25 de jun. de 2016

A Glória de João Batista

“Mas o anjo disse-lhe: Não temas, Zacarias, porque foi ouvida a tua oração: Isabel, tua mulher, dar-te-á um filho, e chamá-lo-ás João”. (Lucas 1, 13)
Deus escolheu uma Virgem imaculada para que nela fosse gerado o Seu Filho amado, o “Verbo humanado”, como dizia o doutor São Bernardo; escolheu um varão casto e justo para ser seu pai legal, São José; e escolheu João Batista para ser Seu Precursor, aquele que deveria anunciar ao povo judeu a chegada do Salvador. Por isso, João Batista é  considerado o último profeta do Antigo Testamento e o primeiro do Novo.
Sua concepção no seio envelhecido de sua mãe Isabel foi milagroso: “Mas o anjo disse-lhe: Não temas, Zacarias, porque foi ouvida a tua oração: Isabel, tua mulher, dar-te-á um filho, e chamá-lo-ás João”. (Lucas 1, 13)
No seu nascimento o povo perguntava maravilhado: “O que virá a ser este menino? De fato, a mão do Senhor estava com ele. E o menino crescia e se fortalecia em espírito. Ele vivia nos lugares desertos, até o dia em que se apresentou publicamente a Israel”. (Lc 1,66)
Por isso, João Batista é um dos poucos santos que a Igreja comemora a data do seu nascimento. Somente da Virgem Maria e de Jesus Cristo é celebrado a data natalícia. João foi escolhido por Deus, como diz o profeta Isaías, “já no ventre de sua mãe”. E foi santificado ainda no ventre de sua mãe diante da Virgem Maria.
O profeta Isaías já tinha profetizado que Deus o “preparou desde o nascimento para ser seu Servo – que eu recupere Jacó para ele e faça Israel unir-se a ele; aos olhos do Senhor esta é a minha glória”. (Is 49,4-6)
João pregou um batismo de conversão para todo o povo de Israel. Estando para terminar sua missão, declarou: “Eu não sou aquele que pensais que eu seja! Mas vede: depois de mim vem Aquele, do qual nem mereço desamarrar as sandálias” (cf. At 13,24-26). E o povo se curvava diante da pregação de João: “Ouvindo-o todo o povo, e mesmo os publicanos, deram razão a Deus, fazendo-se batizar com o batismo de João”. (Lc 7, 29)
O evangelista São Mateus narra com detalhes o trabalho de João: “Naqueles dias, apareceu João Batista, pregando no deserto da Judeia. Dizia ele: Fazei penitência porque está próximo o Reino dos céus. Este é aquele de quem falou o profeta Isaías, quando disse: “Uma voz clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas” (Is 40,3). João usava uma vestimenta de pêlos de camelo e um cinto de couro em volta dos rins. Alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. Pessoas de Jerusalém, de toda a Judeia e de toda a circunvizinhança do Jordão vinham a ele. Confessavam seus pecados e eram batizados por ele nas águas do Jordão. Ao ver, porém, que muitos dos fariseus e dos saduceus vinham ao seu batismo, disse-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da cólera vindoura? Dai, pois, frutos de verdadeira penitência. Não digais dentro de vós: Nós temos a Abraão por pai! Pois eu vos digo: Deus é poderoso para suscitar destas pedras filhos a Abraão. O machado já está posto à raiz das árvores: toda árvore que não produzir bons frutos será cortada e lançada ao fogo. Eu vos batizo com água, em sinal de penitência, mas aquele que virá depois de mim é mais poderoso do que eu e nem sou digno de carregar seus calçados. Ele vos batizará no Espírito Santo e em fogo. Tem na mão a pá, limpará sua eira e recolherá o trigo ao celeiro. As palhas, porém, queimá-las-á num fogo inextinguível. (Mt 3,1-17)
Jesus fez elogios eloquentes a João: “Em verdade vos digo: entre os filhos das mulheres, não surgiu outro maior que João Batista. No entanto, o menor no Reino dos céus é maior do que ele. ( Mt 11, 11). Desde a época de João Batista até o presente, o Reino dos céus é arrebatado à força e são os violentos que o conquistam”. (Mt 11, 12)
“Vós enviastes mensageiros a João, e ele deu testemunho da verdade. João era uma lâmpada que arde e ilumina; vós, porém, só por uma hora quisestes alegrar-vos com a sua luz”. ( Jo 5, 35)

