Por que a Igreja utiliza a cor roxa
nesse tempo?
Chama-se Quaresma os 40 dias de jejum e penitência que precedem à festa
da Páscoa. Essa preparação existe desde o tempo dos Apóstolos, que limitaram
sua duração a 40 dias , em memória do jejum de Jesus Cristo no deserto. Durante
esse tempo a Igreja veste seus ministros com paramentos de cor roxa e suprime
os cânticos de alegria: O "Glória", o "Aleluia" e o "Te
Deum".
Na Quaresma, que começa na quarta-feira de cinzas e termina na
quarta-feira da Semana Santa, os católicos realizam a preparação para a Páscoa.
O período é reservado para a reflexão, a conversão espiritual. Ou seja, o
católico deve se aproximar de Deus visando o crescimento espiritual. Nesse
tempo santo, a Igreja católica propõe, por meio do Evangelho proclamado na
quarta-feira de cinzas, três grandes linhas de ação: a oração, a penitência e a
caridade.
Essencialmente, o período é um retiro espiritual voltado à reflexão, onde
os cristãos se recolhem em oração e penitência para preparar o espírito para a
acolhida do Cristo Vivo, Ressuscitado no Domingo de Páscoa.
Assim, retomando questões espirituais, simbolicamente o cristão está
renascendo, como Cristo.
Por que a cor roxa?
A cor litúrgica deste tempo é o roxo que simboliza a penitênica e a
contrição. Usa-se no tempo da Quaresma e do Advento.
Nesta época do ano, os campos se enfeitam de flores roxas e róseas das
quaresmeiras. Antigamente, era costume cobrir também de roxo as imagens nas
igrejas. Na nossa cultura, o roxo lembra tristeza e dor. Isto porque na
Quaresma celebramos a Paixão de Cristo: na Via-Sacra contemplamos Jesus a
caminho do Calvário
Qual o significado destes 40 dias?
Na Bíblia, o número quatro simboliza o universo material. Os zeros que o
seguem significam o tempo de nossa vida na terra, suas provações e
dificuldades. Portanto, a duração da Quaresma está baseada no símbolo deste
número na Bíblia. Nela, é relatada as passagens dos quarenta dias do dilúvio,
dos quarenta anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto, dos quarenta dias
de Moisés e de Elias na montanha, dos quarenta dias que Jesus passou no deserto
antes de começar sua vida pública, dos 400 anos que durou a estada dos judeus
no Egito, entre outras. Esses períodos vêm sempre antes de fatos importantes e
se relacionam com a necessidade de ir criando um clima adequado e dirigindo o
coração para algo que vai acontecer.
O Jejum
A igreja propõe o jejum principalmente como forma de sacrifício, mas
também como uma maneira de educar-se, de ir percebendo que, o que o ser humano
mais necessita é de Deus. Desta forma se justifica as demais abstinências, elas
têm a mesma função. Oficialmente, o jejum deve ser feito pelos cristãos
batizados, na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa.
Pela lei da igreja, o jejum é obrigatório nesses dois dias para pessoas
entre 18 e 60 anos. Porém, podem ser substituídos por outros dias na medida da
necessidade individual de cada fiel, e também praticados por crianças e idosos
de acordo com suas disponibilidades.
O jejum, assim como todas as penitências, é visto pela igreja como uma
forma de educação no sentido de se privar de algo e reverte-lo em serviços de
amor, em práticas de caridade. Os sacrifícios, que podem ser escolhidos
livremente, por exemplo: um jovem deixa de mascar chicletes por um mês, e o
valor que gastaria nos doces é usado para o bem de alguém necessitado.
Qual é a relação entre Campanha da Fraternidade e a Quaresma?
A Campanha da Fraternidade é um instrumento para desenvolver o espírito
quaresmal de conversão e renovação interior a partir da realização da ação
comunitária, que para os católicos, é a verdadeira penitência que Deus quer em
preparação da Páscoa. Ela ajuda na tarefa de colocar em prática a caridade e
ajuda ao próximo. É um modo criativo de concretizar o exercício pastoral de
conjunto, visando a transformação das injustiças sociais.
Desta forma, a Campanha da Fraternidade é maneira que a Igreja no Brasil
celebra a quaresma em preparação à Páscoa. Ela dá ao tempo quaresmal uma
dimensão histórica, humana, encarnada e principalmente comprometida com as
questões específicas de nosso povo, como atividade essencial ligada à Páscoa do
Senhor.
Quais são os rituais e tradições associados com este tempo?
As celebrações têm início no Domingo de Ramos, ele significa a entrada
triunfal de Jesus, o começo da semana santa. Os ramos simbolizam a vida do
Senhor, ou seja, Domingo de Ramos é entrar na Semana Santa para relembrar
aquele momento.
Depois, celebra-se a Ceia do Senhor, realizada na quinta-feira Santa,
conhecida também como o lava pés. Ela celebra Jesus criando a eucaristia, a
entrega de Jesus e portanto, o resgate dos pecadores.
Depois, vem a missa da Sexta-feira da paixão, também conhecida como
Sexta-feira Santa, que celebra a morte do Senhor, às 15h00. Na sexta à noite
geralmente é feita uma procissão ou ainda a Via Sacra, que seria a repetição
das 14 passagens da vida de Jesus.
No sábado à noite, o Sábado de Aleluia, é celebrada a Vigília Pascal,
também conhecida como a Missa do Fogo. Nela o Círio Pascal é acesso, resultando
as cinzas. O significado das cinzas é que do pó viemos e para o pó voltaremos,
sinal de conversão e de que nada somos sem Deus. Um símbolo da renovação de um
ciclo. Os rituais se encerram no Domingo, data da ressurreição de Cristo, com a
Missa da Páscoa, que celebra o Cristo vivo.
Fonte: CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
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