26 de mar. de 2014

Na dor não se cansa!

Para iniciar este artigo sobre o Quinto Mistério Doloroso, onde contemplamos a Crucifixão e morte de Jesus, lembrei-me de uma canção que gravei no CD Sempre Maria. Ela narra os dois momentos que marcam o Sim de Nossa Senhora: a Anunciação e a Crucifixão de Jesus.
Para este Mistério, cabe relembrarmos o segundo momento narrado no refrão: "Olhar de esperança, sempre Maria. Na dor não se cansa, sempre mulher. De pé junto à cruz, acredita na vida e com a alma ferida, faz o que Deus quiser...".
Para mergulharmos no sentido deste trecho temos que usar nossa imaginação. Procure imaginar: o cenário é composto por três cruzes. Jesus crucificado ao centro e dois outros condenados crucificados, um à direita e o outro à esquerda.
O céu escurecido por nuvens pesadas. À frente da cruz, em pé, a figura de uma mulher, uma senhora, provavelmente vestida de preto: Maria, Mãe de Jesus. Ao seu lado, entre outras mulheres, um jovem de aproximadamente 15 anos, João, o discípulo amado.
Onde estava agora a multidão que acompanhava Jesus. Onde estão todos aqueles que O aclamaram Rei uma semana antes? Sumiram! E os discípulos? Quanto a eles, covardemente, também desapareceram. Todos O abandonaram, com excessão da Mãe fiel e do jovem João.
Pendente e ofegante na cruz, Jesus, o "homem da dores", desfigurado e ensangüentado, de repente cruza seu olhar com o de Sua Mãe, que nem por um instante sequer desvia os olhos da razão de sua vida: seu Filho adorado.
Aqueles dois olhares há muito já se conheciam. Maria foi a primeira pessoa no mundo que viu os olhinhos do Menino Jesus. E Ele, por sua vez, ao abrir seus olhos teve como primeira visão de sua vida terrena os olhos amorosos de Sua Mãe, Maria.
Na riqueza e profundidade desta comunicação visual, imagino que centenas de pensamentos passaram pela mente e pelo coração de Nossa Senhora, porque as mães sempre se lembram de tudo, e em detalhes...
Penso em Maria relembrando cada momento da Anunciação, quando ficara grávida e todos os acontecimentos posteriores, até o nascimento do Menino Jesus. No dia a dia com o Filho querido. No desdobramento em cuidados com Ele. Nos primeiros passos do bebê Jesus, começando a andar. Nos dias felizes da infância do Deus Menino, com José e com ela. Na perda e no feliz reencontro d'Ele, aos doze anos, no Templo.
Na juventude de Jesus. No encontro do Filho com os primeiros discípulos e todos os seus ensinamentos e curas em favor do povo de Deus. No casamento em Caná e no milagre antecipado por um pedido especial seu. Ela, Maria, e somente ela sabia tudo o que guardara em seu Imaculado Coração durante todos aqueles anos de convivência com seu Deus, Senhor e, ao mesmo tempo, seu Filho. Tudo passava agora por sua mente, olhando-O crucificado e quase morto como um fora da Lei, assassino ou rebelde.
Seu Filho querido e adorado. Sim, aquele era o Seu Filho. O seu Jesus, o Filho de Deus, cumprindo a Vontade do Pai e selando com Sua Vida preciosa e Seu Sangue Redentor as palavras que ela dissera confiante ao Anjo um dia: "Faça-se segundo a Tua Vontade".
Cada um dos três cravos que atravessaram os pés e as mãos de Jesus confirmavam o seu Sim, assim como cada chicotada recebida em seu Corpo santo. Cada espinho de Sua dolorosa coroa, cada ferimento e cada gota de Seu Sangue Preciosíssimo que escorria cruz abaixo. Cada gesto, cada suspiro, cada movimento de nosso Salvador na cruz expressava o cumprimento pleno e total da Vontade do Pai através da Nova e Eterna Aliança para a nossa salvação.
Maria sabia disso e olhava fixamente para Jesus, que lhe retribuia o olhar. Porém, de repente o silêncio se rompe e Jesus, com palavras entrecortadas pela dor insuportável de seus últimos momentos de vida, ainda encontra forças para oferecer à toda humanidade, representada na pessoa de João, um presente especial e precioso: sua Mãe. "Mulher, eis aí o teu filho". E disse ao discípulo: 'Filho, eis aí a tua mãe'. E desta hora em diante João a levou para a sua casa" Jo 19, 26-27.
Cabe a nós, através da abertura de nosso coração, recebê-la ou não em nossa vida e em nosso lar. Se você quer, diga Sim rezando com muita devoção e amor as dez Ave-Marias deste Quinto Mistério Doloroso do Santo Rosário.

Maria do Rosário

Fonte:  http://www.asj.org.br/

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