24 de jun. de 2021

Natividade de São João Batista: o maior dos profetas

A natividade de São João Batista é uma solenidade muito importante no ano litúrgico, porque nesse dia lembramos o maior dos profetas, como o próprio Jesus o chama em Mt 11,11: “Digo a verdade a vocês: Do meio dos nascidos de mulher não surgiu ninguém maior do que João Batista.” Mas por que João Batista foi tão importante? Quem era esse profeta? Qual foi a sua missão? Nesse dia, a liturgia da Igreja nos coloca frente a esse personagem que nos ensina, com sua vida e palavras, a ser fiéis discípulos e missionários de Jesus.

O seu nascimento é narrado no Evangelho de Lucas. Dele se anuncia que “ficará pleno do Espírito Santo ainda no seio de sua mãe e converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus”. E efetivamente isso aconteceu. A primeira parte dessa profecia se cumpre naquela famosa passagem na qual Maria, já grávida, visita sua prima Isabel, que estava no sexto mês de gravidez e, nesse encontro, “quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre...”.

A segunda parte da profecia se cumpre na vida de João Batista. Seu testemunho era tão convincente que chegaram a confundi-lo com o próprio Messias, mas ele negou com força: “Eu não sou o Cristo... Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor!". Ele sabia quem era e que sua missão era preparar os corações para acolher a vinda do verdadeiro Messias, seu primo Jesus, de quem ele se sabe “indigno de desatar a correia da sandália”.

Essa atitude de João Batista pode nos ensinar a atitude básica de todo cristão. Nós não anunciamos a nós mesmos, mas a Jesus Cristo. Um mundo que busca muitas vezes os aplausos para si mesmo pode contaminar os cristãos a quererem também ser o centro das atenções, mas quando isso acontece, nos colocamos no lugar de Jesus e mutilamos pela raiz o anúncio do Evangelho. Uma das frases de João Batista que deveríamos sempre ter presente e que nos ajuda a não perder o horizonte de nossa vida cristã é a seguinte: “É necessário que Ele (Jesus) cresça e eu diminua. (Jo 3,30) Nas atividades que fazemos na Igreja, nos serviços que prestamos aos mais pobres, no nosso trabalho e na nossa família, é sempre oportuno que nos perguntemos se estamos nos colocando no lugar que deveria estar Jesus.

:: As virtudes e a fidelidade de São João para inspirar a vivência da fé

Uma outra passagem que também mostra com muita claridade João apontando para Jesus está em Jo 1, 35-37. Jesus está passando por onde está João reunido com seus discípulos e quando João vê Jesus, exclama: “Eis o cordeiro de Deus”. E os discípulos, ouvindo isso, passam a seguir Jesus. É essa a missão do Batista, preparar os corações dos discípulos para se encontrarem com Jesus. E é essa também a nossa missão como batizados, preparar os corações das pessoas para que possam encontrar a felicidade que estão procurando em Jesus que é a resposta para os desejos mais profundos do coração de todo homem.

João Batista prefigura a 'Igreja em Saída'

"Toda a vida de João Batista foi marcada por esse dinamismo de anúncio, de saída, de entrega generosa pelo Reino de Deus que ele anunciava".

Toda a vida de João Batista foi marcada por esse dinamismo de anúncio, de saída, de entrega generosa pelo Reino de Deus que ele anunciava. Isso normalmente não agrada a alguns e não foi diferente no caso de João Batista. Ele foi preso por Herodes por que denunciava que sua união com Herodíades era errada (Porque ela era, na verdade, mulher do irmão de Herodes). Ele ficou na prisão por um tempo, mas na primeira oportunidade que Herodíades encontrou, pediu a cabeça de João Batista em um prato e lhe foi concedida.

Também esse fato da vida de João pode nos ensinar bastante. Jesus mesmo disse que seus discípulos iam ser perseguidos como Ele mesmo foi perseguido, “mas aquele que perseverar até o final, será salvo” (Mt 24, 13). João perseverou até o final e nós também somos chamados a perseverar, claro que contando com a Graça de Deus, sem a qual isso não é possível.

Existem muitas outras passagens da vida de João Batista nas quais podemos meditar e aprender. Mas o mais importante hoje é deixar-nos interpelar pelas palavras e pela vida daquele que é a voz que clama no deserto e deixar que nossos corações se endireitem um pouquinho mais para receber melhor a Jesus, que não batiza com água como João, mas com o Espírito Santo e com fogo (Mt 3, 11-12).


Por: João Antônio Johas Leão

via: Portal A12

1 de jul. de 2020

Por que julho é o mês do Preciosíssimo Sangue de Cristo?

