O
Catecismo da Igreja Católica define o pecado como "uma falta contra a
razão, a verdade, a consciência reta; é uma falta ao amor verdadeiro para com
Deus e para com o próximo, por causa de um apego perverso a certos bens. Fere a
natureza do homem e ofende a solidariedade humana. Foi definido como uma
palavra, um ato ou um desejo contrário à lei eterna" (CIC 1849).
Resumidamente, o pecado é uma ação contrária ao amor de Deus. Do mesmo modo que
o homem é livre para amar e praticar a caridade, também é livre para
desobedecer.
É
sabido também que existe uma grande variedade de pecados e, apesar de todos
serem uma ofensa a Deus, estão separados em diferentes graus. A Sagrada
Escritura traz várias listas e descrições. Por exemplo, São Paulo na Carta aos
Gálatas diz que: "as obras da carne são manifestas: fornicação, impureza,
libertinagem, idolatria, feitiçaria, ódio, rixas, ciúmes, ira, discussões,
discórdia, divisões, invejas, bebedeiras, orgias e coisas semelhantes a estas,
a respeito das quais eu vos previno, como já vos preveni, os que tais coisas
praticam não herdarão o Reino de Deus" (5,1 9-21)
O pecado, conforme sua gravidade, pode ser dividido em pecado
mortal ou pecado
venial. Por pecado venial entende-se aquele ato que não separa o homem
totalmente de Deus, mas que fere essa comunhão. Já o pecado mortal, por sua
vez, atenta gravemente contra o amor de Deus, desviando o ser humano de sua
finalidade última e da bem-aventurança. Ensina o Catecismo:
"O pecado mortal requer pleno conhecimento e pleno
consentimento. Pressupõe o conhecimento do caráter pecaminoso do ato, de sua
oposição à lei de Deus. Envolve também um consentimento suficientemente
deliberado para ser uma escolha pessoal. A ignorância afetada e o endurecimento
do coração não diminuem, antes aumentam, o caráter voluntário do pecado."
(CIC 1859)
Isso
significa que o pecado mortal só acontece quando o indivíduo comete um delito
contra Deus, consciente desses três requisitos citados acima, não somente pela
matéria grave. Por exemplo, se uma pessoa - sem formação moral e intelectual
adequada e sem condições de adquirí-la - pratica uma ação pecaminosa, ela pode
ser isenta de culpa, pois se enquadra no caso da ignorância invencível. Por
outro lado, existe também a ignorância afetada, que é quando a pessoa tinha
condições de conhecer a verdade, mas preferiu não conhecê-la. Neste caso, o
indivíduo peca gravemente.
Na
prática, o que um pecado mortal pode fazer com a pessoa que o comete? O mesmo
Catecismo ensina que:
"O pecado mortal é uma possibilidade radical da
liberdade humana, como o próprio amor. Acarreta a perda da caridade e a
privação da graça santificante, isto é, do estado de graça. Se este estado não
for recuperado mediante o arrependimento e o perdão de Deus, causa a exclusão
do Reino de Cristo e a morte eterna no inferno, já que nossa liberdade tem o
poder de fazer opções para sempre, sem regresso. No entanto, mesmo podendo
julgar que um ato é em si falta grave, devemos confiar o julgamento sobre as
pessoas à justiça e à misericórdia de Deus." (CIC 1861)
"O pecado cria uma propensão ao pecado; gera o
vício pela repetição dos mesmos atos. Disso resultam inclinações perversas que
obscurecem a consciência e corrompem a avaliação concreta do bem e do mal.
Assim, o pecado tende a reproduzir-se e a reforçar-se, mas não consegue
destruir o senso moral até a raiz." (CIC 1865)
Mas o
que dizer, então, dos pecados veniais? Eles são desprezíveis? Não, pois um
pecado mortal é gerado por uma multidão de pecados veniais que foram cometidos
antes. O pecado venial, embora pareça sem importância, é um passo que conduz ao
abismo. Um após o outro, leva a pessoa para o buraco, que é o rompimento da
amizade com Deus. O Catecismo cita Santo Agostinho para explicar melhor como se
dá a ação dos pecados veniais:
"O homem não pode, enquanto está na carne, evitar
todos os pecados, pelo menos os pecados leves. Mas esses pecados que chamamos
leves, não os consideres insignificantes, se os consideras insignificantes ao
pesá-los, treme ao contá-los. Um grande número de objetos leves faz uma grande
massa; um grande número de gotas enche um rio; um grande número de grãos faz um
montão. Qual é então nossa esperança? Antes de tudo, a confissão..." (CIC
1863)
Portanto,
para evitar o rompimento da amizade com Deus, ou seja, cometer um pecado grave,
é preciso combater os chamados pecados veniais, os quais são passos que se dão
em direção ao abismo. Nesse sentido, o sacramento da confissão é o remédio
eficaz que pode refrear essa triste caminhada.
Fonte: Blog Pe Paulo Ricardo
Nenhum comentário:
Postar um comentário