5 de nov. de 2016

05 NOV São Zacarias e Santa Isabel, os pais de João Batista

São Zacarias e Santa IsabelRecordamos a vida do casal que teve na Palavra de Deus o principal testemunho de sua santidade, já que eram os pais de João Batista, o precursor de Jesus Cristo
Pelo próprio relato bíblico descobrimos que viviam na aldeia de Ain-Karim e que tinham laços de parentesco com a Sagrada Família de Nazaré.
“Havia no tempo de Herodes, rei da Judéia, um sacerdote chamado Zacarias, da classe de Ábias; a sua mulher pertencia à descendência de Aarão e se chamava Isabel” (Lc 1, 6).
Conta-nos o evangelista São Lucas que eram anciãos e não tinham filhos, o que acabava sendo vergonhoso e quase um castigo divino para a sociedade da época. Sendo assim recorreram à força da oração, por isso conseguiram a graça que superou as expectativas. Anunciado pelo Anjo Gabriel e assistido por Nossa Senhora nasceu João Batista; um menino com papel singular na História da Salvação da humanidade: “pois ele será grande perante o Senhor…e será repleto do Espírito Santo desde o seio de sua mãe (Santa Isabel). Ele reconduzirá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus” (Lc1, 15s).
Depois do Salmo profético de São Zacarias, onde ele, repleto do Espírito Santo, profetizou a missão do filho, perdemos o contato com a vida do casal, que sem dúvida permaneceram fiéis ao Senhor até o fim de suas vidas. Assim, a Igreja, tanto do Oriente quanto do Ocidente, reconhecem o exemplo deste casal para todos os casais, já que“ambos eram justos diante de Deus e cumpriram todos os mandamentos e observâncias do Senhor” (Lc 1, 6).
São Zacarias e Santa Isabel, rogai por nós!

Canção Nova 

Francisco encontra Movimentos Populares no Vaticano

05/11/2016 


O Papa recebe, na tarde deste sábado (05/11), na Sala Paulo VI, cerca de cinco mil participantes no III Encontro Mundial dos Movimentos Populares, que teve início em Roma na última quarta-feira (02/11).
O Encontro de três dias, que se conclui com a audiência do Papa, versa sobre o tema: “Três T: Trabalho, Teto, Terra; cuidado da natureza; migrantes e refugiados”. Participam do evento cerca de 200 membros, provenientes de 92 Movimentos Populares de 65 países.
Na inauguração dos trabalhos, o Presidente do Pontifício Conselho da Justiça e Paz, Cardeal Peter Turkson, destacou “a urgência de denunciar a ditadura do dinheiro”. “Não só a ditadura do dinheiro e a injustiça social, mas também dar aos pobres e aos movimentos de base a possibilidade de se conhecer e dialogar, para que se tornem protagonistas da mudança que todos desejamos”.
O Cardeal Turkson salientou ainda as palavras-chave do encontro dos Movimentos Populares: “Terra, Teto, Trabalho”, que vão ao encontro das prioridades da Igreja Católica com as pessoas.
Os participantes aprofundaram outros aspectos e desafios da temática central como “a relação entre o povo e a democracia, o território e a natureza, o sofrimento dos migrantes e refugiados”.
Foram apontados ainda factores e estruturas que contribuem e, muitas vezes, eternizam o ciclo da pobreza, como as “democracias de fachada” no plano político, a falta de trabalho digno, a discriminação social”.
Outros conferencistas dedicaram-se ao aprofundamento de outros aspectos da vida social, como a defesa das minorias; o combate à corrupção e ao crime”; a “ecologia integral”, defendida pelo Papa na sua encíclica ‘Laudato Si’; como também a crise migratória, que desafia a construção de “uma cultura viva, autêntica e sólida”.
Em julho de 2015, o Papa pronunciou um histórico discurso ao encontrar os movimentos na Bolívia.
(MT/Ecclesia)


4 de nov. de 2016

04/11 – São Carlos Borromeu

A grande estátua que os seus concidadãos de Arona, no Lago Maior, erigiram-lhe exprime muito bem a grande estatura humana e espiritual deste santo, ativo, benéfico, empenhado em todos os campos do apostolado cristão. Nasceu em Arona em 1538. Sobrinho do Papa Pio IV, foi feito cardeal-diácono com o título de Santa Praxedes com apenas 21 anos de idade e escolhido pelo próprio para como secretário de Estado. Também estando em Roma dirigindo os negócios inerentes a sua função (foi o primeiro secretário de Estado no sentido moderno), teve o privilégio de administrar, ainda que de longe, a arquidiocese de Milão.
Quando morreu o seu irmão mais velho, renunciou definitivamente ao título de conde e a sucessão e preferiu ser ordenado, aos vinte e quatro anos, sacerdote e bispo. Dois anos depois, morto o Papa Pio IV, Carlos Borromeu deixou definitivamente Roma e foi acolhido triunfalmente na sua sede episcopal milanesa, onde ficou até a morte que o levou com apenas 46 anos de idade, em 1584. Em uma diocese, cujos limites continham populações lombardas, venezianas, suíças, piemontesas e lígures, São Carlos estava presente em toda parte. Sua divisa trazia como lema uma única palavra: Humildade. Não era uma simples curiosidade heráldica, era uma escolha consciente: ele, nobre e riquíssimo, privava-se de tudo e vivia em contato com o povo para escutar-lhe as necessidades e as confidências. Definiram-no o pai dos pobres ele o foi no sentido pleno da palavra.
Prodigalizou seus bens na construção de hospitais, albergues, casas de formação para o clero, empenhando-se em levar a frente as reformas sugeridas pelo Concílio de Trento, do qual foi um dos principais atores. Movido por um sincero espírito de reforma trouxe uma rígida disciplina para o clero e religiosos, nunca se preocupando com as hostilidades que criava com aqueles que não estavam dispostos a renunciar a certos privilégios que a tonsura garantia.
Foi alvo de covarde atentado, enquanto rezava na sua capela, mas saiu ileso, perdoando generosamente o autor do atentado. Levou a frente as reformas do Concilio de Trento, indispondo-se com, o governador espanhol. Durante a terrível epidemia de peste que explodiu em 1576 e se prolongou por muito tempo, aninhando-se em muitos cantos da sua diocese, São Carlos gastou todas as suas energias, e sua caridade não conheceu limites e precauções. Depois também sua robusta fibra teve de ceder ao peso de tamanha fadiga. Morreu a 3 de novembro de 1584. Foi canonizado em 1º de novembro de 1610 por Paulo V.

