18 de ago. de 2012

Um pai que não reza

Ao pé do leito, Pedrinho (quatro anos e meio) faz a sua oração que parece bem comprida.
- Então não acabaste ainda a oração? - pergunta a senhora.
 - responde a criança embaraçada.
Mas então que estás aí a fazer?
A criança cora e murmura timidamente:
É que eu faço duas cada noite: a minha e a do Papai; ouvi-o dizer à mamãe que não estava disposto para rezas; faço-a eu por ele.
Precocidade? Sim. E as crianças não têm perspicácias destas que nos desnorteiam?
Ah! esses pais que julgam poder ser incoerentes diante dos filhos! Como eles ignoram as exigências desses cerebrozinhos, desses corações infantis!
E como sabem também os filhos aproveitar-se do que se diz diante deles!
Uma protestante convertida ao catolicismo, Lady Baker, conta no seu livro La Maison de Lumière, como criança ainda, - tinha onze anos aproximadamente, e, claro esta, pertencia como seus pais a Religião Reformada - lhe acontecera surpreender uma conversa entre seu pai e sua mãe. Dizia o pai: "Ouvi hoje um bom sermão; demonstrava-se que as Reformas fora um erro e que a Inglaterra teria passado muito bem sem ela."
"Psiu! interrompe a mãe escandalizada, cuidado que as crianças podem ouvir!".


"Retiraram-se da sala de estudos, escreve Lady Baker, e não ouvimos mais nada. Mas comecei logo a maturar sobre essas estranhas palavras". Nessa mesma tarde, em passeio, pedia ela à criada para entrar numa igreja católica. A partir dessa data germinara nela o desejo de estudar as origens da peseudo-Reforma, e, no caso em que seu pai tivesse dito a verdade, de mudar mais tarde de religião.
Graças a Deus, não perdi o hábito da oração. Mas talvez, por qualquer pretexto, eu não mostre bastante a meus filhos que oro. São efetivamente duas coisas distintas: orar e deixar perceber aos filhos que se ora. Não me basta, pois, orar só para mim. O meu dever de chefe de família é orar em nome da família, diante da família e com a família. É necessário que os meus filhos saibam que o seu pai honra a Deus, e aprendam, a exemplo seu, o grande dever da adoração e do culto. A oração, e da noite pelo menos, deve ser feita em comum.
Em muitos lares onde no fim do dia todos se reúnem para honrar a Deus, é a mãe quem preside à oração, o que mais tarde fará cada filho, por ordem. Melhor seria que fosse o pai. É uma função que lhe pertence, uma função em certo modo sacerdotal, falando num sentido lato...
(Cristo no lar, meditações para pessoas casadas, por Raúl Plus, S.J, tradução de Pe. José Oliveira Dias, S.J. ; 2ª Edição, Livraria Apostolado da Imprensa, 1947, comimprimatur)


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Um comentário:

  1. Que bom seria que muitos pais e mães pudessem vivenciar essa pratica da oração em família. É uma benção em nossa vidas, só percebemos quando comparamos o comportamento e a harmonia no lar antes e depois da pratica da oração do terço e da leitura da palavra de Deus. Tudo se torna bem simples, tudo fica mais sereno até as pequenas discussões se tornam pequenas diante da grandeza de Deus.Obrigado Senhor Jesus!

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