Quando João Batista mandou seus discípulos perguntarem a Jesus: “És tu o que há de vir ou devemos esperar por outro?”, Jesus respondeu-lhes: “Ide anunciar a João o que tendes visto e ouvido: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos ficam limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, aos pobres é anunciado o Evangelho. Depois que se retiraram os mensageiros de João, ele começou a falar de João ao povo: Que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? Pois vos digo: entre os nascidos de mulher não há maior que João. Entretanto, o menor no Reino de Deus é maior do que ele”. (Lc 7, 22-28)
Jesus sempre se referia a João: “Pois veio João Batista, que nem comia pão nem bebia vinho, e dizeis: Ele está possuído do demônio”. (Lucas 7, 33)
Ao ver Jesus, João Batista o apresentou a seu discípulos de maneira certeira: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1,29). Assim, João dava a “identidade e a missão” de Jesus. Ele é aquele cordeiro que será imolado pela redenção da humanidade, cuja figura estava naqueles dois cordeirinhos que os judeus sacrificavam todos os dias no Templo, as seis horas da manhã e as seis horas da tarde (o holocausto perpétuo), para que Deus perdoasse os pecados do mundo. João mostrava assim a missão de Jesus, “arrancar com sua morte o pecado do mundo”, porque “o salário do pecado é a morte” (Rom 6,23). Mostrava-nos assim, que Jesus não veio para outra atividade, senão tirar  o pecado dos homens e instaurar o reino de Deus, da Graça.

Quando Jesus se apresentou para ser batizado por ele, João rejeitou: “Eu devo ser batizado por ti e tu vens a mim! Mas Jesus lhe respondeu: Deixa por agora, pois convém cumpramos a justiça completa. Então João cedeu. Depois que Jesus foi batizado, saiu logo da água. Eis que os céus se abriram e viu descer sobre ele, em forma de pomba, o Espírito de Deus. E do céu baixou uma voz: Eis meu Filho muito amado em quem ponho minha afeição. (Mt 3,1ss)
Quando Jesus perguntou a seus Apóstolos, “Quem os homens dizem que Eu sou?”, responderam: “Uns dizem que és João Batista; outros, Elias; outros pensam que ressuscitou algum dos antigos profetas”. (Lucas 9, 19)
Até Herodes Antipas, que o degolou, achava que João era um profeta: “O rei Herodes ouviu falar de Jesus, cujo nome se tornara célebre. Dizia: João Batista ressurgiu dos mortos e por isso o poder de fazer milagres opera nele” (Marcos 6, 14). Referindo-se a Jesus, disse: “É João Batista que ressuscitou. É por isso que ele faz tantos milagres” (Mt 14, 2). “O tetrarca Herodes ouviu falar de tudo o que Jesus fazia e ficou perplexo. Referindo-se a Jesus, Herodes dizia: Eu degolei João. Quem é, pois, este, de quem ouço tais coisas? E procurava ocasião de vê-lo. ( Lc 9,6- 9).
O Profeta Malaquias tinha anunciado: “Vou mandar-vos o profeta Elias, antes que venha o grande e temível dia do Senhor” (Ml 3,23). Por isso, os judeus interpretavam que Elias ressuscitaria e apareceria antes do Messias chegar; então, os discípulos perguntaram a Jesus: “Por que dizem os escribas que Elias deve voltar primeiro? Jesus respondeu-lhes: “Elias, de fato, deve voltar e restabelecer todas as coisas. Mas eu vos digo que Elias já veio, mas não o conheceram; antes, fizeram com ele quanto quiseram. Do mesmo modo farão sofrer o Filho do Homem. Os discípulos compreenderam, então, que ele lhes falava de João Batista” (Mt 17,11-13).
Mas, como todo profeta, João pagou com sangue sua pregação. Conhecemos bem essa história. Por ter tido a coragem profética de dizer a Herodes que era pecado ele ficar com a esposa de seu irmão Felipe, ele pagou com a vida. “Por instigação de sua mãe, a filha e Herodíades respondeu: Dá-me aqui, neste prato, a cabeça de João Batista”. (Mt 14, 8)
Prof. Felipe Aquino

Via: Cléofas 

Papa na Armênia: abandonar interesses próprios em nome da plena união

25/06/2016



Yerevan (RV) - O Papa Francisco participou do Encontro Ecumênico com a Oração pela Paz, na tarde de sábado (25/06), na Praça da República, em Yerevan. Cerca de 50 mil pessoas participaram da celebração, que reuniu católicos e ortodoxos.