Conheça as origens dessa devoção

Existe uma devoção particular na Igreja Católica que está ligada à Paixão de Jesus Cristo: é a honra do seu Precioso Sangue.
Trata-se de um reconhecimento do sacrifício de Jesus e como ele derramou seu sangue para a salvação da humanidade. Além disso, este sangue é feito presente através do dom da Eucaristia e é algo que podemos comungar na Missa, juntamente com o corpo de Cristo, sob a aparência de pão e vinho.
Com o passar do tempo, a Igreja desenvolveu várias festas do Preciosíssimo Sangue, mas foi no século 19 que uma festa universal foi estabelecida.
Durante a Primeira Guerra Italiana pela Independência, em 1849, o Papa Pio IX foi para o exílio em Gaeta. Ele estava com Don Giovanni Merlini, terceiro superior geral dos Padres do Preciosíssimo Sangue.
Enquanto a guerra ainda estava em fúria, Merlini sugeriu ao Papa Pio IX que ele criasse uma festa universal ao Precioso Sangue para implorar a ajuda celestial de Deus para acabar com a guerra e trazer a paz a Roma. Pio IX, posteriormente, fez uma declaração em 30 de junho de 1849 que ele pretendia criar uma festa em honra ao Precioso Sangue. A guerra logo terminou e ele retornou a Roma pouco depois.
Em 10 de agosto, ele oficializou e proclamou que o primeiro domingo de julho seria dedicado ao Preciosíssimo Sangue de Jesus Cristo. Mais tarde, o Papa Pio X atribuiu o dia 1º de julho como a data fixa dessa celebração.
Depois do Vaticano II, a festa foi removida do calendário, mas uma Missa votiva em honra do Preciosíssimo Sangue foi estabelecida e pode ser celebrada no mês de julho (assim como na maioria dos outros meses do ano).
Por estas razões, todo o mês de julho é tradicionalmente dedicado ao Preciosíssimo Sangue, e os católicos são encorajados a meditar sobre o profundo sacrifício de Jesus e o derramamento de seu sangue para a humanidade.
Abaixo está a oração de abertura da Missa votiva, bem como uma oração adicional que pode ser usada como meditação pessoal ou oração durante o mês de julho:
“Ó Deus, que pelo Precioso Sangue do teu Filho Unigênito redimiu o mundo inteiro, preserva em nós o trabalho de tua misericórdia, para que, sempre honrando o mistério da nossa salvação, possamos merecer obter bons frutos. Por nosso senhor Jesus Cristo, teu filho, que vive e reina na unidade do Espírito Santo, um só Deus, para todo o sempre. Amém.”
“Admitidos à vossa mesa sagrada, ó Senhor, com alegria extraímos água das fontes do Salvador: que o vosso sangue, pedimos a vós, torne dentro de nós uma fonte de água que salta para a vida eterna. Amém.”

Via: Aleteia  

O que é o Credo?


