2 de jul. de 2016

02/07 – São Bernardino Realino

A cidade de Lecce teve um privilégio: o de haver eleito o próprio santo protetor não só antes que fosse proclamado santo oficialmente pela Igreja, mas até mesmo antes que o protetor em questão deixasse esta vida. De fato, antes que o piedoso jesuíta Bernardino Realino morresse, o conselho municipal de Lecce foi à cabeceira do moribundo para pedir-lhe aceitar oficialmente a proteção da cidade. Provavelmente os cidadãos de Lecce, que tiveram a sorte de hospedar um santo homem procurado por discípulos de todas as partes da Itália, temiam que a proteção do futuro santo fosse reclamada pela cidade de Capri, onde Bernardino Realino havia nascido a 1º de dezembro de 1530. Nos seus anos de juventude Bernardino colheu lisonjeiros sucessos literários, frutos de um vivo amor aos estudos humanísticos, iniciados entre as paredes domésticas, sob a guia de bons preceptores, e prosseguidos de Bolonha, onde frequentou por três anos de cursos de filosofia e medicina, para passar depois aos de direito civil e eclesiástico nos quais se laureou em 1556.
Pela brilhante carreira administrativa empreendida sob a proteção do governador de Milão, a quem seu pai prestava serviço, Bernardino Realino pode ser invocado como protetor de certas categorias de cidadãos, que julgam poder contar com poucos santos: Bernardino foi de fato prefeito em Felizzano de Monferrato (para garantir a imparcialidade na administração da cidade, o prefeito era importado de outras regiões), foi advogado fiscal em Alexandria, em seguida de novo prefeito de Cassine, depois pretor em Castel Leone, e por fim desceu a Nápoles na qualidade de auditor e lugar-tenente geral. As imagens devocionais do santo no-lo representam recebendo o Menino Jesus nos braços. Foi de fato após a aparição de Nossa Senhora e do Menino Jesus que Bernardino abandonou a brilhante carreira administrativa para fazer parte da Companhia de Jesus, em 1564; três anos depois recebeu a ordenação sacerdotal e foi nomeado diretor espiritual e mestre dos noviços. Enviado a Lecce em 1574 para a fundação de um colégio, permaneceu nesta cidade até a morte, ocorrida a 2 de julho de 1616. Eleito, como dissemos no começo, protetor da cidade antes da morte, foi beatificado em 1895 por Leão XIII e canonizado por Pio XII a 22 de junho de 1947, e proposto como exemplo de educador.

Cléofas 

1 de jul. de 2016

1/07 – Santo Galo

Filho de pais nobres e ricos, descendente de família tradicional da corte da França, Galo nasceu no ano 489 na cidade de Clermont, na diocese de Auvergne. Foi tio e professor de outro Santo da Igreja, o Bispo Gregório de Tours. Na sua época era costume os pais combinarem os matrimônios dos filhos. Por isto, ele estava predestinado a se casar com uma jovem donzela de nobre estirpe. Mas Galo desde criança já havia dedicado sua alma à vida espiritual. Para não ter de obedecer à tradição social, ele fugiu de casa, refugiando-se no convento de Cournou, daquela mesma diocese. Após intensas negociações, seu pai acabou permitindo que ele ingressasse na comunidade monástica. Foi assim que Galo iniciou uma carreira totalmente voltada para a fé e aos atos litúrgicos. Ele era tão dedicado às cerimônias da Santa Missa que se especializou nos cânticos. Contam os escritos que, além do talento para a música, era também dotado de uma voz maravilhosa que encantava e atraía fiéis para ouvi-lo cantar no coro do convento.Mas, suas virtudes cristãs não se limitavam às liturgias. Sua atuação religiosa logo lhe angariou prestígio e, em pouco tempo, foi designado para atuar na corte de Teodorico, rei da Austrásia, atualmente Bélgica. Em 527, quando morreu o bispo Quinciano, Galo era tão querido e respeitado que o povo o elegeu para ocupar o posto. Se não bastasse sua humildade, piedade e caridade, para atender às necessidades do seu rebanho, Galo protagonizou vários prodígios ainda em vida. Um dos mais citados, foi ter salvado a cidade de um pavoroso incêndio que ameaçava transformar em cinzas todas as construções locais. As orações de Galo teriam aplacado as chamas que se apagavam na medida em que ele rezava. Outro muito conhecido foi o que livrou os habitantes de morrerem vítimas de uma peste que assolava a região. Diante da bênção de Galo, o fiel ficava curado da doença. Ele morreu em 01 de julho de 554, causando forte comoção na população que logo começou a invocá-lo como santo nas horas de dor e necessidade, antes mesmo que sua canonização fosse decretada. Com o passar dos séculos São Galo, foi incluído no Livro dos Santos da Igreja de Roma, cuja festa litúrgica foi mantida no dia da sua morte como quer a tradição cristã.


Cléofas 

Pausa nas audiências do Papa durante o mês de julho

01/07/2016



Julho é mês de actividade mais reduzida do Papa e da Santa Sé. Destaque apenas para o Angelus dominical como único ato público do Santo Padre no Vaticano. Estão suspensas neste mês todas as audiências gerais e especiais. Na última semana de julho terá lugar na Polónia a grande Jornada Mundial da Juventude onde o Papa Francisco estará de 27 a 31 de Julho.
Entretanto, há algumas exceções na agenda do Santo Padre. Foi o caso desta sexta-feira dia  deste dia 1 de julho na qual o Francisco recebeu em audiência a Dra. Virginia Raggi, nova presidente do município de Roma, também Kiko Arguello, iniciador do Caminho Neo-Catecumenal e ainda o Cardeal Renato Raffaele Martino. Uma outra exceção terá lugar na quarta-feira 6 de julho dia em que o Santo Padre recebe na Sala Paulo VI um grupo de 200 doentes e pessoas com necessidades especiais acompanhadas pelo Arcebispo de Lyon (França), Cardeal Philippe Barbarin.
A oração do Angelus com os fiéis na Praça S. Pedro continuará em todos os domingos de julho. A audiência geral das quartas-feiras será retomada a 3 de agosto. As audiências jubilares, concedidas por ocasião do Ano Santo da Misericórdia, voltam a ser realizadas a partir do dia 10 de setembro. Já as homilias na capela da Casa Santa Marta recomeçam na quinta-feira, 8 de setembro.
(BF)

