O maior acontecimento da história humana foi a Encarnação do Verbo. “Por nós, homens, e para a nossa salvação”, diz o nosso Credo, desceu à Terra, no seio virginal de Maria e se fez um de nós; “armou a sua tenda entre nós”; se fez nosso Irmão, e nos reconciliou com Deus por seu sacrifício na Cruz. “O Pai enviou seu Filho como o Salvador do mundo” (1Jo 4,14). “Este apareceu para tirar os pecados” (1Jo 3,5).
O pecado de todos os homens ofende a Majestade infinita de Deus; fere a justiça e o direito divinos; e isso não pode ser reparado por uma recompensa apenas humana. Só Deus poderia reparar uma ofensa infinita praticada contra Deus; então, Deus mesmo, na pessoa do Verbo encarnado, feito homem, veio reparar essa ofensa. No seio da Trindade o Verbo se ofereceu para essa Missão: fazer-se homem, para, no lugar do homem oferecer a oblação de valor infinito de sua vida pela salvação de todos os seus irmãos. “O´ Senhor, quanto Te custou nos ter amado!”, exclamou o doutor da Igreja Santo Afonso de Ligório.
A Carta aos Hebreus fala desse mistério: “Por isso, ao entrar no mundo, Ele afirmou: Não quiseste sacrifício e oferenda. Tu, porém, formaste-me um corpo. Holocaustos e sacrifícios pelo pecado não foram de teu agrado. Por isso eu digo: Eis-me aqui… para fazer a tua vontade” (Hb 10,5-7; Sl 40,7-9).
A Igreja reza na Liturgia: “No momento em que Vosso Filho assume nossa fraqueza, a natureza humana recebe uma incomparável dignidade: ao tornar-se ele um de nós, nós nos tornamos eternos.” (Prefácio da Or. Eucarística do Natal III). “Quando Cristo se manifestou em nossa carne mortal, vós nos recriastes na luz eterna de sua divindade” (Pref. Or. Euc. da Epifania).
O grande Padre da Igreja, São Gregório de Nissa (†340), assim explicou:
“Doente, nossa natureza precisava ser curada; decaída, ser reerguida; morta, ser ressuscitada. Havíamos perdido a posse do bem, era preciso no-la restituir. Enclausurados nas trevas, era preciso trazer-nos à luz; cativos, esperávamos um Salvador; prisioneiros, um socorro; escravos, um Libertador. Essas razões eram sem importância? Não eram tais que comoveriam a Deus a ponto de fazê-lo descer até nossa natureza humana para visita-la, uma vez que a humanidade se encontrava em um estado tão miserável e tão infeliz?” (Or. Cath. 15: PG 45,48B)
O nosso Catecismo explica que “o Verbo se fez carne para que, assim, conhecêssemos o amor de Deus”: “Nisto manifestou-se o amor de Deus por nós: Deus enviou seu Filho Único ao mundo para que vivamos por Ele” (1 Jo 4,9). “Pois Deus amou tanto o mundo, que deu seu Filho Único, a fim de que todo o que crer nele não pereça, mas tenha a Vida Eterna” (Jo 3,16).
O Verbo se fez carne “para ser nosso modelo de santidade”: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim…” (Mt 11,29). “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai a não ser por mim” (Jo 14,6). E o Pai, no monte da Transfiguração, ordena: “Ouvi-o” (Mc 9,7).
O Verbo se fez carne para tornar-nos “participantes da natureza divina” (2Pd 1,4): “Pois esta é a razão pela qual o Verbo se fez homem, e o Filho de Deus, Filho do homem: é para que o homem, entrando em comunhão com o Verbo e recebendo, assim, a filiação divina, se torne filho de Deus” (S. Irineu).
Não foi sem razão que o grande compositor alemão Johann Christian Bach (†1782) compôs a magnifica música “Jesus, alegria dos homens”.
Prof. Felipe Aquino
fonte cleofas
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