Depois de ler isso, sua missa nunca mais será a mesma
Ora, o homem também dá graças ao homem, através da doação ao
próximo a exemplo de Deus. Também o homem dá graças à natureza, respeitando-a e
tratando-a como criatura do mesmo Criador. O problema ecológico que
atravessamos é, sobretudo, um problema eucarístico. A natureza também dá graças
ao homem, se respeitada e amada. A natureza dá graças a Deus estando a serviço
de seu criador a todo instante.
A partir desta visão da ação de graças começamos a perceber
que a Missa não se reduz apenas a uma cerimônia realizada nas Igrejas, ao
contrário, a celebração da Eucaristia é a vivência da ação de Deus em nós,
sobretudo através da libertação que Ele nos trouxe em seu Filho Jesus. Cristo é
a verdadeira e definitiva libertação e aliança, levando à plenitude a
libertação do povo judeu do Egito e a aliança realizada aos pés do monte Sinai.
2. A missa é sacrifício
Sacrifício é uma palavra que possui a mesma raiz grega da
palavra sacerdócio, que do latim temos sacer-dos, o dom sagrado. O dom sagrado
do homem é a vida, pois esta vem de Deus. Por natureza o homem é um sacerdote.
Perdeu esta condição por causa do pecado. Sacrifício, então, significa o que é
feito sagrado. O homem torna sua vida sagrada quando reconhece que esta é dom
de Deus.
Jesus Cristo faz justamente isso: na condição de homem
reconhece-se como criatura e se entrega totalmente ao Pai, não poupando nem sua
própria vida. Jesus nesse momento está representando toda a humanidade. Através
de sua morte na cruz dá a chance aos homens e às mulheres de novamente
orientarem suas vidas ao Pai assumindo assim sua condição de sacerdotes e
sacerdotisas.
Com isso queremos tirar aquela visão negativa de que
sacrifício é algo que representa a morte e a dor. Estas coisas são necessárias
dentro do mistério da salvação, pois só assim o homem pode reconhecer sua
fraqueza e sua condição de criatura.
3. A Missa também é Páscoa
A Páscoa foi a passagem da escravidão do Egito para a
liberdade, bem como a aliança selada no monte Sinai entre Deus e o povo hebreu.
E diante desses fatos o povo hebreu sempre celebrou essa passagem, através da
Páscoa anual, das celebrações da Palavra aos sábados, na sinagoga e
diariamente, antes de levantar-se e deitar-se, reconhecendo a experiência de
Deus em suas vidas e louvando a Deus pelas experiências pascais vividas ao
longo do dia. O povo judeu vivia em atitude de ação de graças, vivendo a todo
instante a Páscoa em suas vidas.
RITOS INICIAIS
Instrução Geral ao Missal Romano, n.º 24:
“Os ritos iniciais ou as partes que precedem a liturgia da
palavra, isto é, cântico de entrada, saudação, ato penitencial, Senhor, Glória
e oração da coleta, têm o caráter de exórdio, introdução e preparação. Estes
ritos têm por finalidade fazer com que os fiéis, reunindo-se em assembléia,
constituam uma comunhão e se disponham para ouvir atentamente a Palavra de Deus
e celebrar dignamente a Eucaristia”.
1. Comentário Inicial
Este tem por fim introduzir os fiéis ao mistério celebrado.
Sua posição correta seria após a saudação do padre, pois ao nos encontrarmos
com uma pessoa primeiro a saudamos para depois iniciarmos qualquer atividade
com ela.
2. Canto de Entrada
“Reunido o povo, enquanto o sacerdote entra com os
ministros, começa o canto de entrada. A finalidade desse canto é abrir a
celebração, promover a união da assembléia, introduzir no mistério do tempo
litúrgico ou da festa, e acompanhar a procissão do sacerdote e dos
ministros”(IGMR n.25)
Durante o canto de entrada percebemos alguns elementos que
compõem o início da missa:
a) O canto
Durante a missa, todas as músicas fazem parte de cada
momento. Através da música participamos da missa cantando. A música não é
simplesmente acompanhamento ou trilha musical da celebração: a música é também
nossa forma de louvarmos a Deus. Daí a importância da participação de toda
assembléia durante os cantos.