"Vim como peregrino para encontrá-los e expressar-lhes meus sentimentos de afeto e o abraço fraterno de toda a Igreja Católica, que os ama e lhes é solidária”, disse o Pontífice no início do seu discurso, para recordar os fortes laços que unem Roma e a Armênia.
"Nos anos passados, graças a Deus, se intensificaram as visitas e os encontros entre as nossas Igrejas, sempre muito cordiais e memoráveis, expressando a sua gratidão a Deus por uma unidade 'real e íntima' entre ambas as Igrejas". 
O Papa agradeceu então pela fidelidade ao Evangelho do povo armênio, muitas vezes heroica, dom inestimável para todos os cristãos.
E acrescentou:
Unidade plena
“Partilhamos com grande alegria os numerosos passos de um caminho, bem avançado, e olhamos com confiança para o dia em que, com a ajuda de Deus, estaremos unidos junto ao altar do sacrifício de Cristo, na plenitude da comunhão eucarística. Rumo a esta meta tão desejada peregrinamos juntos, abrindo o coração ao companheiro de estrada sem temor e sem desconfiança”.
Neste trajeto, ressaltou Francisco, somos precedidos e acompanhados por tantas testemunhas e mártires, que selaram com o sangue a fé comum em Cristo: elas brilham no céu e nos indicam o caminho que ainda temos que percorrer rumo à plena comunhão. E, ao citar alguns exemplos de unidade armênios, o Santo Padre frisou que “a unidade não busca interesses mútuos, mas a realização do desejo de Jesus, que nos pede para cumprir a nossa missão: oferecer, com coerência, o Evangelho ao mundo".
E o Papa esclareceu:
Coragem para unir
“No caminho rumo à unidade, somos chamados a ter a coragem de deixar as nossas convicções rígidas e os interesses próprios, em nome do amor de Cristo, que se humilhou e se entregou em nome do amor humilde e generoso; este amor atrai a misericórdia do Pai, a bênção de Cristo e a abundância do Espírito Santo. Continuemos, decididos, o nosso caminho, ou melhor, corramos para a plena comunhão entre nós!”
Aqui, o Pontífice destacou outro aspecto do Encontro Ecumênico: o dom da paz:
“Como são grandes, hoje, os obstáculos no caminho da paz e trágicas as consequências das guerras! Penso nas populações forçadas a abandonar tudo, especialmente no Oriente Médio, onde muitos dos nossos irmãos e irmãs sofrem violências e perseguição por causa do ódio e dos conflitos, fomentados pelo flagelo da proliferação e do comércio de armas, pela tentação de recorrer à força e pela falta de respeito pelos seres humanos, sobretudo os mais vulneráveis, os pobres e os que querem apenas uma vida digna”.
"Grande mal"
Neste sentido, o Santo Padre recordou as terríveis provações pelas quais o povo armênio passou, há um século. Este trágico extermínio iníquo permanece impresso na memória e no coração de todos. Trata-se de uma advertência para que o mundo nunca mais caia na espiral de tais horrores. Os armênios, arautos e testemunhas da fé cristã, podem tornar-se sementes de paz e de reconciliação para o futuro.
E o Papa exortou sobretudo a juventude do país:
“Queridos jovens, este futuro lhes pertence. Valorizando a grande sabedoria dos seus antepassados, aspirem a se tornar construtores de paz, ativos promotores de uma cultura de encontro e de reconciliação. Deus abençoe o seu futuro e lhes conceda retomar o caminho de reconciliação entre o povo armênio e o povo turco, e que a paz possa surgir também no Nagorno Karabakh”.
Doutor da Igreja
Nesta perspectiva, o Bispo de Roma evocou outra grande testemunha e artífice da paz de Cristo na Armênia: São Gregório de Narek, “Doutor da Igreja”. Ele também poderia ser chamado “Doutor da Paz”, como ele mesmo escreveu no seu livro extraordinário, uma verdadeira “constituição espiritual do povo armênio”. São Narek, ciente das necessidades do próximo, quis identificar-se e interceder pelos mais vulneráveis e os pecadores de todos os tempos e lugares. E o Pontífice concluiu:
“Esta sua solidariedade universal com a humanidade é uma grande mensagem cristã de paz, um grito ardente que clama misericórdia para todos. Os armênios, presentes em muitos países, aos quais daqui envio um abraço fraterno, sejam mensageiros deste anseio de comunhão e embaixadores da paz”.
Paz
O mundo inteiro precisa deste anúncio, da presença e do testemunho genuíno do povo armênio, disse o Papa, que encerrou seu discurso com a saudação na língua local: “Kha’ra’rutiun amene’tzun”, ou seja, “a paz esteja convosco”!
O encontro ecumênico de oração terminou com um abraço fraterno entre o Papa Francisco e o Catholicos Karekin II, que juntos regaram uma videira plantada em uma arca de bronze, doação dos Armênios ao Papa.