Rádio Vaticano 

30 de jun. de 2016

Papa: a misericórdia sem obras está morta em si mesma

30/06/2016


Quinta-feira, dia 30 de Junho – audiência jubilar na Praça de S. Pedro com o Papa Francisco. Na sua catequese o Santo Padre falou sobre as obras de misericórdia. Partindo do capítulo 25 do Evangelho de S. Mateus Francisco disse que neste Ano Santo da Misericórdia devemos perguntar se para nós misericórdia é uma palavra abstrata ou um estilo de vida.
Segundo o Santo Padre as obras de misericórdia são acima de tudo o testemunho concreto de quem se sabe objeto do amor misericordioso de Deus. E Francisco foi claro e parafraseou o apóstolo S. Tiago: “a misericórdia sem obras está morta em si mesma”.
Desta forma – continuou o Papa – é preciso estar atento para não cair na indiferença, pois a verdadeira misericórdia tem olhos para ver, ouvidos para escutar e mãos para ajudar aqueles que precisam, sobretudo os mais pequeninos com quem Jesus se quis identificar.
Hoje, com o multiplicar-se de novas formas de pobreza material e espiritual, é preciso dar espaço à criatividade da caridade para ir ao encontro daquele que precisa – observou o Santo Padre que voltou a repetir uma sua forte expressão: “Quem não vive para servir, não serve para viver.”
Francisco, nesta audiência jubilar, também comentou a sua recente viagem à Arménia, “nação que abraçou o cristianismo já no início do século quarto e que ao longo da história testemunhou a sua fé em Cristo, mesmo com o martírio”.
O Papa referiu que com esta viagem procurou reforçar a comunhão fraterna para que os cristãos possam ser fermento de uma sociedade mais justa e solidária.
O Santo Padre saudou também os peregrinos de língua portuguesa:
“Queridos amigos de língua portuguesa, que hoje tomais parte nesta Audiência: sede bem-vindos! A todos saúdo, especialmente aos professores e alunos de Guimarães e de Viseu, encorajando-vos a nunca vos cansardes de servir as pessoas necessitadas, como verdadeiras testemunhas da Misericórdia no mundo. Sobre vós e vossas famílias desça a Bênção do Senhor!”
Nas saudações em italiano destaque para as palavras que o Santo Padre dirigiu aos particpantes da 7ª edição do Festival do Trabalho em Itália tendo afirmado que o “trabalho dá dignidade”.
O Papa Francisco a todos deu a sua benção!

(RS)
Rádio Vaticano 

29 de jun. de 2016

Viva Pedro, viva o Papa!

Jesus instituiu a Igreja sobre São Pedro e os Apóstolos: “Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a Minha Igreja; Eu te darei as chaves do Reino dos céus; tudo o que ligares sobre a terra será ligado no céu; e as portas do inferno nunca prevalecerão sobre ela” (Mt 16,16-19). É com base nessa promessa divina que a Igreja sabe que jamais será destruída ou vencida neste mundo. Não há e nem haverá força humana capaz de vencê-la. Jesus prometeu estar com ela todos os dias “até o fim do mundo” (Mt 28,20). Além disso, Jesus prometeu aos Apóstolos na Santa Ceia, que o Espírito Santo estaria com a Igreja sempre – “permanecerá convosco e estará em vós” e “ensinar-vos-á todas as coisas” (Jo 14,15.25;16,13).
Nenhuma instituição humana sobreviveu 2000 anos de história e teve 266 chefes ininterruptos.
Cristo concedeu ao papa o carisma da infalibilidade, dogma este que o Concílio Vaticano I (1870) proclamou solenemente com o Papa Pio IX. É por isso que nunca na história da Igreja um papa cancelou um ensinamento doutrinário de um seu antecessor. O Espírito Santo assiste o papa quando ele ensina e, de modo especial, quando pronuncia um dogma.
Na Revolução Francesa, Voltaire, o grande inimigo da Igreja, dizia que seria o fim do Papa e que Pio VI seria o último papa da Igreja. Ledo engano, a sanguinária revolução francesa se foi e os papas continuaram mais firmes do que nunca. Nem a perseguição romana, nem o nazismo, nem o comunismo, nem o ateísmo mais agressivo conseguiram deter os papas. Stalin mandou perguntar a Pio XII, “quantas legiões de soldados tinha o Papa”. É uma pena que ele não tenha sobrevivido para ver a derrocada do comunismo em 1989; e o Papa que continua.
Os trinta primeiros papas da Igreja (Pedro, Lino, Cleto, Clemente, Evaristo…) foram todos martirizados pelos imperadores romanos que perseguiram a Igreja (Nero, Trajano, Domiciano, Décio, Severo, Diocleciano…), mas sempre houve um sucessor para conduzir a Barca da Igreja. Filipe IV o Belo, da França, subjugou os papas por 70 anos em Avignon, mas Santa Catarina de Sena e Santa Brígida da Suécia, o fizeram voltar a Roma triunfante. O mesmo Filipe IV mandou o seu comparsa Nogaret esbofetear Bonifácio VIII, em Anine, mas foi vencido. Napoleão Bonaparte mandou prender e humilhar o Pio VII nas masmorras do seu palácio de Fontanebleau em Paris, mas nesse mesmo palácio teve de assinar a rendição aos ingleses quando perdeu a batalha de Waterloo; o castigo lhe veio rápido.

Todos os poderosos que se lançaram contra o Vigário de Cristo na terra, o “doce Cristo na terra”, como dizia Santa Catarina de Sena, se viram derrotados. Não se atrevam a levantar as mãos pecadoras contra o enviado do Senhor!
Um dia, Dom Bosco teve aquele famoso sonho onde viu a Barca da Igreja num mar tempestuoso, sendo atacada de todos os lados. No leme estava o papa, que foi ferido e morto; mas outro o sucedeu no timão da Barca. E quando esta ameaçava naufragar, Dom Bosco viu surgirem duas colunas, uma de cada lado, e de cada uma saia uma corrente que se ligava na Caravela e não a deixava afundar, até o fim da viagem. Em cima de uma das colunas estava a Sagrada Eucaristia no Ostensório, e na sua base a frase: Salus credencium – Salvação dos que creem. Sobre a outra coluna estava a imagem de Nossa Senhora Auxiliadora, e na base a frase: “Auxilium Christianorum” – Auxiliadora dos Cristãos. Dom Bosco entendeu que Jesus garante a invencibilidade da Igreja pelo Papa, pela Virgem, e por Ele mesmo presente na Eucaristia.
Viva o Papa, viva a Igreja,
Viva Nossa Senhora e viva Cristo Rei!
Prof. Felipe Aquino

