11 de jul. de 2015

11/07 – São Bento

saobentoHoje comemoramos São Bento, nascido em Nórsia, na Úmbria, por volta do ano 480. Homem amante das coisas concretas e claras, Bento resumia sua Regra num lema eficaz: Ora e trabalha, restituindo à ascese cristã o caráter de contemplação e ação, conforme o espírito e a letra do Evangelho. Após concluir seus estudos em Roma, retirou-se para o monte Subíaco e se entregou à oração e à penitência. Ele é o fundador do importantíssimo mosteiro do Monte Cassino, onde escreveu ali sua famosa Regra como o verdadeiro monge devia ser – assim se lê no segundo capítulo da Regra: “Não soberbo, não violento, não comilão, não dorminhoco, não preguiçoso, não murmurador, não detrator… mas casto, manso, zeloso, humilde, obediente”. Depois de meditações e penitências, teve breve estada entre os monges de Vicovaro, que o elegeram pior e depois tentaram desfazer-se dele, envenenando-lhe a bebida, pois estavam descontentes com a disciplina que lhes havia imposto. Com um grupo de jovens, emigrou para Nápoles, escolhendo sua morada no sopé da Montanha de Cassino, onde edificou o primeiro mosteiro, fechado dos quatro lados, como uma fortaleza e aberto à luz do alto como uma grande vasilha que recebe do céu a benéfica seiva para depois despejá-la no mundo. O emblema monástico, a cruz e o arado tornou-se a expressão deste novo modo de conceber a ascese cristã – oração e trabalho – para edificar espiritual e materialmente a nova sociedade, sobre as ruínas do mundo romano. São Bento morreu no dia 21 de março do ano 547. Duzentos anos após a sua morte, a Regra beneditina havia espalhado pela Europa inteira, tornando-se forma de vida monástica durante toda a Idade Média. Em 1964, o Papa Paulo VI, declarava São Bento padroeiro principal da Europa, tributando desse modo justo reconhecimento ao santo a quem a civilização européia deve muito. Oremos: A Cruz Sagrada seja minha luz, Não seja o dragão o meu guia, retira-te satanás. Nunca me aconselhes coisas vãs, e mau que tu me ofereces, bebe tu mesmo os teus venenos.


Cléofas 

Papa às paraguaias: coragem de ser como Maria, que sofre, mas mantém viva a fé

11/07/2015


Caacupé (RV) – A missa campal no Santuário Mariano de Caacupé, a 60 Km de Assunção no Paraguai, marcou o penúltimo dia da viagem apostólica do Papa à América do Sul. Durante a homilia, Papa Francisco começou dizendo que se sentia em casa com o povo do Paraguai e aos pés da Virgem dos Milagres, num ‘encontro de irmãos com a sua Mãe’. Um Santuário que é local de família, segundo o Pontífice, e de “renovar a paixão de viver a alegria do Evangelho”.
Em referência ao anúncio do Anjo à Maria com as palavras: ‘Alegra-Te, ó cheia de graça, o Senhor está contigo. Alegra-Te, Maria; alegra-Te!’, o Papa disse que Maria "ficou perplexa” e Se interrogou sobre o seu significado. “Não entende grande coisa do que estava acontecendo; mas soube que vinha de Deus e disse: Sim", acrescentou o Pontífice.
"Um sim que não foi nada fácil de viver, como sabemos. Um sim, que não a cumulou de privilégios nem distinções; antes, como Lhe dirá Simeão na sua profecia, ‘uma espada [Lhe] trespassará a alma’ (Lc 2, 35). E sabemos que a trespassou... Por isso A amamos tanto, encontrando n’Ela uma verdadeira Mãe que nos ajuda a manter viva a fé e a esperança no meio das situações mais complicadas."
E, seguindo a profecia de Simeão, o Papa recordou brevemente três momentos difíceis na vida de Maria: o nascimento de Jesus, quando não tinha uma casa para dar à luz e receber o filho; a fuga para o Egito, quando tiveram que se exilar; e a morte de Jesus na cruz, num momento extremo para uma Mãe. Momentos em que, certamente, Maria poderia ter se questionado: ‘onde está Ele agora?’.
"Ela é a mulher de fé, é a Mãe da Igreja, Ela acreditou. A sua vida é testemunha de que Deus não decepciona, não abandona o seu Povo, embora existam momentos ou situações onde parece que Ele não está. Ela foi a primeira discípula que acompanhou seu Filho e sustentou a esperança dos apóstolos nos momentos difíceis. Foi a mulher que esteve atenta e soube dizer – quando parecia ser o fim da festa e da alegria: ‘Não têm vinho!’ (Jo 2, 3). Foi a mulher que soube ir e ficar com a sua prima Isabel ‘cerca de três meses’ (Lc 1, 56), para essa não estar sozinha no parto. Essa é nossa Mãe, boa e generosa."
O Papa Francisco também fez menção ao Santuário de Caacupé, que “guarda como um tesouro a memória de um Povo que sabe que Maria é Mãe, que esteve e está ao lado dos seus filhos”.
"Esteve e está nos nossos hospitais, nas nossas escolas, nas nossas casas. Esteve e está nos nossos trabalhos e nos nossos caminhos. Esteve e está à mesa de cada lar. Esteve e está na formação da Pátria, fazendo-nos uma Nação. Sempre com uma presença discreta e silenciosa. Quando olhamos uma imagem, santinho ou medalha, o sinal de um terço, sabemos que não andamos sozinhos, que Ela nos acompanha. Por que motivo? Porque Maria quis estar no meio de seu Povo, com os seus filhos, com a sua família."
Um sentimento em relação à mãe que, segundo o Pontífice, o povo paraguaio viveu, e hoje está compartilhando com todos.
"Todos vocês, todos os paraguaios têm a memória viva de um Povo que encarnou essas palavras do Evangelho. E quero me referir de modo especial a vocês, mulheres e mães paraguaias, que, com grande coragem e dedicação, souberam levantar um país derrotado, afundado, submerso pela guerra. Vocês têm a memória, o DNA daquelas que reconstruíram a vida, a fé, a dignidade do seu povo. Como Maria, viveram situações muito, muito difíceis, que, vistas sob uma lógica comum, poriam em causa toda a fé. Pelo contrário vocês, como Maria, impelidas e sustentadas pelo seu exemplo, continuaram crentes, inclusive ‘com uma esperança para além do que se podia esperar’ (Rm 4, 18). Quando tudo parecia se desmoronar, diziam juntamente com Maria: Não temamos! O Senhor está conosco, está com o nosso povo, com as nossas famílias; façamos o que Ele nos disser. E, assim, encontraram ontem e encontram hoje força para não deixar que esta terra caia no caos. Deus abençoe essa tenacidade, Deus abençoe e anime a fé de vocês, Deus abençoe a mulher paraguaia, a mais gloriosa da América."
Fonte: Rádio Vaticano 