Cléofas 

Papa celebrou Missa em sufrágio de cardeais e bispos falecidos

04/11/2016



O Papa Francisco celebrou na manhã desta sexta-feira, dia 4 de Novembro, ás 11,30 horas de Roma, No Altar da Cátedra da Capela Papal da Basílica de S. Pedro, a Santa missa em sufrágio dos Cardeais e Bispos falecidos durante os últimos 12 meses. Na sua homilia, Francisco iniciou por sublinhar que a memória dos fiéis defuntos “suscita em cada ano, na comunidade eclesial, o pensamento da vida para além da morte e sobretudo do encontro definitivo com o Senhor. Ele será Juiz do nosso percurso terreno; um juiz cujas características são a misericórdia e a piedade”. E é precisamente, conscientes desta realidade que estamos “reunidos aqui hoje em torno do altar do Senhor em oração de sufrágio para os Cardeais e Bispos que concluíram a sua jornada terrena durante os últimos 12 meses”.
<< E enquanto os entregamos, mais uma vez, à bondade misericordiosa  do Pai, renovamos o nosso reconhecimento pelo testemunho de vida cristã e sacerdotal que eles nos deixaram. Estes nossos irmãos atingiram a meta, depois de terem servido a Igreja e terem amado o Senhor Jesus, naquela certeza do amor que o Apóstolo Paulo nos recordou na segunda leitua: quem nos separará do amor de Cristo>>?
Ora, o caminho rumo a casa do Pai, sublinhou Francisco, “começa, para cada um de nós, no mesmo dia em que abrimos os olhos para a luz e, mediante o Baptismo, para a Graça. Uma etapa importante deste caminho, para nós Bispos e sacerdotes,  prosseguiu o Santo Padre, é o momento em que pronunciamos o nosso “eis-me aqui”, durante a ordenação sacerdotal.
De fato, disse o Papa, a partir daquele momento da nossa ordenação sacerdotal, estamos unidos de maneira especial com Cristo, associados ao Seu sacerdócio ministerial. E na hora da morte, acrescentou, pronunciaremos o último “eis-me aqui” unido ao mesmo pronunciamento feito por Jesus, que morreu, precisamente entregando o seu espírito nas mãos do Pai.
Os Cardeais e os Bispos que hoje recordamos nesta celebração litúrgica, recordou o Papa, durante toda a sua vida, sobretudo depois de a terem consagrado à Deus, dedicaram-se inteiramente a testemunhar e a dar aos outros, o amor de Cristo. E mediante a palavra e o exemplo, exortaram os fiéis a fazer o mesmo. Eles foram pastores do grande rebanho de Cristo, e, a imitação de Cristo, se dedicaram, se ofereceram e se sacrificaram para a salvação do povo de Deus que lhes fora confiado.
Por isso, concluiu dizendo Francisco, ao término da sua existência, pensamos que o Senhor “apreciou-os como oferta de um holocausto”.
 <<A luz do Mistério Pascal de Cristo, a sua morte é, na realidade, o ingresso na plenitude da vida. Nesta luz da fé, nos sentimos ainda mais próximos dos nossos Irmãos defuntos: a morte aparentemente nos separou deles, mas a potência de Cristo e do Seu Espírito nos une de maneira ainda mais profunda. Continuaremos a sentir a vizinhança da sua presença na comunhão dos santos. Nutridos pelo Pão da vida, também nós, juntos com todos aqueles que nos precederam, atendemos com firme esperança o dia do encontro cara – á - cara com o rosto luminoso e misericordioso do Pai>>.  

Rádio Vaticano 

Misericórdia: Ano Santo conclui-se com reclusos e sem-abrigo

04/11/2016



Neste fim-de-semana dia 5 e 6 de novembro tem lugar no Vaticano o Jubileu dos Reclusos neste Ano Santo da Misericórdia. No próximo domingo dia 13 será a vez do Jubileu dos sem-abrigo.
Em conferência de imprensa nesta semana o Presidente do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização, D. Rino Fisichella, referindo-se em particular ao Jubileu dos Reclusos disse que nos últimos meses o Santo Padre tem estado em contacto telefónico com reclusos, sendo alguns deles condenados à morte.
Neste Jubileu dos Reclusos estarão presentes reclusos, seus familiares, agentes da polícia penitenciária, capelães das prisões e várias associações que oferecem assistência dentro e fora dos estabelecimentos prisionais.
Estarão presentes mais de 4 mil pessoas das quais mais de mil serão reclusos provenientes de 12 países: Inglaterra, Itália, Letónia, Madagáscar, Malásia, México, Holanda, Espanha, Estados Unidos, África do Sul, Suécia e Portugal.
Uma particularidade deste Jubileu é que o serviço litúrgico da celebração deste domingo na Praça de S. Pedro será garantido por reclusos e a as hóstias que serão utilizadas na Missa foram produzidas pelos reclusos da Prisão da ‘Opera’, de Milão, no âmbito do projeto “O Sentido do Pão”, idealizado e organizado para esta ocasião jubilar e implementado em colaboração com a ONG Fundação Casa do Espírito e das Artes.
Na celebração deste domingo ao lado do crucifixo em madeira do século XIV, restaurado recentemente, estará exposta uma imagem de Nossa Senhora das Mercês, Protetora dos prisioneiros.
Entretanto neste sábado dia 5 os reclusos terão a possibilidade de entrar nas Igrejas jubilares e de se confessarem. Muito intenso, a partir das 9 horas de domingo, será o momento dos testemunhos. Em forma de preparação da Celebração Eucarística, serão apresentados 4 testemunhos.
Os reclusos presentes têm diferentes percursos: menores, prisão domiciliária, reclusos permanentes com diferentes penas. De destacar que durante este Jubileu da Misericórdia numa colaboração entre o Ministério da Justiça de Itália e o Conselho Pontifício para a Nova Evangelização, seis reclusos desenvolverão a experiência de serem voluntários da misericórdia no acolhimento aos peregrinos.
D. Rino Fisichella na conferência de imprensa desta semana não deixou de sublinhar que o Papa Francisco sempre dedicou grande atenção aos reclusos: “Basta pensar na sua primeira celebração da Santa Missa in Coena Domini, na Prisão para menores de Casal del Marmo, para depois passar para as suas numerosas visitas nas prisões de muitos países: em Poggioreale (Nápoles) em março de 2015, onde almoçou com os reclusos; em Filadélfia em setembro de 2015; em Palmasole, Bolívia, em julho de 2015 e em Ciudad Juárez, no México, em fevereiro de 2016”.
O Ano Santo da Misericórdia conclui-se colocando em destaque os reclusos e os sem-abrigo.
(RS)

