A visão externa
O repouso no Espírito
parece ser uma das maneiras através da qual Deus nos leva a uma posição, ou
estabelece uma dinâmica, que nos permite receber cura. Pe. John Hampsch
descreve alguns métodos de cura por meio dos quais o repouso no Espírito pode
ocorrer:
“A cura pode ser
comunicada exclusivamente através da imposição de mãos; pela aspersão de água
benta, estendendo-se as mãos sobre o grupo; pela bênção dos doentes, com ou sem
a bênção do Santíssimo Sacramento. A cura é ministrada de diversos modos.
Pode-se simplesmente
pedir que o grupo todo imponha as mãos sobre os ombros e a cabeça da pessoa por
quem se deseja orar, ou pode-se receber a oração como membro do grupo,
permanecendo-se em círculo, de mãos dadas.
O repouso no Espírito
pode acontecer em qualquer desses contextos. Geralmente, ocorre com a imposição
de mãos e/ou com unção.”
O ambiente
“Eu estava sozinha,
fazendo meu repouso diário, durante um retiro. Por 15 ou 30 minutos
experimentei uma presença tão forte do Senhor (eletricidade, vibrações, paz),
que senti que precisava ficar imóvel. Pensei que, provavelmente, não seria
mesmo capaz de me mexer” (bibliotecária).
“Repouso
frequentemente no Espírito em pequenas reuniões de grupo em casas de família. O
Senhor realiza profundas curas nessas ocasiões…” (esposa e mãe).
“A maior parte de
minhas experiências de repouso no Espírito tem sido em grandes reuniões de 200
a 1.000 pessoas; contudo, quando estou repousando no chão, fico sozinha com
Jesus. Ele fala comigo e me permite sentir o Seu amor como se eu fosse a única
pessoa na sala” (empresária).
A posição
“Eu estava de pé com
um grupo, orando para que uma pessoa recebesse o batismo, quando ouvi o líder
dizer: ‘Segure, ele está caindo’.
Pensei que estivesse
falando de outra pessoa, até que me vi no chão…” (engenheiro civil).
“Repousei no Espírito
muitas vezes mesmo estando sentada…” (irmã beneditina).
“Uma amiga orou por
mim quando eu estava deitada, e repousei no Espírito profundamente durante 30
minutos” (professora).
O instrumento
“Pe. DeGrandis
perguntou se eu queria ser batizado no Espírito Santo. Quando disse ‘sim’, ele
me tocou suavemente e caí no chão” (gerente de processamento de dados) .
“Há ocasiões em que
parece quase impossível permanecer de pé, ainda que ninguém o esteja tocando ou
fazendo imposição de mãos.” (dona de casa).
Sensação durante a queda
“Senti-me sem peso,
como um astronauta…” (balconista).” …como uma folha ao vento, voando para o
chão…” (mãe).
“Senti como se alguma
coisa pesada estivesse caindo sobre mim…” (Gerente de processamento de dados).
Mudança das sensações físicas durante o repouso no chão
Nos testemunhos que
recebi, parece haver, frequentemente, uma ‘anestesia’ suave e parcial dos
sentidos, que possibilita uma mudança do foco de atenção do exterior para o
interior. Quando esta mudança acontece, o mundo espiritual parece emergir de
modo poderoso.
Expressão física
Tranquila, agitada,
sorridente, chorosa.
Tempo de permanência
no chão
O tempo pode variar
de minuto a horas, dependendo, provavelmente, da profundidade e extensão da
cura interior que está sendo realizada.
“Em minha
experiência, o repouso foi algumas vezes breve e em outras, mais prolongado.
Senti o Espírito vir suave e rapidamente, com intensidades diferentes”
(secretária).
“Vi toda aquela gente
ali deitada, e me perguntei o que será que Deus estaria fazendo…” (professora)
.
“Ele cuida, ampara, embala…”
“Ele cuida, ampara, embala…”
A visão interna
Em Ministério de cura
para leigos, afirmo que o Senhor nos fala frequentemente em níveis profundos
enquanto repousamos no Espírito:
“Muita gente tem tido
a experiência de obter uma visão retrospectiva de toda a sua vida… e, segundo
creio, quando isso acontece num clima de oração é porque a cura interior está
ocorrendo…”
Os 200 entrevistados
de nossa pesquisa comunicaram grande variedade de modos com que o Senhor tocou
seus corações.
A agitação geralmente
sugere que profundas feridas emocionais foram tocadas ou que as influências
negativas foram substituídas pela presença de Jesus.