Fonte: Cléofas 

Angelus: Papa reza pelas vítimas do ataque terrorista na Turquia

29/06/2016

Ao meio-dia o Papa Francisco presidiu à oração do Angelus da Janela do Palácio Apostólico. Na sua mensagem começou por salientar o testemunho destes dois santos padroeiros da Igreja universal: Pedro, um “humilde pescador”, Paulo “mestre e doutor”. “Eles por amor de Cristo deixaram a sua pátria” – disse o Papa – e não pensando nos riscos, chegaram a Roma e aqui foram “anunciadores e testemunhas do Evangelho”.
“Acolhamos a sua mensagem! Conservemos o seu testemunho! A fé franca e forte de Pedro, o coração grande e universal de Paulo ajudar-nos-ão a ser cristãos alegres, fiéis ao Evangelho e abertos ao encontro com todos.”
O Papa Francisco recordou a bênção dos pálios dos arcebispos metropolitas e a presença de membros do Patriarcado Ecuménico de Constantinopla nesta Festa de S. Pedro e S. Paulo.
Após a oração do Angelus o Papa Francisco rezou pelas vítimas do atentado terrorista da noite de terça-feira dia 28 de Junho:
“…ontem à noite, em Istambul, aconteceu um brutal atentado terrorista que matou e feriu muitas pessoas. Rezemos pelas vítimas, pelos familiares e pelo caro povo turco. O Senhor converta os corações dos violentos e apoie os nosso passos pelo caminho da paz.”
O Papa Francisco a todos deu a sua bênção, pediu para os fiéis não se esquecerem de rezar por ele e desejou-lhes um bom almoço.
(RS)

Rádio Vaticano 

Papa: oração é a via de saída para os fechamentos

29/06/2016


Quarta-feira, 29 de junho – Festa de S. Pedro e S. Paulo no Vaticano com a Eucaristia presidida pelo Papa Francisco e a imposição do pálio aos novos arcebispos metropolitas. Este ano foram 25 provenientes da França, do Equador, dos Estados Unidos da América, das Antilhas, da Itália, da Espanha, da Bélgica, da Turquia, de Cuba, do México, da Polónia, das Ilhas Salomão, de Mianmar e do Benin. De língua portuguesa foi imposto o pálio a quatro arcebispos brasileiros: D. Roque Paloschi, de Porto Velho (Rondônia), D. Zanoni Demettino Castro, de Feira de Santana (Bahia), D. Rodolfo Luís Weber, de Passo Fundo (Rio Grande do Sul), D. Darci José Nicioli, C.SS.R. de Diamantina (Minas Gerais).
Na sua homilia o Papa falou do binómio fechamento/abertura do qual vem o símbolo das chaves de S. Pedro. Francisco recordou que “Jesus promete a Simão Pedro para que ele possa, sem dúvida, abrir às pessoas a entrada no Reino dos Céus, e não fechá-la como faziam alguns escribas e fariseus hipócritas que Jesus censura” – observou o Santo Padre.
A leitura dos Atos dos Apóstolos no seu capítulo 12 “apresenta-nos três fechamentos: o de Pedro na prisão; o da comunidade reunida em oração; e o da casa de Maria, mãe de João chamado Marcos, a cuja porta foi bater Pedro depois de ter sido libertado”. E a via de saída é a oração:
“No que diz respeito aos fechamentos a oração é a via de saída principal; é a via de saída para a comunidade, que corre o risco de se fechar em si mesma por causa da perseguição e do medo; via de saída para Pedro que, já no início da missão que o Senhor lhe confiara, é lançado na prisão por Herodes e corre o risco de ser condenado à morte. Enquanto Pedro estava na prisão, «a Igreja orava a Deus, instantemente, por ele» (At 12, 5). E o Senhor responde à oração com o envio do seu anjo para o libertar, «arrancando-o das mãos de Herodes» (cf. v. 11). A oração, como humilde entrega a Deus e à sua santa vontade, é sempre a via de saída dos nossos fechamentos pessoais e comunitários.”
Também Paulo ao escrever a Timóteo “fala da sua experiência de libertação, de saída do perigo de ser ele também condenado à morte; mas o Senhor esteve ao seu lado e deu-lhe força para poder levar a bom termo a sua obra de evangelização dos gentios” – afirmou Francisco.
Na homilia do Santo Padre importante referência para o percurso de fé de Pedro, o pescador galileu, envolvido  num caminho longo e duro no qual foi decisiva a “oração de Jesus” e o Seu olhar após Pedro O ter negado três vezes,  “um olhar que toca o coração e liberta as lágrimas do arrependimento” – disse o Papa.
No final da sua homilia importante referência de Francisco para a casa onde procura guarida Pedro após a libertação da “prisão de Herodes”. Segundo o Evangelho de Lucas estavam ali «numerosos fiéis estavam reunidos a orar». Assim, a “oração permite que a graça abra uma via de saída: do fechamento à abertura, do medo à coragem, da tristeza à alegria.”
E o Papa Francisco acrescentou ainda que a oração leva-nos da divisão à unidade, tendo aproveitado para saudar os “irmãos da Delegação enviada pelo amado Patriarca Ecuménico Bartolomeu para participar na festa dos Santos Padroeiros de Roma. Uma festa de comunhão para toda a Igreja, como põe em evidência também a presença dos Arcebispos Metropolitas que vieram para a bênção dos Pálios, que lhes serão impostos pelos meus Representantes nas respetivas Sedes” – declarou o Santo Padre.
Recordemos que o pálio é produzido com lã branca, com cerca de 5cm de largura e dois apêndices – um na frente e outro nas costas. Possui seis cruzes bordadas em lã preta. É confeccionado pelas monjas beneditinas do Mosteiro de Santa Cecília, em Roma, utilizando a lã de dois cordeiros que são oferecidos ao Papa no dia 21 de janeiro de cada ano na Solenidade de Santa Inês.
O uso do pálio, que nos primeiros séculos do Cristianismo era exclusivo dos Papas, passou a ser usado pelos Metropolitanos a partir do século VI, tradição que perdura até aos nossos dias. O pálio é símbolo do serviço e da promoção da comunhão na própria Província Eclesiástica e na sua comunhão com a Sé Apostólica.
(RS)