Rádio Vaticano 

3 de nov. de 2016

O Purgatório e as Indulgências

A doutrina das indulgências está intimamente ligada à realidade do Purgatório, por isso vamos mostrar o que a Igreja ensina sobre isto.
O Catecismo da Igreja (CIC) afirma que:
“Pelas indulgências, os fiéis podem obter para si mesmos e também para as almas do Purgatório, a remissão das penas temporais, sequelas dos pecados.” (§1498)O Papa Paulo VI (1963-1978), logo após o Concílio Vaticano II confirmou mais uma vez a realidade do Purgatório e das Indulgências na Constituição Apostólica Doutrina das Indulgências (DI), e nela ensina com clareza toda a verdade sobre esta matéria. Começa dizendo que:
“A doutrina e o uso das indulgências vigentes na Igreja Católica há vários séculos encontram sólido apoio na Revelação divina, a qual vindo dos Apóstolos “se desenvolve na Igreja sob a assistência do Espírito Santo”, enquanto “a Igreja no decorrer dos séculos, tende para a plenitude da verdade divina, até que se cumpram nela as palavras de Deus (Dei Verbum, 8)”. ( DI, 1)
Assim, fica claro que as Indulgências têm base sólida na doutrina católica (Revelação e Tradição) e, como disse Paulo VI, “se desenvolve na Igreja sob a inspiração do Espírito Santo”.
Como surgiram as Indulgências
O uso das indulgências teve sua origem nos primórdios da Igreja. Desde os primeiros tempos ela usou o seu poder de remir a pena temporal dos pecadores.
Sabemos que na Igreja antiga dos primeiros séculos, a absolvição dos pecados só era dada aos penitentes que se acusassem dos próprios pecados e se submetessem a uma pesada penitência pública; por exemplo, jejum de quarenta dias até o pôr do sol, trajando-se com sacos e usando o silício, autoflagelação, retirada para um convento, vagar pelos campos vivendo de esmolas, etc., além de ser privado da participação na Liturgia eucarística e da vida comunitária. Isto era devido ao “horror” que se tinha ao pecado e ao escândalo.
Aquele que blasfemasse o nome de Deus, da Virgem Maria, ou dos santos, ficava na porta da igreja, sem poder entrar, sete domingos durante a missa paroquial, e, no último domingo ficava no mesmo lugar sem capa e descalço; e nas sete sextas-feiras precedentes jejuava a pão e água, sem poder neste período entrar na igreja. Aquele que rogasse uma praga aos pais, devia jejuar quarenta dias a pão e água…
Essas pesadas penitências, e outras, tinham o objetivo de extinguir no penitente os requícios do pecado e as más inclinações que o pecado sempre deixa na alma do pecador, fazendo-o voltar a praticá-lo.
Na fase das perseguições dos primeiros séculos, quando era grande o número de mártires, muitos cristãos ficavam presos e aguardando o dia da própria execução; eram os Confessores da fé. Surgiu nesta época um belo costume: os penitentes recorriam à intercessão dos que aguardavam presos a morte. Um deles escrevia uma carta ao bispo pedindo a comutação da pesada penitência do pecador; eram as chamadas “cartas de paz”. Com este documento entregue ao bispo, o penitente era absolvida da pesada penitência pública que o confessor lhe impusera, e também da dívida para com Deus; a pena temporal que a penitência satisfazia. Assim, transferia-se para o pecador arrependido, o valor satisfatório dos sofrimentos do mártir.
Desta forma começou o uso da indulgência na Igreja.
Muitas vezes os penitentes não tinham condições de saúde suficiente para cumprir essas penitências tão pesadas; e isto fez com que a Igreja, com o passar do tempo, em etapas sucessivas e graduais,  fosse abrandando as penitências.
Na idade média, a Igreja, com a certeza de que ela é a depositária dos méritos de Cristo, de Nossa Senhora e dos Santos, o chamado “tesouro da Igreja”, começou a aplicar isto aos seus filhos pecadores. Inspirados pelo Espírito Santo, os Papas e Concílios, a partir do século IX, entenderam que podiam aplicar esses méritos em favor dos penitentes que deviam cumprir penitencias rigorosas. Assim, surgiram as “obras indulgenciadas”, que substituíam as pesadas penitencias. O jejum rigoroso foi substituído por orações; a longa peregrinação, por pernoitar em um santuário; as flagelações, por esmolas; etc.. A partir daí, a remissão da pena temporal do pecado, obtida pela prática dessas “obras indulgenciadas”, tomou o nome de “indulgência”.
Nos exemplos das pesadas penitências públicas citadas acima, elas eram substituídas, respectivamente, por uma indulgência de sete semanas e por uma indulgência de 40 dias; por isso as indulgências eram contadas em dias, semanas e meses, porque assim, eram também contadas as penitências públicas.
Com a reza do Terço, por exemplo, em qualquer dia do mês de outubro, se ganhava a indulgência de sete anos.No século IX, os bispos já concediam indulgências gerais, isto é, a todos os fiéis, sem a necessidade da mediação de um sacerdote. Assim, os bispos estipularam que realizando certas obras determinadas, os fiéis poderiam obter, pelos méritos de Cristo, a remissão das penas devidas aos pecados já absolvidos.
É preciso compreender que esta prática não se constituía em algo mecânico; não, o penitente, ao cumprir a obra indulgenciada devia trazer consigo as mesmas disposições interiores daquele que cumpria no passado as pesadas penitências, isto é, profundo amor a Deus e repúdio radical de todo pecado. Sem isto, não se ganharia a indulgência.Com o passar do tempo, e principalmente por causa da “questão das indulgências” no tempo de Martinho Lutero, no século XVI, as indulgências  foram ofuscadas e tornaram-se objeto de críticas. No entanto, após o Concílio Vaticano II (1962-65), o Papa Paulo VI reafirmou todo o seu valor, na Constituição Apostólica Indulgentiarum Doctrina, onde quis claramente mostrar o sentido profundo e teológico das indulgências; incitando os católicos ao espírito de contrição e penitência que deve movê-los ao realizar as obras indulgenciadas, removendo toda a aparência de mecanicismo espiritual que no  passado aconteceu.
O que são as Indulgências
As Normas sobre as Indulgências, que acompanham a Constituição Apostólica A Doutrina das Indulgências, ensina o que é a  indulgência:
“Indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida aos pecados já perdoados quanto à culpa, que o fiel, devidamente disposto e em certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja, a qual, como dispensadora da redenção, distribui e aplica, com autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos”. (Norma 1)
É preciso entender bem esta conceituação do que seja a indulgência. Em primeiro lugar, é “remissão”, isto é, livra, liberta, da “pena temporal” devida aos pecados já perdoados.
Todo pecado tem duas consequências: o da culpa e o da pena, devido à desordem causada pela culpa. Então, para que alguém fique totalmente redimido do pecado é preciso que obtenha de Deus o perdão da culpa, mediante o sacramento da Reconciliação, e restaure a ordem violada pelo pecado, cumpra a pena.Cientes disso, os primeiros cristãos, até a idade média, infligiam a si mesmos severas penas (jejum de muitos dias até o pôr do sol, flagelações, longas peregrinações, etc.) mesmo após o perdão dos pecados, para cumprir a pena devida ao pecado.
O Papa Paulo VI assim explica:”Assim nos ensina a revelação divina que os pecados acarretam como consequência penas infligidas pela santidade e justiça divina, penas que devem ser pagas ou neste mundo, mediante os sofrimentos, dificuldades e tristezas desta vida e sobretudo mediante a morte, ou então no século futuro…” (DI, 2)
Paulo VI  lembra os ensinamentos de Santo Agostinho e de São Tomás de Aquino sobre o assunto.
Santo Agostinho afirma que: “toda iniquidade, pequena ou grande, deve ser punida, ou pelo próprio homem penitente, ou então por Deus (…)” (Com. Salmos LVIII 1,13; DI, ref. 1).
São Tomás de Aquino também ensina que:

