23 de mai. de 2015

O que significa Pentecostes?

pentecostesÉ a palavra grega que significa “quinquagésimo”, porque esta festa era celebrada 50 dias após a Páscoa (Lv 23.15,16). Chamada em hebraico de “shavuot”, plural de “shavua”, significa “semana”, mas é também conhecida como a Festa das Primícias, pois coincidia com o fim da colheita de trigo. O nome “Festa de Pentecostes” ficou assim conhecido, por ser realizada no quinquagésimo dia após a Páscoa.
-“Reunidos no mesmo lugar” (At 2.1)


Havia quase 120 discípulos, incluindo as corajosas e heroicas pessoas anônimas que tiveram participação efetiva na obra de Deus (At 1.15). O local era o cenáculo, em Jerusalém (At 1.13), onde perseveravam “unanimemente em oração e súplica” (At 1.14). À luz do contexto, “reunidos no mesmo lugar” fala da unanimidade de propósito, esperando a promessa do Pai.

Fonte: Cléofas 

Pentecostes

pentecostA Festa de Pentecostes encerra o período pascal; foi o grande dom de Cristo ressuscitado, que subiu ao Céu e assumiu seu lugar na glória de Deus. Glorificado à direita do Pai – disse São Pedro – Ele enviou o Espírito Santo para conduzir os Apóstolos e toda a Igreja (At 2).
Jesus havia prometido enviar o Espírito Santo para ser a força e a luz da Igreja: “Quando vier o Paráclito, que vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim.” (Jo 15,26)
“Eu vos mandarei o Prometido de meu Pai, entretanto, permanecei na cidade [Jerusalém] até que sejais revestidos da força do alto”. (Lc 24,29)
Jesus sabia que sem esta “força do alto” os discípulos jamais seriam capazes de implantar o Reino de Deus neste mundo através da Igreja. As perseguições seriam muitas em todos os tempos, desde o primeiro século até hoje. E muitas seriam também as heresias que ameaçariam destruir a verdade que salva.  Só na força do Espírito Santo isso seria possível; por isso Jesus, na sua Ascensão, proibiu que os Apóstolos se afastassem do Cenáculo antes de serem revestidos, batizados, no Espírito Santo.
“E comendo com eles, ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem o cumprimento da promessa de seu Pai, que ouvistes, disse ele, da minha boca;  porque João batizou na água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo daqui há poucos dias. Assim reunidos, eles o interrogavam: Senhor, é porventura agora que ides instaurar o reino de Israel?  Respondeu-lhes ele: Não pertence a vós saber os tempos nem os momentos que o Pai fixou em seu poder,  mas descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força; e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até os confins do mundo. “ (Atos 1, 4s)
Os Apóstolos, imbuídos ainda de um messianismo terreno, esperavam que Jesus fosse um libertador político que livrasse Israel do jugo de Roma: “…é porventura agora que ides restaurar o reino de Israel?”. Jesus lhes mostra que não, que “seu Reino não é deste mundo”, e que a salvação de cada um acontecerá pela pregação do Evangelho em todo o mundo, no poder do Espírito Santo, poder esse que vence todo obstáculo à evangelização.
A partir de Pentecostes os Apóstolos se encheram de coragem, sabedoria e pregaram sem medo Jesus Cristo ressuscitado, enfrentando toda perseguição dos judeus. E o Espírito Santo estava com eles. É comum essa expressão nos Atos dos Apóstolos: “pareceu bem ao Espírito Santo e a nós…”.
Jesus disse que: “Deus anseia dar a cada um o Seu Espírito “sem medidas” (Jo 3,34); e, ainda antes da sua Paixão e morte, mostrou a importância do Espírito Santo na festa das tendas em Jerusalém:
“Se alguém tiver sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura: Do seu interior manarão rios de água viva (Zc 14,8; Is 58,11). Dizia isso, referindo-se ao Espírito Santo que haviam de receber os que cressem nele, pois ainda não fora dado o Espírito, visto que Jesus ainda não tinha sido glorificado” (Jo 7,37-39).
Na santa Ceia, na despedida, Jesus prometeu enviar o Paráclito, o Espírito da Verdade, para conduzir a Igreja sempre à verdade.
“Se me amais, guardareis os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco. É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós”. (Jo 14, 15-17)
Este Paráclito veio em Pentecostes para assistir e guiar a Igreja e ficar “eternamente convosco”. Por isso a Igreja nunca errou o caminho da verdade que salva (cf. CIC §851).
“Disse-vos estas coisas enquanto estou convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito.” (Jo 14, 25-26)
O Espírito Santo veio em Pentecostes para ficar para sempre com a Igreja e lhe ensinar “toda a verdade”. Essa é a maior alegria de ser católico. Desde aquele dia no primeiro século ele assiste e guia a Igreja na verdade; por isso a Igreja é infalível quando ensina a doutrina católica (cf. CIC §889 a §891).
Jesus deixou o Espírito Santo como Mestre da Igreja: “Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora.  Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade…” (Jo 16,12-13). É impressionante que Jesus repete essa expressão “ensinar-vos-á toda a verdade”, não apenas uma parte da verdade, mas tudo.
Assim, desde Pentecostes – a manifestação da Igreja ao mundo – ela continua sua caminhada feliz, como disse santo Agostinho “entre as perseguições desse mundo e a consolações de Deus”.
É o Espírito Santo quem assiste o Magistério da Igreja na verdade que salva; Ele inspirou os escritores sagrados da Bíblia, acompanhou toda a sagrada Tradição Apostólica, atua na liturgia sacramental, nos carismas, nos ministérios da Igreja, na oração pessoal dos fiéis, na vida apostólica e missionária, no testemunho dos santos e em toda a obra da salvação (cf. CIC § 688). Jesus foi concebido no poder do Espírito Santo e cumpriu sua missão na força do mesmo Espírito.