Papa Francisco: não há melhor remédio que a ternura e proximidade

11/07/2015

Assunção (RV) - O Papa Francisco visitou, neste sábado (11/07), o Hospital Pediátrico Niños de Acosta Nú, em Assunção, Paraguai. O pontífice visitou o setores de internação, reanimação e oncologia do hospital.
O Santo Padre falou espontaneamente, sintetizando o discurso, que foi entregue, preparado para a ocasião.  
Francisco recordou o Evangelho em que Jesus se zangou com os discípulos porque queriam impedir as crianças de ir até ele. “Não significa que ele não gostava dos mais velhos, mas que se sentia feliz quando estava no meio das crianças. Fazia-Lhe muito bem a amizade e companhia delas”, disse.
Jesus disse aos discípulos e diz também a nós hoje que devemos voltar a ser como crianças para entrar no Reino dos Céus. Temos de aprender com elas. 
 “Devemos aprender de vocês, de sua confiança, alegria, ternura; de sua capacidade de lutar, de sua fortaleza e capacidade incomparável de resistir”, frisou Francisco.
“Mães, pais, avós, sei que não é nada fácil estar aqui. Há momentos de muita dor, incerteza. Há momentos de forte angústia que oprime o coração, e há momentos de grande alegria. Os dois sentimentos coexistem, estão em nós. Mas não há melhor remédio que a sua ternura e proximidade. Alegra-me saber que vocês se ajudam entre famílias para prosseguir e atravessar este momento.”
O Francisco agradeceu aos médicos, enfermeiros e demais funcionários do hospital por sua vocação de serviço, que ajuda não só a curar, mas também acompanha a dor de seus irmãos. (MJ)
Segue o discurso do Santo Padre, na íntegra.
Senhor Director,
Queridas crianças,
Membros do pessoal,
Amigos todos!
Obrigado pela recepção tão calorosa que me fizeram! Obrigado por este tempo que me concedeis passar convosco!
Queridas crianças, quero fazer-vos uma pergunta, para ver se me ajudais. Disseram-me que sois muito inteligentes, pelo que me animei a fazê-la: Jesus zangou-se alguma vez? Lembrais-vos quando foi? Eu sei que é uma pergunta difícil, dou-vos uma ajuda. Foi quando não deixaram aproximar-se d’Ele as crianças.

É a única vez, em todo o Evangelho de Marcos, que se usa esta palavra (Mc 10, 13-15). Significa quase o mesmo que a nossa expressão: encheu-se de ira. Já alguma vez vos zangastes? Pois bem! Foi assim que ficou Jesus, quando não deixaram vir para junto d’Ele as crianças, crianças como vós. Ele ficou muito zangado. As crianças contam-se entre os predilectos de Jesus. Não significa que não gostava dos mais velhos, mas que Se sentia feliz quando podia estar com elas. Fazia-Lhe muito bem a amizade e companhia delas. E não só queria tê-las perto; mais do que isso: deu-as como exemplo. Disse aos discípulos: «Se não voltardes a ser como as criancinhas, não podereis entrar no Reino do Céu» (Mt 18, 3). 
As crianças estavam longe, os mais velhos não as deixavam aproximar-se, mas Jesus chamou-as, abraçou-as e pô-las no meio para que todos aprendêssemos a ser como elas. Hoje Ele diria o mesmo a nós. Fixa-nos e diz: Aprendei delas.
Devemos aprender de vós, da vossa confiança, alegria, ternura; da vossa capacidade de luta, da vossa fortaleza; da vossa capacidade incomparável de resistir. Sois uns lutadores. E, quando alguém tem tais «guerreiros» à sua frente, sente-se orgulhoso. Não é verdade, ó mães? Não é verdade, ó pais e avós? Ver-vos dá-nos força, dá-nos coragem para ter confiança, para avançar. 
Mães, pais, avós, sei que não é nada fácil estar aqui. Há momentos de muita dor, incerteza. Há momentos de forte angústia que oprime o coração, e há momentos de grande alegria. Os dois sentimentos coexistem, estão em nós. Mas não há melhor remédio que a vossa ternura, a vossa proximidade. E alegra-me saber que, entre vós famílias, vos ajudais, animais, dais um «empurrãozinho» para prosseguir e atravessar este momento.
Contais com o apoio dos médicos, dos enfermeiros e de todo o pessoal desta casa. Obrigado por esta vocação de serviço, que ajuda não só a curar, mas também a acompanhar a dor dos vossos irmãos.
Não nos esqueçamos disto: Jesus está perto dos vossos filhos; está muito perto: no coração. Não hesiteis em suplicar-Lhe, não hesiteis em falar com Ele, em compartilhar as vossas dúvidas, as vossas dores. Ele está sempre ao vosso lado; mas sempre, e não vos deixará cair.
E, duma coisa, temos a certeza e mais uma vez o confirmo. Onde estiver um filho, está a mãe. Onde estiver Jesus, está Maria, a Virgem de Caacupé. Peçamos-Lhe que vos proteja com o seu manto, que interceda por vós e pelas vossas famílias.
E não vos esqueçais de rezar por mim. Tenho a certeza de que as vossas orações chegam ao céu.
Fonte: Rádio Vaticano 

Papa: “mulher paraguaia, a mais gloriosa da América”

11/07/2015


Assunção (RV) – Hinos das “Reduções jesuíticas” deram o tom do encontro
do Papa com as autoridades paraguaias, na noite desta sexta-feira (10/07), em Assunção. Francisco recordou a “guerra inócua” que quase destruiu a fraternidade entre os povos da região e destacou o papel da mulher paraguaia, para o Pontífice “a mais gloriosa da América”.


