Enquanto você estiver
dominado pela vontade de falar de si mesmo, é porque ainda não está apto a
acolher o outro.
Entretanto, não
arranque o outro do seu silêncio à força; respeito-o, e aos poucos, ajude-o a
falar. Não devasse a sua intimidade.
Você está vendo que o
namoro é como uma escola, um educandário do amor; por isso é belo e rico.
Vá interrogando-o com
suavidade sobre a sua vida, as suas preocupações, o seu passado, a sua família,
a escola, etc.
Deixe-o dizer tudo o
que ele quiser, e não fique com aquele olhar distante, longe, nas nuvens (…).
O diálogo exige
gratuidade.
Se você estiver
nervoso, preocupado, irritado e de mau humor, então, pegue tudo isto e entregue
a Deus, na fé, para estar disponível.
O mau humor, a
lamúria, a constante reclamação, são venenos mortais para o diálogo e o
relacionamento.
Sorria, ainda que o
seu coração esteja chorando, por amor; isto não é fingimento.
Saiba caminhar em
direção ao outro, estenda-lhe a mão para ajudá-lo a entrar em você.
Se ele vier a você
cheio de problemas e angústias, não tenha pressa em querer dar-lhe a solução
mágica para as suas dores. Não, apenas deixe que ele se esvazie; deixe-o falar;
só depois, quando ele tiver “posto tudo para fora”, só então, você lhe dirá uma
palavra amiga, e de conforto.
Quando o médico vai
tratar um tumor, primeiro deixa-o vazar completamente, tira todo o material
infeccioso, só depois coloca o remédio.
Assim também ocorre
com as “infecções da alma”; primeiro é preciso esvaziá-la, para depois
curá-las.
A grande necessidade
das pessoas hoje é ter alguém que as ouça com tempo e disponibilidade.
Não será o namoro uma
bela oportunidade também para isso?
Se você quiser que o
seu namorado abra-lhe a alma, e se revele do fundo do seu ser, então saiba ser
receptiva, silenciosa, discreta (…). Então você ouvirá muitas confidências, e
ele irá embora aliviado e crescido.
A experiência tem me mostrado
que a maioria das pessoas que nos procuram para resolver os seus problemas,
mais do que conselhos, querem desabafar uma angústia que está no coração. E
quando você se dispõe a ouvi-las com atenção e carinho, elas vão se acalmando e
encontrando o remédio que precisam, sem que às vezes a gente não diga nada. É a
necessidade da alma humana de desabafar.
Portanto, saiba que o
que o outro mais precisa no diálogo é da sua atenção esmerada. Não seja aéreo
enquanto o outro fala, esqueça de você mesmo neste instante.
Dialogar não é
discutir.
Na discussão gasta-se
muita energia, irrita-se e chega-se ao nervosismo que não leva a nada, ao
contrário, só destrói o relacionamento.
O diálogo conduz ao
amor; a discussão leva à briga. Eis a diferença.
Na discussão cada um
– cheio de si mesmo – se acha o dono da verdade e da razão, e não abre mão
disso. É o orgulho que impera.
No diálogo ambos
procuram a verdade juntos, não se acham cheios de razão, e não se preocupam com
quem ela está.
Na discussão são
pessoas que se exibem querendo vencer a outra; no diálogo, são argumentos e
idéias que são apresentadas.
A discussão é uma
luta entre dois egos orgulhosos; o diálogo é o encontro de duas almas queridas.
Entendeu a diferença?
Na discussão um quer
arrasar os argumentos e ideias do outro, e desmoralizar os seus raciocínios,
já no diálogo cada um se esforça para compreender os argumentos e ideias
do outro, ao invés de atacá-los apressadamente.
Quando você discute,
já dá a resposta antes mesmo que o outro termine de falar o que queria expor;
no diálogo, você quer que ele repita o que disse para que você possa entendê-lo
melhor.
Há um sabor mórbido
em arrasar o outro numa discussão. É próprio dos adversários quando se
encontram; não de namorados que se amam e querem construir-se mutuamente.
O que você pode
lucrar em “dobrar” o outro numa discussão. Nada, a não ser um pouco mais de
orgulho e de
arrogância! Além disso você deixa o outro ferido e magoado, mais longe de você… talvez até com mágoa e ressentimento, e com ódio no coração.
arrogância! Além disso você deixa o outro ferido e magoado, mais longe de você… talvez até com mágoa e ressentimento, e com ódio no coração.
A discussão termina
com um vencido e um vencedor, como se fosse uma guerra. Será que isto deve
acontecer entre duas pessoas que se amam?
O diálogo autêntico e
necessário no namoro, não admite portanto, palavras, expressões ou gestos que
humilhem o outro, ou que demonstrem pouco caso, cinismo, soberba, arrogância,
prepotência (…).
“Você tem um
raciocínio de criança imatura!”
“Sua argumentação
está toda vazia e furada!”
“Você parece louca,
no mundo da lua!”
“Acho que você está
precisando de um psiquiatra!”
“Será que você não
vai crescer nunca?”