“Sendo o pecado um ato desordenado, é evidente que todo o que peca, age contra alguma ordem. E é portanto decorrência da própria ordem que seja humilhado. E essa humilhação é a pena” (S. Th. 1-2, q. 87, a.1; DI, ref. 3)
O Papa explica com clareza o efeito das penas temporais:
“Essas penas são impostas pelo julgamento de Deus, julgamento a um tempo justo e misericordioso, a fim de purificar as almas, defender a integridade da ordem moral e restituir à glória de Deus a sua plena majestade. Todo pecado, efetivamente, acarreta uma perturbação da ordem universal, por Deus estabelecida com indizível sabedoria e caridade infinita, e uma destruição de bens imensos, quer se considere o pecador como tal quer a comunidade humana.” (DI, 2)O Catecismo da Igreja ensina o que é esta “pena temporal devida aos pecados já perdoados”:
“Para compreender esta doutrina e esta prática da Igreja, é preciso admitir que o pecado tem dupla consequência. O pecado grave priva-nos da comunhão com Deus e, consequentemente, nos torna incapazes da vida eterna; esta privação se chama pena eterna do pecado. Por outro lado, mesmo o pecado venial, acarreta um apego prejudicial às criaturas que exige purificação, quer aqui na terra quer depois da morte, no estado chamado purgatório. Esta purificação liberta da chamada “pena temporal” do pecado. Essas duas penas não devem ser concebidas como uma espécie de vingança infligida por Deus do exterior, mas antes como uma consequência da própria natureza do pecado.” (§1472)
Portanto, fica claro que o pecado, além da “pena eterna”, que é perdoada diante de Deus pelos méritos da Paixão de Cristo, especialmente no Sacramento da Reconciliação, acarreta também a “pena temporal”, que permanece mesmo após a remissão da pena eterna. São as consequências que o pecado deixou na alma do pecador, a  desordem que promoveu no plano de Deus e a ofensa à Sua majestade.
É importante relembrar aqui o que ensina a Igreja sobre o perdão dos pecados”A confissão individual e integral seguida da absolvição continua sendo o único modo ordinário pelo qual os fiéis se reconciliam com Deus e com a Igreja, salvo se uma impossibilidade física ou moral dispensar desta confissão” (Ordo Poenitentiae, 31; Cat. §1484)
Como a justiça de Deus é perfeita, toda violação deve ser reparada, pois Ele é Pai, mas não é paternalista. Deus não é conivente com o mal e nem “passa por cima das suas consequências”, como se não as tivesse notado. Qualquer pai, mesmo perdoando ao filho os seus erros, não deixa, no entanto, de corrigi-lo para que abandone o erro e repare os seus estragos.
É preciso lembrar que a expiação das faltas não quer dizer castigo de Deus, mas é exigida para apagar as sequelas do pecado deixadas na alma do pecador. Isto liberta o pecador das suas paixões e aumenta na sua alma o amor a Deus, que o faz rejeitar todo pecado. Assim, são arrancadas as raízes do pecado que ainda permanecem após o perdão das culpas.
O amor a Deus em nós, nesta vida, ainda não é suficientemente forte para apagar todo o resquício de pecado na alma. Essa concupiscência desordenada, que faz o homem voltar ao pecado, por não ter ainda um amor tão grande a Deus, pode ser vencida nesta vida ou no Purgatório.
O Concilio de Trento (1545-1563) examinou cuidadosamente a doutrina das indulgências, por causa da Reforma protestante. Na Sessão XXV, no Decretum  de Indulgentiis, afirmou:
“Tendo recebido de Cristo o poder de conferir indulgências, já nos tempos antiquíssimos usou a Igreja desse poder, que divinamente lhe fora doado…”(DS, 1935; DI, ref. 1).
Na Sessão VI, cânon 30, afirmou:”Se alguém disser que a todo pecador penitente, que recebeu a graça da justificação, é de tal modo perdoada a ofensa  e desfeita e abolida a obrigação à pena eterna, que não lhe fica obrigação alguma de pena temporal a pagar, seja neste mundo ou no outro, purgatório, antes que lhe possam ser abertas as portas para o reino dos céus – seja excomungado.”(DS 1580,1689,1693; DI, ref. 8 )
O Concilio de Trento,  analisou cuidadosamente a doutrina das Indulgências porque  Martinho Lutero, em 1517, apresentou as suas 95 Teses divergindo da Igreja – afixando-as nas portas da igreja de Wittenberg, na Alemanha -  com base principalmente na questão das indulgências. Esse Concilio, que foi o mais longo da História da Igreja (1545-1563), em nada revogou a doutrina sobre as indulgências, mas apenas disciplinou melhor a sua aplicação.
Falando das “penas temporais” dos pecados, afirmou:
“Uma conversão que procede de uma ardente caridade pode chegar a uma total purificação do pecador, não subsistindo mais nenhuma pena”. (DS 1712-1713; 1820)
O Catecismo da Igreja continua ensinando:
“O perdão do pecado e a restauração da comunhão com Deus implicam a remissão das penas eternas do pecado. Mas permanecem as penas temporais do pecado. O cristão deve esforçar-se, suportando pacientemente os sofrimentos e as provas de todo tipo e, chegada a hora de enfrentar serenamente a morte, aceitar como uma graça essas penas temporais do pecado; deve aplicar-se, através de obras de misericórdia e de caridade, como também pela oração e diversas práticas de penitência, a despojar-se completamente do “homem velho” para revestir-se do “homem novo” (Ef 4, 24)”. (§1472)
Algumas passagens da Sagrada Escritura mostram as consequências dos pecados, mesmo após o perdão de Deus. O Papa Paulo VI explica ainda que a realidade das indulgências  mostra o peso e a gravidade do pecado, e que por nossas próprias forças não podemos nos livrar dos males que com eles afligimos a nós mesmos e à Igreja:
“Para brevemente relembrar os principais benefícios, o uso salutar das indulgências ensina “como é triste e amargo ter abandonado o Senhor Deus” (Jr 2,19). Pois, os fiéis, quando se empenham em ganhar as indulgências, compreendem que por suas próprias forças não podem expiar o prejuízo que se infligiram a si mesmos e a toda a comunidade, e por isso são excitados a uma salutar humildade.”(DI, 9)