Cléofas 

Mensagem do Papa ao Cardeal Turkson pela Conferência sobre as Mulheres

23/05/2015

Cidade do Vaticano (RV) – O Santo Padre enviou, neste sábado (23/5), uma Mensagem ao Cardeal Peter Turkson, Presidente do Pontifício Conselho  da Justiça e da Paz, promotor da Conferência Internacional sobre as mulheres, em andamento, em Roma, desde ontem, sexta-feira (22/5) até amanhã, domingo (24/5), sobre o tema: “Mulheres rumo à agenda para o desenvolvimento pós-2015: quais desafios dos objetivos para o desenvolvimento sustentável?”.
Em sua Mensagem, o Papa expressa viva satisfação pela iniciativa, que busca dar voz às instâncias, promovidas pelo mundo católico feminino, nos processos internacionais, em vista de uma nova Agenda para o Desenvolvimento Sustentável, proposto pelas Nações Unidas.
Para a formulação de tal documento, frisa Francisco, querem contribuir tantas mulheres e homens, comprometidos com a defesa e a promoção da vida e a luta contra a pobreza, a escravidão e as injustiças, que, infelizmente, concernem, sobretudo, às mulheres de todas as idades e em todas as partes do mundo.
No mundo ocidental, por vezes, as mulheres são discriminadas no campo de trabalho e violentadas. Nos países em desenvolvimento e nos mais pobres, elas carregam o maior peso nas costas, percorrem quilômetros à busca de água, para si e seus filhos; são sequestradas e abusadas sexualmente; forçadas a casar, ainda em tenra idade.
Todas estas problemáticas se encontram entre as propostas dos Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável, discutidas no seio das Nações Unidas.
Neste âmbito, diz o Papa, as questões concernentes à vida são intrinsecamente ligadas àquelas sociais. É preciso defender o direito à vida, a uma vida digna, desde a sua concepção até o seu fim natural, para que não conheça a chaga da fome e da pobreza, da violência e da perseguição.
Por fim, o Santo Padre se dirigiu a todos aqueles que se comprometem com a defesa da dignidade das mulheres e da promoção dos seus direitos, convidando-os a se deixar guiar pelo espírito de humanidade e compaixão ao servir ao próximo.
Somente assim, concluiu o Papa, poderão emergir os dons incomensuráveis com os quais Deus enriqueceu a mulher. Seu gênio feminino a torna capaz de compreender e dialogar e ser sensível à misericórdia e à ternura para com a vida. 
Fonte: http://br.radiovaticana.va/

Papa: Dom Romero soube guiar, defender e proteger seu rebanho

23/05/2015

Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco enviou uma carta, neste sábado (23/05), ao Arcebispo de San Salvador, Dom José Luis Escobar Alas, Presidente da Conferência Episcopal de El Salvador, pela beatificação de Dom Oscar Arnulfo Romero.
“A beatificação de Dom Romero, que foi pastor desta querida arquidiocese, é um motivo de grande alegria para os salvadorenhos e para aqueles que se alegram com o exemplo dos melhores filhos da Igreja. Dom Romero, que construiu a paz com a força do amor, deu testemunho da fé com a sua vida entregue até o fim”, frisa o Papa na nota.
“O Senhor nunca abandona o seu povo nas dificuldades e se mostra solícito com as suas necessidades. Ele vê a opressão, ouve os gritos de seus filhos e vem em seu auxílio para libertá-los da opressão e levá-los para uma nova terra, fértil e espaçosa, onde jorra leite e mel. Como um dia escolheu Moisés para que, em seu nome, guiasse o seu povo, Ele continua suscitando pastores segundo o seu coração, que apascentem com ciência e prudência o seu rebanho.” 
“Neste bonito país centro-americano, banhado pelo Oceano Pacífico, o Senhor concedeu à sua Igreja um bispo zeloso que, amando a Deus e servindo aos irmãos, tornou-se imagem de Cristo Bom Pastor. Em tempos difíceis de convivência, Dom Romero soube guiar, defender e proteger o seu rebanho, permanecendo fiel ao Evangelho e em comunhão com toda a Igreja. O seu ministério se destacou pela atenção especial aos  pobres e marginalizados. No momento de sua morte, enquanto celebrava o Santo Sacrifício de amor e reconciliação, recebeu a graça de identificar-se plenamente com Aquele que deu a vida por suas ovelhas”, sublinha Francisco na missiva.
“Neste dia de festa para a Nação salvadorenha e também para os países irmãos latino-americanos, damos graças a Deus porque concedeu ao bispo mártir a capacidade de ver e ouvir o sofrimento de seu povo. Ele foi modelando o coração do povo para que no nome de Deus, o orientasse e iluminasse, fazendo de sua obra um exercício pleno da caridade cristã.”
“A voz do novo Beato continua ressoando hoje para nos lembrar que a Igreja, convocação de irmãos em torno de seu Senhor, é a família de Deus, na qual não pode haver nenhuma divisão. A fé em Jesus Cristo, quando se entende bem e se assume até as últimas consequências, cria comunidades artífices de paz e solidariedade. A isso é chamada hoje a Igreja em El Salvador, na América e em todo o mundo: ser rica em misericórdia e converter-se em fermento de reconciliação na sociedade.”
Segundo o Papa Francisco, “Dom Romero nos convida à reflexão, ao respeito pela vida e à concórdia. É necessário renunciar à violência da espada, do ódio e viver a violência do amor que Cristo deixou ao ser pregado na cruz, que faz com que cada um vença os seus egoísmos e não haja desigualdades tão cruéis entre nós. Ele soube ver e experimentou em sua própria carne o egoísmo que se esconde em quem não quer ceder o que tem em favor dos demais. Com o coração de um pai ele se preocupou com a maioria dos pobres, pedindo aos poderosos para que convertessem as armas em foices para o trabalho”.
“Aqueles que têm Dom Romero como um amigo na fé o invocam como protetor e intercessor, admiram a sua pessoa, encontram nele a força e a coragem para construir o Reino de Deus, comprometendo-se com uma ordem social mais justa e digna.”
“Este é o momento favorável para uma verdadeira e própria reconciliação nacional diante dos desafios que enfrentados hoje. O Papa participa de suas esperanças, se une às suas orações para que floresça a semente do martírio e se enraíze pelos verdadeiros caminhos dos filhos e filhas desta Nação que orgulhosamente tem o nome do divino Salvador do mundo.”
Enfim, o Papa pede para que rezem por ele e concede a sua Bênção Apostólica a todos os que se unem, de várias maneiras, na celebração do novo Beato. (MJ)

