12 de mar. de 2015

Papa: Confissão não deve ser uma tortura

12/03/2015

Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco recebeu nesta quinta-feira (12/03), na Sala Clementina, no Vaticano, os participantes do 26º Curso sobre o Foro interno da Penitenciaria Apostólica.
Depois de saudar o Penitencieiro Mor, Cardeal Mauro Piacenza, o regente da Penitenciaria Apostólica, Dom Krzysztof Nykiel, e demais membros do organismo vaticano, o pontífice disse que o curso tem a finalidade pastoral de ajudar os novos sacerdotes e candidatos ao Sacramento da Ordem a administrarem corretamente o Sacramento da Reconciliação.
"Os sacramentos, como sabemos, são o lugar da proximidade e ternura de Deus pelos homens. Eles são a maneira concreta que Deus pensou para vir ao nosso encontro, para nos abraçar, sem se envergonhar de nós e do nosso limite", frisou Francisco.
"Dentre os sacramentos, o da Reconciliação torna presente o rosto misericordioso de Deus: o concretiza e o manifesta continuamente. Não podemos nos esquecer seja como penitentes seja como confessores que não existe nenhum pecado que Deus não possa perdoar", disse ainda o Santo Padre.
"À luz desse dom maravilhoso de Deus", o pontífice sublinhou três exigências: viver o Sacramento da Penitência como meio para educar para a misericórdia, deixar-se educar por aquilo que celebramos e manter o olhar sobrenatural. 
Viver o Sacramento da Penitência como meio para educar para a misericórdia
"Viver o sacramento como meio para educar para a misericórdia, significa ajudar os nossos irmãos a fazerem experiência de paz e compreensão humana e cristã. A confissão não deve ser uma tortura. Todos devem sair da confissão com a alegria no coração, com o rosto radiante de esperança, mesmo se às vezes, como sabemos, molhado pelas lágrimas da conversão e alegria", disse ainda Francisco.
O Santo Padre frisou que "o sacramento, com todos os atos do penitente, não deve se tornar um interrogatório pesado, incômodo e invasor. Pelo contrário, deve ser um encontro libertador e rico de humanidade, através do qual educar para a misericórdia que não exclui, mas inclui o justo compromisso de corrigir o mal cometido. Assim, o fiel se sentirá convidado a se confessar frequentemente e aprenderá a fazê-lo da melhor maneira possível, com aquela delicadeza da alma que faz tanto bem ao coração, até mesmo ao coração do confessor. Nesse sentido, nós sacerdotes cresçamos na relação pessoal com Deus a fim de que se dilate nos corações o seu Reino de amor e paz".
Deixar-se educar por aquilo que celebramos
Aos confessores Francisco disse: "Deixem-se educar pelo Sacramento da Reconciliação! Quantas vezes nos acontece de ouvir confissões que nos edificam! Irmãos e irmãs que vivem uma autêntica comunhão pessoal e eclesial com o Senhor e um amor sincero pelos irmãos. Almas simples, almas de pobres em espírito, que se abandonam totalmente ao Senhor, que confiam na Igreja e também no confessor. Nos acontece de presenciar verdadeiros milagres de conversão. Pessoas que há meses ou anos estão sob o domínio do pecado e que, como o Filho Pródigo, caem em si e decidem se levantar e retornar à casa do Pai para implorar o seu perdão. Como é bom acolher estes irmãos e irmãs arrependidos com o abraço bendizente do Pai misericordioso que tanto nos ama e se alegra por todo filho que volta para Ele de coração! Podemos aprender da conversão e do arrependimento de nossos irmãos. Eles nos convidam a fazer um exame de consciência: eu, sacerdote, amo o Senhor que me fez ministro de sua misericórdia? Eu, confessor, estou disponível à mudança, à conversão, como este penitente para o qual fui colocado a serviço?"
Manter o olhar sobrenatural
"Quando se ouve as confissões sacramentais dos fiéis é preciso manter sempre um olhar interior dirigido ao céu, ao sobrenatural. Devemos primeiramente reavivar em nós a consciência de que ninguém é colocado em tal ministério por si mesmo, nem por suas competências teológicas ou jurídicas, nem por sua feição humana ou psicológica. Fomos constituídos ministros da reconciliação somente pela graça de Deus, gratuitamente e por amor, por misericórdia. Somos ministros da misericórdia graças à misericórdia de Deus. Nunca devemos perder este olhar sobrenatural que nos torna realmente humildes, acolhedores e misericordiosos para com todo irmão e irmã que pede para se confessar. Até mesmo a maneira de ouvir os pecadores deve ser sobrenatural, respeitosa pela dignidade e história pessoal de cada um, a fim de que se possa compreender o que Deus quer dele ou dela. Por isso, a Igreja é chamada a educar os seus membros, sacerdotes, religiosos e leigos, para a arte do acompanhamento, a fim de que todos aprendam sempre a tirar as sandálias diante da terra sagrada do outro. Todo penitente que procura a confissão é 'terra sagrada' que deve ser cultivada com dedicação, zelo e atenção pastoral", disse ainda Francisco em seu discurso.
O Papa convidou os presentes "a usufruírem do tempo quaresmal para a conversão pessoal e dedicação generosa à escuta das confissões a fim de que o Povo de Deus possa chegar purificado à Festa Pascal, que representa a vitória definitiva da Misericórdia Divina sobre todo o mal do mundo". (MJ)
Fonte: http://br.radiovaticana.va/

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