3 b) A procissão
O povo de Deus é um povo peregrino, que caminha rumo ao
coração do Pai. Todas as procissões têm esse sentido: caminho a se percorrer e
objetivo a que se quer chegar.
c) O beijo no altar
Durante a missa, o pão e o vinho são consagrados no altar,
ou seja, é no altar que ocorre o mistério eucarístico. O presidente da
celebração ao chegar beija o altar, que representa Cristo, em sinal de carinho
e reverência por tão sublime lugar.
Por incrível que possa parecer, o local mais importante de
uma igreja é o altar, pois ao contrário do que muita gente pensa, as hóstias
guardadas no sacrário nunca poderiam estar ali se não houvesse um altar para
consagrá-las.
3. Saudação
a) Sinal da Cruz
O presidente da celebração e a assembléia recordam-se por
que estão celebrando a missa. É, sobretudo pela graça de Deus, em resposta ao
seu amor. Nenhum motivo particular deve sobrepor-se à gratuidade. Pelo sinal da
cruz nos lembramos que pela cruz de Cristo nos aproximamos da Santíssima
Trindade.
b) Saudação
Retirada na sua maioria dos cumprimentos de Paulo, o
presidente da celebração e a assembléia se saúdam. O encontro eucarístico é
movido unicamente pelo amor de Deus, mas também é encontro com os irmãos.
4. Ato Penitencial
Após saudar a assembléia presente, o sacerdote convida toda
assembléia a, em um momento de silêncio, reconhecer-se pecadora e necessitada
da misericórdia de Deus. Após o reconhecimento da necessidade da misericórdia
divina, o povo a pede em forma de ato de contrição: Confesso a Deus
Todo-Poderoso... Em forma de diálogo por versículos bíblicos: Tende compaixão
de nós... Ou em forma de ladainha: Senhor, que viestes salvar... Após, segue-se
a absolvição do sacerdote. Tal ato pode ser substituído pela aspersão da água,
que nos convida a rememorar-nos o nosso compromisso assumido pelo batismo e
através do simbolismo da água pedirmos para sermos purificados.
Cabe aqui dizer, que o “Senhor, tende piedade” não pertence
necessariamente ao ato penitencial. Este se dá após a absolvição do padre e é
um canto que clama pela piedade de Deus. Daí ser um erro omiti-lo após o ato
penitencial quando este é cantando.
5. Hino de Louvor
Espécie de salmo composto pela Igreja, o glória é uma
mistura de louvor e súplica, em que a assembléia congregada no Espírito Santo,
dirige-se ao Pai e ao Cordeiro. É proclamado nos domingos - exceto os do tempo
da quaresma e do advento - e em celebrações especiais, de caráter mais solene.
Pode ser cantado, desde que mantenha a letra original e na íntegra.
6. Oração da Coleta
Encerra o rito de entrada e introduz a assembléia na
celebração do dia.
“Após o convite do celebrante, todos se conservam em
silêncio por alguns instantes, tomando consciência de que estão na presença de
Deus e formulando interiormente seus pedidos. Depois o sacerdote diz a oração
que se costuma chamar de ‘coleta’, a qual a assembléia dá o seu assentimento
com o ‘Amém’ final” (IGMR 32).
Dentro da oração da coleta podemos perceber os seguintes
elementos: invocação, pedido e finalidade.
O RITO DA PALAVRA
O Rito da Palavra é a segunda parte da missa, e também a
segunda mais importante, ficando atrás, somente do Rito Sacramental, que é o
auge de toda celebração.
Iniciamos esta parte sentados, numa posição cômoda que
facilita a instrução. Normalmente são feitas três leituras extraídas da Bíblia:
em geral um texto do Antigo Testamento, um texto epistolar do Novo Testamento e
um texto do Evangelho de Jesus Cristo, respectivamente. Isto, porém, não
significa que será sempre assim; às vezes a 1ª leitura cede espaço para um
outro texto do Novo Testamento, como o Apocalipse, e a 2ª leitura, para um
texto extraído dos Atos dos Apóstolos; é raro acontecer, mas acontece... Fixo
mesmo, apenas o Evangelho, que será extraído do livro de Mateus, Marcos, Lucas
ou João.
