14 de jan. de 2017

Papa aos jovens: escutai a voz de Deus, fazei ouvir o vosso grito

14/01/2017


"Não tenhais medo de ouvir o Espírito que sugere escolhas ousadas", diz o Papa Francisco na carta que enviou aos jovens, nesta sexta-feira (13/01), como apresentação do documento preparatório do Sínodo dos Bispos de 2018.

O Pontífice inicia a carta manifestando a sua alegria de anunciar aos jovens que, em outubro de 2018, se realizará a 15ª Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos sobre o tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”.
O documento preparatório foi apresentado, nesta sexta-feira, na Sala de Imprensa da Santa Sé. Um dos objectivos do texto é encontrar as melhores maneiras para acompanhar os jovens a reconhecer e acolher o chamamento à vida plena e anunciar o Evangelho de maneira eficaz.
A carta dá início a uma fase de estudo da parte do Povo de Deus. É endereçada às Conferências Episcopais, aos Conselhos dos Hierarcas das Igrejas Orientais Católicas, aos departamentos da Cúria Romana e à União dos Superiores Gerais. Espera-se também a participação dos jovens através de um site.

O Secretário-Geral do Sínodo dos Bispos, Cardeal Lorenzo Baldisseri, abriu a conferência de imprensa com os jornalistas apresentando a estrutura do documento que tem como objectivo recolher informações sobre a actual condição sociocultural dos jovens de 16 a 29 anos, nos vários contextos em que vivem, a fim de entendê-la, em vista dos passos preparatórios sucessivos para a assembleia dos bispos.
O texto é dividido em três partes: ver a realidade, a importância do discernimento, e acção pastoral da comunidade eclesial. A Igreja deseja acompanhar os jovens na descoberta e realização de sua vocação.

“Deve ser esclarecido que o termo vocação deve ser entendido no sentido amplo e diz respeito a grande variedade de possibilidade de realização concreta da própria vida na alegria do amor e na plenitude decorrente do dom de si a Deus e aos outros. Trata-se de encontrar a forma concreta em que esta realização plena possa se realizar através de uma série de escolhas, que articulam estado de vida, matrimónio, ministério ordenado, vida consagrada, etc. profissão, modalidade de compromisso social e político, estilo de vida, gestão do tempo e dinheiro, etc.”, disse o Cardeal Baldisseri na conferência.
Completa o documento preparatório um questionário que prevê a recolha de dados estatísticos sobre cada igreja local, a resposta a várias perguntas para entender melhor cada situação e a partilha de boas práticas pastorais em andamento para que possam ser de ajuda a toda a Igreja.
Os jovens serão plenamente envolvidos nesta fase preparatória através de um site a fim de recolher suas expectativas e vida.
“O próximo Sínodo não quer somente se interrogar sobre como acompanhar os jovens no discernimento de sua escolha de vida à luz do Evangelho, mas quer também colocar-se à escuta dos seus desejos, projectos e sonhos que os jovens têm para a sua vida, como também das dificuldades que encontram para realizar o seu projecto ao serviço da sociedade à qual pedem para ser protagonistas activos”, disse o Subsecretário do Sínodo dos Bispos, Dom Fabio Fabene.
Para envolver os jovens serão criadas várias iniciativas, vigílias de oração, encontros internacionais e concertos. As respostas ao questionário do documento preparatório e as dos jovens serão a base para a redacção do Documento de trabalho, o Instrumentum laboris, que será o ponto de referência para o debate dos Padres sinodais.
A seguir, a carta do Papa aos jovens
“Quis que vocês estivessem no centro das atenções, porque vos tenho no meu coração. Exactamente hoje foi apresentado o Documento preparatório, que também vos confio como «bússola» ao longo deste caminho.”
Sair
“Vêm-me à mente as palavras que Deus dirigiu a Abraão: «Sai da tua terra, do meio de teus parentes e da casa de teu pai, e vai para a terra que eu te mostrarei». Hoje, estas palavras são dirigidas também a vocês: são palavras de um Pai que vos convida a «sair» a fim de serem lançados em direcção a um futuro desconhecido, mas portador de realizações seguras, encontro ao qual Ele mesmo vos acompanha. Convido-vos a ouvir a voz de Deus que ressoa nos vossos corações através do sopro do Espírito Santo”, ressalta o Papa no texto.

“Quando Deus disse a Abraão «Sai», o que queria lhe dizer? Certamente, não para fugir de sua família, nem do mundo. O seu foi um convite forte, uma provocação, a fim de que deixasse tudo e partisse para uma nova terra. Qual é para nós hoje esta nova terra, a não ser uma sociedade mais justa e fraterna que vocês almejam profundamente e desejam construir até às periferias do mundo?”

“Mas hoje, infelizmente, o «Sai» adquire também um significado diferente. O da prevaricação, da injustiça e da guerra. Muitos de vós, jovens, estais submetidos à chantagem da violência e sois forçados a fugir da vossa terra natal. O vosso clamor sobe até Deus, como o de Israel, escravo da opressão do Faraó”, destaca o Pontífice.
Discernir

“Recordo-vos também as palavras que certo dia Jesus proferiu aos discípulos, que lhe perguntavam: «Rabi, onde moras?». Ele respondeu: «Vinde e vede!». Jesus dirige o seu olhar também a vós, convidando-vos a caminhar com Ele.”
“Queridos jovens, vós encontrastes este olhar? Ouvistes esta voz? Sentistes este impulso a pôr-se a caminho? Estou convencido de que, não obstante a confusão e a perturbação deem a impressão de reinar no mundo, este apelo continua a ressoar no vosso espírito para o abrir à alegria completa. Isto será possível na medida em que, também através do acompanhamento de guias especializados, souberdes empreender um itinerário de discernimento para descobrir o projecto de Deus na vossa vida. Mesmo quando o vosso caminho estiver marcado pela precariedade e pela queda, Deus rico de misericórdia estende a sua mão para vos erguer”, sublinha ainda o Papa.

Agir
Na abertura da última Jornada Mundial da Juventude, em Cracóvia, perguntei-vos várias vezes: «Podemos mudar as coisas?». E vós gritastes juntos um «Sim!» retumbante. Aquele grito nasce do vosso coração jovem, que não suporta a injustiça e não pode submeter-se à cultura do descarte, nem ceder à globalização da indiferença. Escutai esse clamor que vem do vosso íntimo! Mesmo quando sentirdes, como o profeta Jeremias, a inexperiência da vossa jovem idade, Deus vos encoraja a ir para onde Ele vos envia: «Não tenhas medo [...] pois eu estou contigo para te proteger».

Constrói-se um mundo melhor também graças a vós, ao vosso desejo de mudança e generosidade. Não tenhais medo de ouvir o Espírito que vos sugere escolhas audazes, não hesiteis quando a consciência vos pedir para arriscar a fim de seguir o Mestre. Também a Igreja deseja colocar-se à escuta da vossa voz, da vossa  sensibilidade, da vossa fé; até das vossas dúvidas e as vossas críticas. Fazei ouvir o vosso grito. Deixai que ele ressoe nas comunidades e fazei-o chegar aos pastores. São Bento recomendava aos abades que, antes de cada decisão importante, consultassem também os jovens porque «muitas vezes é exactamente ao mais jovem que o Senhor revela a melhor solução».