“Não é difícil sentir-se em casa, nesta terra tão acolhedora”, disse o Papa, ao  recordar que o Paraguai é conhecido como o “coração da América, não só pela sua posição geográfica mas também pelo calor da hospitalidade e proximidade do seu povo”.
Superação
Ao recordar a história do País, o Papa destacou que “desde os seus primeiros passos como nação independente até dias ainda recentes, a história do Paraguai conheceu o sofrimento terrível da guerra, do confronto fratricida, da falta de liberdade e da violação dos direitos humanos”.
Tanta dor e tanta morte! Mas é admirável a tenacidade e o espírito de superação do povo paraguaio para se refazer perante tanta adversidade e prosseguir nos seus esforços por construir uma nação próspera e em paz”, destacou o Pontífice.
Papel da mulher
No jardim palácio presidencial – que foi testemunha da história do Paraguai, desde quando era apenas margem do rio e era usado pelos Guaranis até aos últimos acontecimentos contemporâneos – o Papa prestou sua homenagem aos milhares de paraguaios simples, cujos nomes não aparecerão escritos nos livros de história “mas que foram e continuam a ser verdadeiros protagonistas da vida do seu povo”.
“E quero reconhecer, com emoção e admiração, o papel desempenhado pela mulher paraguaia nestes momentos dramáticos da história, de modo especial nesta guerra inócua que quase chegou a destruir a fraternidade de nossos povos”.
“Sobre os seus ombros de mães, esposas e viúvas carregaram o peso maior, souberam levar por diante as suas famílias e o seu país, infundindo nas novas gerações a esperança de um amanhã melhor”. “Deus abençoe a mulher paraguaia, a mais gloriosa da América”, arrebatou o Pontífice.
Dignidade integral
Ao reconhecer que o Paraguai está empenhado na construção de um projeto democrático sólido e estável, o Papa fez uma advertência: “um desenvolvimento econômico que não leve em conta os mais fracos e desfavorecidos não é verdadeiro desenvolvimento. A medida do modelo econômico deve ser a dignidade integral do ser humano, especialmente dos mais vulneráveis e indefesos”. 
Fonte: Rádio Vaticano 

10 de jul. de 2015

Papa Francisco deixa na Bolívia as condecorações que recebeu de Evo Morales

LA PAZ, 10 Jul. 15 / 04:15 pm (ACI).- O Papa Francisco deixou na Bolívia as duas condecorações que o Presidente Evo Morales lhe deu na última quarta-feira, 9, durante o intercâmbio de presentes no Palácio de Governo, pouco depois da sua chegada ao país.
Morales entregou a máxima condecoração da Bolívia, a medalha Condor dos Andes, e a distinção Luis Espinal.
Nesta segunda condecoração está a imagem de Cristo sobre a foice e o martelo, elaborada pelo falecido sacerdote jesuíta nos anos 70 e cuja réplica o mandatário obsequiou ao Santo Padre, algo que gerou grande controvérsia em diversas redes sociais.
Segundo informou a Santa Sé, o Papa celebrou Missa pela manhã na capela da residência do Arcebispo Emérito de Santa Cruz de la Sierra, Cardeal Julio Terrazas.
No final da Celebração Eucarística, o Santo Padre entregou à Virgem de Copacabana, Padroeira da Bolívia, as duas condecorações presenteadas pelo Presidente Evo Morales, na última quarta-feira, durante sua visita de cortesia ao Palácio Presidencial de La Paz.
O Papa Francisco pronunciou as seguintes palavras, seguidas de uma oração: “O Senhor Presidente da Nação através de um gesto de acolhida teve a delicadeza presentear-me com duas condecorações em nome do povo boliviano”.
“Agradeço o carinho do povo boliviano e agradeço este detalhe, esta delicadeza do Senhor Presidente e gostaria de deixar estas duas condecorações à Padroeira da Bolívia, à Mãe desta nobre Nação para que Ela sempre se lembre do seu povo”.
A oração que pronunciou o Pontífice foi a seguinte:
Mãe do Salvador e Mãe nossa, tu que és a Rainha da Bolívia, do alto de teu Santuário em Copacabana, atende as súplicas e necessidades dos seus filhos, protege especialmente os mais pobres e abandonados.
Recebe como obséquio do coração da Bolívia e de meu amor filial os símbolos do carinho e da proximidade que –em nome do Povo boliviano– me entregou o Senhor Presidente Evo Morales Ayma com afeto cordial e generoso, com motivo desta Viagem Apostólica, que confiei à tua intercessão.
Eu te imploro que estes reconhecimentos, que deixo aqui na Bolívia aos teus pés, e que recordam a nobreza do voo do Condor nos céus dos Andes e o comemorado sacrifício do Pe. Luis Espinal, S.I. sejam emblemas do amor perene e da perseverante gratidão do Povo boliviano à tua forte ternura.
Neste momento, coloco no teu coração minhas orações por todas as preces dos seus filhos, que recebi durante estes dias, tantas Mãe: te suplico que as escute;
Concede-lhes teu amparo e tua proteção, e manifesta à Bolívia tua ternura de mulher e Mãe de Deus, que vive e reina pelos séculos dos séculos. Amém.

Fonte: http://www.acidigital.com/noticias/papa-francisco-deixa-na-bolivia-as-condecoracoes-que-recebeu-de-evo-morales-48807/

Papa deixa condecorações aos pés Nossa Senhora de Copacabana

10/07/15


Santa Cruz de la Sierra (RV) - Durante a missa privada celebrada, na manhã desta sexta-feira (10/07), na capela da residência arquiepiscopal de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, o Papa confiou à Virgem de Copacabana, Padroeira da Nação, as duas condecorações a ele outorgadas pelo Presidente da Bolívia, Evo Morales.
Durante o ato, Francisco disse que o presidente do País, num gesto de cordialidade teve a delicadeza de oferecer-lhe duas condecorações em nome do povo boliviano. “Agradeço o carinho do povo boliviano e agradeço esta fineza, esta delicadeza do presidente. Deixo estas duas condecorações à Padroeira da Bolívia, à Mãe desta nobre nação para que Ela se lembre sempre de seu povo, do Sucessor de Pedro e toda a Igreja, e cuide da Bolívia”, frisou o Papa.
Pedido
O Pontífice pediu a Nossa Senhora que, do seu Santuário em Copacabana, ouça os apelos e as necessidades de seus filhos, especialmente os mais pobres e abandonados, e que os proteja. O Papa pediu à Padroeira da Bolívia para que esses reconhecimentos, que deixou no País aos seus pés, “recordem a nobreza do voo do Condor nos céus do Andes e o sacrifício do jesuíta Pe. Luis Espinal, e sejam símbolos de amor perene e gratidão perseverante do povo boliviano às suas solicitações e forte ternura”.
Francisco colocou no coração de Maria as suas orações pelos muitos pedidos que ele recebeu nesses dias. Pediu ainda a Nossa Senhora que escute e conforte o coração de seus filhos e que manifeste a toda Bolívia sua ternura de mulher e Mãe de Deus. 
Fonte: Rádio Vaticano 