4 1.Primeira Leitura
Como já dissemos, a primeira leitura costuma a ser extraída
do Antigo Testamento.
Isto é feito para demonstrar que já o Antigo Testamento
previa a vinda de Jesus e que Ele mesmo o cumpriu (cf. Mt 5,17). De fato, não
poucas vezes os evangelistas citam passagens do Antigo Testamento,
principalmente dos profetas, provando que Jesus era o Messias que estava para
vir.
O leitor deve ler o texto com calma e de forma clara. Por
esse motivo, não é recomendável escolher os leitores poucos instantes antes do
início da missa, principalmente pessoas que não têm o costume de freqüentar
aquela comunidade. Quando isso acontece e o "leitor", na hora da
leitura, começa a gaguejar, a cometer erros de leitura e de português, podemos
ter a certeza de que, quando ele disser: "Palavra do Senhor", a
resposta da comunidade, "Graças a Deus", não se referirá aos frutos
rendidos pela leitura, mas sim pelo alívio do término de tamanha catástrofe!
Ora, se a fé vem pelo ouvido, como declara o Apóstolo,
certamente o leitor deve ser uma pessoa preparada para exercer esse ministério;
assim, é interessante que a Equipe de Celebração seja formada, também, por
leitores "profissionais", ou seja, especial e previamente
selecionados.
2.Salmo Responsorial
O Salmo Responsorial também é retirado da Bíblia, quase
sempre (em 99% dos casos) do livro dos Salmos. Muitas comunidades recitam-no,
mas o correto mesmo é cantá-lo... Por isso uma ou outra comunidade possui, além
do cantor, um salmista, já que muitas vezes o salmo exige uma certa
criatividade e espontaneidade, uma vez que as traduções do hebraico (ou grego)
para o português nem sempre conseguem manter a métrica ou a beleza do original.
Assim, quando cantado, acaba lembrando um pouco o canto
gregoriano e, em virtude da dificuldade que exige para sua execução, acaba
sendo simplesmente - como já dissemos - recitado (perdendo mais ainda sua
beleza).
3.Segunda Leitura
Da mesma forma como a primeira leitura tem como costume usar
textos do Antigo Testamento, a segunda leitura tem como característica extrair
textos do Novo Testamento, das cartas escritas pelos apóstolos (Paulo, Tiago,
Pedro, João e Judas), mais notadamente as escritas por São Paulo.
Esta leitura tem, portanto, como objetivo, demonstrar o vivo
ensinamento dos Apóstolos dirigido às comunidades cristãs.
A segunda leitura deve ser encerrada de modo idêntico ao da
primeira leitura, com o leitor exclamando: "Palavra do Senhor!" e a
comunidade respondendo com: "Graças a Deus!".
4.Canto De Aclamação Ao Evangelho
Feito o comentário ao Evangelho, a assembléia a se põe de
pé, para aclamar as palavras de Jesus. O Canto de Aclamação tem como característica
distintiva a palavra "Aleluia", um termo hebraico que significa
"louvai o Senhor". Na verdade, estamos felizes em poder ouvir as
palavras de Jesus e estamos saudando-O como fizeram as multidões quando Ele
adentrou Jerusalém no domingo de Ramos.
Percebemos, assim, que o Canto de Aclamação, da mesma forma
que o Hino de Louvor, não pode ser cantado sem alegria, sem vida. Seria como se
não confiássemos Naquele que dá a vida e que vem até nós para pregar a palavra
da Salvação. O Canto deve ser tirado do lecionário, pois se identifica com a
leitura do dia, por isso não se pode colocar qualquer música como aclamação,
não basta que tenha a palavra aleluia.
Comprovando este nosso ponto de vista está o fato de que
durante o tempo da Quaresma e do Advento, tempos de preparação para a alegria
maior, também a palavra "Aleluia" não aparece no Canto de Aclamação
ao Evangelho.
5.Evangelho
Antes de iniciar a leitura do Evangelho, se estiver sendo
feito uso de incenso, o sacerdote ou o diácono (depende de quem for ler o
texto), incensará a Bíblia e, logo a seguir, iniciará a leitura do texto.
