19 de nov. de 2014

O Sermão da Montanha (final)

Como resistir às Provações

O Senhor conclui o Seu Sermão da Montanha comparando a vida com a construção da casa. Ele mostra como uma vida virtuosa ajuda as pessoas a suportar as inevitáveis provações da vida enquanto que uma vida descuidada enfraquece a força espiritual e faz as pessoas presa fácil às tentações.

"Assim, todo aquele que ouve as minhas palavras e as põe em prática será semelhante a um homem ajuizado, que constrói sua casa sobre a rocha. Cai a chuva, correm as enxurradas, sopram os ventos que se lançam contra essa casa. mas ela não desaba, porque está construída sobre a rocha. Mas todo aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática será semelhante a um tolo, que constrói sua casa sobre a areia. Cai a chuva correm as enxurradas, sopram os ventos que se lançam contra essa casa, e ela desaba: é um destruição total! Quando Jesus acabou estes discursos, a multidão estava tomada de admiração pelo seu modo de ensinar. Porque a ensinava como detentor de autoridade própria e não como os mestres da lei" (Mateus 7:24-29).

A comparação da vida com a casa foi facilmente entendida pelo povo que vivia na Terra Santa. Esse país na sua maior parte é montanhoso. Uma chuva torrencial e repentina enche rios secos com rápidas torrentes de água que descem os vales carregando tudo pelo caminho. Nenhuma construção colocada no caminho das torrentes suporta a pressão da água, principalmente se a casa for construída em cima de areia. Por isso que pessoas de bom senso sempre constroem suas casas em cima de rochas e suficientemente altos para não serem inundadas.

Várias tempestades são inevitáveis na vida de uma pessoa. Podem ser incêndios, terremotos, guerras, perseguição, doenças incuráveis, morte de ente querido e outros desastres que acontecem inesperadamente e alteram o curso da vida de uma pessoa. Em um instante tudo poderá estar perdido - saúde, família, felicidade, prosperidade ou paz de espírito. Em tal condição, a queda se manifestará em perda de fé, desespero e queixa contra Deus.

As tempestades interiores que podem ser mais perigosas que as tempestades físicas, também são inevitáveis, por exemplo: paixões furiosas, grandes tentações, dúvidas torturantes sobre assuntos de fé, ataques de raiva, ciúme, inveja, medo, etc. Neste caso a queda está no render-se à tentação, renunciando Deus e a fé ou desobedecendo a voz de sua consciência em algum aspecto. Essas crises interiores não são apenas conseqüências de desfavoráveis circunstâncias de vida, mas também resultados de ações de pessoas más ou do diabo que de acordo com as palavras de um apóstolo, "Sede sóbrios! Vigiai! Vosso adversário, o Diabo, ronda qual leão a rugir, buscando a quem devorar" (1 Pedro 5:8).

Nota: No dia de nossa morte deveremos passar pela última provação. Como descrito nas vidas de santos, quando a alma se separa do corpo o outro mundo se abre à sua vista, e ela poderá ver os gentis anjos e também os demônios. Os demônios procuram transtornar a alma da pessoa mostrando a ela os pecados cometidos quando em vida terrena. Tentando persuadir que não existe salvação para ela. Ao fazer isso eles tentam levar a alma ao desespero e arrastá-la ao abismo. Mas o Anjo da Guarda protege a alma dos demônios e traz confiança e esperança para a misericórdia de Deus. Se a pessoa viveu em pecado e sem fé, os demônios se apoderam da alma. Essa passagem da alma desde o momento de deixar o corpo até chegar ao trono de Deus é chamada "Mitarstva "em russo, "Toll Houses "em inglês, (pedágios ou cobradores de taxas ou impostos, em português). Talvez esta seja a provação de que fala o apóstolo Paulo quando ele sugere que os cristãos devam revestir-se das armaduras da retidão para resistir os espíritos malignos dos ares no dia mau e depois de tudo superar, continuar de pé (Efésios 6:12-13). A armadura da retidão, como explicado pelos santos pais da Igreja, são as virtudes da pessoa e o dia mau é tempo da grande tentação depois que a alma deixa o corpo. Depois de ser transportada fora do céu, os maus espíritos pairam entre o céu e a terra e colocam obstáculos no caminho da alma que se dirige ao trono de Deus. Somente depois do Juízo Final os demônios serão confinados finalmente ao abismo.

Quem poderá ser calmo e feliz num meio de tanta inconstância de assuntos terrenos? São aquelas pessoas que estão com Cristo e em Cristo. Pessoas que vivem em obediência às leis de Cristo, fincados numa rocha sólida e protegidos das tempestades. Possuindo fé e amor a Deus elas não devem temer porque o Senhor não permitirá um verdadeiro fiel que seja testado mais do que ele pode suportar (1 Corintios 10:13). Mas quem não segue os mandamentos de Cristo não consegue suportar quando confrontado com difíceis provações. É provável que ela se afogue no desespero e a sua queda será a sua destruição e um alerta para os outros. Ao observar isso um antigo sábio escreveu: "Passa a tormenta: o mau desaparece, mas o justo permanece firme para sempre" (Provérbios 10:25).

Os Santos Pais comparam a dor ou aflição com fogo. O mesmo fogo que transforma palha em cinzas ele purifica o ouro das impurezas. O Senhor assegura os justos: " Jamais te atingirá desgraça alguma, nem chegará o mal, à tua casa. Pois a seus anjos Deus ordenará em teus caminhos todos te guardarem. Nas suas próprias mãos hão de levar-te para que em pedra alguma tu tropeces. Sobre a serpente e a víbora andarás, o leão e o dragão hás de esmagar. " (Salmo 91:11).

Conclusão

Assim, em Seu Sermão da Montanha, o Salvador nos dá instruções vivas e compreensíveis sobre como se tornar justo e construirmos dentro de cada um de nós a harmoniosa e magnificente casa da perfeição espiritual onde habitará o Espírito Santo.

Resumindo os conselhos de Deus, o Salvador nos ensina como colocar a Sua vontade em primeiro lugar, ensina a direcionar todos os nossos atos à gloria de Deus, procurar imitar a perfeição de Deus e ter uma poderosa confiança de que Ele nos ama e sempre se preocupa conosco.

Com relação aos outros, o Senhor ensina que devemos perdoar os nossos ofensores, sermos misericordiosos, compassivos e procurando a paz, tratar os outros como gostaríamos de ser tratados, amar os outros, inclusive nossos inimigos, não procurarmos vingança, não condenarmos ninguém, mas ao mesmo tempo nós nos precavermos de

"cães," especialmente os falsos profetas.

Com relação às nossas aspirações interiores, o Senhor nos ensina a sermos humildes e afáveis, evitar a hipocrisia e dupla personalidade, desenvolver nossas boas qualidade, empenharmo-nos para a retidão, sermos constantes em boas ações, laboriosos, pacientes e corajosos, guardar nossos corações na pureza e aceitar sofrimentos por Cristo e Sua Verdade com alegria. Todo o esforço espiritual de um homem não é inútil: esse esforço torna-o firme e forte durante as tempestades da vida e prepara para ele a eterna recompensa no céu.

 Fonte:  http://www.paideamor.com.br/


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