina Drexel, uma das grandes santas
norte-americanas e o Papa Leão XIII. Na ocasião, falando sobre a Evangelização
dos EUA, o sábio Papa perguntou à Santa Catarina: «E tu, que farás?». Esta
mesma pergunta o Papa dirigiu aos presentes referindo-se à missão de transmitir
a alegria do Evangelho.
Nesta manhã, aprendi algo mais da história desta bela
catedral: a história que está por detrás das suas paredes altas e dos seus
vitrais. Contudo prefiro olhar a história da Igreja, nesta cidade e neste
Estado, como uma história não de construção de muros, mas do seu derrube. Ela
fala-nos de gerações e gerações de católicos comprometidos, saindo para as
periferias a fim de construir comunidades de culto, de educação, de caridade e
de serviço à sociedade inteira.
Uma tal história é visível nos muitos santuários espalhados
por esta cidade, nas suas inúmeras paróquias, cujas agulhas e campanários falam
da presença de Deus no meio das nossas comunidades. Vemo-la também nos esforços
de todos aqueles sacerdotes, religiosos e leigos que, com dedicação, ao longo
de dois séculos, trabalharam pelas necessidades espirituais dos pobres, dos
imigrantes, dos doentes e dos encarcerados. Vemo-la também nas inúmeras escolas
onde consagrados e consagradas ensinaram as crianças a ler e a escrever, a amar
a Deus e ao próximo, e a contribuir como bons cidadãos para a vida da sociedade
americana. Tudo isto é a herança verdadeira que recebestes e que sois chamados
a enriquecer e transmitir.
Muitos de vós conhecem a história de Santa Catarina Drexel,
uma das grandes Santas saídas desta Igreja local. Quando ela falou ao Papa Leão
XIII da necessidade das missões, o Papa – era um Papa muito sábio! –
perguntou-lhe de maneira incisiva: «E tu, que farás?» Aquelas palavras mudaram
a vida de Santa Catarina, porque recordaram-lhe que afinal cada cristão
recebeu, em virtude do Baptismo, uma missão. Cada um de nós deve responder, da
melhor forma possível, à chamada do Senhor para construir o seu Corpo, que é a
Igreja.
«E tu, que farás?» A partir destas palavras, gostaria de me
deter sobre dois aspectos, no contexto da nossa missão especial de transmitir a
alegria do Evangelho e edificar a Igreja como sacerdotes, diáconos ou membros
de institutos de vida consagrada.
Em primeiro lugar, aquelas palavras – «E tu, que farás?» –
foram dirigidas a uma pessoa jovem, uma jovem mulher com ideais elevados, e
mudaram a sua vida. Impeliram-na a pensar no trabalho imenso que havia para
realizar e a dar-se conta de que também ela era chamada a fazer a sua parte.
Quantos jovens, nas nossas paróquias e escolas, têm os mesmos ideais elevados,
generosidade de espírito e amor a Cristo e à Igreja! Somos nós capazes de os
pôr à prova? Somos capazes de os guiar e ajudar a fazer a sua parte? A
encontrar caminhos para poderem partilhar o seu entusiasmo e os seus dons com
as nossas comunidades, sobretudo nas obras de misericórdia e de compromisso a
favor dos outros? Partilhamos a própria alegria e entusiasmo que temos em
servir o Senhor?
Um dos grandes desafios que a Igreja tem pela frente, nesta
geração, é promover, em todos os fiéis, o sentido de responsabilidade pessoal
pela missão da Igreja e torná-los capazes de cumprirem tal responsabilidade
como discípulos missionários, serem fermento do Evangelho no nosso mundo. Isto
exige criatividade para se adaptar às situações em mudança, para levar avante a
herança do passado, não primariamente mantendo as estruturas e as instituições,
que também foram úteis, mas acima de tudo estando disponíveis para as
possibilidades que o Espírito abre diante de nós e comunicando a alegria do
Evangelho, todos os dias e em todas as estações da vida.
«E tu, que farás?» É significativo que as palavras do Papa
já idoso tivessem sido dirigidas a uma mulher leiga. Sabemos que o futuro da
Igreja, numa sociedade em rápida mudança, exigirá – e já agora o exige – um
compromisso cada vez mais activo por parte dos leigos. A Igreja nos Estados
Unidos sempre dedicou um enorme esforço ao trabalho da catequese e da educação.
O nosso desafio, hoje, é construir alicerces sólidos e promover um sentido de
colaboração e responsabilidade compartilhada, quando programamos o futuro das
nossas paróquias e instituições. Isto não significa transcurar a autoridade
espiritual que nos foi confiada, mas discernir e usar sabiamente os múltiplos
dons que o Espírito concede à Igreja. De forma particular, significa valorizar
a contribuição imensa que as mulheres, leigas e consagradas, deram e continuam
a oferecer à vida das nossas comunidades.
Queridos irmãos e irmãs, agradeço-vos o modo como cada um de
vós respondeu à pergunta de Jesus que inspirou a vossa vocação: «E tu, que
farás?» Encorajo a deixar-vos renovar na alegria daquele primeiro encontro com
Jesus e tirar daquela alegria uma renovada fidelidade e vigor. Vou estar
convosco nestes dias, pedindo-vos para transmitirdes a minha saudação afectuosa
a todos aqueles que não puderam estar aqui connosco, especialmente a tantos
sacerdotes idosos e pessoas consagradas aqui espiritualmente presentes.
Durante estes dias do Encontro Mundial das Famílias,
gostaria de vos pedir para reflectirdes de modo particular sobre a qualidade do
nosso ministério com as famílias, os casais que se preparam para o matrimónio e
os nossos jovens. Tenho conhecimentos do que se faz nas vossas Igrejas locais
para dar resposta às suas necessidades e apoiá-los no seu caminho de fé.
Peço-vos que rezeis fervorosamente pelas famílias, bem como pelas decisões do
próximo Sínodo sobre a família.
Agora, com gratidão por tudo o que recebemos e com confiante
certeza em todas as nossas necessidades, voltemo-nos para Maria, nossa Mãe
Santíssima. Que Ela, com o seu amor de mãe, interceda pelo crescimento da
Igreja, na América, no testemunho profético do poder da cruz do seu Filho para
levar alegria, esperança e força ao mundo. Rezo por cada um de vós e peço-vos,
por favor, que rezeis por mim.
Fonte: ACI digital
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