9 de abr. de 2016

Audiência jubilar: a esmola é um aspecto essencial da misericórdia

09/04/2016  

Cidade do Vaticano (RV) – O Santo Padre presidiu, na manhã deste sábado (09/4) na Praça São Pedro, no Vaticano, à Audiência Jubilar, por ocasião do Ano Santo da Misericórdia.O tema de sua catequese foi "Esmola e misericórdia".


Entre os numerosos peregrinos e fiéis, provenientes de diversas partes da Itália e do mundo, encontravam-se os membros da Federação Italiana dos Semanais Católicos, por ocasião dos seus 50 anos de atividades, que reúne os principais jornais diocesanos da ação pastoral da Igreja na Itália.
Estiveram presentes também cerca de 1500 representantes da Universidade Católica do Sagrado Coração e da Fundação Policlínico Gemelli de Roma, por ocasião da Jornada Universitária, que se realiza neste domingo em toda a Itália. A Universidade Católica do Sagrado Coração, a maior universidade não estatal da Europa, foi fundada em 1921.
Em seu discurso, o Papa partiu da liturgia do dia, que permite descobrir um aspecto essencial da misericórdia: a esmola.
“Dar esmola pode parecer uma coisa simples, mas devemos fazer atenção para não esvaziar o grande conteúdo deste gesto. A palavra ‘esmola’, em grego, significa exatamente ‘misericórdia’. Logo, ela traz consigo toda a riqueza da misericórdia”.
O dever de dar esmola, explicou Francisco, é antigo como a Bíblia. O sacrifício e a esmola eram dois deveres obrigatórios para uma pessoa religiosa, que deveria recordar-se, de modo especial, dos pobres, dos estrangeiros, dos órfãos e das viúvas. Era como um estribilho bíblico. E o Papa acrescentou:
“Isto significa que a caridade requer, antes de tudo, uma atitude de alegria interior. Praticar a misericórdia não deve ser um peso ou um tédio, do qual livrar-nos rapidamente. Jesus deixou-nos um ensinamento insubstituível: não dar esmola para sermos louvados e admirados pela nossa generosidade”.
Não é a aparência que conta, adverte o Santo Padre, mas a capacidade de parar e olhar no rosto de quem pede esmola. Logo, não devemos identificar a esmola com uma simples moeda dada, sem olhar para quem a recebe e sem se informar sobre as suas necessidades. E o Papa concluiu:
“A esmola é um ato de amor que fazemos a quem encontramos; é um gesto de atenção sincera a quem pede ajuda. Tal gesto deve ser feito secretamente. Somente Deus pode ver e compreender o seu valor. Há maior alegria em dar do que em receber”.
Ao término da sua catequese, o Papa Francisco passou a cumprimentar os diversos grupos de peregrinos presentes na Praça São Pedro. Eis a saudação que fez aos fiéis de língua portuguesa:

“Com grande afeto, saúdo os peregrinos de língua portuguesa, em particular os grupos de Pontal e do Colégio São Bento do Rio de Janeiro, com votos de que possais vós todos dar-vos sempre conta do dom maravilhoso que é pertencer à Igreja. Vele sobre o vosso caminho a Virgem Maria e vos ajude a ser sinal de confiança e instrumento de caridade no meio dos vossos irmãos. Sobre vós e vossas famílias desça a Bênção de Deus. (MT). 

Rádio Vaticano 

O Papa com ex-prostitutas e transexuais: um abraço significativo

09/04/2016


Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco, na Audiência Jubilar este sábado na Praça São Pedro, deu um “significativo abraço” – como definido pelo L’Osservatore Romano – em um grupo de cinquenta mulheres e transexuais, provenientes de dez países, vítimas do tráfico de pessoas e da prostituição.
O esforço para encontrar um caminho de liberdade dos participantes do grupo tem o apoio da Associação Raboni - atuante na região da Reggio Emilia - dirigida pelo sacerdote Padre Daniele Simonazzi.
“Também as mulheres obrigadas a prostituírem-se – explica o jornal da Santa Sé – têm algo de bonito em seu interior a ser compartilhado, a ser apresentado ao Papa. Elas têm o desejo de rezar com ele, sobretudo pelos seus filhos”. De fato, no grupo não faltavam crianças.
Raboni nasceu em 1995 “como expressão do desejo de alguns cristãos da Igreja de Reggio de compartilhar o caminho de quem se encontra pelas ruas, com a ideia de estar ao lado da Cruz, de deixar-nos nós por primeiro visitar pela Igreja das ruas”. Assim, os voluntários se aproximaram das jovens, a maioria estrangeiras, que se prostituíam ao longo da Via Emilia e na região da Ponte Enza.
“Nestes anos – disse Padre Daniele ao L’Osservatore  Romano – encontramos tantas jovens. Uma parte delas está continuando o próprio caminho conosco ou o concluiu obtendo a própria autonomia e, em alguns casos, retornando para a própria pátria. Encontramos também as suas famílias e seus povos, em particular o albanês, o nigeriano e, mais recentemente, o romeno”. (JE)
Rádio Vanticano 

