A MISERICÓRDIA DIVINA

"Os pensamentos dos homens a respeito de Deus são muito obscuros, visto que ninguém jamais viu a Deus” (Jo 1, 18). Se nunca tivéssemos visto o sol, e o imaginássemos apenas a partir da luz que se apresenta num dia nublado, não seríamos capazes de ter uma ideia exata a respeito dessa fonte da luz do dia. Da mesma forma, nós mesmos não podemos ter uma ideia sobre a Essência de Deus e toda a sua Perfeição. 

De todas as perfeições de Deus, Jesus destacou uma: a Misericórdia Divina. “Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso” (Lc 6, 36). “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!” (Mt 5, 7). É a Sua ação sobre nós para retirar-nos da miséria. É a Sua vontade de fazer o bem a todos que sofrem com sua miséria e pecado, sem condições de superá-las. 

A misericórdia é fruto da compaixão, sofrer com aquele que sofre. Jesus veio a nós, se fez homem, por misericórdia, porque estávamos todos perdidos, e sem chance alguma de salvação por nós mesmos. Depois que Ele veio, e sofreu tudo que sabemos, se alguém duvidar do seu amor e de sua misericórdia, é um insensato, um blasfemo. São Paulo disse: “Eis uma prova brilhante do amor de Deus por nós: quando éramos pecadores, Cristo morreu por nós” (Rm 5,8). “Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Na sua grande misericórdia ele nos fez renascer pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma viva esperança” (I Pd 1, 3).

Na Sagrada Escritura encontramos centenas de passagens glorificando a Misericórdia Divina. No Livro dos Salmos são cento e trinta. No culto do Sagrado Coração de Jesus veneramos, sobretudo, o amor humano de Jesus Cristo para conosco. No culto da misericórdia divina, o sinal é o sangue e a água que brotaram do lado aberto do Salvador na cruz. Eles são o símbolo da Igreja; esse sangue e essa água fluem incessantemente na Igreja em forma de graças que purificam as almas (no batismo e na penitência) e que dão vida na Eucaristia.

“O Senhor é bom e misericordioso, lento para a cólera e cheio de clemência. (Sl 102, 8). “Memoráveis são suas obras maravilhosas; o Senhor é clemente e misericordioso”. (Sl 110, 4)

“Senhor, Senhor, Deus, criador de todas as coisas, terrível e forte, justo e misericordioso, que sois o rei único e bom” (II Mac 1, 24).

“Invocaram o Senhor misericordioso, levantando para o céu as suas mãos estendidas. E o Santo, o Senhor Deus, ouviu logo a sua voz: (Eclo 48, 22).

“Uso de misericórdia até a milésima geração com aqueles que me amam e guardam os meus mandamentos”. (Êx 20, 6)

Jesus falou muito da misericórdia de Deus, pois ela é a nossa tábua de salvação: “Ide e aprendei o que significam estas palavras: Eu quero a misericórdia e não o sacrifício (Os 6,6). "Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores." (Mat 9, 13). A parábola do filho pródigo é o ícone da misericórdia divina (Luc 15).

Nossa Senhora exaltou no Magnificat a misericórdia divina: “Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem... Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia” (Lc 1, 50. 54)

Mas, um fator decisivo para a obtenção da misericórdia divina é a confiança. Pedro se salvou porque confiou no Senhor e derramou lágrimas de arrependimento; Judas se perdeu. “O amor envolve quem confia em Iahweh” (Sl 31, 10). “Aproximemo-nos, pois, confiadamente do trono da graça, a fim de alcançar misericórdia e achar a graça de um auxílio oportuno”. (Heb 4, 16). Jesus se rendia a quem confiava nele. “Mulher, a tua fé te salvou”. “Faça conforme a tua fé”. 

Deus recomenda tanto a confiança porque ela é uma homenagem prestada à Misericórdia Divina. Quem espera a ajuda de Deus confessa que Ele é todo-poderoso e bondoso, que pode e quer nos demonstrar essa ajuda, que Ele é sobretudo misericordioso.

Fonte: https://www.facebook.com/PFelipeAquino