Fonte: http://br.radiovaticana.va/

22 de mai. de 2015

Nossa Senhora Auxiliadora

maxresdefault (1)O título “Auxiliadora dos Cristãos” foi introduzido na Ladainha de Nossa Senhora pelo Papa São Pio V, após a vitória dos cristãos obtida em Lepanto, vitória essa, conseguida graças ao auxílio de Deus e de Nossa Senhora.
Em 1571, Dom João, príncipe austríaco, comandou os cristãos nessa batalha de Lepanto. São Pio V enviou para o Imperador uma bandeira, na qual estava bordada a imagem de Jesus crucificado. A preparação dos soldados consistiu em um tríduo de jejuns, orações e procissões, suplicando a Deus a graça da vitória, pois o inimigo não era apenas uma ameaça para a Igreja mas também para a civilização. Tendo recebido a Santa Eucaristia, partiram para a batalha. No dia 7 de outubro de 1571, invocando o nome de Maria, Auxílio dos Cristãos, travaram dura batalha nas águas de Lepanto. Três horas de combate foram necessárias… A vitória coube aos cristãos, que ao grito de “Viva Maria”, hastearam a bandeira de Cristo.
Mais tarde, por causa da libertação de Viena sitiada pelos turcos, no ano de 1683, o rei da Polônia João III Sobieski, que chegou com as tropas polonesas em auxílio para a cidade sitiada, confessou humildemente ao Papa: “Veni, Vidi Deus Dedit Victoriam” (Cheguei, vi, Deus deu vitória), recordando a todos e atribuindo a Virgem Maria tamanha graça.
No entanto, a festa de Nossa Senhora Auxiliadora só foi instituída em 1816, pelo Papa Pio VII, a fim de perpetuar mais um fato que atesta a intercessão da Santa Mãe de Deus.
A história é esta: o papa Pio VII tinha-se negado a declarar inválido o matrimônio da Jerônimo Bonaparte, irmão de Napoleão I. O imperador da França, empenhado em dominar os estados pontifícios, mediante um pretexto mentiroso mandou ocupar Roma que, há mais de 1.500 anos era governada pelo papa.
O Santo Pontífice excomungou Napoleão, afixando a sentença na porta da Basílica de São Pedro. Em resposta, o imperador francês seqüestrou o Vigário de Cristo, levando-o para a França, onde teve que passar por vexames, humilhações e pressões de toda a espécie. Movido por ardente fé na vitória, o papa recorreu à intercessão de Maria Santíssima, prometendo coroar solenemente a imagem de Nossa Senhora de Savona logo que fosse liberto.
A situação política mudou rapidamente. Napoleão, derrotado na batalha de Leipzig, cedeu à opinião pública, dando liberdade ao papa, e no mesmo lugar onde o tinha mantido prisioneiro, teve que assinar a abdicação de imperador.
O Santo Padre, na viagem de volta para Roma, parou em Savona e cumpriu seu voto de coroar solenemente a imagem de Maria, Mãe de Misericórdia, em 24 de maio de 1814. Pio VII entrou solenemente em Roma, recuperando seu poder pastoral. Os bens eclesiásticos foram restituídos.
São João Bosco, fundador da Congregação Salesiana, espalhou a devoção a Nossa Senhora invocada em todo mundo com este título: “Auxiliadora”, que lembra a perene proteção de Maria Santíssima, sobre a Igreja e sobre o Papa. Os fiéis intuíram a intervenção sobrenatural de Nossa Senhora, invocada como “Auxiliadora” e na Obra do Oratório, com muito acerto chamaram-na “A Virgem Auxiliadora de Dom Bosco”.

Dom Bosco dizia:
“Foi Ela quem tudo fez!”
***
Que a luz da Auxiliadora de Dom Bosco ilumine sempre a nossa vida.
Feliz festa de Nossa Senhora Auxiliadora – 24 de maio
***
Nossa Senhora Auxiliadora
Rogai por nós!