8 de abr. de 2016

8/4 – Santa Júlia Billiart

Júlia Billiart nasceu no dia 12 de julho de 1751, em Cuvilly, na França. De origem modesta, desde cedo Júlia revelou-se uma menina especial, privilegiada por Deus – amiga de todos, alegria da família. Com apenas 8 anos, exerceu com encanto o ministério da catequese e possuía uma maneira especial de narrar e explicar passagens bíblicas, de tal forma que todos os que ouviam admiravam-se de sua profunda convicção quando falava da bondade de Deus. Ainda não havia completado 20 anos, quando um tiro de fuzil atentou a vida do pai.
O susto foi tão grande que traumatizou fortemente a menina, resultando, mais tarde, em paralisia, que ela suportou durante 22 anos, sendo depois milagrosamente curada. Em 1789, quando irrompeu a Revolução Francesa, Júlia com sabedoria de ser e de pensar, foi perseguida e obrigada a fugir de sua cidade natal para não ser morta. Em 1793, Compiegne, Júlia teve uma visão: aos pés de uma grande cruz, ela viu um grupo de mulheres vestindo roupas estranhas e escutou uma voz: “Eis as filhas que te darei num Instituto que será marcado com minha cruz”. Um ano depois, já em Amiens, a providência Divina conduzia Júlia à casa do irmã daquela que seria sua primeira companheira e co-fundadora do Instituto das Irmãs de Notre-Dame – Francisca Blin de Bourbon. “É preciso tornar o Bom Deus conhecido e amado”.
Foi o lema que motivava a vida e missão da Santa Fundadora. Desafiada pelo padre Varin de lançar um Instituto para a educação de crianças pobres, Júlia e suas duas companheiras de missão – Francisca Blin de Bourbon e Catarina Duchântel – numa celabração Eucarística, se consagraram a Deus pelo voto de castidade, prometendo dedicar-se à educação das crianças órfãs e à formação de professores. Na Bélgica, Júlia foi convidada pelo Bispo a abrir uma casa para sua diocese. A partir daí, aumentaram as fundações de casas, criaram-se escolas. E os pobres são reconhecidos. Hoje, as Irmãs de Nossa Senhora exercem sua missão em todos os continentes. Estão organizadas em três congregações com administração e economia independentes, mas unidas pelo mesmo carisma fundacional: Proclamar a Bondade de Deus.

Cléofas 

A alegria do amor: misericórdia e integração para todas as famílias

08/04/2016 

Cidade do Vaticano (RV) – “A alegria do amor” (Amoris Laetitia) é o título daExortação Apostólica pós-sinodal que o Papa Francisco assinou em 19 de março passado, Solenidade de São José, e que foi apresentada nesta sexta-feira, 8 de abril, no Vaticano.


A Exortação tem nove capítulos e a oração final à Santa Família. O documento reúne os resultados dos dois Sínodos sobre a família convocados pelo Papa Francisco em 2014 e 2015. 
 “À luz da Palavra”
No primeiro capítulo, o Papa indica a Palavra de Deus como uma “companheira de viagem para as famílias que estão em crise ou imersas em alguma tribulação, mostrando-lhes a meta do caminho”.  
 “A realidade e os desafios das famílias”
Partindo do terreno bíblico, no segundo capítulo, o Papa insiste no caráter concreto, que estabelece uma diferença substancial entre teorias de interpretação da realidade e ideologias. “Sem escutar a realidade não é possível compreender nem as exigências do presente nem os apelos do Espírito”, aponta. “Jesus propunha um ideal exigente, mas não perdia jamais a proximidade compassiva às pessoas frágeis”.  