Papa: "Queremos uma mudança real, positiva, redentora nas estruturas"

10/07/2015

Santa Cruz de la Sierra (RV) - "Precisamos e queremos uma mudança, uma mudança real, uma mudança das estruturas". Ao concluir o II Encontro dos Movimentos Populares em Santa Cruz de la Sierra, o Papa Francisco pronunciou o mais longo e contundente discurso desta sua nona viagem apostólica internacional, denunciando a ambição desenfreada pelo dinheiro, as novas formas de colonialismo e as agressões ao meio-ambiente. O Pontífice afirmou que os “três T" - terra, teto e trabalho" são direitos sagrados pelos quais vale a pena lutar e propôs três grandes tarefas aos movimentos populares.

Necessidade de mudança
Ao começar falando da necessidade de mudanças, Francisco esclareceu que os problemas "têm uma matriz global" e que portanto dizem respeito à toda humanidade, chamando a atenção de que só reconhecemos que as coisas não vão bem quando explodem as guerras, a violência e a criação está ameaçada. O Papa reitera, que as diversas formas de exclusão não são questões isoladas, mas "têm um elo invisível" que as une, fruto de um sistema que "impõe a lógica do lucro a qualquer custo", tornando-se uma situação insuportável para os camponeses, comunidades, povos e a irmã Terra, por isto, a necessidade de uma mudança:
"Queremos uma mudança nas nossas vidas, nos nossos bairros, no vilarejo, na nossa realidade mais próxima; mas uma mudança que toque também o mundo inteiro, porque hoje a interdependência global requer respostas globais para os problemas locais. A globalização da esperança, que nasce dos povos e cresce entre os pobres, deve substituir esta globalização da exclusão e da indiferença".
Uma mudança positiva, redentora
O Papa explicou que a mudança "que queremos e precisamos" é uma mudança positiva, que nos faça bem, "redentora". "Verifiquei nas minhas viagens "que existe uma expectativa, uma busca forte, um anseio de mudanças em todos os povos do mundo". E uma insatisfação, "e sobretudo tristeza", reina mesmo "dentro da minoria (...) que pensa sair beneficiada deste sistema".
Dinheiro, o esterco do diabo
A terra, os povos e as pessoas estão sendo castigados de forma quase selvagem, e por trás deste sofrimento está o "esterco do diabo" (expressão usada por Basílio de Cesareia), "reina a ambição desenfreada do dinheiro", e assim, "o serviço ao bem comum fica em segundo plano":
"Quando o capital se torna um ídolo e dirige as opções dos seres humanos, quando a avidez do dinheiro domina todo o sistema socioeconômico, arruína a sociedade, condena o homem, transforma-o em escravo, destrói a fraternidade inter-humana, faz lutar povo contra povo e até, como vemos, põe em risco esta nossa casa comum".
O destino está em vossas mãos
Para o Papa, não basta assinalar as causas estruturais do drama social e ambiental contemporâneo, pois "já sofremos de um certo excesso de diagnóstico", que nos leva ao pessimismo e a pensar que nada podemos fazer além "de cuidar de nós mesmos e dos pequenos círculo da família e dos amigos". "O futuro da humanidade - exclamou o Papa, dirigindo-se aos mais humildes, explorados, pobres e excluídos - está nas vossas mãos, na vossa capacidade de vos organizar e buscar alternativas criativas na busca diária dos "3 T" e na vossa participação como protagonistas nos grandes processos de mudanças nacionais, regionais e mundiais. Não se acanhem!"
Conversão das atitudes do coração
Francisco alertou, que uma "mudança de estruturas que não seja acompanhada de uma conversão sincera das atitudes e do coração, acaba a longo ou curto prazo por burocratizar-se, corromper-se e sucumbir". Para evitar isto, enalteceu a "imagem do processo", "onde a paixão por semear, por regar serenamente e que outros verão florescer, substitui a ansiedade de ocupar todos os espaços de poder disponíveis e de ver resultados imediatos".
Os heroísmos cotidianos, vividos muitas vezes na "crueza da tormenta humana", o trabalho aparentemente insignificante, as lutas, o apego ao bairro, à terra, ao território, levam a assumir tarefas comuns motivadas pelo amor fraterno:
"A entrega, a verdadeira entrega nasce do amor pelos homens e mulheres, crianças e idosos, vilarejos e comunidades... Rostos e nomes que enchem o coração. A partir destas sementes de esperança semeadas pacientemente nas periferias esquecidas do planeta, destes rebentos de ternura que lutam por subsistir na escuridão da exclusão, crescerão grandes árvores, surgirão bosques densos de esperança para oxigenar este mundo".
O serviço da Igreja
O Papa encorajou os povos e suas organizações a construírem uma alternativa humana à globalização exclusiva, com criatividade, sem perder o apego às coisas próximas, mas construindo sobre bases sólidas, sobre as necessidades reais e a experiência. "Vós sois semeadores", "mais cedo ou mais tarde vamos ver os frutos". Neste sentido, o Santo Padre destacou o serviço da Igreja, que não deve ser alheia a este processo no anúncio do Evangelho:
"Muitos sacerdotes e agentes pastorais realizam uma tarefa imensa acompanhando e promovendo os excluídos em todo o mundo, ao lado de cooperativas, dando impulso a empreendimentos, construindo casas, trabalhando abnegadamente nas áreas da saúde, desporto e educação. Estou convencido de que a cooperação amistosa com os movimentos populares pode robustecer estes esforços e fortalecer os processos de mudança".