Editora Cléofas 

As lições do Sacrário

Na Eucaristia Jesus, como nosso Modelo, nos ensina as virtudes que nos santificam. O seu estado de vida é a norma também para como devemos viver. O aniquilamento é o traço característico da vida de Jesus também na Eucaristia. Ali ele recebe a todos, pobres e ricos, simpáticos e antipáticos, bêbados e drogados, cultos e analfabetos, limpos e sujos, sem reclamar de ninguém.
Analisando esta humildade e bondade do Mestre, temos muito a aprender e o que precisamos fazer para nos assemelharmos a Ele.
Jesus no Sacrário é Pobre, traz somente consigo as sagradas espécies do pão e do vinho transubstanciadas. É mais pobre que em Belém e Nazaré; lá Ele tinha um corpo que se movia, falava, etc., mas aqui não tem nada. Os consagrados que fazem o voto de Pobreza devem ser como Ele.
Jesus é tão frágil na Eucaristia que basta consumir a Hóstia, ou dissolvê-la em água, ou ser estragada pelo tempo, para que o Sacramento se desfaça. Por outro lado, Jesus não traz beleza alguma aparente no Sacramento. É apenas branco; e sabemos que o branco não é nem uma cor.
Ele que em vida foi tão belo – “o mais belo dos filhos dos homens” – tem a sua Beleza toda escondida. Ainda mais, Ele que é a Vida, e que dá a vida e o movimento para todos os seres, condena-se a permanecer inerte, sem ação, “Prisioneiro dos nossos Sacrários”, e se reduz a ponto de estar inteiro no menor fragmento da Hóstia.
Quanta lição de vida! Quanto aniquilamento amoroso que nos faz corar de vergonha diante de nossas exibições, aparências, exigências, julgamentos, condenações…
Jamais Ele se defende ao ser insultado e nunca revida quando é escarnecido. Isto não porque não pode, é porque não quer. Ele poderia do seu silêncio fulminar os sacrílegos que os arrastam para as missas negras ou o recebem sem “distinguir o seu Corpo e o seu Sangue”. Ele continua a repetir as palavras que disse a Pedro ao ser preso no Horto da Agonia: “Crês tu que não posso invocar meu Pai e ele não me enviaria imediatamente doze legiões de anjos?” (Mt 26,53). “Não hei de beber eu o cálice que o Pai me deu?” (Jo 18,11).
Na Eucaristia Jesus continua a beber o cálice que o Pai lhe deu, muito além da sua exigência. Bastava o Calvário para salvar-nos, mas Ele quis chegar ao “Calvário” do Sacrário, por nós.
Sim, meus irmãos, Jesus nos ama além de nossa imaginação. Ele não é um louco, nem um utópico, nem mesmo um masoquista que sofre por sofrer, e também não é um fantasioso vazio e irresponsável como muitos que enchem nossas livrarias e ruas. Não, Jesus é o Amor encarnado que, nos Altares e nos Sacrários continua a salvar o homem, de forma pessoal e misteriosa.
Fico pensando nas Hóstias que se perdem, por acidente ou abandono; quando apodrecem, os vermes a invadem e expulsam Jesus, pois Ele só permanece nas espécies enquanto elas estão intactas. A partir do momento que a Hóstia mal cuidada começa a se decompor, Jesus se refugia no pedaço ainda bom e trava, assim, como que uma luta com os vermes, mas sem lhes impor resistência.
É por isso que a Igreja recomenda que as Hóstias guardadas sejam regularmente consumidas para não se estragarem. Isto faz-nos lembrar as palavras do Profeta sobre Jesus: “Não sou mais um homem, porém um verme!” (Sl 21,7).
De fato Jesus desceu ao último degrau da criação na Eucaristia, pois, por não poder perder a substância própria, Ele se reveste exteriormente das simples espécies do pão e do vinho; é um enorme rebaixamento.
O Amor de Jesus por nós na Eucaristia é maior do que o da mãe pelo filhinho de colo: “O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-me. Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta? Não ter ternura pelo filho de suas entranhas? E mesmo que ela o esquecesse, eu não te esqueceria nunca”(Is 49,14-15).
Aniquilando a sua Glória na Eucaristia Ele está a nos dizer: “Sede humildes!”. Mas o aniquilamento de Jesus é positivo, produz frutos de salvação e dá glória a Deus. A humildade perfeita é a que devolve todo o bem a Deus, como a Virgem Maria. “Ele fez maravilhas em mim, Santo é o Seu Nome” (Lc 1,49).
Ser humilde é reconhecer que sem Deus não somos nada e não podemos nada. Quanto mais subimos na graça, mais descemos na humildade.
A Eucaristia nos ensina a render a Deus toda a glória e toda grandeza, mais até do que nos humilhar das nossas misérias.
Na Eucaristia Jesus não está inerte e inoperante; ao contrário, continua a obra da salvação. Ali Ele continua a dizer o Sim que mantém o universo e a criação. O Pai lhe entregou todas as Nações da terra; então, só através Dele opera no mundo. “Tu és meu filho, eu hoje te gerei. Pede-me, dar-te-ei por herança todas as nações; Tu possuirás os confins do mundo. Tu as governarás com cetro de ferro, Tu as pulverizarás como um vaso de argila” (Sl 2,7-9).
Diante do “Rei das Nações”, escondido e aniquilado na Hóstia, é o melhor lugar para viver o que diz o Salmo:
“Servi ao Senhor com respeito e exultai em Sua Presença; prestai-lhe homenagem com temor.” (Sl 2,11)
Do Sacrário Ele governa o universo, mas não como os reis da terra, pelo medo, pela pompa e aparatos que impressionam, não; Ele governa pelo Amor. Milhões de Anjos o servem, para cumprir as Suas ordens, mas esta glória está oculta. É com esta humildade que se deve exercer o poder. Ele governa a todos, mas visivelmente não dá ordens a ninguém, mas usa os seus semelhantes fiéis. Até a Sua oração é uma oração aniquilada.
Ele ensinou os Apóstolos a rezar, mas aqui o Suplicante maior ora no mais absoluto silêncio. Assim como uma esponja comprimida jorra toda a água que contém, Ele se oprime para que todo o seu Amor jorre sobre nós.
Ele é o modelo perfeito da alma contemplativa; o contemplativo está a sós e não se dá a conhecer, recolhe-se, concentra-se, e sua oração é poderosa porque se assemelha à de Jesus eucarístico. Ninguém precisa tanto da Eucaristia como os contemplativos; um só dia sem Ela seria um sofrimento.
Para que a vida inteira seja forte, é preciso imolação dos sentidos e silêncio, como a Vida aniquilada de Jesus. Sabemos que Ele não sofre mais na Hóstia, mas coloca-se em permanente estado de sacrifício. Assim também o contemplativo, mesmo que não sofra, se permanecer no estado e na vontade de sacrifício está muito mais na vontade do que na dor do mesmo. O mérito aumenta com o repetir e o continuar o sacrifício.
O grande mérito está na decisão, no primeiro passo, revestindo-se do estado de vítima. É o que Jesus fez ao instituir o Sacramento. Seu mérito é inesgotável porque a sua vontade atingia a todos os tempos e lugares; e, livremente, Ele tudo aceitou. A separação do Corpo e do Sangue do Senhor na Missa foi a maneira que Ele encontrou para perpetuar o Seu Sacrifício através da Sua Igreja, da forma como faziam os judeus ao separar o corpo e o sangue das vítimas.
Das lições de Jesus eucarístico, a mais forte parece a que nos ensina a esconder dos homens os nossos padecimentos, para que não se apiedem de nós e nos louvem, o que seria um grande mal. Ele nos ensina a ocultar os bons atos e não receber louvores merecidos. Importa antes mostrar apenas a parte fraca das nossas obras. Quanto mais nos rebaixamos, mais Jesus Cristo cresce, como disse João Batista: “Importa que Ele cresça e eu desapareça”(Jo 3,30).
Jesus é modelo de humildade na Eucaristia; não sente a menor indignação com quem o despreza, o injuria, ou o abandona; de todos se compadece porque a todos quer salvar e socorrer; antes se entristece pelo pobre estado dos pecadores.
Esta é a humildade dos que desejam ajudá-lo a salvar almas. Jesus é manso; não se irrita. Nós, ao contrário, irritamo-nos muitas vezes, por pensamentos e julgamos apressadamente as pessoas sob a nossa ótica pessoal, e muitas vezes abatemos a quem se opõe a nós. Estamos ainda longe da mansidão do Cordeiro imolado e sacramentado. Somos traídos pelo amor-próprio, que só vê os próprios interesses. Felizmente Jesus não julga-nos senão segundo a Sua mansidão e misericórdia.
No silêncio de Jesus revela-se a Sua profunda mansidão. Ele que veio para regenerar o mundo, no entanto, passou trinta anos no maior silêncio; contentou-se a rezar e a obedecer os pais no trabalho. Sem dúvida muito ouviu: a sua Santa Mãe, os rabinos, os doutores da Lei, como um simples israelita silencioso na Sinagoga. Nada censurou, nada criticou, porque não havia ainda chegado a sua hora. Ele que é a Verdade, esperou a hora do Pai, e honra-o pelo silêncio e humildade.
Essa mansidão continua na Eucaristia. Em silêncio vê tantas lágrimas derramadas, sente a necessidade de cada um, ouve a miséria de cada alma e a todos atende, individualmente, seja grande ou pequeno. A todos dá a graça adequada e deixa-as na paz.