Rádio Vaticano 

Missa do Papa na Armênia: Amor concreto é o cartão de visita do cristão

25/06/2016

Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco presidiu na manhã deste sábado (25/06), na praça central de Gyumri, à celebração da Missa votiva da "Misericórdia de Deus", da qual participou o Catholicos Karekin II.

Em sua homilia, o Papa partiu da citação de Isaías: "Levantarão os antigos escombros, restaurarão as cidades destruídas".
E explicou:
“Nestes lugares, podemos dizer que se realizaram as palavras do profeta Isaías, que ouvimos. Depois das terríveis devastações do terremoto, estamos aqui, hoje, para dar graças a Deus pela sua reconstrução. Gostaria de propor-lhes três alicerces estáveis sobre os quais edificar e reedificar a vida cristã: memória, fé e amor misericordioso”.
Ao explicar o primeiro alicerce, Francisco disse: “A primeira graça que devemos pedir a Deus é a “memória” do que o Senhor realizou em nós e por nós. Ele não nos esqueceu, mas “se lembrou’ de nós: escolheu-nos, amou-nos, chamou-nos e perdoou-nos. Mas também há outra memória a ser salvaguardada: a memória do povo.
Martírio
De fato, a memória do povo armênio, afirmou o Papa, é muito antiga e preciosa; através dela podemos reconhecer a presença de Deus. Apesar das adversidades, o Senhor visitou o seu povo e se recordou da sua fidelidade ao Evangelho, da sua fé e do seu testemunho, a ponto de dar o próprio sangue. Recordemos, com gratidão, que a fé cristã se tornou o respiro do seu povo e o coração da sua memória.
O segundo alicerce apresentado pelo Santo Padre é a “fé”, que constitui a esperança para o futuro e a luz no caminho da vida. A fé nasce e renasce do encontro vivificante com Jesus, da experiência da sua misericórdia, que ilumina todas as situações da vida.

Tudo isto renova a vida, torna-a livre e dócil às surpresas, pronta e disponível para o Senhor e para os outros. Desta forma, vocês podem dar continuidade à grande história de evangelização, da qual a Igreja e o mundo precisam, sobretudo nestes tempos conturbados.
O último alicerce proposto por Francisco, depois da memória e da fé, é o “amor misericordioso” sobre o qual se baseia a vida do discípulo de Jesus. O amor concreto é o cartão de visita do cristão.
Reconstruir
Como cristãos somos chamados a construir e reconstruir, incansavelmente, os caminhos da plena comunhão, edificando pontes de união e superando as barreiras que dividem. Os fiéis devem dar sempre o exemplo, colaborando, no respeito recíproco e no diálogo.
Refletindo ainda sobre a liturgia de hoje, o Pontífice frisou que “Deus está presente onde se ama, especialmente onde se cuida, com coragem e compaixão, dos fracos e pobres. Hoje, temos tanta necessidade de cristãos que não desanimam diante das adversidades, mas estejam disponíveis e abertos, prontos a servir, em uma sociedade mais justa.
Doutor da Igreja
Mas, como tornar-nos misericordiosos, perguntou o Papa, e respondeu inspirando-se no exemplo concreto de um grande arauto da misericórdia divina, que o próprio Santo Padre inseriu entre os Doutores da Igreja Católica: São Gregório de Narek, palavra e voz do povo armênio.
“Ele sempre colocou em diálogo as misérias humanas e a misericórdia de Deus, elevando uma ardente súplica feita de lágrimas e confiança no Senhor. Gregório de Narek é um mestre de vida, porque nos ensina que é importante reconhecermo-nos necessitados de misericórdia divina e abrir-nos, com sinceridade e confiança, ao Senhor”.
Conclusão
Por fim, Francisco invocou o Espírito Santo para obtermos o dom da misericórdia divina e de sempre amar. Que ele nos estimule à caridade e às boas obras, segundo a grande misericórdia divina.
No final da Celebração Eucarística, o Santo Padre expressou sua viva gratidão ao Catholicos Karekin II e ao Arcebispo Minassian pelas amáveis palavras de saudação, bem como ao Patriarca Ghabroyan e aos Bispos presentes, aos sacerdotes e às Autoridades:
“Agradeço a todos os que participaram desta celebração, vindos a Gyumri de diferentes regiões e até da vizinha Geórgia. Quero saudar, de modo particular, os que, com tanta generosidade e amor, ajudam os mais necessitados, sobretudo o hospital de Ashotsk, inaugurado há 25 anos e conhecido como o ‘Hospital do Papa’; nascido do coração de São João Paulo II, o hospital representa uma presença muito importante para quem sofre”.