As três tarefas dos movimentos populares
Para esta "mudança positiva" não existe uma receita. No entanto, o Papa propôs três grandes tarefas que requerem a decisiva contribuição do conjunto dos movimentos populares: colocar a economia a serviços dos povos, unir os povos no caminho da paz e da justiça e defender a Mãe Terra.
"A economia não deveria ser um mecanismo de acumulação, mas a condigna administração da casa comum", o que implica em "cuidar adequadamente os bens entre todos", observou o Papa, explicando que uma "economia verdadeiramente comunitária, de inspiração cristã" deveria garantir aos povos dignidade, prosperidade e civilização em seus múltiplos aspectos, que além dos três "T", envolvem acesso à educação, à saúde, à inovação, às manifestações artísticas e culturais, ao esporte e à recreação:
"Uma economia justa deve criar as condições para que cada pessoa possa gozar duma infância sem privações, desenvolver os seus talentos durante a juventude, trabalhar com plenos direitos durante os anos de atividade e ter acesso a uma digna aposentação na velhice. É uma economia onde o ser humano, em harmonia com a natureza, estrutura todo o sistema de produção e distribuição de tal modo que as capacidades e necessidades de cada um encontrem um apoio adequado no ser social. Vós – e outros povos também – resumis este anseio duma maneira simples e bela: «viver bem»".
A justa distribuição dos frutos da terra e do trabalho humano - afirmou o Pontífice - não é uma mera filantropia. É um dever moral. Para os cristãos, é um mandamento. "Trata-se de devolver aos pobres e às pessoas o que lhes pertence". Os movimento sociais, neste sentido, tem um papel essencial, não apenas exigindo e reclamando, mas criando: "Vós sois poetas sociais!". E quando o Estado e organizações assumem juntos a missão dos "3 T", ativam-se os princípios de solidariedade e subsidiariedade que permitem construir o bem comum numa democracia plena e participativa.
Unir os povos no caminho da paz e da justiça
O Papa destacou que os povos do mundo querem ser artífices de seu próprio destino e nenhum poder constituído tem o direito de privar os países pobres do pleno exercício da sua soberania e quando o fazem, "vemos novas formas de colonialismo" que afetam as possibilidades de paz e de justiça.
Francisco volta-se para a realidade na América Latina, onde "os governos da região juntaram seus esforços para fazer respeitar a sua soberania", "na forma como faziam os nossos antepassados", para então exortar os movimentos populares a "cuidar e fazer crescer esta unidade", evitando toda divisão.
Novo colonialismo
O novo colonialismo, nas suas diversas fisionomias - alertou o Papa - atenta contra este desenvolvimento humano equitativo e ameaça a soberania dos países da 'Pátria Grande" e de outras latitudes do planeta:
"O novo colonialismo assume variadas fisionomias. Às vezes, é o poder anônimo do ídolo dinheiro: corporações, credores, alguns tratados denominados «de livre comércio» e a imposição de medidas de «austeridade» que sempre apertam o cinto dos trabalhadores e dos pobres. Os bispos latino-americanos denunciam-no muito claramente, no documento de Aparecida".
Também os monopólios dos meios de comunicação social, como nova forma de colonialismo - denuncia o Papa - pretendem impor "padrões alienantes de consumo e certa uniformidade cultural". E devemos dizer não às "velhas e novas formas de colonialismo".
Para resolver os graves problemas da humanidade, é necessário a interação entre Estados e povos, a nível internacional, frisou o Santo Padre. Mas esta interação, "não é imposição".
Perdão pelos pecados da Igreja na colonização
Referindo-se aos "muitos graves pecados contra os povos nativos da América, em nome de Deus", também Francisco, como fizeram seus predecessores, pediu perdão, acrescentando:
“Peço-vos também a todos, crentes e não crentes, que se recordem de tantos bispos, sacerdotes e leigos que pregaram e pregam a boa nova de Jesus com coragem e mansidão, respeito e em paz; que, na sua passagem por esta vida, deixaram impressionantes obras de promoção humana e de amor, pondo-se muitas vezes ao lado dos povos indígenas ou acompanhando os próprios movimentos populares mesmo até ao martírio. A Igreja, os seus filhos e filhas, fazem parte da identidade dos povos na América Latina. Identidade que alguns poderes, tanto aqui como noutros países, se empenham por apagar, talvez porque a nossa fé é revolucionária, porque a nossa fé desafia a tirania do ídolo dinheiro".
Defesa da Mãe terra
A covardia em defender a casa comum, que está sendo saqueada, devastada e vexada impunemente é um pecado grave, disse o Papa, que lamentou a falta de resultados nos sucessivos encontros internacionais sobre o tema. "Não se pode permitir que certos interesses - que são globais, mas não universais", se imponham, submetendo Estados e organismos internacionais , e continuem a destruir a criação".
Ao concluir, o Papa Francisco afirmou que "O futuro da humanidade não está unicamente nas mãos dos grandes dirigentes, das grandes potências e das elites. Está fundamentalmente nas mãos dos povos; na sua capacidade de se organizarem e também nas suas mãos que regem, com humildade e convicção, este processo de mudança. Estou convosco”.
Fonte: Rádio Vaticano 