Prof. Felipe Aquino
 via Editora Cléofas

21 de mai. de 2015

Papa: que o espírito de guerra não se insinue entre os cristãos

21/05/2015 

Cidade do Vaticano (RV) – Os cristãos de hoje são chamados a pedir a graça da unidade e a lutar para que entre eles não se insinue o “espírito de divisão, de guerra e de ciúmes”. Esta foi a reflexão que o Papa fez na Missa celebrada esta manhã (21/05) na Casa Santa Marta.
Francisco se imergiu na atmosfera do Cenáculo e na densidade das palavras que Cristo pronunciou e confiou aos Apóstolos antes de entregar-se à Paixão, propostas pela liturgia.
Jesus manifesta “a grande oração” de que a Igreja seja unida, que os cristãos “sejam uma só coisa”, como Jesus o é com o seu Pai. Mas Cristo manifesta também “a grande tentação”, que não cedam ao outro “pai”, ao da “mentira” e da “divisão”.
O preço da unidade
É consolador, observou Francisco, ouvir Jesus dizer ao Pai que não quer rezar somente pelos seus discípulos, mas também por aqueles que acreditarão n'Ele “mediante a sua palavra”. Uma frase ouvida tantas vezes, para a qual o Pontífice pediu uma atenção suplementar:
“Talvez nós não sejamos suficientemente atentos a essas palavras: Jesus rezou por mim! Isso é propriamente fonte de confiança: Ele reza por mim, rezou por mim... Eu imagino – mas é uma figura – como está Jesus diante do Pai, no Céu. É assim: reza por nós, reza por mim. E o que vê o Pai? As chagas, o preço. O preço que pagou por nós. Jesus rezou por mim com as suas chagas, com o seu coração ferido e continuará a fazê-lo.
As faces da divisão
Jesus reza “pela unidade do seu povo, pela Igreja”. Mas Jesus “sabe - afirma Francisco - que o espírito do mundo” é “um espírito de divisão, de guerra, de invejas, ciúmes, também nas famílias, nas famílias religiosas, também nas dioceses, também na Igreja toda: é a grande tentação”. E isso leva, disse, a fofocas, a etiquetar a rotular as pessoas. Todas atitudes, indica o Papa, que esta oração pede para banir:
“Devemos ser um, uma só coisa, como Jesus e o Pai são uma só coisa. Este é precisamente o desafio de todos nós cristãos: não dar lugar à divisão entre nós, não deixar que o espírito da divisão, o pai da mentira entre em nós. Procurar sempre a unidade. Cada um é como é, mas procura viver em unidade. Jesus perdoou você? Perdoa todos. Jesus reza para que nós sejamos um, uma só coisa. E a Igreja tem grande necessidade desta oração de unidade”.
Unidade é graça não “cola”
Não existe, brinca Francisco, uma igreja mantida unida pela “cola”, porque a unidade que pede Jesus “é uma graça de Deus” e “uma luta” sobre a terra. “Devemos dar espaço ao Espírito - conclui Francisco – para que nos transforme, como o Pai está no Filho, em uma só coisa”:
“E outro conselho que Jesus deu nestes dias de despedida é permanecer n’Ele: ‘Permanecei em mim’ '. Ele pede esta graça, que todos nós permaneçamos n'Ele. E aqui nos indica por que, e diz claramente: ‘Pai, eu quero que aqueles que me destes, também eles estejam comigo onde eu estou’. Isto é, que eles permaneçam lá, comigo. O permanecer em Jesus, neste mundo, termina no permanecer com Ele “para que contemplem a minha glória’”. 
Fonte: Radio Vaticano 