“Além disso,  disse Paulo VI, o uso das indulgências ensina com que íntima união em Cristo estamos ligados uns aos outros e que ajuda a vida sobrenatural de cada um poder trazer aos outros, a fim de mais fácil e estreitamente se unirem ao Pai.
Assim, o uso das indulgências inflama eficazmente a caridade e de modo excelente a exerce quando se leva um auxílio aos irmãos adormecidos em Cristo.”(idem)
O uso das indulgências dá-nos confiança e esperança na reconciliação total com Deus, como ensina o Papa:
“A prática das indulgências eleva igualmente à confiança e à esperança da total reconciliação com Deus Pai; contanto, evidentemente, que ela se desenvolva sem dar margem a nenhuma negligência nem diminuir a preocupação de se dispor devidamente a plena comunhão com Deus. Com efeito, embora sejam as indulgências benefícios gratuitos, não só concedidas tanto a favor dos vivos como dos defuntos a não ser que se cumpram as condições requeridas para sua obtenção. Duma parte devem ser cumpridas as boas obras prescritas, doutra parte deve o fiel apresentar as disposições exigidas, isto é, que ame a Deus, deteste os pecados, tenha confiança nos méritos de Cristo e firmemente creia na grande utilidade que para ele mesmo representa a comunhão dos Santos.” (DI, 10)
Por outro lado, a crença no valor das indulgências, faz-nos também, acreditar e nos submetermos aos Pastores da Igreja, que receberam o “poder das chaves” de Jesus:
“Não se deve deixar em silêncio que, adquirindo as indulgências, os fiéis docilmente se submetem aos legítimos Pastores da Igreja, e particularmente ao sucessor de São Pedro, que tem as chaves do céu, aos Pastores que o próprio Salvador mandou apascentar e conduzir sua Igreja.” (DI,10)
Outra razão de ser das indulgências, como mostra o Papa Paulo VI, é a de instaurar mais depressa o Reino de Deus, e a de preparar a  Esposa do Cordeiro para as Bodas (Ap 19, 7):
“A salutar instituição das indulgências contribui, assim, por sua parte, para que a Igreja se apresente a Cristo sem mancha nem ruga, mas santa e imaculada (Ef 5,27) admiravelmente unida em Cristo pelo elo da caridade sobrenatural. De fato, por meio das indulgências são os membros da Igreja padecente mais rapidamente agregados à Igreja triunfante. Daí resulta que por essas mesmas indulgências o Reino de Cristo se instaura muito mais rapidamente até que todos tenhamos chegado à unidade da fé e de pleno conhecimento do Filho de Deus, à idade de homem perfeito, à medida da estatura que convém ao complemento de Cristo (Ef 4,13)”. (DI, 9).
Paulo VI incentiva o uso das indulgências, e explica que elas  não diminuem a importância dos outros meios que a Igreja nos põe à disposição para a busca da santidade e da perfeição cristã:
“Assim, apoiando-se nessas verdades, nossa santa Mãe igreja ainda uma vez recomendando aos fiéis o uso das indulgências, que foi tão caro ao povo cristão por tantos séculos e o é ainda, como o prova a experiência, não quer tirar nada às outras formas de santificação, em primeiro lugar ao santíssimo sacrifício da missa e aos sacramentos, sobretudo ao sacramento da Penitência, e em seguida aos abundantes socorros agrupados sob o nome de sacramentais, assim como as obras de piedade, de penitência e de caridade.
Todos esses meios têm isto em comum: operar a santificação e a purificação com tanto maior eficácia quanto mais estreitamente estiver o fiel pela caridade unido a Cristo-Cabeça e à Igreja-Corpo. A preeminência da caridade na vida cristã é até confirmada pelas indulgências. Pois não podem estas ser adquiridas sem uma sincera metanóia e sem união com Deus, a que visa o cumprimento das obras. É portanto mantida a ordem da caridade, esta ordem na qual se insere a remissão das penas pela distribuição do tesouro da Igreja.
Enfim, exortando seus fiéis a não abandonarem ou subestimarem as santas tradições de seus pais, mas a religiosamente aceitá-las como um precioso tesouro da família cristã e a segui-las, deixa a Igreja contudo cada um usar dos meios de purificação e de santificação com a santa e justa liberdade dos filhos de Deus; doutra parte ela sempre de novo vem lembrar-lhes o que deve ser colocado em primeiro lugar nos meios ordenados à salvação, isto é, os que são necessários, os melhores e mais eficazes.” (DI,11)
E, neste sentido, o Papa relembra as palavras de São Tomás de Aquino: “…ainda que tais indulgências muito valham para a remissão da pena, contudo outras obras de satisfação são mais meritórias sob o ponto de vista do prêmio essencial; o que vem a ser infinitamente melhor do que a remissão da pena temporal”. (S. Th. Suppl., q. 25, ad 2; DI, ref. 47)
O mesmo Papa Paulo VI ensina que a intenção da autoridade da Igreja ao conceder as indulgências, não é apenas ajudar os cristãos a pagarem as penas que devem  à justiça divina, mas também, motivá-los a praticar obras de fé e piedade.
“A Igreja vai ao encontro dos cristãos que, levados pelo espírito de penitência, buscam atingir esta metanóia, com o fito de reencontrar, após o pecado, aquela santidade de que foram inicialmente revestidos em Cristo pelo batismo. Distribui indulgências, assim como a mãe, terna e cuidadosa, ampara os filhos fracos e doentes. O que de forma alguma significa ser a indulgência um caminho mais fácil, que nos permitisse evitar a indispensável reparação dos pecados. Bem ao contrário. É uma ajuda que todo fiel, reconhecendo com humildade a própria fraqueza, encontra no Corpo Místico de Cristo, o qual todo inteiro “concorre para sua conversão pela caridade, pelo exemplo e pela prece” ( Lumen Gentium, cap. 2, n. 11)”. (DI, ref. 39)
Outro ponto que a conceituação de indulgência afirma, na (Norma 1), é que ela é “alcançada por meio da Igreja”, que é a “dispensadora da redenção”. É ela, e somente ela, que “distribui e aplica por sua autoridade o tesouro das satisfações de Cristo e da Igreja”.
Portanto, só a Igreja, que é o “Sacramento universal da salvação da humanidade” (LG, 48), por vontade expressa do Pai e do Filho, pode conceder as indulgências. À Mãe Igreja, receptáculo do “dom de Deus”, como disse Santo Ireneu (?202), distribui aos seus filhos os méritos de Cristo e dos santos. Este é o “tesouro da Igreja”.
Talvez possa parecer a alguém que, através das indulgências, seja “fácil ou cômodo”se livrar das penas dos pecados. Mas é preciso lembrar que a Igreja é Mãe amorosa, que quer o bem dos seus filhos. Certa vez, o Cardeal Journet, falando das indulgências, contou uma passagem da vida do Cura d’Ars, São João Vianney:
“Um grande pecador tinha recebido do Santo Cura d’Ars a absolvição de seus pecados. Ele estava disposto a fazer fosse o que fosse para reparar as culpas cometidas. Mas impôs-se-lhe apenas uma penitência moderada, que ele considerou inadequada e o deixou perplexo.  O santo Cura deu-lhe então uma resposta muito simples, mas profunda: ‘não temais, farei eu aquilo que falta’”. (Do livro Coração Indulgentíssimo de Jesus, de Hugo Ferreira Pinto, Ed. Vozes, 1998, Petrópolis, p. 45)
É exatamente isso que a Mãe Igreja faz pelo seu filho pecador  penitente,  deveras arrependido e desejoso de reparar as suas faltas por amor a Deus; Ela, com os méritos de Cristo ‘faz aquilo que falta’ para a salvação do filho. Isto explica as indulgências. Antes de subir para o céu, Jesus disse aos Apóstolos: “Toda autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mt 28,18), e esta autoridade Ele a conferiu à Sua Igreja. Jesus deu autoridade aos apóstolos para ensinar e agir em Seu próprio nome:
“Quem vos ouve a Mim ouve, quem vos rejeita a Mim rejeita; e quem Me rejeita, rejeita Aquele que Me enviou”. (Lc 10,16)