“Assim, através do caminho deste Sínodo, eu e os meus irmãos Bispos queremos, ainda mais, «colaborar para a vossa alegria». Confio-vos a Maria de Nazaré, uma jovem como vós, à qual Deus dirigiu o seu olhar amoroso, a fim de que vos tome pela mão e vos guie para a alegria de um «Eis-me!» pleno e generoso”, conclui o Papa.
(BS/MJ)

Cléofas 

A leitura espiritual

Há muitos tipos de leitura religiosa, mas não vou falar agora de todos nem sequer de vários deles. Apenas falarei de um: daquele que, na linguagem clássica cristã, se chama “leitura espiritual” em sentido estrito, e que costuma fazer parte do programa diário das pessoas que querem levar a sério a sua vida interior.
Consiste na leitura atenta e bem assimilada de um livro que trate de assuntos de vida espiritual, vida cristã, com boa doutrina e piedade: esclarecimentos sobre as verdades da fé, comentários aos Sacramentos, orientações sobre a prática das virtudes, das devoções, etc.
Convém ter presente que, dentro do conceito de “vida espiritual”, não entram só os temas de vida interior, mas também as virtudes e o modo de melhorá-las (a fé, a caridade, a paciência, firmeza, a temperança, a constância, etc.), bem como os defeitos (a vaidade, a preguiça, a ira, a inveja, a desordem sensual, etc.) e o modo de vencê-los; e ainda o esforço por santificar a família, por achar Deus no trabalho, por levar Deus a outras pessoas, por trabalhar para que a sociedade seja mais cristã e mais justa, etc.
Em suma, entra tudo quanto nos ajuda a procurar a santidade e o apostolado nas circunstâncias em que nos encontramos. Pois bem, a leitura espiritual tem como finalidade orientar-nos em todos esses campos.
Como fazer a leitura espiritual?
Antes de mais nada, é preciso convencer-se da sua necessidade e tomar a decisão de fazê-la, sempre que possível, diariamente.
Ao tomar essa decisão deverá ter em conta:
Primeiro: como em todas as práticas espirituais, é importante escolher o momento do dia mais favorável. Aténs do café da manhã? No escritório, antes de começar o trabalho? No começo da tarde (hora que pode ser útil para estudantes, para algumas mães de família…)? Ao visitar uma igreja, antes de voltar para casa? No ônibus ou no metrô, desde que possa sentar-se? Reflita e defina.
Será mais fácil definir o horário se levar em conta que a leitura não precisa ser longa: ordinariamente bastam dez ou quinze minutos para tirar bom proveito dessa prática espiritual. Vivendo-a com constância, em pouco tempo terá lido e aproveitado mais bons livros do que imagina.
Mais um conselho prático: se você definir, por exemplo, dez minutos de leitura, faça sempre dez minutos como “norma”, nunca menos. Caso queira estivar essa leitura por mais tempo, ou deseje ler mais em outra hora, não já problema nenhum, mas considere esse acréscimo como “leitura extra”. É só em relação ao seu programa definido, aos seus dez ou quinze minutos bem definidos, que deve se sentir fielmente comprometido, como exigência responsável.
Escolha bem, em cada momento, o livro da leitura espiritual mais adequado. Para isso, é muito útil pedir conselho a uma pessoa a critério que conheça a sua alma e as lutas da sua vida. Em todo o caso, sempre que possível, procure ler um livro que vá ao encontro das suas necessidades espirituais e formativas, não um livro que satisfaça apenas a sua curiosidade.
Uma vez escolhido o livro, leia-o devagar, pausadamente, em sequencia, e do começo ao fim (lendo, relendo, refletindo, rezando). Quem borboleteia nas leituras, “debicando” por curiosidade pedacinhos de vários livros ao mesmo tempo, sem completar nenhum tira pouco proveito e permanece superficial na sua vida interior.
Não importa quanto tempo demore a terminar um livro, mesmo que seja breve. Também não importa, antes pelo contrário, reler vários dias em seguida os mesmo trechos do livro, se a sua intenção é a de gravá-los melhor, para tirar deles mais fruto. Um livro bom pode se relido todos os anos (por exemplo, um clássico sobre a Paixão de Cristo, no tempo da Quaresma; ou um livro sobre Nossa Senhora, em Maio, mês de Maria).
Depois da leitura diária, ao fechar o livro, pergunte-se: O que foi que eu compreendi, o que me ficou mais gravado?
É muito bom ter o desejo de conhecer e de ler as obras clássicas de espiritualidade, que têm ajudado inúmeras pessoas a se aproximarem de Deus. Como diz São Josemaria: <<A leitura tem feito muitos santos>> (Caminho, n. 116). Para ter ideia do tipo de livros de que estou falando, vou citar alguns, uns poucos dentre os universalmente mais conhecidos:
- Tomás de Kempis: A imitação de Cristo;
- São Francisco de Sales: Introdução à vida devota (também chamado Filoteia), Tratado do Amor de Deus (mais “teológico”);
- Santo Afonso Maria de Ligório: A oração, A prática do amor a Jesus Cristo, As glórias de Maria;
- Santa Teresa de Lisieux (Santa Teresinha): História de uma alma (também chamada Manuscristos autobiográficos);
- Santa Teresa de Ávila: O livro da vida, Caminho de perfeição;
- São Josemaria Escrivá: É Cristo que passa, Amigos de Deus.
Há muitos outros livros de santos, que agora seria impossível citar, além de numerosas obras excelentes de autores antigos e contemporâneos, que podem fazer um bem imenso à nossa alma. Pesquise, pergunte, consulte a quem lhe possa dar um bom conselho. Acredite na leitura espiritual.
Antes de encerrar estes conselhos, queria fazer ainda dois esclarecimentos.
Não confunda a “leitura espiritual” com a “oração mental” (ou a “meditação”). É muito frequente o engano de pessoas que utilizam determinados livros para fazer a sua oração mental (ou a sua meditação), e acham que nisso consiste a leitura espiritual. Sem reparar, confundem dois conceitos diferentes.
Para a oração mental (que, como víamos, quase sempre vai unida à meditação), você pode escolher cada dia textos de livros diferentes, os que achar que lhe podem servir de apoio para “falar com Deus” naquele dia; pode variar muito. A “leitura espiritual” é coisa diferente: trate-se de ler em sequência, quase que de “estudar” um livro inteiro, completo, que garanta o aprofundamento da sua formação. Não esqueça essa distinção.
Segundo. Há outras leituras, que também nos fazem muito bem; mais ainda, que nos fazem muita falta: as que nos proporcionam formação doutrinal. Entre eles, podem-se destacar os catecismos: desde o Primeiro Catecismo da doutrina cristã ou Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, até o próprio Catecismo da Igreja Católica, amplo, profundo, excelente, por mais que exija certo preparo doutrinário para entendê-lo bem. Um bom livro de teologia para leigos, que não hesito em recomendar, é a obra do americano Leo Trese, A fé explicada: excelente, pedagógico e claro. Em bastantes casos, essas obras podem ser usadas também como “leitura espiritual”. Hoje, num mundo de ideias confusas, o estudo da doutrina é uma necessidade vital para todos nós.


