Para este Mistério, cabe relembrarmos o segundo momento narrado
no refrão: "Olhar de esperança, sempre Maria. Na dor não se cansa, sempre
mulher. De pé junto à cruz, acredita na vida e com a alma ferida, faz o que
Deus quiser...".
Para mergulharmos no sentido deste trecho temos que usar nossa
imaginação. Procure imaginar: o cenário é composto por três cruzes. Jesus
crucificado ao centro e dois outros condenados crucificados, um à direita e o
outro à esquerda.
O céu escurecido por nuvens pesadas. À frente da cruz, em pé, a
figura de uma mulher, uma senhora, provavelmente vestida de preto: Maria, Mãe
de Jesus. Ao seu lado, entre outras mulheres, um jovem de aproximadamente 15
anos, João, o discípulo amado.
Onde estava agora a multidão que acompanhava Jesus. Onde estão
todos aqueles que O aclamaram Rei uma semana antes? Sumiram! E os discípulos?
Quanto a eles, covardemente, também desapareceram. Todos O abandonaram, com
excessão da Mãe fiel e do jovem João.
Pendente e ofegante na cruz, Jesus, o "homem da
dores", desfigurado e ensangüentado, de repente cruza seu olhar com o de
Sua Mãe, que nem por um instante sequer desvia os olhos da razão de sua vida:
seu Filho adorado.
Aqueles dois olhares há muito já se conheciam. Maria foi a
primeira pessoa no mundo que viu os olhinhos do Menino Jesus. E Ele, por sua
vez, ao abrir seus olhos teve como primeira visão de sua vida terrena os olhos
amorosos de Sua Mãe, Maria.
Na riqueza e profundidade desta comunicação visual, imagino que
centenas de pensamentos passaram pela mente e pelo coração de Nossa Senhora,
porque as mães sempre se lembram de tudo, e em detalhes...
Penso em Maria relembrando cada momento da Anunciação, quando
ficara grávida e todos os acontecimentos posteriores, até o nascimento do
Menino Jesus. No dia a dia com o Filho querido. No desdobramento em cuidados
com Ele. Nos primeiros passos do bebê Jesus, começando a andar. Nos dias
felizes da infância do Deus Menino, com José e com ela. Na perda e no feliz
reencontro d'Ele, aos doze anos, no Templo.
Na juventude de Jesus. No encontro do Filho com os primeiros
discípulos e todos os seus ensinamentos e curas em favor do povo de Deus. No
casamento em Caná e no milagre antecipado por um pedido especial seu. Ela,
Maria, e somente ela sabia tudo o que guardara em seu Imaculado Coração durante
todos aqueles anos de convivência com seu Deus, Senhor e, ao mesmo tempo, seu
Filho. Tudo passava agora por sua mente, olhando-O crucificado e quase morto
como um fora da Lei, assassino ou rebelde.
Seu Filho querido e adorado. Sim, aquele era o Seu Filho. O seu
Jesus, o Filho de Deus, cumprindo a Vontade do Pai e selando com Sua Vida
preciosa e Seu Sangue Redentor as palavras que ela dissera confiante ao Anjo um
dia: "Faça-se segundo a Tua Vontade".
Cada um dos três cravos que atravessaram os pés e as mãos de
Jesus confirmavam o seu Sim, assim como cada chicotada recebida em seu Corpo
santo. Cada espinho de Sua dolorosa coroa, cada ferimento e cada gota de Seu
Sangue Preciosíssimo que escorria cruz abaixo. Cada gesto, cada suspiro, cada
movimento de nosso Salvador na cruz expressava o cumprimento pleno e total da
Vontade do Pai através da Nova e Eterna Aliança para a nossa salvação.
Maria sabia disso e olhava fixamente para Jesus, que lhe
retribuia o olhar. Porém, de repente o silêncio se rompe e Jesus, com palavras
entrecortadas pela dor insuportável de seus últimos momentos de vida, ainda
encontra forças para oferecer à toda humanidade, representada na pessoa de
João, um presente especial e precioso: sua Mãe. "Mulher, eis aí o teu
filho". E disse ao discípulo: 'Filho, eis aí a tua mãe'. E desta hora em
diante João a levou para a sua casa" Jo 19, 26-27.
Cabe a nós, através da abertura de nosso coração, recebê-la ou
não em nossa vida e em nosso lar. Se você quer, diga Sim rezando com muita
devoção e amor as dez Ave-Marias deste Quinto Mistério Doloroso do Santo
Rosário.
Maria do Rosário
Fonte: http://www.asj.org.br/
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