Beatificação de Dom Romero. Cardeal Amato: homem virtuoso

20/05/2015

Cidade do Vaticano (RV) - Dom Oscar Arnulfo Romero y Galdamez, assassinado em 24 de março de 1980, será beatificado, no próximo sábado (23/05), em El Salvador.
A nossa emissora entrevistou o Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, Cardeal Angelo Amato, que irá ao país representando o Papa Francisco. Eis o que disse a propósito do martírio de Dom Romero.
Cardeal Amato: “O Papa Francisco resume bem a identidade sacerdotal e pastoral de Romero, quando o chama de ‘bispo e mártir, pastor segundo o coração de Cristo, evangelizador e pai dos pobres, testemunha heroica do Reino de Deus, Reino de justiça, fraternidade e paz’. Romero era um sacerdote bom e um bispo sábio, mas sobretudo era um homem virtuoso. Amava Jesus, o adorava na Eucaristia, amava a Igreja, venerava a Virgem Maria e amava o seu povo. O seu martírio não foi uma improvisação, mas teve uma longa preparação. Jovem seminarista em Roma, pouco antes da ordenação sacerdotal escreveu em suas anotações: ‘Este ano farei a minha grande entrega a Deus! Meu Deus, ajuda-me, prepara-me. Você é tudo, e eu não sou nada, todavia, o seu amor quer que eu seja muito. Coragem! Com o seu tudo e com o meu nada faremos muito.”
Muitas vezes se fala de uma conversão de Romero mais aberto ao aspecto social de seu ministério
Cardeal Amato: “Na realidade, uma reviravolta em sua vida de pastor manso e quase tímido foi a morte, em 12 de março de 1977, de Padre Rutilio Grande, sacerdote jesuíta salvadorenho que deixou o ensino universitário para ser pároco dos campesinos, oprimidos e marginalizados. Foi este o evento que tocou o coração do arcebispo Romero, que chorou pelo sacerdote como uma mãe chora pelo filho. Ele foi a Aguilares para a missa de sufrágio, passando a noite chorando, velando e rezando pelas três vítimas inocentes, Pe. Rutilio e os dois camponeses que o acompanhavam. Os campesinos ficaram órfãos de seu bom pai. Em sua homilia o arcebispo disse: ‘a libertação que o Pe. Rutilio pregava é inspirada pela fé, uma fé que fala de vida eterna, uma fé que agora ele com o seu rosto dirigido ao céu, acompanhado pelos dois camponeses, mostra em sua totalidade, em sua perfeição: a libertação que termina com a felicidade em Deus, a libertação que surge do arrependimento do pecado, a libertação que se fundamenta em Cristo, única força salvadora”.
Parece que a partir daquele momento a sua linguagem se tornou mais explícita na defesa do povo oprimido e dos sacerdotes perseguidos, não obstante as ameaças cotidianas que recebia.
Cardeal Amato: "Na realidade é assim. Ele escreve de fato: ‘Considero um dever colocar-me em defesa da minha Igreja e ao lado do meu povo tão oprimido e perseguido’. As suas palavras não incitavam ao ódio e à vingança, mas era uma exortação de um pai aos seus filhos divididos, que eram convidados ao amor, ao perdão e à concórdia. Contemplando a beleza da natureza e o esplendor da paisagem salvadorenha, o arcebispo dizia que o céu iniciava aqui na terra. Olhava a sua querida pátria atormentada com a esperança no coração. Sonhava que um dia nas ruínas do mal iria brilhar a glória de Deus e o seu amor.”
O que o senhor diz sobre sua proximidade aos camponeses e aos pobres de seu país?
Cardeal Amato: "A sua opção pelos pobres não era ideológica, mas evangélica. A sua caridade se estendia também aos perseguidores para os quais pregava a conversão ao bem e aos quais assegurava o perdão, não obstante tudo. Era acostumado a ser misericordioso. A generosidade em doar a quem pedia era, segundo as testemunhas, munificente, total e abundante.  A quem pedia ele dava. Algumas vezes dizia que se as pessoas lhe restituíssem o dinheiro que distribuiu, ficaria milionário." 

Fonte: Radio Vaticano 

21/05 – Santo Eugênio de Mazemod

santoeugenioCarlos José Eugênio de Mazemod, este era seu nome de batismo. Ele nasceu na bela cidade Aix-en-Provance, sul da França, no dia 01 de agosto de 1782. Seu pai era um nobre e presidia a Corte dos Condes da Provença. Sua mãe pertencia à uma família burguesa muito rica. Teve duas irmãs: Antonieta e Elisabete, que morreu aos cinco anos de idade.
Sua infância foi tranquila até 1790, quando a família teve que fugir da Revolução Francesa, deixando todos os bens e indo para a Itália, onde permaneceram durante onze anos, vivendo de cidade em cidade. Nesse período seus pais também se separam. A mãe deixou Eugênio com o pai na Itália e foi para a França, tentar reaver os bens confiscados.
Tudo isso influenciou a personalidade do menino, de maneira positiva e negativa, cujo reflexo foi uma séria crise de identidade na adolescência. Embora Eugênio antes do exílio tivesse dado mostras de sua vocação religiosa, ela foi sufocada por esses problemas e pela lacuna existente na sua formação intelectual, devido a falta de uma moradia fixa. Mas seu caráter forte permaneceu por toda a vida, como sua marca pessoal.
Foi através do padre Bartolo Zinelli, durante o período que morou em Veneza entre 1794 e 1797, que Eugênio teve contato concreto com a vida de fé. E ao retornar para a França em 1802, então com vinte anos de idade, amadureceu a idéia de ingressar para a vida religiosa, seguindo sua vocação primeira. Em 1808, entrou no seminário de São Sulpício em Paris, recebendo a ordenação em Amiens, três anos depois.
Retornou para sua cidade natal, dedicando seu apostolado à pregação. Levou a Palavra de Cristo aos camponeses pobres, aos prisioneiros e aos doentes abandonados, à todos dando os Sacramentos como único meio de recompor os valores cristãos, num momento novo para o país tão desgastado e sem rumo. Outros padres se juntam à ele nessa missão, por isso decidiu em 1816, fundar a “Sociedade dos Missionários da Provença”, que depois mudou o nome para “Oblatos de Maria Imaculada”, recebendo todas as aprovações da Igreja.
Eugênio foi então nomeado vigário geral da diocese de Marselha, da qual depois foi nomeado bispo, cargo que exerceu durante trinta e sete anos. Foram muitos os problemas com as autoridades que governaram Paris, com a elite social e até com alguns membros eclesiásticos que não concordavam com as regras de vida em comum, estabelecidas por ele.
Mas o povo pobre o queria, amava e respeitava. Assim continuou governando a diocese e os Oblatos, que se desenvolveram e foram pregar a Palavra de Cristo fora dos domínios da Europa, nos Estados Unidos, Canadá e México, depois também na África e na Ásia, levando esse carisma missionário da congregação.
Eugênio de Mazemod morreu no dia 21 de maio de 1861, na sua querida Marselha. Muitas foram as graças atribuídas à sua intercessão. O Papa João Paulo II o declarou santo em 1995. A solenidade contou com a presença de representantes dos sessenta e oito paises onde os Oblatos, já estavam fixados.

Cléofas 

Como Adão e Eva tiveram descendentes?

Se Adão e Eva foram as primeiras pessoas do mundo, como tiveram netos? Será que seus filhos se casaram entre si?


Pergunta

Como Adão e Eva tiveram descendentes? Foi por meio de relações incestuosas?

Resposta

A Bíblia não explica como se desenvolveu a descendência de Adão e Eva. Sabemos que Adão e Eva tiveram muitos filhos (Gn 5, 4), dos quais os primeiros foram Caim e Abel (Gn 4, 1-2), e conhecemos também o fato do fratricídio (Gn 4, 3-16) que levou uma descendência de Caim (malvada e irreligiosa – Gn 4, 17-24) separada da descendência de Set (boa e religiosa – Gn 5, 6-32), o filho “escolhido” por Deus (Gn 4, 25-26. 5, 3-4) para substituir Abel, do qual depois se chegará a Noé e o dilúvio.

Como se gerou essa descendência? Houve muitas hipóteses e todas acabaram encontrando o problema do incesto (relações sexuais entre parentes próximos), fruto de uma interpretação literal da Bíblia.