Cléofas 

Sete sacramentos, por quê?

sacramentos.fw_Se cada sacramento dá (ou aumenta) a graça santificante à alma, por que Jesus instituiu sete? Não teria bastado instituir um só, que receberíamos conforme necessitássemos?
Assim seria se a graça santificante fosse a única espécie de graça de Deus tivesse querido dar-nos, e se a vida espiritual que a graça santificante institui fosse a única ajuda que Deus tivesse querido dar-nos. Mas Deus, de quem procede toda a paternidade, não determinou prover-nos de vida espiritual e depois deixar-nos entregues à nossa sorte. Os pais não dizem ao filho recém-nascido: “Nós demos a vida a você, mas não haverá alimento quando você tiver fome, nem remédios quando adoecer, nem o apoio de um braço quando se sentir fraco. Portanto, arranje-se e viva como puder”.
Deus dá-nos a vida espiritual, que é a graça santificante; e, depois, provê-nos de tudo aquilo de que necessitamos para que essa vida seja atuante em nós – sem nos privar da nossa liberdade -, para que cresça e se conserve. Em consequência, além da graça santificante, que é comum a todos os sacramentos, há outras ajudas especiais que Deus nos dá, ajudas adequadas às nossas necessidades particulares ou ao nosso estado de vida. A ajuda especial que, neste sentido, cada sacramento dá, chama-se a graça sacramental de cada um dos sete sacramentos.
Seria muito interessante fazer agora uma pausa e perguntar-nos: “Se Deus tivesse deixado ao meu critério a decisão sobre o número dos sacramentos que deveria haver quantos teria eu estabelecido?” Poderíamos ter decidido que fossem três, ou cinco, ou dez, ou qualquer outro número; mas, se estudássemos as nossas necessidades espirituais à luz das necessidades naturais, é muito provável que também chegássemos à mesma conclusão que Deus, acabando por decidir que os sacramentos teriam que ser sete.
Na ordem natural, a primeira coisa que acontece é nascermos. No nascimento, recebemos não só a vida, mas também o poder de renová-la, a faculdade de repor e reparar as células corporais, faculdade necessária para que a vida se mantenha. Parecer-nos-ia, pois, sumamente oportuno contar com um sacramento que nos desse não só a vida espiritual (a graça santificante), mas também o poder de conservar e renovar incessantemente essa vida. Assim, não surpreende que Deus nos tenha dado esse sacramento – o Batismo – pelo qual recebemos a graça santificante, bem como uma cadeia ininterrupta de graças que nos permitem conservar e aumentar essa graça com a prática das virtudes da fé, esperança e caridade.
Depois de nascer, há outra coisa importante que nos acontece na ordem física: crescermos, amadurecemos. Não será, pois, conveniente que exista um sacramento que nos confira a maturidade espiritual e nos livre dos temores e fraquezas da infância, tornando-nos fortes, intrépidos e apostólicos na confissão e nos exercícios da nossa fé? Em resposta a essa linha de raciocínio, temos o sacramento da Confirmação (ou Crisma), que não estabelece também um depósito de graças atuais (a graça sacramental), das quais podemos valer-nos para nos fazermos fortes, ativos e frutíferos exemplos de vida cristã.
Depois do nascimento e da maturidade, o terceiro grande fenômeno do nosso ser físico é a morte: nascemos, crescemos e morremos. A fim de nos prepararmos para enfrentar com confiança o terrível momento da nossa dissolução física, contamos com o sacramento da Unção dos Enfermos e a sua graça especial própria, que nos conforta no sofrimento e nos sustém perante as tentações finais que possam assaltar-nos, preparando-nos para entrar com gozo na eternidade.
Independentemente dos seus três grandes períodos, a vida precisa satisfazer duas grandes necessidades: a do alimento, para podermos crescer e conservar-nos saudáveis; e a dos remédios, que nos curam das enfermidades e nos vacinam contra as infecções. Correspondentemente, temos dois sacramentos que são para a alma o que o alimento e os remédios são para o corpo: o sacramento da Eucaristia, cuja graça sacramental especifica é o crescimento da caridade sobrenatural (o amor de Deus e do próximo); e o sacramento da Penitência, que nos vacina contra o pecado e cuja graça sacramental é curar as enfermidades espirituais do pecado e ajudar-nos a vencer as tentações.
Depois das três grandes etapas e das duas necessidades essenciais da vida, temos os dois grandes estados, que impõem grave responsabilidade pela alma dos outros: o sacerdócio e o matrimônio. Por isso, não nos causa surpresa descobrir que há dois sacramentos – a Ordem e o Matrimônio – que conferem a quem os recebe a sua própria graça sacramental para que os sacerdotes e esposos possam enfrentar fácil e meritoriamente perante Deus as cargas, por vezes pesadas, das suas obrigações de estado.
Como vemos, a “graça sacramental” de um sacramento não é algo que recebamos de uma vez. Trata-se antes de uma espécie de garantia moral da ajuda divina (algo semelhante ao que se passa se dispomos de um talão de cheques com uma conta bancária), para qualquer necessidade que se nos depare e consoante e quando se nos depara, para cumprirmos o fim específico desse sacramento particular. Dá-nos direito a uma corrente de graças atuais. Essa corrente de graças será longa ou curta, conforme se trate de um sacramento que possamos receber uma vez (ou raras vezes) ou com muita frequência.
Se você molha um dedo na água benta e faz o sinal da cruz, receberá uma graça, uma graça atual, se não levanta obstáculos; e também um incremento da graça santificante, se realiza a ação livre já do pecado mortal e com devoção. A água benta é um sacramental, e os sacramentais devem a sua eficácia principalmente às orações que a Igreja oferece (por exemplo, na cerimônia da bênção da água) por aqueles que os usam. A prece da Igreja é o que torna um sacramental veículo de graça. O sinal externo de um sacramental – a água, no casa da água benta -, por si e em si, não tem a faculdade de conferir graça.
No caso dos sacramentos, trata-se de algo muito diferente.
Um sacramento dá graça por si e em si, pelo seu próprio poder; e isso é assim porque Jesus uniu a sua graça ao sinal externo, de modo que, por assim dizer, o sinal sensível e a graça andam sempre juntos. Isto não quer dizer que a nossa disposição não faça diferença. Podemos, evidentemente, impedir por um ato positivo da vontade que a graça penetre na nossa alma; por exemplo, por não querermos expressamente recebe-la ou por não nos arrependermos sinceramente do pecado mortal. Mas, se não se põe uma barreira direta, ao recebermos um sacramento, recebemos graça. O próprio sacramento dá graça.
As nossas disposições interiores, no entanto, afetam a quantidade de graça que recebemos. Quanto mais perfeita for a nossa contrição no sacramento da Penitência; quanto mais ardente o nosso amor ao recebermos o sacramento da Eucaristia; quanto mais viva a nossa fé ao recebermos a Confirmação – tanto maior será a graça recebida. As nossas disposições não causam a graça; simplesmente, removem os obstáculos à sua recepção e, em certo sentido, aumentam a capacidade da nossa alma para recebê-la. Poderíamos ilustrar esta afirmação dizendo que, quanto mais areia tirarmos do balde, mais água poderá ele conter.
As disposições de quem administra o sacramento não influem no seu efeito. É uma grande desordem que um sacerdote administre um sacramento com a sua alma em pecado mortal; mas isso não diminui a graça que o sacramento confere. Quem receber esse sacramento obterá a mesma quantidade de graça, independentemente de que o sacerdote seja pecador ou santo. O essencial na administração de um sacramento é ter o poder de administrá-lo, ou seja, o poder sacramental (exceto no Batismo e no Matrimônio); ter intenção de administrá-lo (a intenção de fazer o que a Igreja faz); realizar as cerimônias essenciais a esse sacramento (como derramar a água e pronunciar a fórmula do Batismo). Se aquele que o recebe não põe obstáculos à graça e aquele que o administra é um sacerdote com faculdade para isso, o sacramento confere graça sempre e infalivelmente.
Além do efeito de distribuir graça (santificante e sacramental), temos que mencionar outro, que é peculiar a três sacramentos: o caráter que o Batismo, a Confirmação e a Ordem imprimem na alma. Ainda que, às vezes, ao ensinarmos o catecismo às crianças, digamos que, com estes sacramentos, Deus imprime uma “marca” na alma, bem sabemos que a alma é espírito e não pode ser marcada como se marca um papel com um carimbo de borracha. A marca própria dos sacramentos do Batismo, da Confirmação e da Ordem é definida pelos teólogos como uma “qualidade” que confere à alma umas faculdades que antes não tinha. É uma qualidade permanente da alma, uma alteração para sempre visível aos olhos de Deus, dos anjos e dos santos.
“Qualidade” é um termo bastante vago, algo mais fácil de entender do que de definir. Se dizermos: “a qualidade da luz solar é diferente da elétrica”, todos sabem a que nos referimos. Mas se nos perguntam: “Que quer você dizer com essa palavra?”, põem-nos em apuros. E só podemos balbuciar: “Bem, que não são iguais”.
Poderia ser-nos útil comparar os caracteres destes três sacramentos – que se recebem uma só vez na vida (porque, sendo o seu efeito permanente, só podem ser recebidos uma vez) – com os talentos. Consideremos alguém com talento para a pintura, alguém capaz de pintar belos quadros. Não passa todo o tempo a pintar, mas o seu talento está sempre com ele. Ainda continuaria a possuir esse talento. Claramente, essa pessoa possui algo que os outros não têm, uma qualidade que é real, permanente, e que lhe concede uma faculdade não possuída por quem dela não tiver sido dotado. O caráter do Batismo é, pois, um “talento” sobrenatural que nos dá a faculdade de absorver a graça dos outros seis sacramentos e de participar da Missa. O caráter da Confirmação dá-nos a faculdade de professar valentemente a nossa fé e difundi-la. O sacramento da Ordem dá ao sacerdote a faculdade de celebrar a Missa e de administrar os restantes sacramentos.
Trecho retirado do livro: A Fé Explicada, de Leo J. Trese. Ed. Quadrante