"O olhar fixo em Jesus: a vocação da família”
O terceiro capítulo é dedicado a alguns elementos essenciais do ensinamento da Igreja sobre o matrimônio e a família. Ilustra a vocação à família assim como ela foi recebida pela Igreja ao longo do tempo, sobretudo quanto ao tema da indissolubilidade, da sacramentalidade do matrimônio, da transmissão da vida e da educação dos filhos. A reflexão inclui ainda as famílias feridas e o Papa recorda aos pastores que, “por amor à verdade, estão obrigados a discernir bem as situações”, já que o grau de responsabilidade não é igual em todos os casos: “ É preciso estar atentos ao modo como as pessoas vivem e sofrem por causa da sua condição”.  
 “O amor no matrimônio”
O quarto capítulo trata do amor no matrimônio. O Papa faz uma reflexão acerca da «transformação do amor» ao longo do casamento. A aparência física transforma-se e a atração amorosa não desaparece, mas muda. «Não é possível prometer que teremos os mesmos sentimentos durante a vida inteira; mas podemos ter um projeto comum estável.
“O amor que se torna fecundo”
O quinto capítulo centra-se por completo na fecundidade e no caráter gerador do amor. Fala-se de gestação e adoção. A Amoris laetitia não toma em consideração a família «mononuclear», mas está consciente da família como rede de relações alargadas.
 “Algumas perspectivas pastorais”
No sexto capítulo, o Papa aborda algumas vias pastorais que orientam para a edificação de famílias sólidas. Fala-se também do acompanhamento das pessoas separadas ou divorciadas e sublinha-se a importância da recente reforma dos procedimentos para o reconhecimento dos casos de nulidade matrimonial. Coloca-se em relevo o sofrimento dos filhos nas situações de conflito e conclui-se: "O divórcio é um mal". Fala-se da situação das famílias com pessoas com tendência homossexual, insistindo na recusa de qualquer discriminação.
“Reforçar a educação dos filhos”
O sétimo capítulo é totalmente dedicado à educação dos filhos, em todos os âmbitos, inclusive sexual. É feita uma advertência em relação à expressão «sexo seguro», pois transmite «uma atitude negativa a respeito da finalidade procriadora natural da sexualidade.
 “Acompanhar, discernir e integrar a fragilidade”
O capítulo oitavo é muito delicado, representa um convite à misericórdia e ao discernimento pastoral. O Papa usa aqui três verbos muito importantes: «acompanhar, discernir e integrar». O Papa escreve: «Os divorciados que vivem numa nova união, por exemplo, podem encontrar-se em situações muito diferentes, que não devem ser catalogadas ou encerradas em afirmações demasiado rígidas, sem deixar espaço para um adequado discernimento pessoal e pastoral».
O Papa afirma que «os batizados que se divorciaram e voltaram a casar civilmente devem ser mais integrados na comunidade cristã sob as diferentes formas possíveis, evitando toda a ocasião de escândalo». «A sua participação pode exprimir-se em diferentes serviços eclesiais.
Francisco profere uma afirmação extremamente importante para que se compreenda a orientação e o sentido da Exortação: «Se se tiver em conta a variedade inumerável de situações concretas (…) é compreensível que se não devia esperar do Sínodo ou desta Exortação uma nova normativa geral de tipo canônico, aplicável a todos os casos. É possível apenas um novo encorajamento a um responsável discernimento pessoal e pastoral dos casos particulares.
 “Espiritualidade conjugal e familiar”
O nono capítulo é dedicado à espiritualidade conjugal e familiar. O Papa afirma: «Nenhuma família é uma realidade perfeita, mas requer um progressivo amadurecimento da sua capacidade de amar. 
Nota
Como já se pode depreender a partir de um rápido exame dos seus conteúdos, a Exortação apostólica não pretende reafirmar com força o «ideal» da família, mas a sua realidade rica e complexa. Há nas suas páginas um olhar aberto, profundamente positivo, que não se nutre de abstrações ou projeções ideais, mas de uma atenção pastoral à realidade. O documento é uma leitura densa de motivos espirituais e de sabedoria prática útil a cada casal ou a pessoas que desejam construir uma família. Nota-se sobretudo que foi fruto de uma experiência concreta com pessoas que sabem a partir da experiência o que é a família e o viver juntos durante muitos anos. A Exortação fala a linguagem da experiência e da esperança.
Quirógrafo
 A cópia da Exortação enviada aos bispos do mundo, foi acompanhada por umquirógrafo do Papa:
"Caro irmão,
invocando a proteção da Sagrada Família de Nazaré, tenho a alegria de te enviar a minha Exortação “Amoris laetitia” para o bem de todas as famílias e de todas as pessoas, jovens e idosas, confiadas ao teu ministério pastoral.
Unidos no Senhor Jesus, com Maria e José, peço-te que não te esqueças de rezar por mim". 
(CM/BF)

Fonte: Rádio Vaticano 

Leia a síntese da Exortação "A alegria do amor"

08/04/2016


Cidade do Vaticano (RV) - Amoris laetitia” (AL - “A alegria do amor”), aExortação apostólica pós-sinodal “sobre o amor na família”, datada não por acaso de 19 de março, Solenidade de S. José, recolhe os resultados de dois Sínodos sobre a família convocados pelo Papa Francisco em 2014 e 2015, cujas Relações conclusivas são abundantemente citadas, juntamente com documentos e ensinamentos dos seus Predecessores e as numerosas catequeses sobre a família do próprio Papa Francisco. Contudo, como já sucedeu noutros documentos magisteriais, o Papa recorre também a contributos de diversas Conferências episcopais de todo o mundo (Quênia, Austrália, Argentina...) e a citações de personalidades de relevo, como Martin Luther King ou Erich Fromm. Ressalta em particular uma citação do filme “A Festa de Babette”, que o Papa recorda para explicar o conceito de gratuitidade.