Rádio Vaticano 

28 de jun. de 2016

Bartolomeu I: diálogo na caridade leva ao enriquecimento espiritual

28/06/2016


O compromisso ecumênico na defesa das minorias perseguidas e a importância dos princípios cristãos diante da crise dos migrantes e refugiados. Estas foram as duas passagens-chave da carta enviada ao Papa pelo Patriarca Ortodoxo Ecumênico, Bartolomeu I. A missiva foi entregue ao Pontífice na manhã desta terça-feira, durante a audiência concedida à delegação do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla. 
“As nossas Igrejas escutam o grito das vítimas de violência e fanatismo, discriminações e perseguições, injustiças sociais, pobreza e fome”, escreve Bartolomeu na carta ao Papa, recordando “com profunda gratidão” o encontro realizado em Lesbos, em 16 de abril passado. Um encontro – sublinha o Patriarca – que teve o objetivo de oferecer “apoio aos migrantes e refugiados, dando a eles coragem e esperanças”, mas também defender  “a necessidade de garantir uma solução pacífica diante da maior crise humanitária desde os tempos da II Guerra Mundial, cujas vítimas contam também populações cristãs”.
Civilização europeia não pode ser compreendida sem raízes cristãs
Em particular, Bartolomeu lança um olhar para a Europa: “A atual crise dos migrantes e dos refugiados – afirma – demonstrou a necessidade, para as nações europeias, de enfrentar o problema com base nos princípios cristãos de fraternidade e justiça social”. Neste sentido, o chamado para reconhecer  que “a civilização europeia não pode ser entendida sem fazer referência às suas raízes cristãs”, porque “o seu futuro não pode ser uma sociedade inteiramente secularizada ou sujeita exclusivamente à economia ou ao fundamentalismo”. De fato – explica Bartolomeu –“a cultura da solidariedade alimentada pela cristandade não se preserva por meio do progresso da internet e da globalização”.
Caminho ecumênico, diálogo de verdade na caridade
Em seguida, o Patriarca invoca o empenho ecumênico para o bem da humanidade, para sua liberdade, em contraste contra o mal social e no esforço de fazer prevalecer a justiça e a paz. Um compromisso comum que constitui “um bom testemunho para a Igreja de Cristo – escreve Bartolomeu – fortalecendo as recíprocas responsabilidades espirituais diante dos desafios contemporâneos”.
Quanto ao caminho rumo à unidade de ortodoxos e católicos, o Patriarca afirma que o diálogo na caridade “confirma os comuns modelos cristãos” e leva “ao conhecimento teológico, à experiência ecumênica e ao recíproco enriquecimento espiritual”.
Conversão ecológica para salvaguardar a criação
Outro ponto central da mensagem é a salvaguarda da criação, tema muito caro também ao Patriarca Ecumênico, cujo compromisso também é recordado pelo Papa Francisco na “Encíclica Laudato Si, sobre o cuidado da casa comum”. Bartolomeu sublinha “as causas espirituais e morais da crise ecológica atual” e alerta para a necessidade de “uma mudança radical de atitudes” para encontrar uma solução.
Oração pelo êxito do Sínodo Pan-Ortodoxo

Olhando, então, ao Sínodo pan-ortodoxa recém concluído em Creta, Bartolomeu pediu ao Papa para rezar por "um resultado frutuoso de tal encontro", o primeiro depois de mais de um mil de anos. Finalmente, o Patriarca reza a Deus para que fortaleça o Papa "para o bem da Igreja e a unidade dos cristãos, em benefício da humanidade tão perturbada". (JE/IP)

Rádio Vaticano 

Fazer da Misericórdia o critério das nossas relações recíprocas

28/06/2016 

À Delegação do Patriarcado Ecuménico de Constantinopla, vinda a Roma para partilhar com a Igreja Católica a alegria das festividades dos Apóstolos Pedro e Paulo, o Papa dirigiu a palavra agradecendo a Sua Santidade o Patriarca Bartolomeu e ao Santo Sínodo pelo envio de tão importante Representação, e sublinhou o facto de desta vez a festa calhar no ano Jubilar da Misericórdia, um tempo favorável para contemplar o mistério do amor infinito do Pai e para tornar mais forte – disse – o nosso testemunho desse mistério”. Misericórdia que os Santos Pedro e Paulo, cada um à sua maneira, viveram na vida pessoal depois de ter passado pelo pecado: Pedro  renegando Cristo, e Paulo perseguindo a Igreja. Mas ambos tornaram-se “incansáveis  anunciadores e impávidos testemunhos da salvação oferecida por Deus a cada homem em Jesus Cristo”. Misericórdia divina, que a Igreja – feita de pecadores redimidos pelo Baptismo – continua a proclamar – disse Francisco.
Recordando que a festa destes dois Apóstolos renova a memória da experiência de graça e perdão comum a todos os crentes em Cristo, o Papa sublinhou que “existem desde os primeiros séculos muitas diferenças entre a Igreja de Roma e a de Constantinopla no âmbito litúrgico, nas disciplinas eclesiásticas e também no modo de formular a única verdade revelada”. Mas na base de todas estas formas concretas “está sempre a mesma experiência do amor infinito de Deus (…) e a mesma vocação a ser testemunhos desse amor em relação a todos” – referiu, continuando:
Reconhecer que a experiência da misericórdia de Deus é o vinculo que nos liga, implica que devemos fazer cada vez mais da misericórdia o critério das nossas relações recíprocas. Se, como católicos e ortodoxos, queremos proclamar juntos as maravilhas da misericórdia de Deus ao mundo inteiro, não podemos conservar entre nós sentimentos e atitudes de rivalidade, de desconfiança, de rancor. A própria misericórdia nos liberta do peso de um passado marcado por conflitos e nos permite abrir ao futuro em direcção ao qual o Espírito Santo nos guia”.
Um contributo à superação dos obstáculos que impedem de recuperar a unidade é dado pelo diálogo teológico – disse Francisco, exprimindo apreço pelo trabalho da Consulta Teológica ortodoxa-católica da América do Norte existente desde há 50 anos e que se reunirá no próximo mês de Setembro com a Comissão Mista Internacional para o Dialogo Teológico entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa. O Papa definiu de preciosa a tarefa dessa Comissão.
Francisco recordou depois a sua visita à ilha de Lesbos, em abril passado para visitar os prófugos e migrantes, dizendo que uma grande consolação naqueles momentos tão tristes – em que viram o desespero nos olhos de homens, mulheres e crianças com o futuro incerto – foi “a forte aproximação humana e espiritual” que experimentou juntamente com “o Patriarca Bartolomeu e o arcebispo Ieronymo” de Atenas e de toda a Grécia. E o Papa acrescentou que “guiados pelo Espírito Santo” estão a tomar “cada vez mais consciência” de que católicos e ortodoxos têm a “comum responsabilidade perante o necessitado” e isto em “obediência ao único Evangelho de Jesus”.
E antes de concluir, assegurando a sua bênção e fraterno respeito pelo irmão Bartolomeu, Bergoglio disse ter acompanhado com a oração o recente Concílio Panortodoxo realizado em Creta, desejando que dê bons frutos.
O Papa almoçou depois com a delegação de Constantinopla.
(DA)