A Misericórdia e a Justiça em Deus

O amor e a misericórdia em Deus são dois atributos que se completam!
São João disse que “Deus é amor” (1 Jo 4,8). Penso que o amor e a misericórdia em Deus são dois atributos que se completam. Todas as obras de Deus trazem estas duas marcas. Toda a Criação é obra desse amor e dessa misericórdia. São Tomás diz que “aberta a Mão de Deus pela chave do amor, as criaturas surgiram”. Toda a Criação é bela, seja mineral, vegetal ou animal; e tudo foi feito para o homem. “O homem é a única criatura que Deus quis por si mesma” (GS, 24). Tudo o mais foi feito para nós, o Cosmo, as trilhões de estrelas como o Sol, os pássaros do céu, as flores, os animais, os peixes… dão glória a Deus quando servem ao homem e lhe servem de alimento. (CIC, §2417). Tudo é fruto da misericórdia divina: “Os Céus e a Terra proclamam a Vossa glória!”
Mas Deus é também Justiça. Sem a Justiça divina a Sua misericórdia fica esvaziada, sem sentido. A justiça é a garantia da santidade, e Deus é “Três vezes Santo”, como disse o Papa Paulo VI. A justiça atua por força da santidade. Por que um pai corrige um filho, lhe dá um castigo, corta a mesada, o passeio, a internet, etc.? Porque o filho não está vivendo corretamente. Não está obedecendo a justiça. Quando a sociedade pune o criminoso, o corrupto, o estuprador, etc., o faz para corrigir, para levar o homem à correção, à santidade.soporti
Ora, Deus é Perfeito, Santo, por isso não pode deixar passar o erro humano sem punir, sem corrigir, pois isso contrariaria a Sua Santidade. É como que um dever e um direito de Deus nos punir quando pecamos. Primeiro porque o pecado ofende a Majestade Infinita de Deus; e, segundo, porque a Sua santidade exige a nossa santidade; pois sem ela “não podemos ver a Deus” (Hb 12,14). Por isso Deus exerce a Justiça. Após a morte “importa que todos nós compareçamos diante do tribunal de Cristo. Ali cada um receberá o que mereceu, conforme o bem ou o mal que tiver feito enquanto estava no corpo” (2 Cor5,10). E no final da história Ele “virá para julgar os vivos e os mortos” (Credo). Mas a misericórdia divina ainda nos dá outra oportunidade de chegar à santidade após a morte: o Purgatório. E as indulgências parciais e plenárias aliviam essas penas. Ela não são de graça; são decorrentes dos méritos de Cristo, da Virgem Maria e dos santos. Nada é de graça, tudo é dom da misericórdia. Alguém paga pela satisfação da Justiça divina.
O que é então a misericórdia de Deus?
É o cumprimento da Sua Justiça, quando pecamos; mas, satisfeita com o auxílio do próprio Deus, já que não podemos satisfazê-la por nós mesmos. Como assim? Vejamos:
Deus criou o homem e a mulher por amor, e os colocou em Sua intimidade, desfrutando da perfeição humana, nos estados de justiça e de santidade. Isto é, harmonia perfeita consigo mesmo, com a mulher, com a natureza e com Deus. Era o Paraíso, a felicidade plena, sem sofrimento e sem morte. Mas o homem ofendeu barbaramente a Deus. Preferiu ouvir a voz da antiga Serpente, Satanás, do que ouvir a voz de Deus. Disse NÃO! a Deus, desconfiou do amor de Deus, tentado pelo Mal.
Então, foi expulso do Paraíso; perdeu os dons préter naturais, a graça, a imortalidade, e teve, então, de tirar da terra o pão de cada dia com o suor do seu rosto. A mulher passou a dar a luz na dor, a natureza se rebelou, porque era propriedade do homem. Os animais e a natureza se desorientaram. A morte entrou na história humana. Somente quando o Reino messiânico for estabelecido totalmente é que os terremotos não mais existirão, e “o lobo será hospede do cordeiro, a pantera se deitará com o cabrito, o touro e o leão comerão juntos… a criança de peito brincará junto à toca da víbora. Não se fará mal em todo o monte santo” (Is 11,6-9).

A humanidade toda nascida de Adão estava condenada, por causa da ofensa a Deus, a viver a frustração, longe da felicidade do Criador; estava destinada ao inferno: se deixou levar pelo demônio, agora passaria a viver com ele para sempre. Isto é o efeito da Justiça divina, puniu o homem; não poderia ser diferente.
O Salmista fala inúmeras vezes que o reino de Deus se mantém pelo direito e pela justiça, não pela força:
“Deus ama a justiça e o direito, da bondade do Senhor está cheia a terra” (Sl 32, 5). “Como a luz, fará brilhar a tua justiça; e como o sol do meio-dia, o teu direito” (Sl 36, 6).
Ora, como foi o homem quem ofendeu a Deus – uma ofensa que tem magnitude infinita porque a Majestade de Deus é infinita – então, um homem deveria fazer essa reparação à Justiça divina ferida. Mas não havia um homem capaz disso, pois todos estavam envolvidos no pecado de Adão. O Catecismo diz que ainda que o homem mais santo morresse na cruz, seu sacrifício seria insuficiente para reparar a ofensa à Majestade Infinita de Deus. Era preciso que um homem, que também fosse Deus, fizesse a oblação de sua vida. Então, o Verbo, no seio do Pai, se ofereceu para se fazer homem, assumir a natureza humana, e então poder morrer, oferecendo o valor Infinito de Sua oblação para reparar a ofensa da humanidade. Foi este aniquilamento do Verbo humanado que mostra toda a misericórdia divina.

