O domingo é chamado de "o dia do Senhor", pois foi
nele que Jesus Cristo ressuscitou e deu início à nova criação. Ele se
"distingue expressamente do sábado, ao qual sucede cronologicamente, a
cada semana, e cuja prescrição substitui, para os cristãos" (CIC 2175). Ou
seja, o domingo, após a ressurreição do Senhor Jesus, substituiu o sábado, que
era guardado anteriormente. É tão importante que consta da lista dos dez
mandamentos. Trata-se do terceiro e diz: "guardar domingos e festa de
guarda".
O Catecismo continua ensinando que participar da Santa Missa
no domingo é observar "a prescrição moral naturalmente inscrita no coração
do homem de ‘prestar um culto exterior, visível, público e regular’" a
Deus. Diz ainda que "a celebração dominical do Dia e da Eucaristia do
Senhor está no coração da vida da Igreja" (CIC 2176). Além disso, existe
uma obrigação, para o próprio bem do fiel, na participação dominical, que só
pode ser isentado por motivos realmente sérios:
"A Eucaristia do domingo fundamenta e sanciona toda a
prática cristã. Por isso os fiéis são obrigados a participar da Eucaristia nos
dias de preceito, a não ser por motivos muito sérios (por exemplo, uma doença,
cuidado com bebês) ou se forem dispensados pelo próprio pastor. Aqueles que
deliberadamente faltam a esta obrigação cometem pecado grave." (CIC 2181)
O Código de Direito Canônico, em seu Cânon 1247, complementa
o ordenamento quando diz que "no domingo e nos outros dias de festa de
preceito, os fiéis têm a obrigação de participar da missa; além disso, devem
abster-se das atividades e negócios que impeçam o culto a ser prestado a Deus,
a alegria própria do dia do Senhor e o devido descanso da mente e do
corpo." Ora, percebe-se assim que é preciso um outro posicionamento diante
do domingo e dos dias de preceito. Não se trata somente de ir à missa e de não
trabalhar. É preciso também olhar para o outro, reconhecendo nele igualmente a
necessidade de guardar o mesmo preceito. Veja:
"Santificar os domingos e dias de festa exige um
esforço comum. Cada cristão deve evitar impor sem necessidades a outrem o que o
impediria de guardar o dia do Senhor. Quando os costumes (esportes,
restaurantes etc.) e as necessidades sociais (serviços públicos etc.) exigem um
trabalho dominical, cada um assuma a responsabilidade de encontrar um tempo
suficiente de lazer. Os fiéis cuidarão, com temperança e caridade de evitar os
excessos e as violências causadas às vezes pelas diversões de massa. Apesar das
limitações econômicas, os poderes públicos cuidarão de assegurar aos cidadãos
um tempo destinado ao repouso e ao culto divino. Os patrões têm uma obrigação
análoga com respeito aos seus empregados." (CIC 2187)
O repouso dominical, para o católico, não é um fim em si
mesmo. O centro dessa prática não está no repouso, mas sim na Eucaristia, no
culto divino, na santificação daquele tempo da graça. O Bem-aventurado Papa
João Paulo II, em sua carta apostólica Dies Domini, reflete ainda mais
profundamente sobre o domingo:
"Aos discípulos de Cristo, contudo, é-lhes pedido que
não confundam a celebração do domingo, que deve ser uma verdadeira santificação
do dia Senhor, com o « fim de semana » entendido fundamentalmente como tempo de
mero repouso ou de diversão. Urge, a este respeito, uma autêntica maturidade
espiritual, que ajude os cristãos a « serem eles próprios », plenamente
coerentes com o dom da fé, sempre prontos a mostrar a esperança neles
depositada (cf. 1 Ped 3,15). Isto implica também uma compreensão mais profunda
do domingo, para poder vivê-lo, inclusivamente em situações difíceis, com plena
docilidade ao Espírito Santo".
Portanto, é dever de cada cristão católico empenhar-se a
valorizar esse dia sagrado, para que seja cada vez mais reconhecido e vivido de
maneira mais apurada. Assim o fazendo, não só o próprio indivíduo, mas a
comunidade e a sociedade como um todo receberão os frutos e os benefícios dessa
influência.
Por fim, oportuna é a exortação do Beato João Paulo II no
final da Dies domini, convocando os filhos de Deus para que "ao
encontrarem a Igreja que cada domingo celebra alegremente o mistério donde lhe
vem toda a sua vida, possam encontrar o próprio Cristo ressuscitado." E
chama a todos para que, "renovando-se constantemente no memorial semanal
da Páscoa, tornem-se anunciadores cada vez mais credíveis do Evangelho que
salva e construtores ativos da civilização do amor."
Fonte: https://padrepauloricardo.org
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