Premissa
A Exortação apostólica chama a atenção pela sua amplitude e articulação. Está dividida em nove capítulos e mais de 300 parágrafos. Tem início com sete parágrafos introdutórios que evidenciam a plena consciência da complexidade do tema, que requer ser aprofundado. Afirma-se que as intervenções dos Padres no Sínodo constituíram um «precioso poliedro» (AL 4) que deve ser preservado. Neste sentido, o Papa escreve que «nem todas as discussões doutrinais, morais ou pastorais devem ser resolvidas através de intervenções magisteriais». Por conseguinte, para algumas questões «em cada país ou região, é possível buscar soluções mais inculturadas, atentas às tradições e aos desafios locais. De facto,“as culturas são muito diferentes entre si e cada princípio geral (...), se quiser ser observado e aplicado, precisa de ser inculturado”» (AL 3). Este princípio de inculturação revela-se como muito importante até no modo de articular e compreender os problemas, modo esse que, sem entrar nas questões dogmáticas bem definidas pelo Magistério da Igreja, não pode ser «globalizado».
Mas sobretudo o Papa afirma de imediato e com clareza que é necessário sair da estéril contraposição entre a ânsia de mudança e a aplicação pura e simples de normas abstratas. Escreve: «Os debates, que têm lugar nos meios de comunicação ou em publicações e mesmo entre ministros da Igreja, estendem-se desde o desejo desenfreado de mudar tudo sem suficiente reflexão ou fundamentação até à atitude que pretende resolver tudo através da aplicação de normas gerais ou deduzindo conclusões excessivas de algumas reflexões teológicas» (AL 2).
Capítulo primeiro: “À luz da Palavra”
Enunciadas estas premissas, o Papa articula a sua reflexão a partir das Sagradas Escrituras no primeiro capítulo, que se desenvolve como uma meditação acerca do Salmo 128, característico da liturgia nupcial hebraica, assim como da cristã. A Bíblia «aparece cheia de famílias, gerações, histórias de amor e de crises familiares» (AL 8) e a partir deste dado pode meditar-se como a família não é um ideal abstrato, mas uma «tarefa “artesanal”» (AL 16) que se exprime com ternura (AL 28), mas que se viu confrontada desde o início também pelo pecado, quando a relação de amor se transformou em domínio (cf. AL 19). Então, a Palavra de Deus «não se apresenta como uma sequência de teses abstratas, mas como uma companheira de viagem, mesmo para as famílias que estão em crise ou imersas nalguma tribulação, mostrando-lhes a meta do caminho» (AL 22).
Capítulo segundo: “A realidade e os desafios das famílias”
Partindo do terreno bíblico, o Papa considera no segundo capítulo a situação atual das famílias, mantendo «os pés assentes na terra» (AL 6), bebendo com abundância das Relações conclusivas dos dois Sínodo se enfrentando numerosos desafios, desde o fenômeno migratório à negação ideológica da diferença de sexo («ideologia de gênero»); da cultura do provisório à mentalidade anti-natalidade e ao impacto das biotecnologias no campo da procriação; da falta de habitação e de trabalho à pornografia e ao abuso de menores; da atenção às pessoas com deficiência ao respeito pelos idosos; da desconstrução jurídica da família à violência para com as mulheres. O Papa insiste no carácter concreto, que é um elemento fundamental da Exortação. E é este carácter concreto e realista que estabelece uma diferença substancial entre «teorias» de interpretação da realidade e «ideologias».
Citando a Familiaris consortio, Francisco afirma que «é salutar prestar atenção à realidade concreta, porque “os pedidos e os apelos do Espírito ressoam também nos acontecimentos da história” através dos quais “a Igreja pode ser guiada para uma compreensão mais profundado inexaurível mistério do matrimônio e da família”» (AL 31). Sem escutar a realidade não é possível compreender nem as exigências do presente nem os apelos do Espírito. O Papa nota que o individualismo exacerbado torna hoje difícil a doação a uma outra pessoa de uma maneira generosa (cf. AL 33). Eis um interessante retrato da situação: «Teme-se a solidão, deseja-se um espaço de proteção e fidelidade mas, ao mesmo tempo, cresce o medo de ficar encurralado numa relação que possa adiar a satisfação das aspirações pessoais» (AL 34).
A humildade do realismo ajuda a não apresentar «um ideal teológico do matrimônio demasiado abstrato, construído quase artificialmente, distante da situação concreta e das possibilidades efetivas das famílias tais como são» (AL 36). O idealismo não permite considerar o matrimônio assim como é, ou seja, «um caminho dinâmico de crescimento e realização». Por isso, também não se pode julgar que se possa apoiar as famílias «com a simples insistência em questões doutrinais, bioéticas e morais, sem motivar a abertura à graça» (AL 37). Convidando a uma certa “autocrítica” de uma apresentação não adequada da realidade matrimonial e familiar, o Papa insiste na necessidade de dar espaço à formação da consciência dos fiéis: «Somos chamados aformar as consciências, não a pretender substituí-las» (AL37). Jesus propunha um ideal exigente, mas «não perdia jamais a proximidade compassiva às pessoas frágeis como a samaritana ou a mulher adúltera» (AL 38).
Capítulo terceiro: “O olhar fixo em Jesus: a vocação da família”
O terceiro capítulo é dedicado a alguns elementos essenciais do ensinamento da Igreja acerca do matrimônio e da família. É importante a presença deste capítulo, porque ilustra de uma maneira sintética em 30 parágrafos a vocação à família de acordo com o Evangelho, assim como ela foi recebida pela Igreja ao longo do tempo, sobretudo quanto ao tema da indissolubilidade, da sacramentalidade do matrimônio, da transmissão da vida e da educação dos filhos. Fazem-se inúmeras citações da Gaudium et spes do Vaticano II, daHumanae vitae de Paulo VI, da Familiaris consortio de João Paulo II. 
O olhar é amplo e inclui também as «situações imperfeitas». Com efeito, lemos: «“O discernimento da presença das semina Verbi nas outras culturas (cf. Ad gentes, 11) pode-se aplicar também à realidade matrimonial e familiar. Para além do verdadeiro matrimônio natural, há elementos positivos também nas formas matrimoniais doutras tradições religiosas”, embora não faltem também as sombras» (AL 77). A reflexão inclui ainda as «famílias feridas», a propósito das quais o Papa afirma - citando a Relatio finalis do Sínodo de 2015 —«é preciso lembrar sempre um princípio geral: “Saibam os pastores que, por amor à verdade, estão obrigados a discernir bem as situações” (Familiaris consortio, 84). O grau de responsabilidade não é igual em todos os casos, e podem existir fatores que limitem a capacidade de decisão. Por isso, ao mesmo tempo que se exprime com clareza adoutrina, há que evitar juízos que não tenham em conta a complexidade das diferentes situações,e é preciso estar atentos ao modo como as pessoas vivem e sofrem por causa da sua condição» (AL 79).
Capítulo quarto: “O amor no matrimónio”
O quarto capítulo trata do amor no matrimônio e ilustra-o a partir do “hino ao amor” de São Paulo de 1 Cor 13, 4-7. O capítulo é uma verdadeira e autêntica exegese cuidadosa, precisa, inspirada e poética do texto paulino. Poderemos dizer que se trata de uma coleção de fragmentos de um discurso amoroso que cuida de descrever o amor humano em termos absolutamente concretos. Surpreende-nos a capacidade de introspeção psicológica evidenciada por esta exegese. O aprofundamento psicológico chega ao mundo das emoções dos cônjuges - positivas e negativas - e à dimensão erótica do amor.Este é um contributo extremamente rico e precioso para a vida cristã dos cônjuges, que não tinha até agora paralelo em anteriores documentos papais.