A Carta aos Hebreus explica isso: “Eis por que, ao entrar no mundo, Cristo diz: Não quiseste sacrifício nem oblação, mas me formaste um corpo. Holocaustos e sacrifícios pelo pecado não te agradam. Então eu disse: Eis que venho (porque é de mim que está escrito no rolo do livro), venho, ó Deus, para fazer a tua vontade (Sl 39,7ss)… Eis que venho para fazer a tua vontade. Assim, aboliu o antigo regime e estabeleceu uma nova economia. Foi em virtude desta vontade de Deus que temos sido santificados uma vez para sempre, pela oblação do corpo de Jesus Cristo… Cristo ofereceu pelos pecados um único sacrifício e logo em seguida tomou lugar para sempre à direita de Deus.” (Hebreus 10,5-12).
Não foi o Pai quem impôs o sacrifício da Cruz a Seu Filho único; foi o Filho, que por amor a nós e por misericórdia, se compadeceu de nossa miséria e Se ofereceu para ser imolado em nosso lugar. O pecado do homem exige a sua morte, porque Deus é quem lhe dá a vida.
Aqui está o apogeu da Misericórdia de Deus: o Verbo se fez carne, a Misericórdia se fez homem, para nos salvar da morte eterna, quando nenhum homem poderia ser nosso salvador. Ele veio como o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29, 1 Pe 1,18; Jo 3,16; Hb 9,26; Cl 1,13; Gl 1,4; Gl 3,13). Foi imolado por nós, por você e por mim (cf. Gal 2,20).

E Cristo pagou um preço indizível, inenarrável. Nasceu como o “pobre dos pobres”, não teve uma maternidade, uma parteira, nem mesmo um berço. Esvaziou-se completamente de tudo (cf. Fil 2, 9ss), fez-se escravo e morreu numa cruz. Seu corpo foi todo flagelado, Sua Cabeça perfurada por mais de setenta espinhos. Sua agonia no Horto das Oliveiras foi tão horrível que o Sangue verteu do seu corpo misturado com o suor frio. Tudo que um homem podia sofrer, Ele sofreu, para que seu sacrifício humano pleno, completo, garantisse à humanidade a Redenção plena. “Tudo está consumado, Pai!”. Bebi todo o cálice da Redenção da humanidade! Isto é a misericórdia divina. Satisfez a justiça divina o que não podíamos satisfazer. “Deus amou a tal ponto o mundo que deu o Seu Filho único para que todo que Nele crer tenha a vida eterna” (Jo 3,16). A humanidade foi salva pela misericórdia divina, que não anulou a Justiça divina, mas a cumpriu em nosso lugar. Misericórdia é sofrer no lugar do outro, para que ele viva.
Logo que ressuscitou, no domingo, Jesus apareceu aos Apóstolos e instituiu o Sacramento da Confissão, para o perdão dos pecados, cujo perdão Ele tinha então conquistado. “Assim como o Pai me enviou, Eu envio a vós, a quem perdoardes os pecados, eles serão perdoados… “ (João 20,22). A humanidade tinha agora o perdão à sua disposição; basta crer e ser batizado e será salvo. Se pecar, buscar a Confissão. É a grande obra da misericórdia divina. Quando o sacerdote absolve o pecador, é o Sangue de Cristo que lava a sua alma. É o exercício da misericórdia. Agora só se perde quem quiser, quem desprezar a divina e eterna misericórdia. É o que Jesus disse a Santa Faustina Kowalska. Com a Sua morte ele nos deu vida e abriu para a humanidade um Mar de misericórdia. Jesus disse à Santa que é preciso beber neste Mar com o vaso da Confiança.
Mas, tem mais, como Ele sabia que o pecado original adoeceu e enfraqueceu a nossa natureza, então, Ele quis ficar pessoalmente conosco, para ser o “remédio e o sustento” de nossa vida. Então, se aniquilou, se fez Pão e Vinho, para ser comido e bebido, e poder estar em nossa alma. Excesso de misericórdia! Está hoje em todos os Sacrários da Terra, oculto, prisioneiro, aniquilado, até o fim do mundo, para nosso sustento. Não há problema que não possa ser resolvido ali a Seus pés. Este é o maior de todos os Seus milagres. E ainda nos deixou a Igreja, os Sacramentos, a Sua Palavra, a oração litúrgica, a Sua Mãe para ser nossa mãe espiritual, para que possamos voltar para o Paraíso do qual fomos excluídos pelo pecado.socorrodedeus
Como pagar a Jesus tanto amor, tanta misericórdia?
São João da Cruz disse que “amor só se paga com amor”. Ele disse na Santa Ceia aos Apóstolos: “Se me amais guardareis os Meus Mandamentos” (Jo 14,15). Amá-lo é viver como Ele quer, como a Sua Igreja nos ensina, e buscar em primeiro lugar o Reino de Deus. Trabalhar pelas salvação das almas, pois há mais alegria no Céu por um pecador que se converte do que pelos justos. Assim como Ele deu sua vida por nós, dar a nossa pelos irmãos, ensinou São Pedro.
Que a mesma misericórdia divina se compadeça de nós e nos ajude a dar a Deus uma resposta de amor. Que nossa vida seja um hino de louvor à Sua Majestade e à Sua Misericórdia. Aproveitemos este ano de 2016 em que as suas comportas estão mais abertas. “Ó Sangue e água que jorrastes do Coração de Jesus como fonte de misericórdia, eu confio em vós!”
Prof. Felipe Aquino

Via: Cléofas 

14/1 – Beato Pedro Donders

Pedro Donders nasceu em 27 de outubro de 1809, no sul da Holanda. Seus pais, Arnoldo e Petronila, tiveram dois filhos que sobrevieram a mortalidade infantil da época. Pedro, era o mais velho e muito doente; Martino, era o caçula e deficiente. Pedro tinha seis anos de idade, quando sua mãe morreu e diante dessa circunstância precisou deixar os estudos para ajudar seu pai, já muito idoso, na renda familiar. Depois por causa de sua saúde frágil não foi aceito no serviço militar, mas sua vocação era o sacerdócio. Também devido a sua condição física, escassa capacidade intelectual e pobreza material, não permitiam que seguisse o seu chamado. Entretanto Pedro insistia com seu pároco que o ajudava até que conseguiu que o recebessem no seminário, mais como empregado do que como noviço. Pedro se interessava pelas missões e depois de ser rejeitado pelos Jesuítas, Redentoristas e Franciscanos, acabou ingressando no Seminário diocesano.
No ano de 1839 o Seminário foi visitado pelo Prefeito Apostólico do Suriname, Guiana Holandesa, buscando ajuda para seu território de missão que estava numa situação muito crítica. Dos seminaristas, apenas Pedro Donders se ofereceu. Em 5 de junho de 1841 foi ordenado sacerdote. Um ano mais tarde chegou em Paramaribo, uma região selvagem quatro vezes maior que a Holanda. Era seu campo de missão. Os primeiros catorze anos foram dedicados à formação dos catequistas, das crianças e às visitas pastorais entre os escravos das fazendas holandesas. Era enorme a distância religiosa e moral, tanto entre os brancos como entre os negros. A rotina de padre Pedro iniciava nas primeiras horas da madrugada quando rezava a Santa Missa e se entregava às orações, depois saia para visitar as famílias. Em 1856 recebeu o encargo da pastoral dos enfermos, dedicando-se especialmente aos leprosos de Batávia, local oficial para os leprosos, onde existiam mais de quatrocentos enfermos de ambos os sexos e com todos os tipos de lepra. Nesta tarefa, nenhum capelão resistia mais de um ano. Ele ficou quase trinta, sempre à inteira disposição dos miseráveis.
Não se contentava somente com palavras piedosas. Fazia de tudo. Principalmente aos pacientes terminais. Suspendia os corpos para dar-lhes de beber e lavava com zelo aquilo que nenhum ser humano gostaria de ver: um corpo humano quase decomposto, mas, vivo! Em 1865 chegaram os Missionários Redentoristas no Suriname, com a missão de continuar os trabalhos de evangelização. Os quatro holandeses sacerdotes diocesanos poderiam optar em voltar para a Holanda. Dois sacerdotes regressaram. Padre Pedro decidiu ficar e pediu seu ingresso na Congregação do Santíssimo Redentor, professando os votos em 1867. No final do ano 1886, pela última vez, padre Pedro visitou todos os seus enfermos. Atendeu as confissões de todos e lhes deu a Santa Comunhão. Um ano depois no dia 14 de janeiro de 1887, morreu de uma grave enfermidade renal. Santamente terminou sua vida e apostolado de oração e trabalho contínuo e de muitos sofrimentos. O Papa João Paulo II proclamou Beato Pedro Donders em 1982, designando o dia de sua morte para as honras litúrgicas.

