Também os apóstolos tiveram longo
caminho de fé. Ouvindo as parábolas, vendo os milagres, perguntavam-se:
"Quem é este a quem os ventos e o mar obedecem?" (Mateus 8,27). De
sua parte, Jesus os conduzia gradualmente na penetração do seu mistério. Em
Cesaréia de Filipos, ele o fez quase ao modo das pesquisas jornalísticas:
"Quem diz a gente que eu sou?" (Marcos 8,27). Era de se esperar: a
opinião pública de seu tempo, como a de nosso tempo, tinha compreendido pouco
a respeito dele.
Nós fazemos nossa a fé do apóstolo
Pedro: "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo" (Mateus 16, 16),
palavras que o mesmo chefe dos apóstolos não saberá recordar e testemunhar na
noite escura da paixão! Mas com a Páscoa Cristo se fez mais luminoso aos
olhos e ao coração dos discípulos e, em Pentecostes, infundiu sobre eles o
seu Espírito como vento de vida e fogo de amor. Foi o início da missão,
sustentada por uma grande certeza: "Eu estarei convosco todos os dias,
até o fim do mundo" (Mateus 28,20).
Cristo é o nosso Deus e o nosso Salvador.
Mas como não ser tentados pela dúvida, se até um apóstolo acreditou somente
depois de ter tocado com a mão? A razão é colocada à dura prova. Quando,
todavia, se aprofunda a mensagem cristã, com docilidade ao Espírito de Deus,
emergem também as 'razões' da nossa fé, como um sinal que o Senhor colocou em
nosso caminho de encontro com ele.
Sinais são as palavras luminosas de
Jesus. Sinais são seus milagres que, por quanto não seja fácil a verificação
por causa da distância cronológica e do especial gênero literário dos relatos
evangélicos, se apresentam como eventos historicamente bem fundados, capazes
de sugerir a nós, como aos apóstolos, o interrogativo que nos abre ao seu
mistério divino.
Sinal é autoridade com que Jesus
fala de Deus Pai, mostrando conhecer-lhe o coração por dentro, como um que
habita nele desde sempre. Sinal é a liberdade com a qual Jesus manifesta as
exigências de Deus, o seu típico modo de colocar juntamente a radicalidade do
evangelho com a misericórdia para com os pecadores, prostitutas, gente de má
fama. Sinal decisivo é a sua ressurreição, atestada pelos discípulos e
subscrita com o seu martírio.
A esses sinais da vida histórica de
Jesus acrescentam-se os espalhados em dois mil anos de cristianismo, em que
os discípulos de Cristo têm continuado a mostrar toda a sua fragilidade, com
Cristo operando, em todas as épocas, maravilhas de santidade: os santos são o
seu 'reflexo' vivo na história.
Os sinais continuam na lógica do
amor. Devemos fazer emergir as razões de crer: a fé não é cego fideismo (Erro
teológico de algumas correntes católicas do séc. XIX, que consistia em não reconhecer no homem outra
fonte válida de conhecimento fora da fé, mesmo para as simples verdades
naturais). È importante, porém, saber que os sinais do mistério não são
fórmulas matemáticas. São as ações da graça iluminante, colocam-se ao nível
de uma relação de amor, onde as razões para escolher e para confiar-se são, não um cálculo racional, mas o confluir entre
coisas exper
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