Rádio Vaticano 

Francisco reza no Memorial das vítimas do genocídio armênio

25/06/2016

Yerevan (RV) – O primeiro compromisso do Papa Francisco no segundo dia de sua visita à Armênia, no sábado (25/06), foi a visita ao Memorial dedicado às vítimas do massacre da população armênia pelo Império turco-otomano em 1915.
Localizado na “colina das andorinhas” em Tzitzernakaberd e inaugurado em 1967, o local foi enriquecido em 1995 por ocasião do 80º aniversário dos massacres com um Museu, que conserva testemunhos e documentos sobre os massacres.
No Memorial, o Papa e o Catholicos foram acolhidos pelo Presidente, com o qual percorreram à pé a última parte do trajeto que leva ao monumento, aos pés do qual o Papa depositou uma coroa de flores. Um grupo de crianças portava imagens dos mártires de 1915. Diante da chama perpétua foi rezado o Pai Nosso.

Após a oração do Pai Nosso diante da “chama perpétua”, foram proclamadas duas leituras: a primeira tirada do Livros dos Hebreus (‘Tivestes que suportar uma dura luta’) e a segunda do Evangelho de João (‘Tudo o que pedirdes em meu nome, eu o farei’).
Ao final, o Papa pronunciou a Oração de intercessão:
Cristo, coroa os teu Santos
e cumpre a vontade de teus fieis e olhas com amor e doçura às tuas criaturas,
escuta-nos dos céus da tua santidade,
por intercessão da Santa Mãe de Deus,
pelas súplicas de todos os teus santos,
e daqueles de quem hoje é a memória.
Ouvi-nos, ó Senhor e tem piedade,
Perdoai-nos, expia e perdoa os nossos pecados.
Faze-nos dignos para glorificar-te
com sentimentos de graças, junto ao o Pai e ao Espírito Santo,
agora e sempre, pelos séculos dos séculos. Amém.
O Papa, o Catholicos e o Presidente armênio transferiram-se então para a esplanada do Museu do Memorial. Ao longo do percurso no jardim, o Papa regou uma árvore, como gesto simbólico da visita.
Na esplanada, o comovente encontro com cerca de dez descendentes de perseguidos armênios, que na época foram salvos e acolhidos na residência de verão dos Papas de Castel Gandolfo pelo Papa Pio XI.
Antes de despedir-se, o Papa Francisco assinou o Livro de Honra: 
"Aqui rezo, com dor no coração, – escreveu o Papa – para que nunca mais existam tragédias como essa, para que a humanidade não se esqueça e saiba vencer o mal com o bem. Deus conceda ao amado povo armênio e ao mundo inteiro a paz e a consolação. Que Deus guarde a memória do povo armênio. A memória não deve ser diluída nem esquecida, a memória é fonte de paz e de futuro".
(JE)
Rádio Vaticano

24 de jun. de 2016

Papa: povo armênio sempre encontrou em Cristo a força para se levantar

24/06/2016

Yerevan (RV) - O povo armênio guarda na sua memória não só as feridas do passado, mas também o espírito que sempre lhe permitiu começar de novo: disse o Papa Francisco em seu segundo discurso em terras armênias, no encontro com as autoridades, a sociedade civil e o Corpo diplomático.


