15 de set. de 2013

Dom Henrique Soares da Costa

Reflexão do Evangelho de (Lucas 15, 1-32 ou 1-10) Missa do 24° Domingo Comum

Na Solenidade do santo Natal, na segunda leitura da Missa da Aurora, a Igreja, olhando o Presépio, faz-nos escutar as palavras de São Paulo a Tito: “Manifestou-se a bondade de Deus nosso Salvador, e o Seu amor pelos homens. Ele salvou-nos, não por causa dos atos de justiça que tivéssemos praticado, mas por Sua misericórdia...” (Tt 3,4s). O Menino que veio viver entre nós, Jesus, nosso Senhor, é a bondade de Deus, é a Sua salvação misericordiosa.

Estas palavras são maravilhosamente ilustradas pela liturgia deste Domingo. Hoje, o Cristo nos é apresentado como a própria bondade, a própria ternura misericordiosa do Pai do céu, do nosso Deus. Aquilo que já fora prefigurado por Moisés, intercedendo pelo povo pecador, na primeira leitura; aquilo que, na segunda leitura, São Paulo pregou e experimentou na própria vida: “Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores. E eu sou o primeiro deles!” – tudo isso nós tocamos nas três parábolas da misericórdia do Evangelho de São Lucas que escutamos neste Domingo.
Por que Jesus contou essas três parábolas, chamadas "da misericórdia"? Porque “os publicanos e pecadores aproximavam-se Dele para O escutar. Os fariseus, porém, e os escribas criticavam Jesus: ‘Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles’.”

Aqui está: Jesus era um fio de esperança para aqueles considerados perdidos, metidos no pecado, sem jeito nem solução, jogados na periferia da vida, para utilizar uma linguagem cara ao Santo Padre Francisco.

Os publicanos, as prostitutas, os ignorantes, os pequenos e desprezados, gente sem preparo e sem cultura teológica... estavam aproximando-se de Jesus para escutá-lo; viam nele a ternura e a misericórdia de Deus.

Os escribas e fariseus – homens praticantes e doutores da Lei – criticavam Jesus por isso. Ele se misturava com os impuros, Ele acolhia a gentalha e os pecadores.

Pois bem, foi para esses doutores que Jesus contou as parábolas, para mostrar-lhes que o coração do Pai é ternura, é amor, é vida, é amplo como uma casa grande...
O Pai se alegra, porque Jesus, o Bom Pastor, era capaz de deixar noventa e nove ovelhas para ir atrás daquela que se perdera totalmente, até encontrá-la!

O convite que Jesus estava fazendo aos escribas e fariseus era claro: “Alegrai-vos Comigo! Encontrei a Minha ovelha que estava perdida!” Alegrai-vos, porque o coração do Pai está feliz: Ele não quer a morte do pecador, mas que ele se converta e tenha a vida!

Do mesmo modo, na parábola da dracma perdida: Deus é como aquela mulher que acende a lâmpada e varre cuidadosamente a casa até encontrar sua moedinha. E não descansa até encontrá-la. Quando a encontra, como Deus, quando encontra o pecador, ela exclama: “Alegrai-vos comigo! Encontrei a moeda que havia perdido!” O Deus que Jesus nos revela, o Deus a quem Ele chamava de Pai é assim: bom, compassivo, misericordioso, preocupado conosco e com cada um de nós. Ele somente é glorificado quando estamos de pé, quando estamos bem, quando somos felizes. Mas, não há felicidade verdadeira para nós, a não ser juntinho Dele, que é o Pai de Jesus e nosso Pai. É isso que Jesus inculca com a terceira parábola, a mais bela de todos: o Pai e os dois filhos.
O Pai é assim: não quer ninguém fora de Sua casa, de Seu coração, da festa do Seu amor, do banquete de Sua Eucaristia! Até preparou para nós mais que um novilho cevado; preparou-nos o próprio Filho Amado, o Cordeiro sem defeito e sem mancha, entregue por nós, por nosso amor!

Mas, havia ainda o filho mais velho. Este, como os escribas e os fariseus, jamais havia desobedecido ao pai; cumprira todos os seus preceitos. Por isso, ficou com raiva e não quis entrar na festa do pai: “O pai, saindo, insistia com ele...” Notem que o mesmo pai que saíra ao encontro do mais novo, saiu agora ao encontro do mais velho, que estava perdido no seu egoísmo, na sua raiva, fora da festa e do aconchego do pai! E o mais velho passou-lhe na cara: “Eu trabalho para ti há tantos anos... e tu nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos...” O pai respondeu: “Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu...” É que aquele filho nunca amara o pai de verdade: cumpria tudo, de tudo fazia conta... e, um dia, iria pedir o pagamento, a recompensa por tudo... Por isso nunca se sentiu íntimo do pai, por isso não sentia que tudo quanto era do pai era dele também! Pode-se estar junto do pai e nunca o conhecê-lo de verdade! Não era esta a situação daqueles escribas e fariseus?

Interessante que Jesus não diz se o filho entrou na festa do pai e na alegria do irmão ou se, ao contrário, ficou fora, onde somente há choro e ranger de dentes.
Também hoje, o Senhor nos convida a acolher em Jesus a misericórdia incansável de Deus para conosco, um Deus que não sossega até nos encontrar.

Mas, nos convida também a ser misericordioso para com os outros. É triste quando experimentamos que somos pecadores, experimentamos a bondade acolhedora de Deus para com nossos pecados e, depois, somos duros, insensíveis e exigentes em relação aos irmãos.

Que o Senhor nos dê um coração como o coração de Cristo, imagem do coração do Pai, capaz de acolher o perdão e a misericórdia de Deus e transbordar esse perdão e essa misericórdia para com os outros. Amém.


Fonte : https://www.facebook.com/domhenrique.dacosta


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