Radio Vaticano 

Papa: Bento XVI continua a servir a Igreja com vigor e sabedoria

28/06/2016 


O Papa Emérito Bento XVI faz 65 anos de ordenação sacerdotal neste dia 28 de Junho e foi recebido pelo Papa Francisco na Sala Clementina numa pequena celebração. Disto nos fala a nossa colega do programa brasileiro Mariângela Juguraba:
“Hoje, festejamos a história de um chamado iniciado há 65 anos com a sua Ordenação sacerdotal ocorrida na Catedral de Frisinga em 29 de junho de 1951”, disse Francisco a Bento XVI. 
“Em uma das mais belas páginas que o senhor dedica ao sacerdócio, sublinha como, na hora do chamado definitivo de Simão, Jesus, olhando para ele, no fundo pergunta-lhe somente uma coisa: ‘Me amas?’. Como é bonito e verdadeiro isto! Porque é aqui, o senhor nos diz, é neste "me amas" que o Senhor funda o apascentar, porque somente se existe amor pelo Senhor Ele pode apascentar por meio de nós”, frisou ainda o Pontífice. 
“É esta a nota que domina uma vida inteira dedicada ao serviço sacerdotal e à teologia que o senhor não por acaso definiu como a ‘busca do amado’; é isto que o senhor sempre testemunhou e testemunha ainda hoje: que a coisa decisiva nos nossos dias - de sol ou de chuva - a única com a qual vem também todo o resto, é que o Senhor esteja realmente presente, que o desejemos, que interiormente sejamos próximos a ele, que o amemos, que realmente acreditemos profundamente nele e acreditando o amemos verdadeiramente. É este amar que realmente nos preenche o coração, este acreditar é aquilo que nos faz caminhar seguros e tranquilos sobre as águas, mesmo em meio à tempestade, precisamente como acontece a Pedro; este amar e este acreditar é o que nos permite de olhar ao futuro não com medo ou nostalgia, mas com alegria, também nos anos já avançados de nossa vida.”
Testemunho
“E assim, precisamente vivendo e testemunhando hoje em modo tão intenso e luminoso esta única coisa realmente decisiva - tendo o olhar e o coração voltado a Deus - o senhor, Santidade, continua servindo a Igreja, não deixa de contribuir realmente com o vigor e a sabedoria para o crescimento dela”, disse Francisco que acrescentou: 
“E o faz daquele pequeno Mosteiro Mater Ecclesiae no Vaticano, que se revela desta forma ser bem outra coisa do que um daqueles cantinhos esquecidos nos quais a cultura do descarte de hoje tende a relegar as pessoas quando, com a idade, as suas forças começam a faltar. É bem ao contrário; e isto permite que o diga com força o seu Sucessor que escolheu chamar-se Francisco!".
"Porque o caminho espiritual de São Francisco iniciou em São Damião, mas o verdadeiro lugar amado, o coração pulsante da ordem, lá onde o fundou e onde no final rendeu sua vida a Deus foi a Porciúncula, a 'pequena porção', o cantinho junto à Mãe da Igreja; junto a Maria que, pela sua fé tão firme e pelo seu viver tão inteiramente do amor e no amor com o Senhor, todas as gerações chamarão bem-aventurada. Assim, a Providência quis que o senhor, caro irmão, chegasse a um lugar por assim dizer propriamente 'franciscano' do qual emana uma tranquilidade, uma paz, uma força, uma confiança, uma maturidade, uma fé, uma dedicação e uma fidelidade que me fazem tão bem e dão força para mim e para toda a Igreja".
Palavras de Bento XVI
E o Papa Francisco concluiu: “Que o senhor, Santidade, possa continuar sentido a mão do Deus misericordioso que o sustenta, que possa experimentar e nos testemunhar o amor de Deus; que, com Pedro e Paulo, possa continuar exultando de alegria enquanto caminha rumo à meta da fé.” 
A seguir, o Papa emérito Bento XVI, em um breve discurso improvisado de agradecimento, recordou que sua vida sacerdotal foi marcada desde o início pela palavra grega "Eucharistomen" e suas tantas dimensões.
“Ao final, queremos nos incluir neste obrigado do Senhor e, assim, receber realmente a novidade da vida e ajudar a transubstanciação do mundo, que seja um mundo não de morte, mas de vida – um mundo no qual o amor venceu a morte.”

Rádio Vaticano 

27 de jun. de 2016

Francisco se despediu da Arménia: perdão e reconciliação

26/06/2016 


Cidade do Vaticano  -  O Papa Francisco concluiu a sua Viagem Apostólica à Arménia na tarde de hoje, domingo, 26 de Junho depois de uma jornada plena que iniciou às 7.30 de manhã e se concluiu às 18.30 horas locais com a descolagem do aeroporto de Yerevan, sendo a chegada ao aeroporto romano de Ciampino prevista para as 20,30 horas locais de Roma.

De sublinhar que Francisco concluiu a sua visita apostólica no Mosteiro de Khor Virap, tendo oferecido à comunidade do mosteiro, uma lâmpada de prata constituída por uma cruz armena e pela representação do lugar onde S. Gregório, o Iluminador, viveu durante a sua prisão antes da conversão do Rei Tiridate III

<<Estou feliz por ter visitado a Arménia, primeiro país a abraçar a fé cristã, e agradeço a todos pelo acolhimento>>. Esta, é a mensagem que o Papa Francisco enviou esta tarde à sua conta tweeter @pontífex, para precisamente se despedir do povo arménio que lhe acolheu nestes dias com tanta alegria e esperança cristã.