O encontro deu-se no Palácio Presidencial, em Yerevan, na visita de cortesia ao Presidente da República, Serzh Sargsyan.
Tendo manifestado a alegria de visitar o país caucásico, o Pontífice falou de um povo de antigas e ricas tradições, que testemunhou corajosamente a sua fé, que sofreu muito, mas sempre voltou a renascer.
Após ter agradecido as palavras de boas-vindas do Presidente a ele dirigidas em nome do governo e dos habitantes da Armênia, Francisco recordou com esta visita retribuir a que fez o mandatário da nação ao Vaticano, no ano passado, ocasião em que se celebrou o centenário do Metz Yeghérn, o “Grande Mal”, que atingiu o povo armênio e causou a morte duma multidão enorme de pessoas, ressaltou.
Tragédia que atingiu o povo armênio marcou início das imensas catástrofes do século passado
Atendo-se a essa imane tragédia que no século passado se abateu contra o povo armênio, o Papa referiu-se a ela como o início das imensas catástrofes do Séc. XX, explicitando-a:
“Aquela tragédia, aquele genocídio, marcou o início, infelizmente, do triste elenco das imensas catástrofes do século passado, tornadas possíveis por aberrantes motivações raciais, ideológicas ou religiosas, que ofuscaram a mente dos verdugos até ao ponto de se prefixarem o intuito de aniquilar povos inteiros. É muito triste que – tanto neste como nos outros – as grandes potências internacionais olhavam para outro lado.”
Mesmo nos momentos mais trágicos da sua história, o povo armênio “sempre encontrou na Cruz e na Ressurreição de Cristo a força para se levantar de novo e retomar o caminho com dignidade”, disse o Santo Padre evidenciando que isso revela como são profundas as raízes da fé cristã e que tesouro infinito de consolação e esperança a mesma encerra. Feitas tais considerações, o Papa acrescentou, auspiciando com veemência:
Humanidade saiba tirar lições do passado
“Tendo diante dos nossos olhos os resultados nefastos a que conduziram, no século passado, o ódio, o preconceito e a ambição desenfreada de domínio, espero vivamente que a humanidade saiba tirar daquelas experiências trágicas a lição de agir, com responsabilidade e sabedoria, para evitar os perigos de recair em tais horrores.”
O Pontífice exortou a que se multipliquem os esforços, por parte de todos, a fim de que, nas disputas internacionais, prevaleçam sempre o diálogo, a busca constante e genuína da paz, a colaboração entre os Estados e o assíduo empenho das organizações internacionais, a fim de se construir um clima de confiança propício a alcançar acordos duradouros, que olhem para o futuro.
A Igreja Católica deseja colaborar ativamente com todos aqueles que têm a peito o destino da civilização e o respeito pelos direitos da pessoa humana, para fazer prevalecer no mundo os valores espirituais, desmascarando quantos deturpam o seu significado e beleza.
Unir forças para isolar quem instrumentaliza e manipula o Santo Nome de Deus
A esse propósito, Francisco foi taxativo:
“É de importância vital que quantos declaram a sua fé em Deus unam as suas forças para isolar quem quer que use a religião para levar a cabo projetos de guerra, opressão e perseguição violenta, instrumentalizando e manipulando o Santo Nome de Deus.”
Francisco denunciou mais uma vez a perseguição de que os cristãos são vítimas em muitas partes do mundo e os muitos conflitos que não encontram solução positiva.
Hoje, nalguns lugares, particularmente os cristãos – como e talvez mais do que na época dos primeiros mártires – são discriminados e perseguidos pelo simples fato de professarem a sua fé, ao mesmo tempo que demasiados conflitos em várias áreas do mundo permanecem ainda sem soluções positivas, causando lutos, destruições e migrações forçadas de populações inteiras.
Por isso, acrescentou, “é indispensável que os responsáveis pelo destino das nações empreendam, com coragem e sem tardar, iniciativas destinadas a pôr fim a estes sofrimentos, fazendo da busca da paz, da defesa e do acolhimento das pessoas que são alvo de agressões e perseguições, da promoção da justiça e dum desenvolvimento sustentável os seus objetivos primários”.
“O povo armênio experimentou estas situações na própria carne; conhece o sofrimento e a dor, conhece a perseguição; guarda na sua memória não só as feridas do passado, mas também o espírito que sempre lhe permitiu começar de novo. Neste sentido, encorajo-o a prestar a sua valiosa contribuição à comunidade internacional.”
Armênia celebra 25 anos de independência
Francisco recordou que este ano se celebra o 25º aniversário da independência da Armênia.
Os festejos por esta jubilosa ocorrência serão ainda mais significativos, afirmou o Pontífice, “se se tornarem para todos os armênios, na pátria e na diáspora, um momento especial de reunir e coordenar as energias com o objetivo de favorecer um desenvolvimento civil e social, équo e inclusivo, do país”.
O Papa lembrou que a história da Armênia caminha lado a lado com a sua identidade cristã, preservada no decurso dos séculos. Esta identidade cristã, longe de ser obstáculo para a sadia laicidade do Estado, observou, “exige-a e a alimenta, estimulando a cidadania participativa de todos os membros da sociedade, a liberdade religiosa e o respeito pelas minorias.
Identificar caminhos para superar tensões com países vizinhos
O Sucessor de Pedro afirmou ainda que “a coesão de todos os armênios e o maior esforço por identificar estradas úteis para superar as tensões com alguns países vizinhos tornarão mais fácil realizar estes objetivos importantes, inaugurando uma época de verdadeiro renascimento para a Armênia”.
“Deus abençoe e proteja a Armênia, terra iluminada pela fé, pela coragem dos mártires, pela esperança mais forte do que toda a dor”, concluiu o Pontífice.
Encerrada no Palácio Presidencial a visita de cortesia ao presidente armênio, o Santo Padre deslocou-se de Yerevan até Etchmiadzin – a 16Km da capital armênia –, onde, no Palácio Apostólico, teve um encontro pessoal com o Supremo Patriarca e Catholicós de todos os Armênios, Karekin II, seguido da apresentação das Delegações e de 45 bispos armênios apostólicos.
Ao término, Francisco retornou à residência – onde se encontra hospedado –, no Palácio Apostólico, onde jantou de forma privada, concluindo assim seu primeiro dia em terras armênias.
Para amanhã sábado, destaque para a visita ao Complexo Memorial de Tzitzernakaberd, dedicado à memória dos massacres de 1915 perpetrados contra a população armênia sob o império otomano. Ali, o Santo Padre deporá uma coroa de flores na parte externa do Monumento.
Ainda no sábado, destaque também para a santa missa que Francisco presidirá em Gyumri, às 11h locais (4h da manhã de Brasília), e para o Encontro ecumênico e oração pela paz, em Yerevan, às 19 locais (12h de Brasília). A Rádio Vaticano transmitirá ambos os eventos ao vivo, via satélite, para todo o Brasil e demais países de língua portuguesa cujas emissoras nos retransmitem. (RL)