À sua maneira, este capítulo constitui um pequeno tratado no conjunto de um desenvolvimento mais amplo, plenamente consciente do carácter quotidiano do amor que se opõe a todos os idealismos: «não se deve atirar para cima de duas pessoas limitadas o peso tremendo de ter que reproduzir perfeitamente a união que existe entre Cristo e a sua Igreja, porque o matrimônio como sinal implica “um processo dinâmico, que avança gradualmente com a progressiva integração dos dons de Deus”» (AL 122). Mas, por outro lado, o Papa insiste de modo enérgico e firme no facto de que «na própria natureza do amor conjugal, existe a abertura ao definitivo» (AL 123) precisamente no íntimo daquela «combinação necessária de alegrias e fadigas, de tensões e repouso, de sofrimentos e libertações, de satisfações e buscas, de aborrecimentos e prazeres» (Al 126) que é de facto o matrimônio.
O capítulo conclui-se com uma reflexão muito importante acerca da «transformação do amor» uma vez que «o alongamento da vida provocou algo que não era comum noutros tempos: a relação íntima e a mútua pertença devem ser mantidas durante quatro, cinco ou seis décadas, e isto gera a necessidade de renovar repetidas vezes a recíproca escolha» (AL 163). A aparência física transforma-se e a atração amorosa não desaparece, mas muda: com o tempo, o desejo sexual pode transformar-se em desejo de intimidade e «cumplicidade». «Não é possível prometer que teremos os mesmos sentimentos durante a vida inteira; mas podemos ter um projeto comum estável, comprometer-nos a amar-nos e a viver unidos até que a morte nos separe, e viver sempre uma rica intimidade» (AL 163).
Capítulo quinto: “O amor que se torna fecundo”
O quinto capítulo centra-se por completo na fecundidade e no carácter gerador do amor. Fala-se de uma maneira espiritualmente e psicologicamente profunda do acolher uma nova vida, da espera própria da gravidez, do amor de mãe e de pai. Mas também da fecundidade alargada, da adoção, do acolhimento do contributo das famílias para a promoção de uma “cultura do encontro”, da vida na família em sentido amplo, com a presença de tios, primos, parentes dos parentes, amigos. A Amoris laetitia não toma em consideração a família «mononuclear», mas está bem consciente da família como rede de relações alargadas. A própria mística do sacramento do matrimônio tem um profundo carácter social (cf. AL 186). E no âmbito desta dimensão social, o Papa sublinha em particular tanto o papel específico da relação entre jovens e idosos, como a relação entre irmãos como aprendizagem de crescimento na relação com os outros.
Capítulo sexto: “Algumas perspetivas pastorais”
No sexto capítulo, o Papa aborda algumas vias pastorais que orientam para a edificação de famílias sólidas e fecundas de acordo com o plano de Deus. Nesta parte, a Exortação recorre às Relações conclusivas dos dois Sínodos e às catequeses do Papa Francisco e de João Paulo II. Volta-se a sublinhar que as famílias são sujeito e não apenas objeto de evangelização. O Papa observa que «os ministros ordenados carecem, habitualmente, de formação adequada para tratar dos complexos problemas atuais das famílias» (AL 202). Se, por um lado, é necessário melhorar a formação psicoafetiva dos seminaristas e envolver mais a família na formação para o ministério (cf. AL 203), por outro «pode ser útil também a experiência da longa tradição oriental dos sacerdotes casados» (AL 202).
Em seguida, o Papa desenvolve o tema da orientação dos noivos no caminho de preparação para o matrimônio, do acompanhamento dos esposos nos primeiros anos da vida matrimonial (incluindo o tema da paternidade responsável), mas também em algumas situações complexas e, em particular, nas crises, sabendo que «cada crise esconde uma boa notícia, que é preciso saber escutar, afinando os ouvidos do coração» (AL 232). São analisadas algumas causas de crise, entre elas uma maturação afetiva retardada (cf. AL 239).
Além disso, fala-se também do acompanhamento das pessoas abandonadas, separadas ou divorciadas e sublinha-se a importância da recente reforma dos procedimentos para o reconhecimento dos casos de nulidade matrimonial. Coloca-se em relevo o sofrimento dos filhos nas situações de conflito e conclui-se: «O divórcio é um mal, e é muito preocupante o aumento do número de divórcios. Por isso, sem dúvida, a nossa tarefa pastoral mais importante relativamente às famílias é reforçar o amor e ajudar a curar as feridas, para podermos impedir o avanço deste drama do nosso tempo» (AL 246). Referem-se de seguida as situações dos matrimônios mistos e daqueles com disparidade de culto, e a situação das famílias que têm dentro de si pessoas com tendência homossexual, insistindo no respeito para com elas e na recusa de qualquer discriminação injusta e de todas das formas de agressão e violência. A parte final do capítulo, «quando a morte crava o seu aguilhão», é de grande valor pastoral, tocando o tema da perda das pessoas queridas e da viuvez.
Capítulo sétimo: “Reforçar a educação dos filhos”
O sétimo capítulo é totalmente dedicado à educação dos filhos: a sua formação ética, o valor da sanção como estímulo, o realismo paciente, a educação sexual, a transmissão da fé e, mais em geral, a vida familiar como contexto educativo. É interessante a sabedoria prática que transparece em cada parágrafo e sobretudo a atenção à gradualidade e aos pequenos passos que «possam ser compreendidos, aceites e apreciados» (AL 271).
Há um parágrafo particularmente significativo e de um valor pedagógico fundamental em que Francisco afirma com clareza que «a obsessão (...) não é educativa; e também não é possível ter o controle de todas as situações onde um filho poderá chegar a encontrar-se (...). Se um progenitor está obcecado com saber onde está o seu filho e controlar todos os seus movimentos, procurará apenas dominar o seu espaço. Mas, desta forma, não o educará, não o reforçará, não o preparará para enfrentar os desafios. O que interessa acima de tudo é gerar no filho, com muito amor, processos de amadurecimento da sua liberdade, de preparação, de crescimento integral, de cultivo da autêntica autonomia» (AL 261).
A secção dedicada à educação sexual é notável, e intitula-se muito expressivamente: «Sim à educação sexual». Sustenta-se a sua necessidade e formula-se a interrogação de saber «se as nossas instituições educativas assumiram este desafio (…) num tempo em que se tende a banalizar e empobrecer a sexualidade». A educação sexual deve ser realizada«no contexto duma educação para o amor, para a doação mútua» (AL 280). É feita uma advertência em relação à expressão «sexo seguro», pois transmite«uma atitude negativa a respeito da finalidade procriadora natural da sexualidade, como se um possível filho fosse um inimigo de que é preciso proteger-se. Deste modo promove-se a agressividade narcisista, em vez do acolhimento» (AL 283).
Capítulo oitavo: “Acompanhar, discernir e integrar a fragilidade”
O capítulo oitavo representa um convite à misericórdia e ao discernimento pastoral diante de situações que não correspondem plenamente ao que o Senhor propõe. O Papa usa aqui três verbos muito importantes: «acompanhar, discernir e integrar», os quais são fundamentais para responder a situações de fragilidade, complexas ou irregulares. Em seguida, apresenta a necessária gradualidade na pastoral, a importância do discernimento, as normas e circunstâncias atenuantes no discernimento pastoral e, por fim, aquela que é por ele definida como a «lógica da misericórdia pastoral».