Papa Francisco: reclusão não é o mesmo que exclusão

10/07/2015

Santa Cruz de la Sierra (RV) - O Papa Francisco visitou, nesta sexta-feira (10/07), o Centro de Reabilitação de Palmasola, em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia.
O Santo Padre foi acolhido no cárcere pelo Arcebispo de Sucre, Dom Jesús Juárez Párraga, presidente da Pastoral Social Caritas Boliviana e responsável da Pastoral Carcerária, que fez o discurso de boas-vindas ao pontífice. O Papa ouviu atentamente o discurso do prelado e também o testemunho de dois reclusos e uma reclusa no cárcere de Palmasola.
“Não podia deixar a Bolívia sem vir ver-vos, sem deixar de partilhar a fé e a esperança que nascem do amor entregue na cruz. Obrigado por me receberem. Sei que se prepararam e rezaram por mim. Muito obrigado!”, disse Francisco em seu discurso.
“Nas palavras de Dom Jesús Juárez e no testemunho de quem falou, pude comprovar que a dor não é capaz de apagar a esperança no mais fundo do coração e que a vida continua a jorrar com força em circunstâncias adversas”, frisou o pontífice.
“Jesus veio para nos mostrar, fazer visível o amor que Deus tem por nós. Por vós, por mim. Um amor ativo, real. Um amor que levou a sério a realidade do seus. Um amor que cura, perdoa, levanta, cuida. Um amor que se aproxima e devolve a dignidade perdida”, disse ainda Francisco.
“Quando Jesus entra na vida de uma pessoa, ela não fica detida no seu passado, mas começa a olhar o presente de outra forma, com outra esperança. A pessoa começa a ver com outros olhos a si mesma, a sua própria realidade. Não fica enclausurado no que aconteceu, mas é capaz de chorar e encontrar nisso a força para voltar a começar. E, se em determinados momentos nos sentimos tristes, mal, abatidos, convido-vos a fixar o rosto de Jesus crucificado. No seu olhar, todos podemos encontrar espaço. Todos podemos colocar junto d’Ele as nossas feridas, as nossas dores e também os nossos pecados. Nas suas chagas, encontram lugar as nossas chagas; para serem curadas, lavadas, transformadas, ressuscitadas. Ele morreu por vós, por mim, para nos dar a mão e levantar-nos. Conversem com os sacerdotes que aqui vêm, conversem… Jesus sempre nos quer levantar.”
Francisco disse que essa certeza nos leva a trabalhar pela nossa dignidade, e acrescentou: 
“Reclusão não é o mesmo que exclusão, porque a reclusão faz parte dum processo de reinserção na sociedade. Há muitos elementos – bem o sei – que jogam contra este lugar: a superlotação, a morosidade da justiça, a falta de terapias ocupacionais e de políticas de reabilitação, a violência… Tudo isso torna necessário uma pronta e eficaz aliança interinstitucional para se encontrar respostas.”
Enquanto lutamos por isso, não podemos dar tudo por perdido. Há coisas que podemos fazer.
“Aqui, neste Centro de Reabilitação, a convivência depende em parte de vós. O sofrimento e a privação podem tornar o nosso coração egoísta e levar a confrontos, mas também temos a capacidade de os transformar em ocasião de autêntica fraternidade. Ajudai-vos mutuamente. Não tenhais medo de vos ajudar entre vós. O diabo procura a rivalidade, a divisão, os bandos; lutai para sairdes vencedores contra ele.”
O Papa disse que todas as pessoas que trabalham no Centro de Reabilitação de Palmasola desempenham uma tarefa importante neste processo de reinserção, um processo que requer deixar a lógica de bons e maus para passar a uma lógica centrada na ajuda à pessoa. (MJ)
Segue o discurso do Santo Padre, na íntegra.
Queridos irmãos e irmãs!
Não podia deixar a Bolívia sem vir ver-vos, sem deixar de partilhar a fé e a esperança que nascem do amor entregue na cruz.
Obrigado por me receberem. Sei que se prepararam e rezaram por mim. Muito obrigado!
Nas palavras de D. Jesús Juárez e no testemunho de quem falou, pude comprovar que a dor não é capaz de apagar a esperança no mais fundo do coração e que a vida continua a jorrar com força em circunstâncias adversas.
Quem está diante de vós? Poderiam perguntar-se. Gostaria de responder-lhes à pergunta com uma certeza da minha vida, com uma certeza que me marcou para sempre. Aquele que está diante de vós é um homem perdoado. Um homem que foi e está salvo de seus muitos pecados. E é assim como me apresento. Não tenho muito mais para lhes dar ou oferecer, mas o que tenho e amo quero dar-vo-lo, quero partilhá-lo: Jesus Cristo, a misericórdia do Pai.
Ele veio para nos mostrar, fazer visível o amor que Deus tem por nós. Por vós, por mim. Um amor activo, real. Um amor que levou a sério a realidade do seus. Um amor que cura, perdoa, levanta, cuida. Um amor que se aproxima e devolve a dignidade. Uma dignidade, que podemos perder de muitas maneiras e formas. Mas, nisto, Jesus é um obstinado: deu a sua vida por isto, para nos devolver a identidade perdida.
Lembro-me duma experiência que nos pode ajudar. Pedro e Paulo, discípulos de Jesus, também estiveram encarcerados; também foram privados da liberdade. Nessa circunstância, houve algo que os sustentou, algo que não os deixou cair no desespero, na escuridão que pode brotar da falta de sentido: foi a oração. Pessoal e comunitária. Eles rezaram, e por eles se rezava. Dois movimentos, duas acções que geram entre si uma rede que sustenta a vida e a esperança. Sustenta-nos contra o desespero e incentiva-nos a prosseguir o caminho. Uma rede que vai sustentando a vida, a vossa e a das vossas famílias.
Porque uma pessoa, quando Jesus entra na sua vida, não fica detida no seu passado, mas começa a olhar o presente de outra forma, com outra esperança. A pessoa começa a ver com outros olhos a si mesma, a sua própria realidade. Não fica enclausurado no que aconteceu, mas é capaz de chorar e encontrar nisso a força para voltar a começar. E, se em determinados momentos nos sentimos tristes, mal, abatidos, convido-vos a fixar o rosto de Jesus crucificado. No seu olhar, todos podemos encontrar espaço. Todos podemos colocar junto d’Ele as nossas feridas, as nossas dores e também os nossos pecados. Nas suas chagas, encontram lugar as nossas chagas; para serem curadas, lavadas, transformadas, ressuscitadas. Ele morreu por vós, por mim, para nos dar a mão e levantar-nos. Conversem com os sacerdotes que aqui vêm, conversem… Jesus sempre nos quer levantar.
Esta certeza move-nos a trabalhar pela nossa dignidade. Reclusão não é o mesmo que exclusão, porque a reclusão faz parte dum processo de reinserção na sociedade. Há muitos elementos – bem o sei – que jogam contra este lugar: a superlotação, a morosidade da justiça, a falta de terapias ocupacionais e de políticas de reabilitação, a violência… Tudo isso torna necessário uma pronta e eficaz aliança interinstitucional para se encontrar respostas.
Mas, enquanto se luta por isso, não podemos dar tudo por perdido. Hoje há coisas que já podemos fazer.
Aqui, neste Centro de Reabilitação, a convivência depende em parte de vós. O sofrimento e a privação podem tornar o nosso coração egoísta e levar a confrontos, mas também temos a capacidade de os transformar em ocasião de autêntica fraternidade. Ajudai-vos mutuamente. Não tenhais medo de vos ajudar entre vós. O diabo procura a rivalidade, a divisão, os bandos; lutai para sairdes vencedores contra ele.
Gostaria de vos pedir que leveis a minha saudação às vossas famílias. É tão importante a sua presença e a sua ajuda! Os avós, o pai, a mãe, os irmãos, o cônjuge, os filhos. Lembram-nos que vale a pena viver e lutar por um mundo melhor.
Finalmente, uma palavra de encorajamento a todos os que trabalham neste Centro: aos seus dirigentes, aos agentes da Polícia Carcerária, a todo o pessoal. Realizam um serviço público fundamental. Desempenham uma tarefa importante neste processo de reinserção; tarefa de levantar e não rebaixar, de dignificar e não humilhar, de animar e não acabrunhar. É um processo que requer deixar a lógica de bons e maus para passar a uma lógica centrada na ajuda à pessoa. Gerará melhores condições para todos, porque um processo assim vivido dignifica-nos, anima-nos e levanta-nos a todos.
Antes de vos dar a bênção, gostaria que rezássemos uns momentos em silêncio. Cada um faça-o como sabe.
Por favor, peço-vos que continueis a rezar por mim, porque também eu tenho os meus erros e devo fazer penitência. Obrigado!
Fonte: Rádio Vaticano 

