21 de dez. de 2013

Maria, Mãe de Deus Final

A decisão final
    Gustavo Kralj
05.jpg
"A Celestino, guardião
da Fé, a Celestino todo
o Concílio agradece:
um só Celestino, um
só Cirilo, uma só Fé
do Sínodo, uma só
Fé no mundo inteiro!"
 "Papa Celestino I",
Basílica de São Paulo
Extramuros, Roma
(Itália)
Os legados pontifícios chegaram finalmente a Éfeso, e o Concílio, sob a presidência de São Cirilo, representando o Sumo Pontífice, iniciou sua segunda sessão em 10 de julho. Os enviados papais traziam uma carta de São Celestino, datada do mês de maio, pedindo à magna assembleia que promulgasse a sentença proferida pelo Sínodo romano contra o Patriarca de Constantinopla. Vendo claramente expressa a vontade de Deus na decisão pontifícia, todos os Bispos presentes exclamaram: "Este é o justo julgamento! A Celestino, novo Paulo, a Cirilo, novo Paulo, a Celestino, guardião da Fé, a Celestino, concorde com o Sínodo, a Celestino todo o Concílio agradece: um só Celestino, um só Cirilo, uma só Fé do Sínodo, uma só Fé no mundo inteiro!".13
As atas da primeira sessão, depois de examinadas e confirmadas, foram lidas em público. Segundo os belos termos de Rohrbacher, nessa segunda reunião respirou-se "todo o perfume da santa antiguidade: o espírito de fé, de piedade, de santa polidez; o espírito de união com o Sucessor de Pedro; o espírito de amor e de submissão filial para com sua autoridade, em suma, o espírito da Igreja Católica".14
Nas sessões subsequentes tratou-se dos casos de João de Antioquia e de outros dissidentes, os quais foram convocados por três vezes e, em vista de sua recusa a comparecer, foram excomungados. Aprovaram-se também seis cânones nos quais não apenas se renovava a condenação de Nestório, mas também de alguns pelagianos. Encerrado o Concílio em 31 de julho, ficava definida para sempre a doutrina católica sobre a Santa Mãe de Deus.
III - Maria é mãe da Pessoa de Cristo
Até aqui acompanhamos os dramáticos lances e o glorioso desfecho dessa histórica polêmica. Cabe-nos perguntarmos agora como explicar essa verdade que nossa Fé afirma e o senso católico proclama em nossos corações: a maternidade divina de Maria Santíssima.
Por que quis Deus ter uma mãe humana? Para abordar adequadamente esta questão, comecemos por lembrar um importante aspecto do plano divino para a Redenção: Nosso Senhor Jesus Cristo, embora pudesse ter escolhido outro meio para Se encarnar, "julgou melhor assumir o homem da própria linhagem que fora vencida para, por meio dele, vencer o inimigo do gênero humano". 15 Assim, da mesma forma que uma mulher, pela sua desobediência, havia cooperado para a ruína do gênero humano, a obediência de uma Virgem cooperaria de forma decisiva para a Redenção.
orthodoxwiki.org    
06.jpg
São Cirilo, "invicto
assertor e sapientí-
ssimo doutor da
maternidade 
divina"
 Imagem da Igreja
de São Pedro e São
Paulo, Cracóvia
(Polônia)
Ora, quando uma mulher concebe um filho e o dá à luz, ela é mãe da pessoa que nasceu, e não apenas do seu corpo. Porque estando alma e corpo substancialmente unidos, ela gera o ser humano completo, ainda que a alma tenha sido criada por Deus.
Maria era, portanto, Mãe da Pessoa de Cristo. E na pessoa divina de Cristo estavam unidas a natureza humana e a natureza divina, desde o primeiro momento do seu ser. Por isso, conclui o Papa Pio XI, "se a Pessoa de Jesus Cristo é única, e esta é divina, sem dúvida alguma Maria deve ser chamada não somente Mãe de Cristo homem, mas Mãe de Deus, Theotókos".16 A Virgem Maria não engendrou uma pessoa humana à qual, depois, Se uniria o Verbo, como dizia Nestório, mas, pelo contrário, foi o Verbo que "Se fez carne e habitou entre nós" (Jo 1, 14).
A grandeza e profundidade desse atributo de Nossa Senhora foram recentemente postos em realce pelo Papa Bento XVI, ao afirmar: "Theotókos é um título audaz. Uma mulher é Mãe de Deus. Poder-se-ia dizer: como é possível? Deus é eterno, é o Criador. Nós somos criaturas, vivemos no tempo: como poderia uma pessoa humana ser Mãe de Deus, do Eterno, dado que todos nós vivemos no tempo, todos nós somos criaturas?".
E, discorrendo belamente sobre o Mistério da Encarnação, o Santo Padre responde: "Deus não permaneceu em si mesmo: saiu dele próprio, uniu-se de tal modo, de forma tão radical com este homem, Jesus, que este homem Jesus é Deus, e se falamos dele, podemos sempre falar de Deus. Não nasceu apenas um homem que tinha a ver com Deus, mas nele nasceu Deus na Terra. [...] Naquele momento, Deus queria nascer de uma mulher e ser sempre Ele mesmo: nisto consiste o grande acontecimento".17
Coube ao grande São Cirilo - cuja festa se comemora no mês de março - "invicto assertor e sapientíssimo doutor da maternidade divina da Virgem Maria, da união hipostática em Cristo, e do primado do romano pontífice",18 defender a verdadeira doutrina nos tempos da Igreja primeva. Peçamos, pois, sua intercessão para compreendermos amorosamente o dom infinito obtido por Maria pelo seu "fiat" em resposta ao pedido do Pai Eterno (Lc 1, 38) e roguemos a Ela que nos obtenha a inestimável graça de adorarmos seu Divino Filho por toda a eternidade. ² (Revista Arautos do Evangelho, Março/2011, n. 111, p. 18-23)
Por: Pe. Ignacio Montojo Magro,

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Natividade de São João Batista: o maior dos profetas

A natividade de  São João Batista  é  uma solenidade muito importante no ano litúrgico, porque nesse dia lembramos o maior dos profetas, com...