O oitavo capítulo é muito delicado. Na sua leitura deve recordar-se que «muitas vezes, o trabalho da Igreja é semelhante ao de um hospital de campanha» (AL 291). O Pontífice assume aqui aquilo que foi fruto da reflexão do Sínodo acerca de temáticas controversas. Reforça-se o que é o matrimônio cristão e acrescenta-se que «algumas formas de união contradizem radicalmente este ideal, enquanto outras o realizam pelo menos de forma parcial e analógica». Por conseguinte, «a Igreja não deixa de valorizar os elementos construtivos nas situações que ainda não correspondem ou já não correspondem à sua doutrina sobre o matrimônio» (AL 292).
No que respeita ao «discernimento» acerca das situações «irregulares», o Papa observa: «temos de evitar juízos que não tenham em conta a complexidade das diversas situações e é necessário estar atentos ao modo em que as pessoas vivem e sofrem por causa da sua condição» (AL 296). E continua: «Trata-se de integrar a todos, deve-se ajudar cada um a encontrar a sua própria maneira de participar na comunidade eclesial, para que se sinta objeto duma misericórdia “imerecida, incondicional e gratuita”»(AL 297). E ainda: «Os divorciados que vivem numa nova união, por exemplo, podem encontrar-se em situações muito diferentes, que não devem ser catalogadas ou encerradas em afirmações demasiado rígidas, sem deixar espaço para um adequado discernimento pessoal e pastoral» (AL 298).
Nesta linha, acolhendo as observações de muitos Padres sinodais , o Papa afirma que «os batizados que se divorciaram e voltaram a casar civilmente devem ser mais integrados na comunidade cristã sob as diferentes formas possíveis, evitando toda a ocasião de escândalo». «A sua participação pode exprimir-se em diferentes serviços eclesiais (…).Não devem sentir-se excomungados, mas podem viver e maturar como membros vivos da Igreja (…). Esta integração é necessária também para o cuidado e a educação cristã dos seus filhos» (AL 299).
Mais em geral, o Papa profere uma afirmação extremamente importante para que se compreenda a orientação e o sentido da Exortação: «Se se tiver em conta a variedade inumerável de situações concretas (…) é compreensível que se não devia esperar do Sínodo ou desta Exortação uma nova normativa geral de tipo canônico, aplicável a todos os casos. É possível apenas um novo encorajamento a um responsável discernimento pessoal e pastoral dos casos particulares, que deveria reconhecer: uma vez que “o grau de responsabilidade não é igual em todos os casos”, as consequências ou efeitos duma norma não devem necessariamente ser sempre os mesmos» (AL 300). O Papa desenvolve em profundidade as exigências e características do caminho de acompanhamento e discernimento em diálogo profundo entre fiéis e pastores. A este propósito, faz apelo à reflexão da Igreja «sobre os condicionamentos e as circunstâncias atenuantes» no que respeita à imputabilidade das ações e, apoiando-se em S. Tomás de Aquino, detém-se na relação entre «as normas e o discernimento», afirmando: «É verdade que as normas gerais apresentam um bem que nunca se deve ignorar nem transcurar, mas, na sua formulação, não podem abarcar absolutamente todas as situações particulares. Ao mesmo tempo é preciso afirmar que, precisamente por esta razão, aquilo que faz parte dum discernimento prático duma situação particular não pode ser elevado à categoria de norma» (AL 304).
Na última secção do capítulo, «A lógica da misericórdia pastoral», o Papa Francisco, para evitar equívocos, reafirma com vigor: «A compreensão pelas situações excecionais não implica jamais esconder a luz do ideal mais pleno, nem propor menos de quanto Jesus oferece ao ser humano. Hoje, mais importante do que uma pastoral dos falimentos é o esforço pastoral para consolidar os matrimônio se assim evitar as ruturas» (AL 307). Mas o sentido abrangente do capítulo e do espírito que o Papa Francisco pretende imprimir à pastoral da Igreja encontra um resumo adequado nas palavras finais: «Convido os fiéis, que vivem situações complexas, a aproximar-se com confiança para falar com os seus pastores ou com leigos que vivem entregues ao Senhor. Nem sempre encontrarão neles uma confirmação das próprias ideias ou desejos, mas seguramente receberão uma luz que lhes permita compreender melhor o que está a acontecer e poderão descobrir um caminho de amadurecimento pessoal. E convido os pastores a escutar, com carinho e serenidade, com o desejo sincero de entrar no coração do drama das pessoas e compreender o seu ponto de vista, para ajudá-las a viver melhor e reconhecer o seu lugar na Igreja» (AL 312). Acerca da «lógica da misericórdia pastoral», o Papa Francisco afirma com força: «Às vezes custa-nos muito dar lugar, na pastoral, ao amor incondicional de Deus. Pomos tantas condições à misericórdia que a esvaziamos de sentido concreto e real significado, e esta é a pior maneira de aguar o Evangelho» (AL 311).
Capítulo nono: “Espiritualidade conjugal e familiar”
O nono capítulo é dedicado à espiritualidade conjugal e familiar, «feita de milhares de gestos reais e concretos» (AL 315). Diz-se com clareza que «aqueles que têm desejos espirituais profundos não devem sentir que a família os afasta do crescimento na vida do Espírito, mas é um percurso de que o Senhor Se serve para os levar às alturas da união mística» (AL 316). Tudo, «os momentos de alegria, o descanso ou a festa, e mesmo a sexualidade são sentidos como uma participação na vida plena da sua Ressurreição» (AL 317). Fala-se de seguida da oração à luz da Páscoa, da espiritualidade do amor exclusivo e livre diante do desafio e do desejo de envelhecer e gastar-se juntos, refletindo a fidelidade de Deus (cf. AL 319). E, por fim, a espiritualidade «da solicitude, da consolação e do estímulo». «Toda a vida da família é um “pastoreio” misericordioso. Cada um, cuidadosamente, desenha e escreve na vida do outro» (AL 322), escreve o Papa. «É uma experiência espiritual profunda contemplar cada ente querido com os olhos de Deus e reconhecer Cristo nele» (AL 323).
No parágrafo conclusivo,o Papa afirma: «Nenhuma família é uma realidade perfeita e confeccionada duma vez para sempre, mas requer um progressivo amadurecimento da sua capacidade de amar. (…). Todos somos chamados a manter viva a tensão para algo mais além de nós mesmos e dos nossos limites, e cada família deve viver neste estímulo constante. Avancemos, famílias; continuemos a caminhar! (…). Não percamos a esperança por causa dos nossos limites, mas também não renunciemos a procurar a plenitude de amor e comunhão que nos foi prometida» (AL 325).
A Exortação apostólica conclui-se com uma Oração à Sagrada Família (AL 325).
                                                             *  *  *
Como já se pode depreender a partir de um rápido exame dos seus conteúdos, a Exortação apostólica Amoris laetitia pretende reafirmar com força não o «ideal» da família, mas a sua realidade rica e complexa. Há nas suas páginas um olhar aberto, profundamente positivo, que se nutre não de abstrações ou projeções ideais, mas de uma atenção pastoral à realidade. O documento é uma leitura densa de motivos espirituais e de sabedoria prática útil a cada casal ou a pessoas que desejam construir uma família. Nota-se sobretudo que foi fruto de uma experiência concreta com pessoas que sabem a partir da experiência o que é a família e o viver juntos durante muitos anos. A Exortação fala de fato a linguagem da experiência e da esperança.