“Sabes quando me
deito…”
Algumas áreas controversas
Alguns líderes da
Renovação têm a preocupação de que o repouso no Espírito não seja ativado pelo
Espírito Santo, mas que, pelo contrário, seja um fenômeno misto.
O autor de um artigo na revista New Covenant comenta:
“…Outros têm algumas
reservas sobre este fenômeno. Veem a experiência como algo muito semelhante aos
estados de hipnose e de autossugestão que não estão, necessariamente,
relacionados com o Espírito Santo. Eles questionam seriamente a base
escriturística do fenômeno e têm graves reservas sobre a sabedoria pastoral de
encorajá-lo”.
O Cardeal Suenens, em
a controversial phenomenon, resting in the Spirit, conclui que a
tendência a cair pode estar relacionada mais à dinâmica psicológica do que à
moção do Espírito Santo, e por este motivo, publicou uma advertência.
Inclino-me a
acreditar que a maior da parte dos repousos são uma experiência de Jesus.
Pe. Richard Bain, de San Francisco, afirma:
“Pode ser verdade que
a maior parte do repouso no Espírito seja causado pela dinâmica psicológica.
Talvez muitas pessoas simplesmente queiram cair. Não acredito que isto deva
causar preocupação, pois uma vez no chão, poderão se tornar abertas ao toque de
Deus. Para mim, a questão não é por que caem, mas o que acontece quando estão
deitadas.
A Igreja não é Deus,
os sacramentos não são Deus. O rosário não é Deus. Mas cada um deles estabelece
a dinâmica que nos ajuda a encontrar Deus. Acredito que o repouso no Espírito
também possa nos ajudar a encontrar Deus. Todas as pessoas com quem tenho
conversado encontraram nele uma experiência muito positiva.
Minha primeira
experiência do repouso, com Pe. Dennis Kelleher, de Nova lorque, abriu as
portas para o meu ministério de cura.”
Há, provavelmente, um
misto entre a dinâmica psicológica e a espiritual no repouso no Espírito,
devido à interrelação de corpo, mente e espírito.
Pe. George Maloney,
no artigo How to understand and evaluate
the ‘charismatics’ newest experience: Slaying in the Spirit, afirma: “O fenômeno
da ‘morte no Espírito’ não deve ser julgado por um critério de e/ou: se é
‘natural’ ou ‘sobrenatural’, induzido somente pela natureza psíquica do homem,
ou uma demonstração cabal do poder do Espírito Santo entre os homens…”.
Outro aspecto comum
de controvérsia está relacionado com o repouso “espontâneo” versus o repouso
“induzido, cooperativo ou ministrado”. O repouso “espontâneo” não é, na
verdade, problema para muita gente. A área de conflito está naquilo que é
aceitável em termos de encorajamento para que as pessoas se abram à experiência
do repouso, isto é, o repouso “induzido, cooperativo ou ministrado”.
O conflito emerge
quando a dinâmica psicológica está envolvida no processo do repouso. Acredito
que ajudar as pessoas a chegarem a uma condição de entrega a Deus é uma ação
positiva e construtiva. Deste modo, a questão a ser levantada é: “Para quem
elas estão entregando seus corações? Qual é a intenção delas? Pedro tomou a
iniciativa pessoal de andar sobre as águas (Mt 14,29) e, então, o Senhor o
conduziu.
O Senhor diz: ” Ah!
todos vós que tendes sede, vinde…” (Is 55,1).
Ele diz: “Vinde… e Eu
vos darei descanso” (Mt 11,28). Esta “vinda” inicial é um ato natural em
resposta ao Seu chamado. Ele está sempre nos chamando à entrega, e então,
quando o fazemos, Ele nos conduz para o domínio espiritual. No dom de línguas,
abrimos a boca para que Ele nos dê a palavra espiritual. Ele também nos diz que
devemos suscitar os dons. No estágio inicial, esta ação é natural.
Fazemos uma escolha
interna para passar de uma ação no campo natural para uma ação no campo
espiritual. Quando nos decidimos pela entrega confiante, estamos dizendo:
“Conduze-me, Senhor, à Tua Morada”. Ele honra a nossa escolha. Ao longo desses
anos, tenho me sentido à vontade quando oro com as pessoas e incentivo-as a se
abrirem e se entregarem ao Espírito Santo.
Há alguns princípios nesta área que, acredito, poderão ser úteis:
1. Muitos católicos
têm medo da experiência religiosa exterior, classificando-a imediatamente de
“emocionalismo”. Alguns observadores têm dito que precisamos de emoção na fé
para dar equilíbrio à dimensão intelectual. Santo Agostinho diz: “A fé em busca
do entendimento”. Precisamos abrir nossos corações ao amor e ao poder de Deus.
