6 de out. de 2014

Card. Erdo ao Sínodo: "Igreja ao lado de quem foi ferido pela vida"

2014-10-06


Cidade do Vaticano (RV) - “Proposta, diálogo, caminhar juntos”. O Sínodo dos bispos sobre a Família propõe o anúncio do Evangelho evocando Paulo VI: “A Família não é só sujeito de evangelização, mas sujeito primário no anúncio da Boa Nova de Cristo; e por isso, “é necessária a incessante compreensão e atualização do Evangelho da Família, e os problemas familiares mais graves devem ser considerados como ‘sinal dos tempos’”.

Foi o teor da ‘relatio ante disceptationem’ (relatório precedente ao debate) apresentada pelo cardeal húngaro Peter Erdo, Presidente-delegado do Sínodo. O texto foi elaborado com as colaborações dos padres sinodais que as enviaram à secretaria antes do início do Sínodo. “A Igreja deve estar pronta para ser um ‘remédio’ para as situações de sofrimento nas famílias”, disse o arcebispo de Budapeste.

“Os divorciados recasados civilmente pertencem à Igreja, precisam e têm o direito de ser acompanhados por seus pastores”, disse, prosseguindo na leitura do relatório, que dedica grande parte ao tema dos divorciados recasados; às convivências e casamentos civis. O documento assinala ainda que muitas contribuições enviadas pelas Igrejas locais reiteram a importância de levar em conta ‘a diferença de quem rompeu o matrimônio e de quem foi abandonado’, sugerindo que a Igreja ‘cuide deles de modo especial’.

“Em cada igreja deve haver um sacerdote ‘devidamente preparado, que possa previa e gratuitamente aconselhar os casais sobre a validez de sua união’. Depois do divórcio, esta verificação deve prosseguir no contexto de um diálogo pastoral sobre as causas do fracasso do matrimônio precedente, identificando as razões da nulidade. Se tudo isso se der na seriedade e na busca da verdade, a declaração de nulidade libertará as consciências de ambas as partes”.

Neste campo, o Sínodo vai trabalhar na hipótese que, em certos casos, o próprio bispo diocesano posa formular uma declaração de nulidade matrimonial, em via extrajudicial.

O relatório sublinha ainda que “seria desejável que o Sínodo olhasse além da esfera dos católicos praticantes e, considerando a situação complexa da sociedade, tratasse das dificuldades sociais e culturais que pesam na vida matrimonial e familiar. “Os problemas não se referem apenas à ética individual, mas a estruturas de pecado hostis à família, em um mundo de desigualdade e de injustiça social, de consumismo por um lado e pobreza do outro. As rápidas mudanças culturais, em todos os âmbitos, empurram as famílias para um processo que coloca em dúvida a tradicional cultura familiar e muitas vezes, a destrói. Por outro lado, a Família é quase a última realidade humana acolhedora neste mundo dominado exclusivamente pelas finanças e a tecnologia. Uma nova cultura de Família pode ser o ponto de partida para uma nova civilização humana”.

“Dar respostas reais e impregnadas de caridade aos problemas que especialmente hoje, tocam a existência da Família”, segundo o relatório, é o maior desafio do Sínodo em andamento no Vaticano.



Texto proveniente da página http://pt.radiovaticana.va

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