“Da mesma forma, no que acresce ‘que os escolásticos inchados com suas sutilezas introduziram um mal compreendido tesouro dos méritos de Cristo e dos Santos, e à clara noção da absolvição da pena canônica substituíram a confusa e falsa da aplicação dos méritos’, como se os tesouros da Igreja, donde o papa dá as indulgências, não fossem os méritos de Cristo e dos Santos: – é falsa, temerária, injuriosa aos méritos de Cristo e dos Santos, já há muito condenada no art. 17 de Lutero (Prop. 41)”. (idem) “Da mesma forma, no que acresce: ‘mais triste ainda é que esta quimérica aplicação se pretendeu aplicar aos defuntos’ : – é falsa, temerária, ofende aos ouvidos pios, injuria aos Romanos Pontífices, e à praxe e ao sentir da Igreja universal, induz ao erro de sabor herético de Pedro de Osma, outra vez condenado no art. 22 de Lutero (Prop. 42)”.(ibidem)
Paulo VI reconhece que às vezes houve abusos no uso das indulgências, mas isto não anula o seu valor e a sua necessidade para os fiéis e para a Igreja” Aconteceu às vezes, é verdade, introduzirem-se abusos no uso das indulgências, quer “por concessões injustificadas e supérfluas ” tivesse sido aviltado o poder das chaves que a Igreja possui e enfraquecida a satisfação penitencial (IV Concilio de Latrão -1215), quer como consequência de “proveitos ilícitos” fosse desonrado o próprio nome das indulgências”. Mas, retificando e corrigindo os abusos, a Igreja “ensina e ordena que o uso das indulgências, particularmente salutar ao povo cristão e aprovado pela autoridade dos santos concilios, seja conservado na Igreja, e fere com o anátema aos que afirmam serem inúteis as indulgências e negam à Igreja o poder de as conceder” (Decreto sobre as Indulgências, Concilio de Trento)”.(DI, 8)

