6 de set. de 2013

Catequese Bíblica. Livro do profeta Jeremias

Como o profeta e seus seguidores atuaram no reino do sul, não há razões para situar o livro fora de Judá. O livro de Jeremias não é tão unitário quanto se poderia notar num primeiro momento. Muitos colaboraram na elaboração do seu escrito.
A história do livro dedicado ao profeta Jeremias é muito complexa. Para facilitar nossa compreensão, preferimos considerá-lo dividido em dois momentos: o que foi escrito durante a vida profeta em questão  e  o que foi elaborado depois de sua morte. 
O primeiro momento vai de 627 a 580 a.C, anos da sua pregação e da transição parcial do seu discurso. Por volta do ano 605, o profeta recebeu ordem do Senhor de colocar por escrito os seus oráculos (cf. Jr 36,2) Essa passagem faz parte do primeiro rolo redigido por Baruc, seu secretário. Mas ele foi queimado pelo rei Joaquim de Judá (cf. 36, 22-23).
Por volta do ano 604 a.C., Jeremias recebeu uma nova ordem do Senhor para escrever outro rolo (cf. 36, 28. 32). A esse escrito equivaleriam os capítulos 2-19 e 30-31.
Bem  depois de 598 a.C., foram acrescentados ao segundo rolo os capítulos de Jr 21, 11,24,10. Neles, Jeremias dirige-se á casa de Judá e anuncia oráculos contra a postura incoerente de diversos reis: Joacaz, Joaquim e   Joaquin, contra os falsos profetas. Quando lemos o capítulo 24, vemos que se trata de uma visão do profeta em relação a dois cestos de figos(um de figos bons, representando os que tinham ido primeiro para o exílio em 597 a.C., e outros de figos estragados, significando o rei e o povo que tinha ficado em Judá). Essa profecia é datada por volta do ano de 593 a.C., no tempo do rei Sedecias. 
A segunda fase do livro de Jeremias é considerada após a sua morte. Por volta do ano 580 a.C. certo escriba de nome Baruc acrescentou aos escritos algumas notas biográficas narrativas  a respeito do profeta Jeremias. No início do segundo exílio, em meados de 587 a 570 a.C., foram adicionadas reflexões  do  da tradição deuteronomista, que falam a respeito da necessidade do arrependimento e da retomada de um novo caminho para o povo de Deus( cf 7, 16- 8,4;11,-9;18,7-12;21,1-10). Mais tarde, por volta dos anos 570 e  555a.C., surgi a esperança da unificação de Israel e Judá com a ideia de um povo messiânico em Sião(Jr3, 14-18).
Lendo o livro do profeta Jeremias, é de fácil percepção que sua elaboração ou organização não segue critérios literários nem mesmo cronológicos (cf. Jr 21, 1-2 e Jr 24, 1; 44,1) nem mesmo este livro tem uma divisão lógica e ideal. Pelo que podemos notar, a preocupação dos seus elaboradores parece que foi em conservar o material que foi encontrado e organizado sobre temas e assuntos chaves que podemos apresentar como um pequeno esquema: Jr 1, 1-19: a vocação de Jeremias; Jr 30,1 – 25, 13: oráculos contra Judá e Jerusalém; Jr 26, 1 – 29, 32; 34,1  - 45, 5: biografia de Jeremias; Jr 30,1 – 33,26: o livro da consolação; Jr 25, 13b-38; 46,1 – 51, 64: oráculos contra as nações; Jr 52, 1-34: apêndice.
O livro de Jeremias não é só dele, mas passou por diversas mãos. Ao profeta Jeremias é atribuída a parte que faz referência á parte poética, a Baruc, a elaboração biográfica e o restante a outras tradições como a deuteronomista.


Texto: Padre Fernando Figueiredo de Sousa
Fonte: Revista o Mílite


oráculo 
(latim
 oraculum, -i) sig;
 1. Resposta da divindade a quem a consultava.
2. Divindade consultada.
3. Lugar onde se consultava a divindade.
4. Palavra de Deus.

messiânico 
adj.
Do Messias ou a ele relativo.


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