Rádio Vaticano 

Papa na Catedral armênia: renovar o esforço da plena unidade

24/06/2016

Cidade do Vaticano (RV) – O Papa partiu, na manhã desta sexta-feira (24/6) para mais uma Viagem Apostólica, a 14ª do seu Pontificado, que o levou à Armênia.


Antes de partir para uma viagem internacional, o Pontífice costuma ir à Basílica de Santa Maria Maior para rezar diante da imagem de Nossa Senhora “Salus Populi Romani” pelo bom êxito da sua viagem. O ramalhete de flores que o Papa depositou aos pés da imagem mariana tinha as cores da bandeira armênia: vermelho, laranja e azul.
O Papa partiu do aeroporto romano de Fiumicino às 9h locais (4h de Brasília), com destino à capital armênia, Yerevan. Ao percorrer cerca de 3 mil quilômetros, em quatro horas, o Santo Padre  enviou, como de praxe, telegramas aos chefes de Estado dos países sobrevoados: Itália, Croácia, Bósnia-Erzegóvina, Montenegro, Sérvia, Bulgária e Turquia.
Francisco visita a Armênia a convite do Patriarca e Catholicos de todos os Armênios, Karekin II, e das autoridades políticas e da Igreja Católica.
Após a cerimônia de boas-vindas, no aeroporto de Yerevan, o Papa dirigiu-se para a Catedral Apostólica, em Etchmiadzin, para alguns momentos de oração.