Esta décima quarta viagem apostólica de Francisco foi uma autêntica peregrinação marcada pelo empenho ecuménico e pelo esforço de Roma e Arménia em caminharem juntos rumo à plena união.
(FL)

Rádio Vaticano 

O Papa e Kerekin II assinam Declaração Comum: unidade e paz

26/06/2016

Na Declaração os dois chefes religiosos sublinham a necessidade de caminhar juntos com vista no melhoramento das relações entre as duas Igrejas. Alargam também o olhar a toda a humanidade, esperançosos de que a fé comum em Cristo os ajudará a contribuir para um mundo melhor.
São quatro páginas de agradável leitura e reflexão e em que Francisco e Kerekin II começam por dar graças a Deus pela “crescente proximidade na fé e no amor entre a Igreja Apostólica Arménia e a Igreja Católica no seu testemunho comum da mensagem do Evangelho da salvação do mundo dilacerado por conflitos e desejoso de conforto e esperança” .
Recordam, depois, os grandes momentos nesta senda: a visita de João Paulo II à Arménia em 2001 por ocasião dos 1700 anos da proclamação do cristianismo como religião do país, e a solene liturgia na Basílica de São Pedro em Roma no dia 12 de Abril de 2015, onde as duas Igrejas se empenharam a  continuar na linha expressa pela precedente Declaração conjunta de 2001 assinada pelo Papa João Paulo II e pelo Catholicos, ou seja: opor-se “a toda a forma de discriminação e violência” e comemorar as vítimas daquilo que essa Declaração assinalara como “o extermínio de um milhão e meio de cristãos arménios, naquele que geralmente é referido como o primeiro genocídio do século XX”.
Satisfeitos por a fé cristã ter voltado a vibrar na Arménia, Francisco e Kerekin II chamam, todavia, a atenção para a tragédia imensa dos nossos dias de contínuos conflitos de vária natureza no mundo inteiro, e de modo particular no Médio Oriente, com a consequência de minorias étnicas e religiosas voltarem a ser alvo de perseguição diária. Mártires pertencentes a todas as Igrejas e cujo sofrimento é um “ecumenismo de sague” que transcende as divisões históricas entre os cristãos, convidando, assim, a promover a unidade. 
Empenhando-se nesta linha, os dois líderes religiosos imploram também os líderes das nações “a ouvir o apelo de milhões de seres humanos que anseiam pela paz e a justiça no mundo, que pedem respeito pelos direitos dados por Deus, que têm necessidade de pão, não de armas”.
Denunciam igualmente o uso fundamentalista da religião e dos valores religiosos para “justificar a difusão do ódio, discriminação e violência”. Isto – frisam – “é inaceitável”, porque “Deus não um Deus de desordem, mas de paz”. E o respeito pelas diferenças religiosas é condição necessária para a convivência pacífica”.  Como cristãos somos chamados a procurar e a implementar caminhos para a reconciliação e a paz – sublinham, manifestando a esperança de uma “resolução pacífica das questões em torno do Nagorno-Karabakh”. 
No espírito cristão de acolhimento e ajuda, pedem aos fiéis de ambas as Igreja para abrirem os corações e as mãos às vítimas da guerra e do terrorismo, aos refugiados e suas famílias. Reconhecendo o que está a ser feito, sublinham, contudo, que é preciso que os líderes políticos e a comunidade internacional façam muito mais para garantir o direito de todos a viver em paz e na segurança.
Outro aspecto que preocupa tanto o Papa Francisco como o Catholicos Karekin II é a crise da família em muitos países. Declaram ter a mesma visão da família fundada no matrimónio entre um homem e uma mulher.
A Declaração conjunta hoje assinada pelo Papa e Kerekin II faz ainda notar, com prazer, que “apesar das divisões que subsistem entre os cristãos” há uma mais clara percepção de que o que os “une é muito mais” do que aquilo que os “divide”. 
Na linha das palavras evangélicas “que todos sejam um”, é enaltecida “a nova fase” que se tem vindo a criar entre a Igreja Apostólica Arménia e a Igreja Católica, graças às orações e aos esforços comuns no sentido de ultrapassar os desafios contemporâneos. E mostram-se convictos da “importância crucial de avançar nesta relação, promovendo uma colaboração mais profunda e decisiva, não só na área da teologia, mas também na oração e na cooperação activa a nível das comunicadas locais, com o objectivo de compartilhar a comunhão plena e expressões concretas de unidade”.
Com esta convicção e clarividência Francisco e Kerekin II exortam os seus “fiéis a trabalhar harmoniosamente pela promoção na sociedade dos valores cristãos que contribuam efectivamente  para construir uma civilização de justiça, paz e solidariedade humana”
(DA) 
A seguir a Declaração na íntegra 

VISITA APOSTÓLICA DO SANTO PADRE À ARMÉNIA
DECLARAÇÃO COMUM
DE SUA SANTIDADE FRANCISCO
E DE SUA SANTIDADE KAREKIN II
NA SANTA ETCHMIADZIN, REPÚBLICA DA ARMÉNIA

