Embora
não se encontre na literatura católica nenhum documento que traga a definição
ou demonstre a diferença entre a natureza da beatificação e da canonização de
uma pessoa, é sabido que essa diferença existe.
Para
responder ao questionamento de forma católica, necessário se faz recorrer às
bulas papais que decretaram uma e outra situação, de modo que a linguagem nelas
utilizada esclareça a diferença entre os dois atos.
A beatificação é uma
permissão de culto. Frágil enquanto sentença e que, geralmente, atende ao
anseio de uma comunidade específica (um país, uma ordem religiosa etc.), porém,
faltando ainda aquela nota de universalidade típica do ser católico.
A canonização, por sua vez, é uma
prescrição de culto, inclusive algumas bulas trazem a ordem expressa de culto e
outras trazem anátemas para quem não aceitar a santidade decretada.
O
núcleo da diferença entre um ato e o outro é o fato de que, na beatificação não
existe um pronunciamento explícito quanto à certeza de que a pessoa beatificada
está na glória do céu. Já na canonização existe essa atestação pontifícia,
tanto vida virtuosa como modelo de santidade, quanto da certeza de que aquela
pessoa declarada encontra-se na Igreja triunfante.
A
canonização é, portanto, um ato político, no sentido mais puro da palavra, ou
seja, é um ato de influência social que visa o bem comum das pessoas. O
Catecismo da Igreja Católica, em seu número 828, diz que:
"Ao canonizar certos fiéis, isto é, ao proclamar
solenemente que esses fiéis praticaram heroicamente as virtudes e viveram na
fidelidade à graça de Deus, a Igreja reconhece o poder do Espírito de santidade
que está em si e sustenta a esperança dos fiéis, propondo-os como modelos e
intercessores."
A
salvação está disponível para todos, para tanto, existe o Purgatório. Já a
santidade é para poucos, pois, o santo é aquele que viveu de tal forma a vida
em Cristo que não necessitou do remédio do Purgatório e ao morrer foi direto
para o céu.
A
canonização é uma sentença definitiva e irrevogável, na qual o Papa afirma,
utilizando-se do seu poder pontíficio, que aquela pessoa viveu de forma
extraordinária a graça do primeiro mandamento que é amar a Deus sobre todas as
coisas e que, por causa disso, serve como modelo para todos aqueles que almejam
viver a mesma Graça.
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