Para tentar mitigar o problema, foram buscadas muitas explicações: não havia uma lei contra o incesto; viviam muitos anos e casar-se com sobrinhos parece que era “menos grave” etc. Mas nenhuma delas deu uma explicação convincente.

Felizmente, os dois últimos séculos de estudos da Bíblia nos permitem compreender algumas coisas sobre ela que nos ajudam a resolver dificuldades como esta.

Sobre como se deu a descendência de Adão e Eva, é preciso dizer duas coisas:

A primeira se refere ao gênero literário dos primeiros capítulos do Gênesis. Os estudos deixam claro que Gn 1-11 não pode ser considerado uma narração histórica real. Não podemos achar que esses capítulos sejam a crônica dos primeiros anos da história humana.

Além disso, sua redação, procedente de fontes orais, aconteceu na época do exílio e pós-exílio babilônico (aprox. séc. VI-V a.C.). A intenção dos autores não era fazer história, mas contar verdades fundamentais para a relação do homem com Deus.

Mas, ao mesmo tempo, é preciso ter claro que tampouco se trata de mitologia, ainda que o texto utilize uma linguagem mítica. João Paulo II explicou isso: “O termo ‘mito’ não designa um conteúdo fabuloso, mas simplesmente um modo arcaico de expressar um conteúdo mais profundo” (Catequese de 7/11/1979).

Para compreender isso, podemos comparar o texto com as parábolas de Jesus. Está claro que tais parábolas têm uma linguagem de “conto” e que não são relatos históricos. No entanto, expressam, muito melhor que uma crônica, qual é a verdade das coisas, e assim “contam” a “verdadeira” história da humanidade (por exemplo, o filho pródigo).

Acontece o mesmo com os primeiros capítulos do Gênesis: “Estes textos não devem ser interpretados como história nem como mito(...), senão que o texto proclama a relação particular que Deus mantém com sua criação” (W. Brueggemann, Genesi, Claudiana, Turim 2002, p. 34).

A segunda reflexão é mais simples e deriva da primeira: quando a Bíblia não especifica e não dá detalhes, isso não é necessariamente um erro, também porque não dizer tudo faz parte do estilo narrativo que estes relatos utilizam.

Quem não gostaria de saber a que idade Maria teve Jesus ou o que Ele fez nos primeiros 30 anos da sua vida? Quantas curiosidades temos sobre a Bíblia! Mas as Escrituras não foram redigidas sob a inspiração de deus para satisfazer nossa curiosidade, mas para fazer-nos crescer e agir segundo a vontade de Deus.

Ainda que soubéssemos como Caim e Set tiveram filhos, isso não seria de muita utilidade. Os textos como Gn 1-11 contêm a verdade sobre o projeto de Deus com relação à criação do homem, sobre a Queda e suas consequências, e esta é a verdade que precisamos buscar. 
Fontes:  TOSCANA OGGI e Aleteia 

São Pedro, João Paulo II, Bento XVI e Francisco: papas “decepcionantemente humanos”

Quando o papa “falha” perante as expectativas do mundo


Diversas vezes, nos últimos meses, o papa Francisco defendeu explicitamente a doutrina da Igreja que rejeita a contracepção artificial. Muitos liberais se disseram “decepcionados”, porque esperavam que Francisco fosse mais “progressista”.

Também recentemente, o mesmo papa Francisco defendeu o controle natural e responsável da natalidade, afirmando: “Alguns acham que, para ser bons católicos, precisam ser como coelhos. Não! Paternidade responsável!”. Neste caso, foram os conservadores que se escandalizaram, porque esperavam que Francisco fosse mais “tradicionalista”.

Francisco não falou absolutamente nada que já não fosse bem claro na doutrina da Igreja.

Afinal, para a Igreja, o planejamento familiar pode e deve ser usado para manter o tamanho da família dentro das reais possibilidades dos pais de oferecerem boas condições de vida e formação aos filhos; e esse planejamento deve se basear em métodos naturais e não artificiais de controle da natalidade, para manter o casamento e a intimidade sexual dos cônjuges sempre abertos à vida, sem dissociar o prazer da capacidade pessoal e conjugal de autodomínio e sem antepor a paixão ao amor maduro, integral e sublime, capaz de transcender a corporeidade.

Se os católicos (e os não católicos) depositam as suas expectativas “ideológicas” no papa, eles o fazem por sua própria conta e risco, porque não é para satisfazer preferências humanas que um papa é papa.

De qualquer forma, é compreensível que o tom informal usado por Francisco em sua declaração sobre os “coelhos” tenha magoado os católicos que têm famílias numerosas.

Acontece que este fato pode ser uma excelente oportunidade de amadurecimento para os católicos!

Francisco mesmo já declarou que se sente desconfortável com a visão idealizada que muita gente criou a respeito dele. O papa, disse o próprio, não é uma espécie de super-homem ou de astro pop. “O papa é um homem que ri, que chora, que dorme serenamente e que tem amigos, como todo mundo. Uma pessoa normal”.

E, como toda pessoa normal, o papa é naturalmente sujeito a cometer deslizes tipicamente humanos na sua forma de ser e de comunicar-se, o que em nada afeta o conteúdo e a verdade do seu magistério que, para os crentes católicos, é iluminado pelo Espírito Santo (se é que os católicos que se dizem crentes acreditam mesmo naquilo que dizem).

Não se trata de novidade alguma. O primeiro papa, assim como os demais apóstolos escolhidos por Jesus, não era um homem particularmente “impressionante” aos olhos do mundo. Pedro era um pescador rude, grosso, ignorante, impulsivo, inconstante, com arroubos de medo e de covardia. Nada disso, porém, era um obstáculo para a graça de Deus, que já tinha chamado um Moisés gago e conflituoso, um Jonas assustadiço, um Davi mulherengo e mentiroso, um Noé que se embriagava e tantas outras pessoas que, por si mesmas, não tinham grandes condições de guiar um povo e, muito menos, de “salvar o mundo”. É que não são esses eleitos que guiam o povo de Deus. É o Espírito Santo através deles. Não são esses eleitos que salvam o mundo. É Deus, e Deus parece escolher reiteradamente homens e mulheres normais, cheios de virtudes e defeitos, para agir através deles e apesar deles.

