31 de out. de 2013

Por que o Halloween preocupa os católicos?

Uma festa estranha ao nosso patrimônio cultural, que chega todos os anos envolvida em polêmica

Final de outubro: o debate sobre a festa de Halloween na mídia católica é inevitável. Recorda-se sua origem pagã e seu vínculo com crenças pré-cristãs; inclusive se debate sobre suas possíveis conexões satânicas. Muitos pais católicos se preocupam quando seus filhos querem se fantasiar e sair pedindo doces aos vizinhos.

Meus parentes irlandeses não entendem por que sua querida festa familiar causa tanta polêmica aqui. Estas festas ancestrais que o cristianismo conservou – e às quais deu um novo sentido – chegam até nós de épocas em que as pessoas, precisamente porque acreditavam em Deus, tinham menos respeito aos demônios.

Halloween seria apenas mais uma dessas festas, se não tivesse sido tocado pelo dedo mágico de Hollywood, transformando-se, assim, em uma imposição cultural, como o Papai Noel ou a Coca-Cola, e ocupando cada vez mais o espaço da nossa festa de Todos os Santos.

É compreensível que, sem ter a bagagem histórica e cultural que um irlandês tem, fiquemos preocupados com a avalanche de demônios, dráculas e zumbis que invade as ruas, especialmente quando há crianças em casa, às quais é muito difícil explicar "por que você não vai", quando os amiguinhos as convidam a participar da comemoração.

Para nós, que não comemoramos o Halloween desde pequenos, a festa parece invocar forças malignas para que venham possuir nossos lares.

O que fazer, então?

Halloween que temos hoje é produto da globalização e, dada a rapidez com que a cultura se transforma, não sabemos se ele chegou para ficar. Mas certamente anatematizar não é a solução, pois isso não responde ao que nossos filhos vivem. Nós, que crescemos sem o Halloween, temos facilidade para rejeitar a festa, mas para as nossas crianças, amamentadas na cultura global, é mais difícil de compreender isso.

O cristianismo sempre teve uma atitude de acolhimento e discernimento diante da cultura. Talvez seja um bom momento para conversar com os filhos sobre os espíritos, a magia e os demônios, sobre a visão cristã da morte e do além, ensinando-lhes a moderação e a prudência na hora de se divertir, bem como a rejeição de práticas espíritas e esotéricas.

É hora de enfrentar os desafios que a globalização nos apresenta, com seriedade, mas também com firmeza e discernimento, dando aos nossos filhos as armas necessárias para que possam incidir na sociedade em que vivem.

Acima de tudo, não podemos deixá-los com medo, pois não é isso que Deus quer de nós. É preciso dar-lhes motivos para a esperança.


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