E o Papa Paulo VI, sem receios, assim como fizeram os demais Papas, incita o povo cristão ao uso bom e correto das indulgências:
“Ainda hoje convida a Igreja todos os seus filhos a considerarem e a meditarem na vantagem que pode oferecer o uso das indulgências, para favorecer a vida de cada um deles bem como a de toda a comunidade cristã.”(DI, 9)
Do livro: O Purgatório – O que a Igreja ensina, Prof. Felipe Aquino

Via: Cléofas 

      Papa: celebração da missa dos fiéis defuntos em Prima Porta

      02/11/2016


      O Papa Francisco celebrou na tarde desta quarta-feira dia 2 de Novembro de 2016, às 16,00 horas de Roma, no cemitério de Prima Porta, da capital italiana, Roma, a santa missa por ocasião do dia dos fiéis defuntos. Falando a braços, durante a homelia, Francisco iniciou por sublinhar o drama vivido por Job, a sua inquietação, a sua escuridão perante o drama da morte.”Job, disse o Santo Padre, estava sim à beira da morte”. Mas perante a morte Job descobre a sua esperança no Senhor.

      <<A comemoração dos fiéis defuntos tem este duplo sentido: o sentido de tristeza; o cemitério é um lugar triste, sim. Recorda-nos os nossos entes queridos que já partiram deste mundo; recorda-nos também, o futuro, a nossa morte. Nesta tristeza nós trazemos as flores como um sinal de esperança e mesmo ouso dizer, de festa, mas mais á frente, não agora. E a tristeza se mistura com a esperança. E é o que todos nós sentimos hoje nesta celebração que é a memória dos nossos entes queridos, perante as suas tombas e a nossa esperança>>.
       Hoje, por conseguinte, é o dia da celebração da esperança, perante a memória dos nossos entes queridos que já partiram. Que essa esperança, acrescentou Francisco, nos oriente e nos ajude, pois todos nós percorreremos um dia esse mesmo caminho, com dor ou com menos dor, mas todos percorreremos o mesmo caminho, mas com a flor da esperança na ressurreição. Jesus, disse ainda o Santo Padre, foi o primeiro a percorrer este caminho; Ele abriu-nos a porta da esperança com a sua Cruz libertadora, permitindo-nos assim, poder contemplar, um dia o nosso Pai celeste cara a cara. Que no final dessa celebração, possamos regressar para casa com esta dupla memória: a memória do passado, dos nossos antepassados que já partiram e a memória do futuro que percorreremos o mesmo caminho que eles já percorreram, mas com a certeza da Ressurreição operada por Jesus. Eu o ressuscitarei no último dia disse o Senhor!

      Rádio Vaticano 

      2 de nov. de 2016

      Finados: Papa, a esperança da ressurreição não decepciona

      02/11/2016 


      Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco presidiu, neste Dia de Finados, a Santa Missa no Cemitério de Prima Porta, na periferia de Roma.
      A celebração está prevista às 16h locais, 13h no horário de Brasília, com transmissão ao vivo da Rádio Vaticano e comentários em português.
      Neste Dia de Finados (02/11), portanto, foi cancelada a Audiência Geral que o Pontífice realiza todas as quartas-feiras na Praça S. Pedro.
      É a primeira vez que o Papa celebra no cemitério de Prima Porta. Nos anos anteriores, a celebração foi feita no Cemitério Verano, em Roma.
      Em sua homilia, o Papa refletiu sobre a figura de Jó que estava na escuridão, na porta da morte. Naquele momento de angústia, de dor e sofrimento, Jó proclama a esperança: “Sei que o meu redentor está vivo, eu o verei e meus olhos o contemplarão”.

      “O Dia de Finados tem esse duplo sentido: primeiro, o sentido da tristeza. O cemitério é triste, nos lembra os nossos entes queridos  que morreram e nos recorda o futuro: a morte. A esta tristeza nós trazemos flores como sinal de esperança”, segundo sentido.

      “Esta tristeza se mistura com a esperança. É o que todos nós sentimos hoje nesta celebração. A recordação de nossos entes queridos e a esperança”, disse Francisco. 
      “Mas também sentimos que essa esperança se ajuda porque também nós devemos fazer este caminho, todos nós, antes ou depois, mas todos. Com dor, mais dor ou menos dor, mas com a flor da esperança. Com aquele fio forte ancorado ao lado de lá. Esta âncora, a esperança da ressurreição não decepciona.”
      "Quem percorreu primeiro este caminho foi Jesus. Nós percorremos o caminho que Ele percorreu. Com a sua Cruz ele nos abriu a porta da esperança, nos abriu a porta para entrar onde contemplaremos Deus”.
      “Voltemos para casa hoje com esta recordação do passado, de nossos entes queridos que morreram, mas com um olhar para o futuro, para onde iremos, confiantes nas palavras de Jesus: “Eu o ressuscitarei no último dia”, concluiu Francisco.
      Depois da missa, ao regressar ao Vaticano, Francisco se dirigiu à Cripta vaticana para um momento de oração particular pelos Pontífices falecidos.
      Já na sexta-feira (04/11), o Papa celebrará no Altar da Cátedra da Basílica vaticana a Santa Missa em sufrágio dos Cardeais e Bispos mortos no decorrer do último ano. Esta celebração não será transmitida pela Rádio Vaticano.
      (BF/MJ)