“Até quando você vai
continuar com este seu jeito de bebê chorão?”
Expressões desse tipo
ferem e magoam; e exigem que se peça perdão.
Ao contrário são
expressões do tipo:
“Você fez algo
importante!”
“Sua opinião é muito
importante!”
“Esta palavra que
você disse, me fez feliz”.
“A minha vida é
melhor porque você está a meu lado (…)”
E tudo isso pode e
deve ser dito sem fingimento ou bajulação, sem a preocupação de entrar numa
arena de disputa, mas num coração para amar.
Enfim, na discussão
você está diante de um adversário a ser vencido; no diálogo, você está diante
de uma pessoa a ser construída pelo amor.
No entanto, se a
conversa se transformar numa discussão, há uma saída nobre: deixe que o outro “vença”
para que ela acabe o mais rápido possível. Perder nesta “guerra” será uma
vitória do amor.
No diálogo, deve-se
começar sempre observando o lado positivo das coisas e dos acontecimentos, e
não se deixar derrotar pelo pessimismo que só vê o lado negativo.
Lembre-se que tanto o
pessimismo quanto o otimismo contagiam facilmente as pessoas, com a diferença
que o otimismo eleva os ânimos.
Outra coisa
importante no diálogo, é que você se expresse numa linguagem que o outro o
entenda, sobre um assunto que compreenda.
Você não pode dar um
bife a um recém nascido; e não pode dar uma feijoada a um velho doente.
Se a diferença de
cultura existir entre o casal, então cada um precisa se esforçar para levar o
outro a compreendê-lo. E esta será mais uma tarefa do amor.
Mesmo a diferença
cultural e científica pode ser superada pelo diálogo e pelo amor.
É importante dizer
que o compromisso de cada um, mais do que consigo mesmo, deve ser com a
verdade. Se, como fruto do diálogo, você perceber que a verdade é diferente do
que você pensava, então, por coerência, saiba aceitar a opinião do outro. Isto
jamais será uma derrota sua, antes, uma vitória de ambos.
Numa discussão
ninguém muda de opinião, pois o orgulho não permite.
No diálogo, vence a
verdade, surge a luz, reina a paz.
Talvez agora você
esteja começando a entender porque o diálogo autêntico é o instrumento
indispensável para que você possa descobrir as riquezas que estão escondidas no
interior da pessoa que você ama.
Tudo que se faz de
bom exige sacrifícios e tem um preço.
Para que o casal
cresça no namoro, têm que pagar o preço da renúncia ao próprio ego soberbo e
arrogante, prepotente e asqueroso, exibicionista ou cheio de amor próprio.
No diálogo,
preocupe-se em procurar e apresentar “a ” verdade, mas não a “sua” verdade.
Não podemos ser donos
da verdade; ela é autônoma, não depende de nós.
Só Jesus é a Verdade;
todas as outras dependem dele.
Se o assunto é, por
exemplo, a doença, a verdade não está comigo e nem com você, está com quem
entende de medicina.
Se o assunto é
religião, a verdade está com a Igreja, e não com o que eu acho ou com o
que você pensa.
E assim por diante. A
verdade é objetiva.
Não podemos nos
perder em raciocínios vazios e devaneios subjetivos que nos afastam da verdade
subjetiva e da responsabilidade.
Namorar é isto!
Na medida que o tempo
for passando, o diálogo for amadurecendo, e o namoro for se firmando, então
será necessário conversar sobre as coisas do futuro, para se saber quais as
aspirações que cada um traz no coração, e se elas se coadunam mutuamente.
Não se trata de ficar
sonhando no vazio sobre o futuro, mas de começar a escolher e a preparar a
vida que ambos vão viver e construir amanhã: a família, os filhos, etc.
Nada de real se faz
nesta vida sem um sonho, um projeto, um plano e uma construção.
Se de um lado, sonhar
no vazio é uma doce ilusão, refletir sobre o que se quer construir no futuro é
uma necessidade.
É assim que nasce um
lar.
Para você meditar:
Tempo de Renovação
Perdão, Senhor!
Embora bem
intencionado e cheio de boa vontade, nem sempre acertei em meu relacionamento
humano.
Eu queria ser uma
flor e fui um espinho…
Eu queria ser sorriso
e fui mágoa…
Eu queria ser luz e
fui trevas…
Eu queria ser estrela
e fui eclipse…
Eu queria ser
contentamento e fui tristeza…
Eu queria ser força e
fui fraqueza…
Eu queria ser o
amanhã e fui o ontem…
Eu queria ser paz e
fui guerra…
Eu queria ser vida e
fui morte…
Eu queria ser carinho
e fui rudeza…
Eu queria ser
sobrenatural e fui terreno…
Eu queria ser
lenitivo e fui flagelo…
Eu queria ser amor e
fui decepção…
Recebe, Senhor,
em tuas mãos de misericórdia e perdão infinito o gosto amargo desta revisão.
(Pe. Rafael Lopes C.M.)
Texto extraído do Livro Namoro – Prof Felipe Aquino
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