Papa envia telegrama à “amada Pátria” argentina

10/07/2015

Santa Cruz (RV) – Ao sobrevoar o espaço aéreo argentino, sem entrar no brasileiro, com destino ao Paraguai, o Papa enviou dois telegramas: um ao Presidente Evo Morales, a quem agradeceu assim como ao povo boliviano por ter “compartilhado dias cheios de graças e bênçãos” e, outro, à Presidente argentina, Cristina Kirchner.
"Ao sobrevoar a amada Pátria argentina para começar a minha visita pastoral ao Paraguai, de bom grado envio uma cordial saudação a sua Excelência, expressando minha proximidade e afeto a esta querida nação, para a qual peço ao Senhor copiosas graças que a permitam progredir nos valores humanos e espirituais, aumentando o compromisso pela justiça e pela paz”. 
Fonte: Rádio Vaticano 

Pe. Lombardi explica origem de cruz entregue ao Papa por Evo

09/07/2015

La Paz (RV) - O Diretor da Sala da Imprensa da Santa Sé e da Rádio Vaticano, Padre Federico Lombardi, confirmou que a cruz entregue ao Papa pelo presidente Evo Moráles foi criada pelo padre jesuíta espanhol Luis Espinal Camps - assassinado por paramilitares durante a ditadura na Bolívia, em 1980, a quem Francisco rezou em memória no local da morte.
Pe. Lombardi disse que a cruz não deve ser encarada como uma ideologia e sim “como um sinal de diálogo muito aberto com todos para a liberação e o progresso da Bolívia”, na época da ditadura.
“Não era um símbolo conhecido, nem mesmo entre os jesuítas. Porém, vem de Padre Espinal, isso é certo”, acrescentou Pe. Lombardi.
“O Papa Francisco não conhecia a obra, acredito”, finalizou Padre Lombardi. (RB)

Rádio Vaticano 

"Acolhimento fantástico" impressionou o Papa na Bolívia

09/07/2015


Santa Cruz (RV) – Acolhimento fantástico: assim o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, definiu a chegada do Papa à Bolívia.
Na coletiva realizada depois da Missa celebrada na Praça do Cristo Redentor, Pe. Lombardi afirmou que Francisco ficou impressionado com a demonstração da riqueza cultural e étnica bolivianas. E manifestou seu apreço para que a nação caminhe rumo a uma sociedade mais inclusiva, reconhecendo os progressos feitos neste sentido.
Mas a curiosidade dos jornalistas se concentraram em dois assuntos em especial: a questão marítima citada pelo Pontífice, e o símbolo da foice e do martelo, com a imagem de Cristo, entregue pelo Presidente Evo Morales.
Quanto à disputa entre Chile e Bolívia, o sacerdote jesuíta explicou que se tratou somente de um convite a uma atitude de diálogo, sem entrar em questões políticas. “O Papa falou com sinceridade. Se existem problemas, é preciso resolvê-los com o diálogo.”
Sobre o símbolo entregue por Morales, Pe. Lombardi confirmou que se trata de um objeto que vem do Pe. Luis Espinal, assassinado durante a ditadura. Ele desenhou esta figura, que posteriormente tomou forma, mas sem um significado político-ideológico particular.
Outra pergunta foi quanto às folhas de coca contidas na “chuspa”, a bolsa que Evo Morales colocou no pescoço do Pontífice. Padre Lombardi respondeu que não tem conhecimento de que o Papa tenha mastigado as folhas. 

Fonte: Rádio Vaticano 

Papa: Não somos testemunhas de uma ideologia, mas do amor misericordioso de Jesus