    Fonte: Rádio Vaticano 

Papa: deter o sofrimento dos que são vendidos como mercadoria

08/04/2016

Nova Iorque (RV) - O Papa Francisco enviou uma mensagem aos participantes da Conferência da ONU sobre escravidão moderna e tráfico de seres humanos, realizada nesta quinta-feira (07/04), em Nova Iorque.
O documento foi enviado ao Observador Permanente da Santa Sé na ONU, em Nova Iorque, Dom Bernardito Auza. A conferência aborda os vários problemas que contribuem para a escravidão moderna e o tráfico de seres humanos. 
O Papa recorda na mensagem que a escravidão moderna e o tráfico de seres humanos continuam sendo um flagelo no mundo inteiro hoje, e agradece ao arcebispo e membros do Grupo Santa Marta pelos esforços na organização da conferência, aos Estados-Membros e várias organizações governamentais, civis e religiosas comprometidas no combate a este crime contra a humanidade.
Convergência de esforços
Francisco encoraja a fortalecer os laços de cooperação e comunicação, essenciais para “deter o sofrimento de muitos homens, mulheres e crianças que hoje são escravizados e vendidos como se fossem uma simples mercadoria”. 
O Papa espera que os participantes da conferência mantenham em primeiro lugar a “dignidade de toda pessoa” e que “reconheçam em todas as suas iniciativas o verdadeiro serviço em favor dos pobres e marginalizados da sociedade, que frequentemente são esquecidos e não têm voz”. 
Francisco assegura o compromisso da Igreja Católica na luta contra este crime e no cuidado das vítimas, e pede a Deus para que abençoe e oriente os esforços daqueles que lutam contra este mal que afeta a humanidade. (MJ)
Rádio Vaticano 