      Radio Vaticano 

      Papa: secularização, refugiados e tráfico de seres humanos

      02/11/2016


      Após a viagem à Suécia que assinalou os 500 anos da Reforma de Lutero que se celebram em 2017, Francisco regressou ao Vaticano tendo vivido grandes momentos de verdadeiro sabor ecumênico no país escandinavo. Foram passos fortes e longos nestes 50 anos que se celebram de diálogo entre católicos e luteranos e que possibilitaram uma Comemoração Conjunta destes cinco séculos da Reforma.
      No avião que trouxe o Papa Francisco de Malmö, na Suécia, até Roma, nesta terça-feira dia 1 de novembro o Santo Padre encontrou-se, como habitualmente, com os jornalistas que o acompanharam nesta 17ª viagem apostólica internacional. 
      Em destaque nesta conferência de imprensa assuntos tão variados como: migrações, refugiados, secularização, laicidade, ecumenismo e tráfico de seres humanos. Fazemos aqui uma síntese sobre o essencial deste encontro do Papa com os jornalistas:
      Suécia terra de acolhimento
      O primeiro assunto tratado com os jornalistas foi o da imigração após uma questão colocada por jornalistas suecos. Num momento em que na Europa são colocados entraves à entrada de refugiados o Papa Francisco sublinhou que se um refugiado não for integrado pode “guetizar-se”, tendo aludido à longa tradição de acolhimento dos suecos, em particular, de tantos sul-americanos no período das ditaduras.
      O Santo Padre considerou existir diferença entre ‘migrante’ e ‘refugiado’, pois o migrante tem que respeitar certas regras pois é “um direito muito regulado”, enquanto que o refugiado é alguém que foge da fome, da guerra e da angústia. E a Suécia tem tradição em acolher e integrar – disse o Papa:
      “Também nisto, a Suécia sempre deu um exemplo em acolher, no fazer aprender a língua, a cultura e também integrar na cultura. Nisto da integração das culturas, não devemos assustar-nos, porque a Europa foi feita com uma contínua integração de culturas, tantas culturas, não é?”
      “Creio que em teoria não se pode fechar o coração a um refugiado, mas também a prudência dos governantes: devem ser muito abertos a recebê-los, mas também calcularem como é que os podem acolher, porque a um refugiado não apenas se deve receber, mas devemos integra-lo. E se um país tem uma capacidade de vinte, digamos assim, de integração, bem faça-o até aí. Se outro país tem mais, faça mais. Mas sempre o coração aberto: não é humano fechar as portas, não é humano fechar o coração e mais à frente isto paga-se.”
      A Igreja é uma mulher
      A uma pergunta sobre a possibilidade do sacerdócio para as mulheres na Igreja Católica, Francisco respondeu que a “última palavra clara foi dada por S. João Paulo II e esta permanece”. Contudo, sublinhou que as mulheres podem “fazer tantas coisas, melhor que os homens”. E recordou que a Igreja é mulher “não existe a Igreja sem esta dimensão feminina porque ela própria é feminina” – afirmou o Papa.
      Secularização e laicidade
      Sobre a secularização, tendência que perpassa toda a Europa, Francisco declarou que não é “uma fatalidade” e “não é um problema de laicidade”, mas uma debilidade da evangelização – afirmou o Papa:
      “ Não é um problema de laicidade porque é preciso uma sã laicidade, que é a autonomia das coisas, a autonomia sã das coisas, a autonomia sã das ciências, do pensamento, da política, é preciso uma sã laicidade. Uma outra coisa é o laicismo, mais ou menos como aquele que nos deixou em herança o iluminismo. Mas eu creio que estas duas coisas: um pouco a suficiência do homem criador de cultura mas que vai para além dos limites e sente-se Deus, e também uma debilidade da evangelização, torna-se tépida e os cristãos são tépidos. Aí salva-nos retomar a sã autonomia no desenvolvimento da cultura e das ciências também com a força de ser criatura, não Deus, e também retomar a força da evangelização.”
      Iniciativas ecumênicas
      A propósito das iniciativas ecumênicas com outras Igrejas, Francisco recordou duas: quando visitou uma Igreja Evangélica na cidade italiana de Caserta e quando em Turim, também em Itália, visitou uma Igreja Valdense. Referência do Santo Padre também para as iniciativas ecuménicas em Buenos Aires: encontros com fiéis evangélicos e católicos nos quais se alternavam na pregação pastores e sacerdotes católicos. Encontros que ajudaram muito o diálogo – disse.
      Tráfico de seres humanos
      Destaque ainda para as palavras do Papa acerca do tráfico de seres humanos afirmando que se comove com o facto de que “Cristo é sempre crucificado continuamente nos seus irmãos mais débeis”. O Papa recordou o empenho, neste particular, de religiosas argentinas que trabalhavam com “as mulheres da prostituição” e sublinhou que todos os anos celebrava na “Plaza de la Constituicion” uma missa com estas pessoas e com quem as ajudava.
      Renovamento Carismático
      Na conferência de imprensa no avião de regresso da Suécia destaque ainda para os 50 anos do Renovamento Carismático neste ano de 2017 e que terão em Roma no Circo Massimo na Vigília de Pentecostes um momento alto e ao qual o Santo Padre pretende ir.
      Venezuela
      Francisco falou também aos jornalistas sobre a audiência privada que concedeu ao presidente venezuelano Nicolás Maduro e reafirmou o diálogo como único caminho para resolver os conflitos. Também na Venezuela.
      (RS)
      Rádio Vaticano 

      Natividade de São João Batista: o maior dos profetas

      A natividade de  São João Batista  é  uma solenidade muito importante no ano litúrgico, porque nesse dia lembramos o maior dos profetas, com...