09/07/2015

Santa Cruz de la Sierra (RV) –  O “Coliseu Dom Bosco”, em Santa Cruz de la Sierra, acolheu num clima de muita alegria e expectativa, cerca de 4 mil religiosos e religiosas, seminaristas, sacerdotes e leigos consagrados para o encontro com o Papa Francisco.
Após ser saudado por Dom Roberto Bordi, Bispo encarregado pela Vida Consagrada e ouvir os testemunhos de um sacerdote, uma religiosa e um seminaristas, o Papa se pronunciou inspirando-se na experiência de Bartimeu, narrada no Evangelho de Marcos, lido precedentemente. O Evangelista – observou o Papa – parecia querer mostrar como as pessoas reagem perante o sofrimento de quem está na beira da estrada, da pessoa que está sentada sobre a sua dor. E “três são as respostas aos gritos do cego, e estas respostas tem atualidade”, disse o Papa: passar; cala-te e Coragem, levanta-te”.
Passar
Alguns passam – disse o Papa – e neste passa temos o eco da indiferença, “do passar ao lado dos problemas, procurando que estes não nos toquem. Não os ouvimos, não os reconhecemos, surdez”:
“É a tentação de ver como coisa natural a dor, a tentação de habituar-se à injustiça. Eu estou aqui com Deus, com a vida consagrada, eleito por Jesus e para o ministério e é natural que existam doentes, pobres, pessoas que sofrem. É tão natural que não me chama a atenção um grito de alguém. Dizemos aqui para nós: é normal, sempre foi assim. É o eco que aparece num coração blindado, fechado, que perdeu a capacidade de admiração e, portanto, a possibilidade de mudança. Trata-se de um coração que se habituou a passar sem se deixar tocar; uma existência que, andando por aqui e por ali, não consegue radicar-se na vida do seu povo. Poderíamos chamá-la a espiritualidade do zapping. Passa e volta a passar, mas não fica nada. São aqueles que correm atrás da última novidade, do último «bestseller», mas não conseguem entrar em contacto, relacionar-se, envolver-se”.
Julgo – afirmou o Papa - que isto é o maior desafio da espiritualidade cristã. "Como podes amar a Deus que não vês e não amas o teu irmão que vês". Eles acreditavam ouvir a voz do Senhor. Traduziam as suas palavras que passam pelo alambique de seu coração blindado. Dividir esta unidade é uma das grandes tentações que nos acompanharão ao longo de todo o caminho (...) “Passar, sem escutar a dor do nosso povo, sem nos radicarmos nas suas vidas, na sua terra, é como ouvir a Palavra de Deus sem deixar que lance raízes dentro de nós e seja fecunda. Uma planta, uma história sem raízes é uma vida seca”.
Cala-te
O calar é a segunda atitude perante o grito de Bartimeu. “Cala-te, não chateies, não perturbes”. Ao contrário da atitude anterior, esta escuta, reconhece, toma contato com o grito de outro. Sabe que está ali e reage duma forma muito simples: repreendendo. os padres, as religiosas, os bispos, os papas. É a atitude de quem, à frente do povo de Deus, continuamente o está repreendendo, resmungando, mandando-o calar. Mas, "façam neles um carinho, por favor. escutem-nos, digam que Jesus lhes ama. 'Mas não posso, a criança chora na Igreja e estou pregando'. Como se o choro da criança não fosse uma sublime pregação":
“É o drama da consciência isolada, daqueles que pensam que a vida de Jesus é apenas para aqueles que consideram aptos. A seus olhos parece lícito que encontrem espaço apenas os «autorizados», uma «casta de pessoas diferentes» que pouco a pouco se separa, diferenciando-se do seu povo. Fizeram da identidade uma questão de superioridade”.
Ouvem mas não escutam; veem, mas não fixam o olhar. A necessidade de se diferenciar bloqueou- lhes o coração. A necessidade de dizer «eu não sou como ele, como eles» afastou-os não só do grito do seu povo e do seu pranto, mas também e particularmente dos motivos de alegria. Rir com aqueles que riem, chorar com os que choram: está aqui parte do mistério do coração sacerdotal.
Coragem, levanta-te
Por fim, encontramo-nos com o terceiro eco. Um eco que não nasce diretamente do grito de Bartimeu, mas de ver como Jesus se comportou perante o grito do cego mendicante. É um grito que se transforma em Palavra, em convite, em mudança, em proposta de novidade frente às nossas formas de reagir ao Povo Santo de Deus. Ao contrário dos outros que passavam, diz o Evangelho que Jesus Se deteve e perguntou que estava a acontecer:
“Deteve-se perante o clamor duma pessoa. Sai do anonimato da multidão para o identificar, comprometendo-se assim com ele. Radica-se na sua vida. E, longe de o mandar calar, pergunta: Que posso fazer por ti? Não precisa de diferenciar-se, separar-se, catalogá-lo para ver se está autorizado ou não a falar. Limita-se a fazer uma pergunta, a identificá-lo pretendendo ser parte da vida daquele homem, querendo assumir a sua própria sorte. Deste modo restitui-lhe gradualmente a dignidade que tinha perdido, faz a sua inclusão. Longe de olhá-lo de fora, esforça-se por se identificar com os problemas e, assim, manifestar a força transformadora da misericórdia. Não há compaixão que não se detenha, escute e solidarize com o outro”. A compaixão não é zapping, não é silenciar a dor; pelo contrário, é a lógica própria do amor. É a lógica que não está centrada no medo, mas na liberdade que nasce de amar e coloca o bem do outro acima de todas as coisas. É a lógica que nasce de não ter medo de se aproximar da dor do nosso povo. Embora muitas vezes se reduza a estar ao seu lado e fazer desse momento uma oportunidade de oração”.
Esta é a lógica do discipulado, frisou Francisco. Isto é o que faz o Espírito Santo conosco e em nós. "Um dia Jesus viu-nos à beira da estrada, sentados nas nossas dores, nas nossas misérias. Não silenciou os nossos gritos; antes, deteve-Se, aproximou-Se e perguntou que podia fazer por nós. E, graças a tantas testemunhas que nos disseram «coragem, levanta-te», gradualmente fomos tocando aquele amor misericordioso, aquele amor transformador que nos permitiu ver a luz. Não somos testemunhas de uma ideologia, uma receita, uma forma de fazer teologia. Somos testemunhas do amor sanador e misericordioso de Jesus. Somos testemunhas da sua intervenção na vida das nossas comunidades.
Esta é a pedagogia do Mestre; esta é a pedagogia de Deus com o seu Povo. Passar da indiferença do zapping a «coragem, levanta-te que [o Mestre] chama-te». E não porque somos especiais, não porque somos melhores, nem porque somos funcionários de Deus, mas apenas porque somos testemunhas agradecidas da misericórdia que nos transforma.
Não estamos sozinhos, neste caminho, encorajou o Papa. Ajudamo-nos uns aos outros com o exemplo e a oração. Estamos circundados por uma nuvem de testemunhas:
“Lembremos a Beata Nazária Ignacia de Santa Teresa de Jesús, que dedicou a sua vida ao anúncio do Reino de Deus cuidando dos idosos, com a «panela do pobre» para aqueles que não tinham nada para comer, abrindo orfanatos para crianças sem ninguém, hospitais para feridos da guerra, e até criando um sindicato feminino para a promoção da mulher. Lembremos também a Venerável Virgínia Blanco Tardío, devotada totalmente à evangelização e ao cuidado das pessoas pobres e doentes. Elas e muitos outros servem-nos de estímulo no nosso caminho. Vamos para diante com a ajuda de Deus e a cooperação de todos. O Senhor serve-Se de nós para que a sua luz chegue a todos os cantos da terra”.
O Papa concluiu abençoando a todos “de coração” e pedindo “rezem por mim”. 
Fonte: Rádio Vaticano 

Natividade de São João Batista: o maior dos profetas

A natividade de  São João Batista  é  uma solenidade muito importante no ano litúrgico, porque nesse dia lembramos o maior dos profetas, com...