Papa aos bispos mexicanos: fiéis se aproximem da misericórdia de Deus

08/04/2016

Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco enviou uma mensagem à Conferência Episcopal Mexicana (CEM) por ocasião da 101ª assembleia plenária, em Cuautitlán. 
Com uma viva recordação de sua recente viagem apostólica a esse país, o Pontífice agradece aos bispos mexicanos pelos sentimentos de comunhão eclesial.
Na mensagem, assinada pelo Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin, Francisco encoraja os bispos a fim que “neste Ano Jubilar continuem encontrando maneiras novas a fim de que todos os fiéis se aproximem cada vez mais da misericórdia de Deus, manifestada em Jesus Cristo”. O Papa pede orações pelo seu ministério petrino e invoca a intercessão da Virgem de Guadalupe. 
Reeleição
No entanto, a CEM completou a composição de seu Conselho permanente. O Arcebispo de Guadalajara, Cardeal José Francisco Robles Ortega, foi confirmado presidente do organismo para o próximo triênio; o Bispo de Zamora, Dom Javier Navarro Rodríguez, foi eleito vice-presidente; e o Bispo auxiliar de Monterrey, Dom Alfonso Miranda Guardiola, secretário-regional. 
O Cardeal Robles Ortega repercorreu os discursos principais proferidos no México pelo Papa Francisco, em particular o dirigido aos bispos em Cidade do México. “O seu magistério nos orienta”, disse o purpurado, sublinhando o convite a uma conversão pastoral que privilegie a proximidade às pessoas e a capacidade de escuta. (MJ)
Fonte: Rádio Vaticano 

7 de abr. de 2016

Papa: santos e mártires de hoje levam a Igreja adiante

07/04/2016


Cidade do Vaticano (RV) – São os santos da vida ordinária e os mártires de hoje que levam a Igreja adiante com a coerência e o corajoso testemunho de Jesus ressuscitado, graças à obra do Espírito Santo: foi o que disse, em síntese, o Papa Francisco na homilia da Missa celebrada na manhã desta quinta-feira (07/04) na Casa Santa Marta.



A primeira leitura, extraída dos Atos dos Apóstolos, fala da coragem de Pedro que, depois da cura do paralítico, anuncia a Ressurreição de Jesus diante dos chefes do Sinédrio que, furiosos, queriam matá-lo.
Ele foi proibido de pregar em nome de Jesus, mas continuou a proclamar o Evangelho porque – afirma – “é preciso obedecer a Deus e não aos homens”. Este Pedro “corajoso” – disse o Papa Francisco – não tem nada a ver com o “Pedro covarde” da noite da Quinta-feira Santa, “quando, repleto de medo, renega o Senhor três vezes”. Agora, Pedro se tornou forte no testemunho. “O testemunho cristão – observou o Papa – tem o mesmo caminho de Jesus: dar a vida”. Num modo ou no outro, o cristão “coloca a vida em jogo no verdadeiro testemunho”:

Coerência cristã
“A coerência entre a vida e aquilo que vimos e ouvimos é justamente o início do testemunho. Mas o testemunho cristão tem outro aspecto, não é somente de quem o dá: o testemunho cristão, sempre, é feito por duas pessoas. ‘E desses fatos somos testemunhas nós e o Espírito Santo’. Sem o Espírito Santo não há testemunho cristão. Porque o testemunho cristão, a vida cristã é uma graça, é uma graça que o Senhor nos dá com o Espírito Santo”. 
“Sem o Espírito”, ressalta o Papa, “não conseguimos ser testemunhas”. A testemunha é aquele que é “coerente com aquilo que diz, com o que faz e com o que recebeu, ou seja, o Espírito Santo”. “Esta é a coragem cristã, este é o testemunho”:
Mártires
“É o testemunho de nossos mártires hoje. Muitos, expulsos de suas terras, deslocados, decapitados e perseguidos, têm a coragem de confessar Jesus até o momento da morte. É o testemunho daqueles cristãos que vivem sua vida seriamente e dizem: ‘Eu não posso fazer isto, eu não posso fazer o mal ao outro; eu não posso trapacear; eu não posso conduzir uma vida pela metade, eu devo dar o meu testemunho’. E o testemunho é dizer o que viu e ouviu na fé, ou seja, Jesus Ressuscitado, com o Espírito Santo que recebeu como dom.”
“Nos momentos difíceis da história”, sublinha o Papa, se ouve dizer que “a pátria precisa de heróis. Isso é verdade. É justo”. Mas do que a Igreja precisa hoje? De testemunhas, de mártires”:
“São as testemunhas, ou seja, os santos, os santos de todos os dias, os da vida cotidiana, mas com coerência, e também as testemunhas até o fim, até a morte. Estes são o sangue vivo da Igreja; estes são aqueles que levam a Igreja adiante, as testemunhas; aqueles que atestam que Jesus ressuscitou, que Jesus está vivo, e o testemunham com a coerência de vida e com o Espírito Santo que receberam como dom.” (BF/MJ)

Rádio Vaticano 

Natividade de São João Batista: o maior dos profetas

A natividade de  São João Batista  é  uma solenidade muito importante no ano litúrgico, porque nesse dia lembramos o maior dos profetas, com...