Cléofas 

O que é a graça?

gracaA palavra “graça” tem muitos significados. Pode significar “encanto”, quando dizemos: “Ela movimenta-se pela sala com graça”. Pode significar “benevolência”, se dizemos: “É uma graça que espero alcançar na sua bondade”. Pode significar “agradecimento”, como na “ação de graças” das refeições. E ainda se podem acrescentar meia dúzia mais de exemplos em que se usa habitualmente a palavra “graça”.
Na ciência teológica, porém, graça tem um significado muito estrito e definido. Antes de mais nada, designa um dom de Deus. Não qualquer tipo de bom, mas um que é muito especial. A própria vida é um dom divino. Para começar, Deus não tinha obrigação de criar a humanidade e muito menos de criar-nos a você e a mim como indivíduos. E tudo o que acompanha a vida é também dom de Deus. O poder de ver e falar, a saúde, os talentos que possamos ter – cantar, desenhar ou cozinhar um prato -, absolutamente tudo é dom de Deus. Mas são dons chamados naturais. Fazem parte da nossa natureza humana. Existem certas qualidade que têm acompanhar necessariamente uma criatura humana, tal como Deus a designou. E propriamente não se podem chamar graças.
Em teologia, reserva-se a palavra “graça” para descrever os dons a que o homem não tem direito, nem sequer remotamente, dons a que a sua natureza humana não lhe dá acesso. Usa-se para nomear os dons que estão “sobre” a natureza humana. Por isso dizemos que a graça é um dom sobrenatural de Deus.
Mas a definição ainda está incompleta. Há dons de Deus que são sobrenaturais, mas, em sentido estrito, não se podem chamar graças. Por exemplo, uma pessoa com câncer incurável pode curar-se milagrosamente em Lourdes. Neste caso, a saúde dessa pessoa será uma dom sobrenatural, pois foi-lhe restituída por meios que ultrapassam a natureza. Mas, se quisermos falar com precisão, essa cura não é uma graça. Há também outros dons que, sendo sobrenaturais na sua origem, não podem ser qualificados como graças. Por exemplo, a Sagrada Escritura, a Igreja ou os sacramentos são dons sobrenaturais de Deus. Mas este tipo de dons, por sobrenaturais que sejam, atuam fora de nós. Não seria incorreto chamá-los “graças externas”. A palavra “graça”, porém, quando utilizada em sentido simples e por si, refere-se àqueles dons invisíveis que residem e operam na alma. Assim, precisando um pouco mais a nossa definição, diremos que graça é um dom sobrenatural e interior de Deus.
Mas isto levanta-nos imediatamente outra questão. Às vezes, Deus dá a alguns eleitos o poder de predizer o futuro. É um dom sobrenatural e interior. Chamaremos graça ao dom de profecia? Mais ainda, um sacerdote tem o poder de mudar o pão e o vinho no corpo e no sangue de Cristo e de perdoar os pecados. São, certamente, dons sobrenaturais e interiores. Serão graças? A resposta é “não” a ambas as perguntas. Estes poderes, ainda que sejam sobrenaturais e interiores, são dados para beneficio de outros, não daquele que os possui. O poder que tem um sacerdote de oferecer a missa não lhe foi dado para si mesmo, mas para o Corpo Místico de Cristo. Um sacerdote pode estar em pecado mortal, e no entanto a sua missa será válida e obterá graças para os outros. Pode estar em pecado mortal, mas as suas palavras de absolvição perdoarão aos outros os seus pecados. Isto leva-nos a acrescentar outro elemento à nossa definição de graça: é um dom sobrenatural e interior de Deus, concedido para a nossa própria salvação.
Uma última questão: se a graça é um dom de Deus, a que não temos absolutamente nenhum direito, por que nos é concedida? As primeiras criaturas (conhecidas) a quem se concedeu a graça foram os anjos e Adão e Eva. Não nos surpreende que, sendo a bondade infinita, Deus tenha dado a sua graça aos anjos e aos nossos primeiros pais. Não a mereceram, é certo, mas embora não tivessem direito a ela, não eram positivamente indignos desse dom.
Não obstante, depois que Adão e Eva pecaram, eles (e nós, seus descendentes) não só não mereciam a graça, como eram indignos (e com eles, nós) de qualquer dom além dos naturais ordinários, próprios da natureza humana. Como se pôde satisfazer a justiça infinita de Deus, ultrajada pelo pecado original, para que a sua bondade infinita pudesse atuar de novo em benefícios dos homens?
A resposta arredondará a definição de graça. Sabemos que foi Jesus Cristo quem, pela sua vida e morte, prestou à justiça divina a satisfação devida pelos pecados da humanidade. Foi Jesus Cristo quem nos ganhou e mereceu a graça que Adão, com tanta precipitação, havia perdido. E assim completamos a nossa definição dizendo: a graça é um dom de Deus, sobrenatural e interior, que nos é concedido pelos méritos de Jesus Cristo para nossa salvação (cf. n. 2000).
Uma alma, ao nascer, está às escuras e vazia, sobrenaturalmente morte. Não existe nenhum laço de união que a ligue a Deus. Não têm comunicação. Se alcançássemos o uso da razão sem o Batismo e morrêssemos sem cometer um só pecado pessoal (uma hipótese puramente imaginária, virtualmente impossível), não poderíamos ir para o céu. Entraríamos num estado de felicidade natural a que, por falta de outra palavra melhor, chamamos limbo. Mas nunca veríamos a Deus face a face, como Ele é realmente.