6 O texto do Evangelho é sempre retirado dos livros
canônicos de Mateus, Marcos, Lucas e João, e jamais pode ser omitido. É falta
gravíssima não proceder a leitura do Evangelho ou substituí-lo pela leitura de
qualquer outro texto, inclusive bíblico.
Ao encerrar a leitura do Evangelho, o sacerdote ou diácono
profere a expressão: "Palavra da Salvação!" e toda a comunidade
glorifica ao Senhor, dizendo: "Glória a vós, Senhor!". Neste momento,
o sacerdote ou diácono, em sinal de veneração à Palavra de Deus, beija a Bíblia
(rezando em silêncio: "Pelas palavras do santo Evangelho sejam perdoados
os nossos pecados") e todo o povo pode voltar a se sentar.
6.Homilia
A homilia nos recorda o Sermão da Montanha, quando Jesus
subiu o Monte das Oliveiras para ensinar todo o povo reunido. Observe-se que o
altar já se encontra, em relação aos bancos onde estão os fiéis, em ponto mais
alto, aludindo claramente a esse episódio.
Da mesma forma como Jesus ensinava com autoridade, após sua
ascensão, a Igreja recebeu a incumbência de pregar a todos os povos e
ensinar-lhes a observar tudo aquilo que Cristo pregou. A autoridade de Cristo
foi, portanto, passada à Igreja.
A homilia é o momento em que o sacerdote, como homem de
Deus, traz para o presente aquela palavra pregada por Cristo há dois mil anos.
Neste momento, devemos dar ouvidos aos ensinamentos do sacerdote, que são os
mesmos ensinamentos de Cristo, pois foi o próprio Cristo que disse: "Quem
vos ouve, a mim ouve. Quem vos rejeita, a mim rejeita" (Lc 10,16). Logo,
toda a comunidade deve prestar atenção às palavras do sacerdote.
A homilia é obrigatória aos domingos e nas solenidades da
Igreja. Nos demais dias, ela também é recomendável, mas não obrigatória.
7.Profissão De Fé (Credo)
Encerrada a homilia, todos ficam de pé para recitar o Credo.
Este nada mais é do que um resumo da fé católica, que nos distingue das demais
religiões. É como que um juramento público, como noslembra o PE Luiz
Cechinatto.
Embora existam outros Credos católicos, expressando uma
única e mesma verdade de fé, durante a missa costuma-se a recitar o Símbolo dos
Apóstolos, oriundo do séc. I, ou o Símbolo Niceno-Constantinopolitano, do séc.
IV. O primeiro é mais curto, mais simples; o segundo, redigido para eliminar
certas heresias a respeito da divindade de Cristo, é mais longo, mais completo.
Na prática, usa-se o segundo nas grandes solenidades da Igreja.
8.Oração Da Comunidade
A Oração da Comunidade ou Oração dos Fiéis, como também é
conhecida, marca o último ato do Rito da Palavra. Nela toda a comunidade
apresenta suas súplicas ao Senhor e intercede por todos os homens.
Alguns pedidos não devem ser esquecidos pela comunidade:
- As necessidades da
Igreja.
- As autoridades públicas.
- Os doentes, abandonados e desempregados.
- A paz e a salvação do mundo inteiro.
- As necessidades da Comunidade Local
A introdução e o encerramento da Oração da Comunidade devem
ser feitas pelo sacerdote. Quando possível, devem ser feitos espontaneamente.
As preces podem ser feitas pelo comentarista, mas o ideal é que sejam feitas
pela equipe de Liturgia, ou ainda pelos próprios fiéis. Cada prece deve
terminar com expressões como: "Rezemos ao Senhor", entre outras, para
que a comunidade possa responder com: "Senhor, escutai a nossa prece"
ou "Ouvi-nos, Senhor”.
Quando o sacerdote conclui a Oração da Comunidade, dizendo,
por exemplo: "Atendei-nos, ó Deus, em vosso amor de Pai, pois vos pedimos
em nome de Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor nosso”. a assembléia encerra com
um: "Amém!".
Fonte: Aleteia
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