O que nos falta meus amigos, para que anunciemos o Senhor
com toda nossa alma, se bebemos da Água da vida? O Senhor que tem nos dado
tanto todos os dias, é impossível que estejamos cegos diante de Sua Consagração
perpétua, é impossível que provemos de Sua Sagrada Carne e Seu Doce Sangue e
permaneçamos inertes meio ao mundo. Ora, é por Ele que vivemos, é n’Ele que
vivemos, é Ele quem vive em nós![1]
Não há escolha, não temos domínio sobre nós e não o queiramos ter, não nos
pertencemos, fomos entregues a Ele, a nossa obrigação é fazer todos os povos
seus discípulos![2]
Somos aqueles com
quem o Espírito Santo de Deus mora, Espírito que o mundo não pode acolher:
“Ele é o Espírito da Verdade, que
o mundo não pode acolher, porque não o vê, nem o conhece. Vocês o conhecem,
porque ele mora com vocês, e estará com vocês.” [3]
Ora irmãos, somos como o vento, não sabemos de onde viemos,
nem para onde vamos, como nos ensinou o Esposo. Também o mundo não nos pode
acolher, de modo algum, um cristão que vive um amor autêntico, não pode estar
conformado com esse mundo, portanto somos nós os transformadores, somos nós os
empregados que o dono da vinha contratou, para fazê-Lo conhecido, para fazer
Jesus Cristo amado!
Em São Lucas 2, 34; profetiza Simeão: “Eis que este menino vai ser causa de queda e elevação de muitos em
Israel. Ele será um sinal de contradição.” E em São João 7, 7; Jesus
declara: “O mundo me odeia, porque eu dou
testemunho de que suas ações são más.” Jesus é sinal de contradição por ser
a Verdade, por denunciar os que por fora eram santos e por dentro uma raça de
cobras venenosas, os que colocavam sobre os ombros alheios fardos enormes,
louvavam a Deus com os lábios e seus corações permaneciam imundos; e por acolher os
pobres, pecadores pequeninos, os que carregam o fardo de seus pecados e dos
doutores da lei.
Assim somos nós,
sinais de contradição para o mundo, porque somos animados pelo mesmo Espírito. A
inconformidade com este mundo deve nos inquietar, no sentido de querermos dar
sempre o melhor de nós em tudo, e de todas as maneiras glorificar a Deus com a
nossa vida, oportuna e inoportunamente, em todas as circunstâncias, é o Senhor
quem nos diz: “Meu Pai continua
trabalhando até agora e eu também trabalho”[4].Não hesitemos em nos dar até a
exaustão, pois Ele cuida de todo cansaço. O Senhor espera em nós, espera de
nós, façamos o máximo para agradá-lo. E Santa Teresa d’Ávila vem dizer-nos que
o que importa não são as obras que fazemos, mas o modo, a dedicação, o esforço
que a elas empenhamos, afinal é para o nosso Bem Amado.[5]
Há tantos que precisam de nós que a nossa vista não é capaz
de alcançá-los. O mundo tem vivido sob aparências: aparentemente as pessoas
vivem felizes, aparentemente não precisam de nós, não precisam de Deus, como é típico do príncipe deste mundo e todas as artimanhas que usa. Mas o mundo é do mesmo modo que os doutores da lei no tempo de Jesus, que Ele mesmo nos vem
revelar: São sepulcros caiados, bonitos por fora e tão desestruturados por
dentro! Existem muitos ao nosso redor que se enganam e enganam aos outros! Ó
meus amigos, basta que passemos a perceber mais nas pessoas, e olhar ao nosso
redor tantos jovens e idosos que sofrem, tantas famílias desestruturadas. Dentro
da nossa própria casa paremos diante da televisão 5 minutos que seja, aqueles
programas que valorizam a superficialidade são feitos para abarcar um público,
e tenha certeza se este não existir outros artifícios serão procurados para
alimentar os novos sepulcros caiados.
Para nós, cristãos, é na Cruz de Cristo que encontramos
nossa razão de viver, e assim é preciso que seja, como nos testemunha Paulo: “Entre vocês, eu não quis saber de outra
coisa a não ser Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado”[6],
para que tenhamos a fortaleza necessária para prosseguir na nossa constante
batalha, o mundo não nos pode intimidar e não tem força para fazê-lo, se
permanecermos unidos Árvore da vida, bendita Árvore da Cruz!
Sejamos, portanto fiéis, como trabalhadores, como empregados
do Dono da Vinha, não esperamos que seja para nós o dito de Jesus: Empregado
mau e preguiçoso! Não enterremos os dons maravilhosos que de Deus recebemos, o
dom de testemunhá-lo, com todas as nossas forças, o dom de sermos contradição
para o mundo, com Amor que Ele mesmo tem nos ensinado todos os dias, em todos
os momentos, em especial, no Altar da Cruz! Tenhamos como nossa o dizer de
Santa Tereza d’ Ávila: “Receber tanto e
dar tão pouco em troca! Oh, é um martírio que me leva à morte.”
Rezemos sem cessar pela
Intercessão poderosa de Nossa Mamãe Amada que Ela leve-nos sempre a Seu Santo
Filho! Estejam sempre alegres, rezem sem
cessar. Dêem graças em todas as circunstâncias, porque esta é a vontade de Deus
a respeito de vocês em Jesus Cristo.(I Ts 5; 16-18)
Mychele Araújo
Uma pequena serva de
Deus.
[1] Jo. 7, 56-57.
[2] Mt. 28, 19.
[3] Jo. 14,17.
[4] Jo. 5,17.
[5] ÁVILA, Santa Tereza. Moradas ou Castelo Interior. p.36.
[6] 1Cor. 2,2.
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