Hoje na Santa Etchmiadzin, centro espiritual de Todos os Arménios, nós, o Papa Francisco e o Catholicos de Todos os Arménios Karekin II, elevamos as nossas mentes e corações em ação de graças ao Todo-Poderoso pela progressiva e crescente proximidade na fé e no amor entre a Igreja Apostólica Arménia e a Igreja Católica no seu testemunho comum à mensagem do Evangelho da salvação num mundo dilacerado por conflitos e desejoso de conforto e esperança. Louvamos a Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, por ter permitido que nos reunamos na terra bíblica de Ararat, que permanece como uma memória de que Deus será para sempre a nossa proteção e salvação. Grande prazer espiritual nos dá lembrar que, em 2001, por ocasião dos 1700 anos da proclamação do cristianismo como religião da Arménia, São João Paulo II visitou a Arménia e foi testemunha duma nova página nas relações calorosas e fraternas entre a Igreja Arménia Apostólica e a Igreja Católica. Estamos gratos pela graça que tivemos de estar juntos numa solene liturgia na Basílica de São Pedro em Roma no dia 12 de abril de 2015, onde empenhamos a nossa vontade de nos opor a toda a forma de discriminação e violência, e comemoramos as vítimas daquele que a Declaração Comum de Sua Santidade João Paulo II e Sua Santidade Karekin II assinala como «o extermínio de um milhão e meio de cristãos arménios, naquele que geralmente é referido como o primeiro genocídio do século XX» (27 de Setembro de 2001).
Louvamos ao Senhor por a fé cristã ser, hoje, novamente uma realidade vibrante na Arménia e por a Igreja Arménia exercer a sua missão com espírito de colaboração fraterna entre as Igrejas, sustentando os fiéis na construção dum mundo de solidariedade, justiça e paz.
Infelizmente, porém, estamos a ser testemunhas duma tragédia imensa que se desenrola diante dos nossos olhos: inúmeras pessoas inocentes que são mortas, deslocadas ou forçadas a um exílio doloroso e incerto devido a contínuos conflitos por motivos étnicos, económicos, políticos e religiosos no Médio Oriente e noutras partes do mundo. Em consequência, minorias religiosas e étnicas tornaram-se alvo de perseguição e tratamento cruel, a ponto de o sofrimento por uma crença religiosa se tornar uma realidade diária. Os mártires pertencem a todas as Igrejas e o seu sofrimento é um «ecumenismo de sangue» que transcende as divisões históricas entre os cristãos, convidando-nos a todos a promover a unidade visível dos discípulos de Cristo. Juntos rezamos, por intercessão dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, Tadeu e Bartolomeu, por uma mudança de coração em todos aqueles que cometem tais crimes e naqueles que estão em posição de acabar com a violência. Imploramos aos líderes das nações que ouçam o apelo de milhões de seres humanos que anseiam pela paz e a justiça no mundo, que pedem respeito pelos seus direitos dados por Deus, que têm necessidade urgente de pão, não de armas. Infelizmente, estamos a ser testemunhas duma apresentação fundamentalista da religião e dos valores religiosos, usando tal forma para justificar a difusão de ódio, discriminação e violência. A justificação de tais crimes com base em conceções religiosas é inaceitável, porque «Deus não é um Deus de desordem, mas de paz» (I Coríntios 14, 33). Além disso, o respeito pelas diferenças religiosas é condição necessária para a convivência pacífica de diferentes comunidades étnicas e religiosas. Precisamente por sermos cristãos, somos chamados a buscar e implementar caminhos para a reconciliação e a paz. A propósito, expressamos também a nossa esperança duma resolução pacífica das questões em torno de Nagorno-Karabakh.
Conscientes do que Jesus ensinou aos seus discípulos, quando disse: «Tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de beber, era peregrino e recolhestes-me, estava nu e destes-me que vestir, adoeci e visitastes-me, estive na prisão e fostes ter comigo» (Mateus 25, 35-36), pedimos aos fiéis das nossas Igrejas que abram os seus corações e mãos às vítimas da guerra e do terrorismo, aos refugiados e suas famílias. Em causa está o próprio sentido da nossa humanidade, da nossa solidariedade, compaixão e generosidade, que só pode ser devidamente expresso numa imediata partilha prática de recursos. Reconhecemos tudo o que já se está a fazer, mas insistimos que é necessário muito mais, por parte dos líderes políticos e da comunidade internacional, em ordem a garantir o direito de todos a viver em paz e segurança, para defender o estado de direito, proteger as minorias religiosas e étnicas, combater o tráfico de seres humanos e o contrabando.
A secularização de amplos setores da sociedade, a sua alienação das ligações espirituais e divinas leva inevitavelmente a uma visão dessacralizada e materialista do homem e da família humana. A este respeito, estamos preocupados com a crise da família em muitos países. A Igreja Apostólica Arménia e a Igreja Católica compartilham a mesma visão da família, fundada no matrimónio como ato de livre doação e de amor fiel entre um homem e uma mulher.
Temos o prazer de confirmar que, apesar das divisões que subsistem entre os cristãos, percebemos mais claramente que aquilo que nos une é muito mais do que aquilo que nos divide. Esta é a base sólida sobre a qual será manifestada a unidade da Igreja de Cristo, de acordo com as palavras do Senhor: «que todos sejam um só» (João 17, 21). Na últimas décadas, a relação entre a Igreja Apostólica Arménia e a Igreja Católica entrou com êxito numa nova fase, fortalecida pelas nossas orações comuns e mútuos esforços a fim de superar os desafios contemporâneos. Hoje estamos convencidos da importância crucial de avançar nesta relação, promovendo uma colaboração mais profunda e decisiva, não somente na área da teologia, mas também na oração e na cooperação activa no nível das comunidades locais, com o objetivo de compartilhar a comunhão plena e expressões concretas de unidade. Exortamos os nossos fiéis a trabalhar harmoniosamente pela promoção na sociedade dos valores cristãos que contribuam efetivamente para construir uma civilização de justiça, paz e solidariedade humana. Diante de nós está a senda da reconciliação e da fraternidade. Possa o Espírito Santo, que nos guia para a verdade completa (cf. João 16, 13), sustentar todo o esforço genuíno por construir pontes de amor e comunhão entre nós.
Da Santa Etchmiadzin, apelamos a todos os nossos fiéis para se juntarem a nós nesta oração feita com as palavras de São Nerses o Gracioso: «Glorioso Senhor, aceitai as súplicas dos vossos servos e, graciosamente, atendei os nossos pedidos, pela intercessão da Santa Mãe de Deus, João Batista, o primeiro mártir Santo Estêvão, São Gregório nosso Iluminador, os Santos Apóstolos, Profetas, Teólogos, Mártires, Patriarcas, Eremitas, Virgens e todos os vossos Santos no céu e na terra. E a Vós, Santa e Indivisível Trindade, seja glória e adoração por todo o sempre. Ámen».

Santa Etchmiadzin, 26 de junho de 2016.


Sua Santidade Francisco                                  Sua Santidade Karekin II

