‘’Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto,
assim também será levantando o Filho do homem, a fim de que tudo o que nele
crer tenha a vida eterna”(Jo 3, 14-15)
No dia 14 de setembro, a igreja celebra a Exaltação da Santa
Cruz. Essa festa nasceu em Jerusalém, nos primeiros séculos do cristianismo.
Conforme a tradição popular, as comemorações tiveram início no ano 326, quando
Santa Helena encontrou a cruz de Jesus Cristo. A celebração estendeu-se com
grande rapidez pelo Oriente e pouco depois por toda cristandade.
Contam os historiadores, que no ano 614, os persas saquearam
Jerusalém, destruíram muitas igrejas e apoderaram-se da Santa Cruz. No entanto,
após intensa batalha, no ano 628, as relíquias foram recuperadas pelo imperador
bizantino Heráclio.
Segundo uma piedosa tradição, quando seus saldados
recuperaram a santa cruz, o imperador Heráclio quis carregá-la pessoalmente ao
Monte Calvário, de onde havia sido retirada. Então, Heráclio foi buscá-la
acompanhado de seus súditos e cortejado com toda pompa dispensada a um monarca. Vestindo suas belas roupas,
coroa e muitas joias, colocou a cruz sobre os ombros e se pôs no caminho. Mal
iniciou o trajeto, a cruz foi aumentando gradativamente seu peso. A cada passo,
o peso ia se tornando insuportável.
Já pensava em desistir, quando Zacarias, bispo de Jerusalém,
fez-lhe ver que, para levar nos ombros a santa cruz, deveria desfazer-se das
insígnias imperiais e imitar a pobreza e humildade de Cristo que, para
carregá-la, despojou-se de tudo. Heráclio, numa demonstração de humildade,
aceito a sugestão, trocou suas ricas vestimentas por uma túnica e, descalço
conseguiu forças para levar a santa cruz até o ponto mais alto do Calvário.
Esse fato comprova que é impossível carregarmos a cruz diária recobertos de supérfluos, e que
não existe evangelho sem cruz. Relutamos em aceitar a dor, maldizemos as
tribulações, e isso torna o peso do madeiro insuportável. A revolta diante da
cruz da doença e das perdas diárias amplia o sofrimento. Para que a cruz dia a
dia se torne leve e possamos aceitá-la com resignação, basta lembrar que Jesus,
em seu calvário, só por amor, aceitou a vontade do pai e derramou todo seu
sangue para nós salvar. A aceitação ameniza a angústia e a dor, é o fermento
que nós faz crescer e transformar a cruz em fonte de purificação da alma.
“...não existe evangelho sem cruz”
Texto: Jorge Lorente
Fonte: revista O milite
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