A título de esclarecimento, o Catecismo da Igreja Católica recorda: “Todo o homem que, desconhecendo o Evangelho de Cristo e a sua Igreja, procura a verdade e pratica a vontade de Deus segundo o conhecimento que tem dela, pode salvar-se. Podemos supor que tais pessoas teriam desejado explicitamente o Batismo se tivessem tido conhecimento da sua necessidade” (n. 1260).
Este ponto merece ser repetido: por natureza, nós, seres humanos, não temos direito à visão direta de Deus, que é a felicidade essencial do céu. Nem sequer Adão e Eva, antes da sua queda, tinham direito algum à glória. Com efeito, no estado que poderíamos chamar puramente natural, a alma humana não tem o poder de ver a Deus; simplesmente, não tem capacidade para uma união íntima e pessoal com Deus.
Mas Deus não deixou o homem no seu estado puramente natural. Quando criou Adão, dotou-o de tudo o que é próprio de um ser humano. Mas foi mais longe, e deu também à alma de Adão certa qualidade ou poder que lhe permita viver em íntima (ainda que invisível) união com Ele nesta vida. Esta qualidade especial da alma – este poder de união e intercomunicação com Deus – está acima dos poderes naturais da alma, e por esta razão chamamos à graça uma qualidade sobrenatural da alma, um dom sobrenatural.
O modo que Deus teve de comunicar esta qualidade ou poder especial à alma de Adão foi a sua própria inabitação nela. De uma maneira maravilhosa, que será para nós um mistério até o dia do Juízo, Deus “fixou morada” na alma de Adão. E, assim como o sol comunica luz e calor à atmosfera que o rodeia, Deus comunicou à alma de Adão esta qualidade sobrenatural que é nada menos que a participação, até certo ponto, na própria vida divina. A luz solar não é o sol, mas é o resultado da sua presença. A qualidade sobrenatural de que falamos é distinta de Deus, mas flui d’Ele e é o resultado da sua presença na alma.
Esta qualidade sobrenatural da alma produz ainda um outro efeito. Não só nos torna capazes de alcançar uma íntima união e comunicação com Deus nesta vida, como também prepara a alma para outro dom que Deus lhe acrescentará após a morte: o dom da visão beatifica, o poder de ver Deus face a face, tal como Ele é realmente.
O leitor já terá reconhecido nessa “qualidade sobrenatural da alma” de que falamos acima do dom de Deus a que os teólogos chamam graça santificante; descrevi-a antes de nomeá-la, na esperança de que o nome tivesse mais plena significação quando chegássemos a ele. E no dom acrescentado da visão sobrenatural após a morte aquilo a que os teólogos chamam em latim lumen gloriae, isto é, “luz da glória”. Ora bem, a graça santificante é a preparação necessária, um pré-requisito para esta luz da glória. Como uma lâmpada elétrica se tornaria inútil se não houvesse uma tomada onde liga-la, assim a luz da glória não poderia aplicar-se uma alma que não possuísse a graça santificante.
Mencionei atrás a graça santificante referida a Adão. Deus, no mesmo ato em que o criou, colocou-o acima do simples nível natural, elevou-o a um destino sobrenatural conferindo-lhe a graça santificante. Pelo pecado original, Adão perdeu essa graça para si e para nós. Jesus Cristo, pela sua morte na cruz, transpôs o abismo que separava o homem de Deus. O destino sobrenatural do homem foi restaurado. A graça santificante é comunicada a cada homem individualmente no sacramento do Batismo.
“A graça de Cristo é o dom gratuito que Deus nos faz da sua vida, infundida pelo Espírito Santo em nossa alma, para curá-la do pecado e santifica-la; trata-se da graça santificante ou deificante, recebida no Batismo. É em nós a fonte da obra da santificação” (n. 1999).
Quando nos batizamos, recebemos a graça santificante pela primeira vez. Deus (o Espírito Santo, por “apropriação”) estabelece a sua morada em nós. Com a sua presença, comunica à alma essa qualidade sobrenatural que faz com que – de uma maneira grande e misteriosa – Ele se veja em nós e, consequentemente, nos ame. E já que esta graça santificante nos foi conquistada por Jesus Cristo, por ela estamos unidos a Ele, compartilhamo-la com Cristo – e Deus, por conseguinte, nos vê como vê o seu Filho – e cada um de nós se torna filho de Deus.
Às vezes, a graça santificante é chamada também graça habitual, porque tem por finalidade ser condição habitual, permanente, da alma. Uma vez unidos a Deus pelo Batismo, deveríamos conservar sempre essa união, invisível aqui, visível na glória.
Trecho retirado do livro: A Fé Explicada, Leo Trese.

Via: Cléofas 

13 de jan. de 2017

7 verdades para provar que Deus não abandonou você

Às vezes, Deus espera que você peça o que precisa. Depois disso, Ele começa a agir.



Muitas pessoas sentem que o peso do trabalho, problemas familiares, econômicos, desemprego, etc as sufocam e não encontram saída por nenhuma parte (inclusive os cristãos praticantes); sentem que não suportam tudo isso, ainda mais quando vêm 2 ou 3 problemas desses juntos. Isso pode acontecer com qualquer um de nós em algum momento de nossa vida.
Para os planos de Deus sobre nós, não existem respostas teológicas concretas. Eu não sei o que Deus pode querer de você, ou o quão longe ele vai tentar a infelicidade.
Sabemos, certamente, que Escritura diz que as águas chegarão ao pescoço, mas não nos afogarão. Não vou mentir dizendo que seus sofrimentos já vão acabar. Quem faz isso são os astrólogos, que enganam as pessoas e brincam com sua sede de esperança e fé. Porém, além de mentir, não resolvem nada.
Sete verdades em que devemos acreditar:
  1. Tudo acontece para o bem daqueles que amam a Deus (Romanos 8,28). Embora não seja dito, o que está incluso neste “tudo” vai de presentes materiais de Deus até a cruz e o martírio.
  2. Deus não permite que sejamos testados além de nossas forças.
  3. Muitas vezes, as águas chegarão até o nosso pescoço, mas não nos afogarão.
  4. Muitas vezes, Deus espera que nós peçamos o que necessitamos, inclusive com sacrifícios, penitências e votos generosos. E, depois disso, Ele atua, porque queria despertar em nós esses atos que hão de nos santificar.
  5. A cruz está no caminho normal de toda pessoa chamada à santidade. E devemos aceitar com paciência e resignação nossas cruzes. Para isso, podemos ler, proveitosamente, o Livro de Jó.
  6. Isso não nos exime de fazer nossa parte para encontrar a saída. Muitas vezes, a graça que Deus nos dá não é encontrar a saída para os nossos problemas, mas sim a graça de tentar mais uma vez.
  7. Em nossa fraqueza, manifesta-se a força de Deus, como disse São Paulo. Às vezes, Deus espera até que fiquemos completamente abatidos para agir e, dessa forma, mostrar que foi sua mão que nos salvou, e não as nossas forças.
Sei que não é fácil, mas nunca deixe de orar.