Fonte: Rádio Vaticano 

Unidade e paz, o leitmotiv da visita do Papa à Arménia

26/06/2016


“Que a Igreja Arménia caminhe em paz e a comunhão entre nós seja plena”.  Este o desejo expresso pelo Papa Francisco no seu Tweet deste domingo, 26 de Junho, último dia da sua visita apostólica àquele país da Europa Oriental.
Depois da tarde de ontem em que destacamos de modo particular o encontro ecuménico e de oração pela paz, na Praça da República da capital arménia, Yerevan, perante uma multidão de quase 50 mil pessoas, o Papa tem neste domingo também uma jornada plena que iniciou às 7.30 da manhã se concluirá às 18.30 hora local com a descolagem do aeroporto de Yerevan e chegada ao aeroporto romano  de Ciampino por volta das 20.30, hora de Roma.  
Tal como faz na Casa Santa Marta, o Papa celebrou Missa esta manhã às 7.30, em privado, na Nunciatura Apostólica de Etchmiadzin, para onde se transferira ontem, sábado ao fim da tarde. Às 9.15 a sua primeira actividade pública: o encontro com os 14 Bispos arménios católicos, na presença de uma dúzia de sacerdotes que desempenham a sua actividade ministerial no país. Depois deste encontro de cerca de meia hora, o Papa tomou parte na Divina Liturgia, na esplanada de Santa Trindade de Etchmiadzin, ali perto.  No final da liturgia tanto o Cathólicos como o Papa Francisco dirigiram uma saudação aos fiéis. 
O Papa voltou a insistir sobre o conceito da unidade e falou de corações que batem em uníssono, de afecto reciproco e de aspirações concretas à plena comunhão entre as Igrejas cristãs. Mas essa unidade  - disse - “não deve ser nem submissão  de um ao outro, nem absorção, mas sim acolhimento de todos os dons que Deus deu a cada um para manifestar ao mundo inteiro o grande mistério da salvação realizada por Cristo. Sigamos a chamada de Deus à plena comunhão e aceleremos o passo em direcção a ela.”
Francisco exortou também a “ouvir a voz dos humildes, dos pobres, das vítimas do ódio”, assassinados por causa da sua fé, a “escutar as jovens gerações que imploram um futuro livre das divisões do passado”.  O Papa continuou convidando a olhar para “a luz da fé e a para a luz do amor que perdoa e reconcilia”.  
Bergoglio concluiu pedindo ao Cathólicos para lhe dar a sua bênção, assim como à Igreja Católica, “na caminhada em direcção à plena unidade” 
(DA) 

Rádio Vaticano 

"Os arménios sejam embaixadores de paz" - Papa no encontro ecuménico

25/06/2016


A última actividade do Papa na tarde deste sábado 25 de Junho, na Arménia foi o encontro ecuménico e oração pela Paz na Praça da República na cidade de Yerevan. Praça sobre a qual dão o Palácio do Governo e importantes ministérios e o Museu Nacional, uma praça com capacidade para cerca de 50 mil pessoas.
Numa cerimónia em língua arménia e em italiano, com Pai Nosso e leituras centradas sobre a paz, o Cathólicos e o Papa tomaram a palavra e saudaram-se em nome da paz…
O tema central do discurso do Papa foi o ecumenismo e a paz. Naquele que foi até agora o discurso mais longo desta viagem, o Papa enalteceu a comunhão, a “real e intima unidade” entre as Igrejas. “O nosso estar aqui juntos – disse – não é uma troca de ideias, é uma troca de dons”, pois que partilhamos, com grande alegria, os tantos passos dados na caminhada comum em direcção à unidade e que já está muito avançada.
Francisco recordou depois que a história da Arménia é marcada por uma fé forte, por terríveis sofrimentos, por magníficos testemunhos do Evangelho. Os numerosos mártires do País “são estrelas que no céu indicam o caminho que resta a percorrer, em direcção à comunhão plena”.
“A unidade não é uma vantagem estratégica a ser procurada por mútuo interesse” – continuou o Papa, frisando que o que Jesus pede é transmitir ao mundo a coerência do Evangelho. Mas para realizar a unidade, disse, “não basta a boa vontade”, mas sim “é indispensável a oração de todos, rezar uns pelos outros, uns com os outros”.
Francisco exortou também a “aumentar o amor recíproco, porque só a caridade pode sanar a memória e sarar as feridas do passado. Cancela os preconceitos, purifica e melhora as própria convicções.”
Os cristãos são, portanto, chamados, em nome de um amor mais humilde, a “ter a coragem de deixar as convicções rígidas e os interesses próprios”. Este amor que “se abaixa e se doa”, explica o Papa, permite “amolecer a dureza dos corações dos cristãos (…) virados para si mesmos e para os próprios interesses”. Com efeito – prosseguiu, é o amor humilde e generoso que “atrai a misericórdia do Pai, não os cálculos e as vantagens”.
A segunda parte do discurso do Papa foi centrada sobre a Paz. Inspirando-se no Evangelho de São João, Francisco recordou “os grandes obstáculos ao caminho da paz e as trágicas consequências da guerra”.
O seu pensamento foi de modo particular ao Médio Oriente, onde disse, se sofrem “violências e perseguições, devido ao ódio e a conflitos sempre fomentados pela praga da proliferação do comércio das armas, à tentação de recorrer à força e à falta de respeito pela pessoa humana, especialmente pelos débeis, pelos pobres e por aqueles que pedem apenas uma vida digna”.
Francisco passou depois a referir-se àquilo que os arménios definem o “Grande Mal”, definindo-o  “o terrível, o louco extermínio”, trágico mistério da iniquidade” que “permanece impressa na memória e que queima no coração”. Recordá-lo – sublinhou o Papa – “não só é oportuno, mas é um dever: seja uma advertência para todos os tempos, para que o mundo não volte a cair na espiral de semelhantes horrores!”.
A fé foi indicada pelo Papa como a “verdadeira força” capaz de transformar “também a dor maior” e fazer dela “semente para a paz no futuro”. Por outro lado, a memória “embebida de amor” abre “novos e surpreendentes caminhos”, onde “as tramas de ódio se transformam em projectos de reconciliação”. Daí o convite do Papa a “não deixar-se absorver pela força enganadora da vingança” e a empenhar-se em criar, incessantemente, “as condições para a paz”, ou seja “um trabalho digno para todos, atenção para com os mais necessitados e a luta sem trégua contra a corrupção, que deve ser extirpada”.
Aos jovens o Papa recordou: o “futuro vos pertence”. E exortou-os a tornar-se “construtores de paz, não notários do status quo, mas sim promotores activos de uma cultura do encontro e da reconciliação”.
O Papa exprimiu ainda o desejo de que “se retome o caminho da reconciliação entre o povo arménio e o turco”. E invocou a paz para o Nagorno Karabakh.
Francisco concluiu o seu mais extenso e porventura importante discurso deste sábado 25 na Arménia, com uma reflexão sobre São Gregório de Narek, definido “Doutor da Paz” e cuja solidariedade universal com a humanidade é uma grande mensagem cristã de paz e de misericórdia para todos. “Os Arménios sejam embaixadores de paz” concluiu Francisco.
(DA com PC) 

Rádio Vaticano 

Natividade de São João Batista: o maior dos profetas

A natividade de  São João Batista  é  uma solenidade muito importante no ano litúrgico, porque nesse dia lembramos o maior dos profetas, com...