2. A maior parte das
pessoas não consegue soltar o corpo para trás porque se sente desprotegida do
ponto de vista humano. Quando nos perguntam sobre o repouso e peço-lhes que
caiam para trás sem proteção, nenhuma delas é capaz de fazê-lo. No entanto, sob
o poder do Espírito Santo, elas conseguem fazer o que, normalmente, seria
impossível.
3. Muitas pessoas que
ficam sob o poder do Espírito são pessoas cultas, cujo último desejo seria
deitar-se no chão. No entanto, mesmo pessoas muito elegantes e distintas
parecem perder esta preocupação quando repousam no Espírito.
4. Busco o processo
de discernimento comunitário. Somos orientados em (1Jo 4,1) para “examinar os
espíritos”. A comunidade, os ministros de oração e as pessoas que recebem
oração geralmente têm uma percepção muito boa da presença ou ausência do Senhor
durante a oração. Frequentemente, a comunidade sentirá a presença do Espírito
Santo durante o processo de repouso.
5. Muitos sacerdotes
que se dedicam totalmente ao ministério de cura estão de acordo com os bons
frutos produzidos pelo repouso no Espírito. Os bispos que estiveram presentes
durante essas orações e que também repousaram dão apoio a esse fenômeno do
ministério de cura.
6. Nosso Deus é um
Deus de surpresas. Precisamos estar abertos às maneiras através das quais o
Espírito parece estar conduzindo o Seu Corpo. Quanto mais espessa a escuridão,
mais brilhante a luz. Com a agressão ousada do demônio à nossa cultura,
precisamos estar mais entregues à liderança do Senhor. Ele nos diz: “Brilhe do
mesmo modo a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras,
eles glorifiquem vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,16).
7. Devemos acreditar
na honestidade e integridade básicas das pessoas até prova em contrário. Alguns
diriam que nem todos os que caem estão repousando no Espírito. Isto, talvez,
seja verdade, mas eu presumiria que a grande maioria está sob o poder do
Espírito. Por isso, fico à vontade quando uso essa terminologia.
8. A maior parte dos
fenômenos está sujeita a uso e abuso. Já conheci pessoas que jejuaram tanto que
chegaram a prejudicar a saúde. Algumas vezes, encontramos pais que vão à missa
diariamente esquecendo-se das necessidades da família. Contudo, preferimos
focalizar o uso e não o abuso.
9. A ordem e o decoro
devem ser sempre preservados. Acredito que do ponto de vista pastoral, devemos
averiguar e impedir qualquer abuso, tal como permitir o repouso no Espírito
durante a Comunhão, no meio da missa dominical, ou em um lugar público. Sem
dúvida, isto constitui abuso e deve ser corrigido pastoralmente.
Nenhum Mal temerei, pois Estás junto a mim
”Jerusalém… as
montanhas a envolvem, e o Senhor envolve o seu povo, desde agora e para
sempre”.
Nem todo mundo é
bastante livre interiormente para se entregar à experiência do repouso no
Espírito.
Francis MacNutt faz uma reflexão sobre esta falta de liberdade:
“Há uma sorte de
pessoas que bloqueiam esta experiência principalmente aquelas que na vida
tiveram de aprender a controlar em demasia suas emoções. Há pessoas que têm
verdadeiro pavor de se deixar levar. Não é tanto um problema espiritual; é
antes emocional; têm medo de tudo o que não conseguem controlar pela razão.
Algumas pessoas perderam a capacidade de responder à vida com espontaneidade”.
Frequentemente os
intelectuais terão mais dificuldade em repousar no Espírito. Mas este não foi o
caso com o meu antigo professor de Sagrada Escritura no seminário. Ele é
licenciado em Sagrada Escritura pelo Instituto Bíblico de Jerusalém e doutorado
em Psicologia.
A primeira vez em que
recebeu uma oração, instantaneamente caiu sob o poder do Espírito, com uma grande
abertura. Ele é muito culto e, contudo, tem uma grande receptividade. Mas, isto
não é comum.
Em geral, acredito
que o tipo de pessoa que repousa com maior prontidão é aquele que é livre,
aberto, corajoso e dócil.
Em geral, são pessoas
com uma certa dose de simplicidade. Os tipos mais intelectuais, reservados e
conservadores tendem a demonstrar maior resistência ao repouso no Espírito.
Portanto, parece haver necessidade de abertura psicológica, bem como de
abertura espiritual.
FONTE http://cleofas.com.br/o-repouso-no-espirito-santo-parte-2/
Nenhum comentário:
Postar um comentário