Quando se visita as
Catacumbas de São Calisto, o guia turístico informa que lá se encontra o
primeiro testemunho arqueológico do uso da palavra “papa“, que seria o
pintoresco acrônimo da frase “do apóstolo Pedro tomou o poder” (“Petri Apostoli
Potestatem Accipiens”).
Certamente, esta interpretação está longe de ser correta, assim como a
interpretação do jogo de palavras “Pater Patrum” (“padre dos padres”), que
seria uma descrição e releitura posterior do ofício papal.
Do ponto de vista
histórico-etimológico, o termo “papa“, no entanto, não é um acrônimo, mas uma palavra de origem grega, que
significa “pai”, “papai”, em sentido familiar e carinhoso. É o termo usado nos
primeiros séculos do cristianismo para dirigir-se ao clero, sobretudo aos
bispos. Foi a partir dos século IX-X que se tornou exclusiva do Bispo de Roma: de “pai” em
sentido específico a “pai” de Roma.
Nas Catacumbas de São Calisto está o
testemunho mais antigo em Roma do uso da palavra “papa” referida ao Bispo de Roma. O diácono Severo
declara haver recebido a ordem do bispo romano Marcelino (296-304) de construir
um nicho sepulcral familiar dentro de tais catacumbas: “iussu pp. sui
Marcellini diaconus iste Severus fecit…” (cfr. Testini, Archeologia cristiana,
Bari 1980, p.384). Resumindo: é a história de um termo genérico que, com o
passar do tempo, assume um significado cada vez mais específico, até tornar-se
exclusivo.
O documento “Dictatus Papae”, nascido
no ambiente gregoriano durante a luta das investiduras, os termos “sumo
pontífice” e “papa” são usados como
sinônimos. Desde cerca de dez séculos antes, a palavra “papa” indicava apenas
o Bispo de
Roma.
Apesar de existirem vários títulos
do papa (Sumo
Pontífice, Bispo de
Roma, sucessor de Pedro, Patriarca do Ocidente (este último deixado de usar
por Bento XVI), Primaz da Itália etc.), o teologicamente mais verdadeiro e do
qual derivam todos os outros é “Bispo de Roma” e, portanto, herdeiro e sucessor de Pedro e cabeça do colégio
apostólico.
Dois textos, um da antiguidade e outro dos nossos dias, falam da
importância do título romano:
“Dado que seria demasiado longo enumerar as sucessões de todas as
Igrejas, tomaremos a máxima igreja, muito antiga e conhecida de todos, fundada
e construída em Roma pelos dois gloriosíssimos apóstolos Pedro e Paulo;
mostraremos que a tradição que ela tem, dos mesmos, e a fé que anunciou aos
homens, chegaram até nós por sucessões de bispos… Porque, é com esta Igreja (de
Roma), em razão de sua mais poderosa autoridade de fundação, que deve
necessariamente concordar toda a Igreja… na qual sempre se conservou a tradição
que vem dos Apóstolos” (cf. S. Irineo, Contra as heresias).
“Na comunhão eclesial existem legitimamente igrejas particulares com
tradições próprias, sem detrimento do primado da cátedra de Pedro, que preside
à universal assembleia da caridade, protege as legítimas diversidades e vigia
para que as particularidades ajudem a unidade e de forma alguma a prejudiquem”
(Lumen Gentium, 13).
Artigo do Pe. Giovanni Roncari, professor de História da Igreja,
publicado originalmente em Novena.it
Fonte: Aleteia/ Novena.it
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