“Sempre e por qualquer motivo, dê graças a Deus, nosso Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (Efésios, 5,20)
Por Miguel A. Fuentes


Aleteia 

13 JAN Santo Hilário de Poitiers, combateu o Arianismo do Oriente

Um dos santos padres da Igreja de Cristo, ele nasceu no ano de 315, em Poitiers, na França. Buscava a felicidade; mas sua família, pagã, vivia segundo a filosofia hedonista, ligada ao povo grego-romano; ou seja, felicidade como sinônimo de prazeres, com puro bem-estar. Então, aquele jovem dado aos estudos, se perguntava quanto ao fim último do ser humano; não podia acabar tudo ali com a morte; foi perseguindo a verdade.
O Espírito Santo foi agindo até ele conhecer as Sagradas Escrituras. O Antigo Testamento o levou proclamar o Deus uno, que merece toda a adoração. Passando para o Novo Testamento, Santo Hilário foi evangelizado e, numa busca constante, ele se viu necessitado do santo batismo, entrar para Igreja de Cristo e se fazer membro deste Corpo Místico. Em 345, foi batizado. Não demorou muito já era sacerdote e, depois, ordenado bispo para o povo de Poitiers.
Ele sofria com as heresias do arianismo. Santo Hilário, pela sua pregação e seus escritos, foi chamado “O Atanásio do Ocidente”, porque ele combateu o Arianismo do Oriente. No tempo em que o imperador Constâncio começou a apoiar esta heresia, Santo Hilário não teve medo das autoridades. Se era para o bem do povo, ele anunciava com ousadia até ser exilado, mas não deixou de evangelizar nem mesmo na cadeia. Por conselho, o próprio imperador o assumiu de volta em 360, porque os conselheiros sabiam da grande influência desse santo bispo que não ficava apenas em Poitiers, mas percorria toda a França.
Ele voltou, convocou um Concílio em Paris, participou de tantos outros conselhos no ocidente, mas sempre defendendo essa verdade que é Jesus Cristo, verdadeiro Deus, verdadeiro homem.
Santo Hilário de Poitiers foi se consumindo por essa verdade. Pelos seus escritos que chegam até o tempo de hoje, percebe-se este amor por Jesus Cristo. Não só numa busca pessoal, mas de promover a salvação dos outros. No século IV, ele partiu para a glória.
Santo Hilário de Poitiers, rogai por nós!

Fonte: Canção Nova 

12 de jan. de 2017

Direto das fontes: como os primeiros cristãos viviam a Santa Eucaristia!

Antigos testemunhos sobre a Missa e o culto eucarístico nos primeiros anos do cristianismo.


Como os primeiros cristãos viviam a Eucaristia? Como a celebravam?
Recebemos alguns testemunhos antigos, que apresentamos aos nossos leitores graças ao site Primeros Cristianos, especializado na história inicial da Igreja em geral e de Roma em particular.
São Justino (165 d.C.)


São Justino explica como se celebrava a Eucaristia nos primeiros anos do cristianismo, na Carta a Antonino Pio, Imperador, em 155:
Leem as memórias dos Apóstolos e os escritos dos Profetas. Quando o leitor termina, quem preside toma a palavra para incitar e exortar à imitação de tão belas coisas. Depois nos levantamos e oramos por nós e por todos os outros, a fim de que sejamos justos em nossa vida e em nossas ações, e sejamos fiéis aos mandamentos para alcançar a salvação eterna.
Depois, leva-se a quem preside o pão e uma taça com vinho e água misturados. Quem preside os toma e eleva louvores e glória ao Pai do universo, pelo nome do Filho e do Espírito Santo, e dá graças longamente por termos sido julgados dignos destes dons. Quando quem preside termina a ação de graças e o povo responde ‘amém’, os que entre nós se chamam diáconos distribuem a todos os presentes o pão e o vinho ‘eucaristizados’.
Ninguém pode participar da Eucaristia se não acreditar que são verdades as coisas que ensinamos e se não for purificado naquele banho que dá a remissão dos pecados e a regeneração, e não viver como Cristo nos ensinou.
Por que não tomamos estes alimentos como se fossem um pão comum ou uma bebida cotidiana, mas, assim como Cristo, nosso Salvador, se fez carne e sangue para a nossa salvação, da mesma maneira aprendemos que o alimento sobre o qual foi recitada a ação de graças, que contém as palavras de Jesus e com o qual se alimenta e transforma nosso sangue e nossa carne, é precisamente a carne e o sangue daquele mesmo Jesus que se encarnou“.


São Cirilo de Alexandria (444 d.C)
Padre da Igreja, São Cirilo entregou sua vida para mostrar que Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, diante das heresias da sua época. No Comentário ao Evangelho de São João, ele diz:
O Corpo de Cristo vivifica os que dele participam: afasta da morte ao fazer-se presente em nós, sujeitos à morte, e afasta da corrupção, já que contém em si mesmo a virtualidade necessária para anulá-la totalmente (…)
Assim como quando a pessoa junta dois pedaços de cera e os derrete por meio do fogo, e dos dois se forma uma só coisa, assim também, pela participação no Corpo de Cristo e no seu precioso Sangue, Ele se une a nós e nós nos unimos a Ele“.



Santo Ambrósio de Milão (340-397 d.C)
Santo Ambrósio, bispo de Milão, foi quem introduziu no Ocidente a leitura meditada das Escrituras, para fazer que penetrem no coração, algo que hoje se conhece pelo nome de “lectio divina“.
O Corpo de Cristo não nos é oferecido [na Comunhão] como prêmio, mas como comunicação da graça e da vida celestial” (Catena Aurea, VI, 447).
Santo Agostinho
Ninguém alimenta os convidados com sua própria pessoa; mas isso é o que Cristo, o Senhor, faz: Ele próprio é, ao mesmo tempo, anfitrião, comida e bebida” (Sermão sobre o natalício dos mártires, 12).


E TAMBÉM: TESTEMUNHOS DE ÉPOCAS POSTERIORES
Santo Cura de Ars
Mais felizes que os santos do Antigo Testamento, não somente possuímos Deus pela grandeza da sua imensidade, em virtude da qual se encontra em todas as partes, mas o temos conosco como esteve no ventre de Maria durante nove meses, como esteve na cruz. Mais afortunados ainda que os primeiros cristãos, que faziam cinquenta ou sessenta léguas para ter a felicidade de vê-lo, nós o possuímos em cada paróquia; cada paróquia pode usufruir à vontade de tão doce companhia. Ó povo feliz!” (Sermão sobre o Corpus Christi).


São Josemaría Escrivá
E perseveravam todos na doutrina dos Apóstolos, e na comum fração do pão, e nas orações. É assim que a Escritura nos descreve a conduta dos primeiros cristãos: congregados pela fé dos Apóstolos em perfeita unidade, a participarem da Eucaristia, unânimes na oração. Fé, Pão, Palavra. Jesus, na Eucaristia, é penhor seguro da sua presença nas nossas almas; do seu poder, que sustenta o mundo; das suas promessas de salvação, que ajudarão a que a família humana, quando chegar o fim dos tempos, habite perpetuamente na casa do Céu, em torno de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo: Santíssima Trindade, Deus único. É toda a nossa fé que se põe em ato quando cremos em Jesus, na sua presença real sob os acidentes do pão e do vinho” (É Cristo que passa, 153).
Bento XVI
Sem o domingo, não podemos viver: é o que professavam os primeiros cristãos, inclusive à custa da sua vida; e nós, hoje, somos convidados a repetir a mesma coisa” (Ângelus, 22 de maio de 2005).

Catecismo da Igreja

Fração do Pão, porque este rito, próprio da refeição dos judeus, foi utilizado por Jesus quando abençoava e distribuía o pão como chefe de família, sobretudo quando da última ceia. É por este gesto que os discípulos O reconhecerão depois da sua ressurreição e é com esta expressão que os primeiros cristãos designarão as suas assembleias eucarísticas. Querem com isso significar que todos os que comem do único pão partido, Cristo, entram em comunhão com Ele e formam um só corpo n’Ele” (CIC 1329).

Via: Aleteia

Natividade de São João Batista: o maior dos profetas

A natividade de  São João Batista  é  uma solenidade muito importante no ano litúrgico, porque nesse dia lembramos o maior dos profetas, com...