João Paulo II, em seus últimos anos de pontificado, era tratado pela mídia como um idoso fraco, inchado, curvado, que babava e sofria para balbuciar as palavras. E tudo isso era verdade. Mas era também uma maneira de dizer: "Eu não sou um super-homem. A minha imagem não é planejada por uma equipe de marqueteiros. Eu sou apenas um instrumento frágil da graça de Deus".

Bento XVI teve a coragem de se expor a um bombardeio de críticas quando reconheceu a sua fragilidade física diante das exigências de guiar o rebanho católico e renunciou ao papado. Para quem tivesse a boa vontade e a humanidade de entender os seus motivos sem quatro pedras na mão, porém, ele transmitiu a mesma mensagem de João Batista: "É necessário que Ele cresça e eu diminua".

No fim das contas, estes seres humanos são tão expostos quanto quaisquer outros às fraquezas próprias da nossa condição e deixam ainda mais claro que é Deus quem age através deles. Eles encarnam, na sua fragilidade, uma prova de fé para os que se dizem crentes: “Creio realmente que, por trás deste homem, existe um desígnio divino que a razão não explica?”.

A fragilidade desses escolhidos por Deus para missões muito maiores do que eles mesmos torna ainda mais inspiradora a sua fidelidade a Deus apesar de tudo. O inconstante Pedro se tornou forte a ponto de sofrer o martírio na cruz. O atlético João Paulo II aceitou perseverante a humilhação de definhar ao vivo, diante de um mundo incapaz de aceitar o envelhecimento, a doença e a dependência dos cuidados do próximo. O poderoso Bento XVI não fraquejou ao ceder o trono a outro pontífice, perante um mundo obcecado por poder e ego, status e vaidade. O singelo Francisco não deixa a sua simplicidade se amoldar aos julgamentos mundanos de uma sociedade que não sabe lidar com a autenticidade e com a própria condição de humanidade imperfeita.

São oportunidades adicionais para percebermos que a genuína proposta cristã não é apenas mais espiritual e transcendente que as ofertas do mundo. A genuína proposta cristã é mais humana, também. Ou não é genuína.

Fonte: Aleteia 

20 de mai. de 2015

Para educar os filhos, Papa recomenda sabedoria e equilíbrio

20/05/15


Vocação da família de educar os filhos foi foco da catequese; Papa falou sobre caso dos casais separados: “não usem os filhos como reféns”
Da Redação, com Rádio Vaticano
Francisco enfatiza, na catequese desta quarta-feira, a vocação dos pais de educarem seus filhos com sabedoria e equilíbrio / Foto: Reprodução CTV
Francisco enfatiza, na catequese desta quarta-feira, a vocação dos pais de educarem seus filhos com sabedoria e equilíbrio / Foto: Reprodução CTV
A vocação das famílias para educar os filhos foi o tema da catequese do Papa Francisco, nesta quarta-feira, 20. O Santo Padre segue no ciclo de reflexões sobre a família e, desta vez, deu alguns conselhos para que as famílias saibam educar os filhos na responsabilidade de si e dos outros.
Francisco destacou que existe uma regra sábia: o filho é educado para escutar os pais e obedecer a eles; e os pais não devem realizar essa tarefa de maneira bruta para não desencorajar os filhos. “A relação entre pais e filhos deve ser de uma sabedoria, de um equilíbrio grande. Filhos, obedeçam aos pais, isso agrada a Deus. E vocês pais, não irritem os filhos, pedindo a eles coisas que não podem fazer”.
Embora isso pareça óbvio, o Papa recordou que, nos tempos atuais, não faltam dificuldades. Como exemplo, ele citou o caso dos pais que veem os filhos somente à noite, o que dificulta a educação. Mais difícil ainda, segundo o Papa, é o caso dos pais separados, situação em que, muitas vezes, o filho é tomado como refém.
“O pai fala mal da mãe e a mãe fala mal do pai, e isso faz tanto mal. Mas eu digo aos pais separados: nunca, nunca tomem o filho como refém! Vocês se separaram por tantas dificuldades e motivos, a vida deu essa prova a vocês, mas os filhos não sejam os que levam o peso dessa separação, não sejam usados como reféns contra o outro cônjuge. Cresçam ouvindo que a mãe fala bem do pai, embora não estejam juntos, e que o pai fala bem da mãe”.
Família e sociedade
Segundo o Pontífice, nos últimos tempos, ‘intelectuais e especialistas’ têm criticado a educação familiar de várias formas, acusando-a de ser autoritária, conformista e repressiva. “Isso gerou uma fratura entre a família e a sociedade; uma crise que abrange vários âmbitos, como a escola, por exemplo, onde recaem sobre os alunos as tensões e a desconfiança entre pais e professores”.
E esses ‘especialistas’ se multiplicam – advertiu o Papa – ocupando o papel dos pais, inclusive nos aspectos mais íntimos da educação: personalidade, crescimento, direitos e deveres. Os pais vão se privando de sua função, chegando a se autoexcluir da vida dos filhos.
Como exemplo, Francisco citou um episódio da sua infância, já narrado em outra ocasião, quando certa vez ofendeu a professora. A mãe foi chamada à escola e, com educação, repreendeu o filho. “Mas em casa vocês podem imaginar o que aconteceu…”, disse. Hoje, observou, os papéis se inverteram, e são os pais que repreendem os professores.
Fazendo uma análise dessa situação, o Papa admitiu que, por um lado, alguns modelos educativos do passado tinham limites, mas, por outro, a vida se tornou ‘avara’ de tempo e os pais, ‘sequestrados’ pelo trabalho e outras preocupações, conversam, refletem e se confrontam menos com os filhos.
Como antídoto, o Papa lembrou que a Palavra de Deus pode oferecer um apoio à missão educativa das famílias. Ele acrescentou que, na base de tudo, está o amor de Deus.
Francisco concluiu sua reflexão afirmando que a boa educação familiar é a coluna vertebral do humanismo. “A sua ‘irradiação’ social é o recurso que compensa lacunas, feridas, vazios de paternidade e maternidade dos filhos menos afortunados. E esta ‘irradiação’ pode fazer milagres!”.

Natividade de São João Batista: o maior dos profetas

A natividade de  São João Batista  é  uma solenidade muito importante no ano litúrgico, porque nesse dia lembramos o maior dos profetas, com...