Depois das cordiais saudações do Patriarca Karekin, o Santo Padre pronunciou seu discurso, agradecendo as boas vindas do Catholicós de Todos os Armênios, dizendo:
Fraternidade
“Atravessei, comovido, o limiar deste lugar sagrado, testemunha da história do seu povo, centro irradiador de espiritualidade; considero uma graça de Deus poder me aproximar do santo altar, de onde refulgiu a luz de Cristo na Armênia. Agradeço o grato convite para visitá-los e à Sua Santidade, por ter-me acolhido em sua casa. Este sinal de amor expressa, mais que as palavras, o profundo significado de amizade e caridade fraterna”.
Nesta ocasião, o Papa recordou que “a luz da fé confere à Armênia a sua identidade peculiar de mensageira de Cristo entre as Nações”, que a acompanhou e amparou, sobretudo nos momentos de maior provação:
“Inclino-me diante da misericórdia do Senhor, que quis que a Armênia se tornasse a primeira nação, desde o ano 301, a acolher o cristianismo como sua religião, em uma época em que ainda enfuriavam as perseguições. Para a Armênia, a fé em Cristo foi um elemento constitutivo da sua identidade, um dom de enorme valor defendido à custa da própria vida”.
Unidade
Aqui, o Pontífice invocou as bênçãos divinas sobre este luminoso testemunho de fé, demonstrado até com o martírio, e a fecundidade do Batismo, recebido há mais de 1700 anos. Agradeceu a Deus pelo caminho que a Igreja Católica e a Igreja Apostólica Armênia realizaram, mediante um diálogo sincero e fraterno, para chegar à plena partilha da Mesa Eucarística:
“Que o Espírito Santo nos ajude a realizar a unidade desejada por nosso Senhor, que pediu para que todos os seus discípulos sejam uma só coisa e o mundo creia. Apraz-me lembrar aqui o impulso decisivo dado à intensificação das relações e ao fortalecimento do diálogo entre as nossas duas Igrejas nos últimos tempos por Vasken I e Karekin I, e por São João Paulo II e Bento XVI”.
A seguir, Francisco afirmou que o nosso mundo - marcado por divisões e conflitos, bem como por graves formas de pobreza material e espiritual, incluindo a exploração das pessoas, crianças e idosos, - espera dos cristãos um testemunho de estima mútua e colaboração fraterna, que faça resplandecer diante de cada consciência o poder e a verdade da Ressurreição de Cristo. E acrescentou:
“O esforço paciente e renovado rumo à plena unidade, a intensificação das iniciativas comuns e a colaboração entre todos os discípulos do Senhor, tendo em vista o bem comum, representam uma luz e um apelo para viver, na caridade e na compreensão mútua, as nossas diferenças. O espírito ecumênico adquire valor exemplar e constitui um forte convite a compor as divergências através do diálogo e da valorização do que nos une”.
O Bispo de Roma concluiu seu pronunciamento ressaltando que “quando a nossa atividade é inspirada e movida pela força do amor de Cristo, crescem o conhecimento e a estima recíprocas, criam-se melhores condições para um caminho ecumênico frutuoso e, ao mesmo tempo, mostra a toda a sociedade um caminho concreto, que pode ser percorrido para harmonizar os conflitos que dilaceram a vida civil e causam divisões”.

Fonte: Rádio Vaticano 

Papa chega à Armênia: primeiro país cristão


24/06/2016 



Cidade do Vaticano (RV) - O Papa deu início esta sexta-feira (24/06) a sua visita de três dias à Armênia - a 14ª viagem internacional do seu Pontificado.
Francisco embarcou esta manhã do aeroporto internacional de Fiumicino e depois de quatro horas de voo e quase 3 mil quilômetros percorridos, chega à capital Yerevan às 14h49 (hora local).

Como é tradição, na véspera da viagem o Pontífice foi à Basílica de Santa Maria Maior para rezar diante da imagem de Nossa Senhora Salus Populi Romani pelo bom êxito da visita. As flores que o Papa depositou aos pés do altar tinham as cores da bandeira armênia (vermelho, laranja e azul).
Francisco visita a Armênia a convite do Patriarca e Catholicos de todos os Armênios, Karekin II, e das autoridades políticas e da Igreja Católica.
Programação
Após a cerimônia de boas-vindas, o Papa desloca-se para um momento de oração na Catedral Apostólica em Etchmiadzin, com saudações de Karekin II e Francisco.
Às 18 horas locais, está prevista a visita de cortesia do Papa Francisco ao Presidente da República, Serzh Sargsyan, no Palácio Presidencial, seguido pelo encontro com as autoridades civis e com o corpo diplomático, meia hora depois. Estes dois eventos serão transmitidos ao vivo pela Rádio Vaticano, com comentários em português.
O último compromisso do primeiro dia da viagem à Armênia será um encontro privado com Karekin II, no Palácio Apostólico.
Armênia e os Papas
Trata-se da segunda visita de um Papa ao país. S. João Paulo II esteve na Armênia em 2001. Ainda em 2016, Francisco regressa ao Cáucaso para visitar a Geórgia e o Azerbaijão, entre os dias 30 de setembro e 2 de outubro.
Como Arcebispo de Buenos Aires, Bergoglio teve oportunidade de se reunir com a comunidade armênia na Argentina, a terceira maior da diáspora.
Primeiro país cristão
A Armênia é considerada “o primeiro país cristão”, pois o rei Tiridates III proclamou o Cristianismo como religião de Estado em 301, ainda antes do Império Romano, sob o impulso de São Gregório, o Iluminador.
O rito armênio é um dos mais antigos do Cristianismo do Oriente, com origens que remontam à época apostólica com Tadeus e Bartolomeu – considerados os Apóstolos do país.

Rádio Vaticano 

Natividade de São João Batista: o maior dos profetas

A natividade de  São João Batista  é  uma solenidade muito importante no ano litúrgico, porque nesse dia lembramos o maior dos profetas, com...