fotoODC-004No encerramento do “Ano da Fé” (30/6/67 a 30/6/68), em comemoração dos 1900 anos dos martírios de São Pedro e São Paulo, o Papa Paulo VI quis oferecer à Igreja a sua “Profissão de Fé”, que se chamou o “Credo do Povo de Deus”.
Muitas razões tornaram este Credo de Paulo VI de grande importância para a Igreja, sendo muito utilizado e citado nos documentos posteriores da Igreja.
Desde o início de sua vida apostólica, a Igreja elaborou o que passou a ser chamado de “Símbolo dos Apóstolos”, assim chamado por ser o resumo fiel da fé dos Apóstolos; foi uma maneira simples e eficaz da Igreja apostólica exprimir e transmitir a sua fé em fórmulas breves e normativas para todos. Nos seus Doze artigos, o Creio sintetiza tudo aquilo que o católico crê. Este é como que “o mais antigo Catecismo romano”. É o antigo símbolo batismal da Igreja de Roma.
Santo Ambrósio (340-397), bispo de Milão, doutor da Igreja, que batizou santo Agostinho, mostra de onde vem a autoridade do Símbolo dos Apóstolos, e a sua importância:
“Ele é o Símbolo guardado pela Igreja Romana, aquela onde Pedro, o primeiro dos Apóstolos, teve a sua Sé e para onde ele trouxe a comum expressão da fé” ( Expl. Symb.,7; PL 17, 1158D; CIC §194)
“Este Símbolo é o sêlo espiritual, a mediação do nosso coração e o guardião sempre presente; ele é seguramente o tesouro da nossa alma”. (Expl. Symb. 1: PL, 1155C; CIC §197)
Os seus doze artigos, segundo uma tradição atestada por Santo Ambrósio, simbolizam com o número dos Apóstolos o conjunto da fé apostólica.(cf. CIC §191)
A palavra grega “symbolon” significa a metade de um objeto quebrado (como por exemplo, um sinete que traz em baixo ou alto relevo um brasão), e que era apresentada como um sinal de identificação e reconhecimento. As partes quebradas eram então juntadas para formar um todo e identificar assim o seu portador. Portanto, o Símbolo da fé, o Creio, é a identificação do católico. Assim, ele é professado solenemente no Dia do Senhor, no Batismo e em outras oportunidades.
Por causa das heresias trinitárias e cristológicas que agitaram a Igreja nos séculos II a IV, ela foi obrigada a realizar uma série de Concílios ecumênicos (universais), para dissipar os erros dos hereges. Os mais importantes para definir os dogmas básicos da fé cristã, foram os Concílios de Nicéia (325) e Constantinopla I (381). O primeiro condenou o arianismo de Ário, que ensinava que Jesus não era Deus, mas apenas a maior de todas as criaturas; o segundo condenou o macedonismo, de Macedônio, patriarca de Constantinopla, que ensinava que o Espírito Santo não era Deus. Desses dois importantes Concílios, originou-se o Creio chamado Niceno-constantinopolitano, que traz os mesmos doze artigos da fé do Símbolo dos Apóstolos, porém de maneira mais explícita e detalhada, especialmente no que se refere às Pessoas divinas de Jesus e do Espírito Santo.
Além desses dois símbolos da fé, mais importantes, outros Credos foram elaborados ao longo dos séculos, sempre em resposta a determinadas dificuldades ou dúvidas vividas nas Igrejas apostólicas antigas. Por exemplo, temos notícia do Símbolo “Quicumque”, dito de Santo Atanásio (295-373), bispo de Alexandria; as profissões de fé dos Concílios de Toledo (DS 525-541), Latrão (DS 800-802), Lião (DS 851-861), Trento (DS 1862-1870), e também de certos Papas, como a “Fides Damasi” (DS 71-72), do Papa Dâmaso.
O Catecismo da Igreja nos assegura que:
“Nenhum dos símbolos das diferentes etapas da vida da Igreja pode ser considerado como ultrapassado e inútil. Eles nos ajudam a tocar e a aprofundar hoje a fé de sempre através dos diversos resumos que dela têm sido feitos.” (CIC § 193)
Falando do Credo, São Cirilo de Jerusalém (315-386), assim se expressa nas Cathecheses illuminandorum(5,12; PG 33, 521-524; CIC §186):
“Este símbolo da fé não foi elaborado segundo opiniões humanas, mas da Escritura inteira recolheu-se o que há de mais importante, para dar, na sua totalidade, a única doutrina da fé. E assim como a semente de mostarda contém em um pequeníssimo grão um grande número de ramos, da mesma forma este resumo da fé encerra em algumas palavras todo o conhecimento da verdadeira piedade contida no Antigo e no Novo Testamento”.
Também o Papa Paulo VI, em 1968, achou oportuno fazer a soleníssima Profissão de Fé, no encerramento do Ano da Fé, que aqui publicamos conforme foi publicado no L’Osservatore Romano,  1-2 de julho de 1968.
De fato este Credo do Povo de Deus é um marco da maior importância. Quem o aceita plenamente e o vive de todo o coração, é de fato católico; caso contrário, não será, ainda que afirme ser católico. Na verdade, o Papa Paulo VI quis colocá-lo como um farol e uma âncora para a Igreja caminhar nos tempos difíceis de vivemos, por entre tantas falsas doutrinas e falsos profetas, que se misturam sorrateiramente como o joio no meio do trigo, mesmo dentro da Igreja.
Ao apresentar a sua Profissão de Fé, o Papa Paulo VI disse que a sua intenção era a de cumprir a missão petrina, dada por Jesus, de “confirmar os irmãos na fé” (Lc 22,32), que “sem ser uma definição dogmática propriamente dita, repete substancialmente (…), o Credo da imortal Tradição da Santa Igreja”.
O Papa justificou a apresentação da Profissão de Fé, em vista da “inquietação que agita certos meios modernos, em relação à fé”, diante deste mundo que põe em “discussão tantas certezas”. O Papa não deixa de dizer que preocupa-o “que até católicos se deixam dominar por uma espécie de sede de mudança  e de novidade”.
São Paulo, há cerca de 1950 anos atrás, já tinha falado a Timóteo desta “sede de novidades”, que acaba levando muitos católicos para o caminho do erro:cpa_credo_do_povo_de_deus
“O Espírito diz expressamente que nos tempos vindouros, alguns hão de apostatar da fé, dando ouvidos a espíritos embusteiros e a doutrinas diabólicas, de hipócritas e impostores (…).” (1Tm 4,7).
“Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões  e pela curiosidade de escutar novidades, ajuntarão mestres para si. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas.” (2Tm 4,7)
Paulo VI fala também daqueles que atentam “contra os ensinamentos da doutrina cristã”, causando “perturbação e perplexidade em muitas almas fiéis, como se pode verificar nos dias de hoje”. Assim, fica claro que o Papa quis com a sua Profissão de Fé corrigir erros de doutrina surgidos após o Concílio Vaticano II, às vezes por interpretação errada de suas intenções. Preocupa o Papa as “hipóteses arbitrárias” e subjetivas que são usadas por alguns, mesmo teólogos, para uma interpretação da Revelação divina (hermenêutica), em discordância da autêntica interpretação dada pelo Magistério da Igreja.
Na apresentação do Credo, o Papa conclui dizendo:
“Queremos que a nossa Profissão de Fé seja bastante completa e explícita para responder, de maneira adequada, à necessidade de luz que tantas almas fiéis sentem, e que experimentam também todos os que, no mundo, seja qual for a família espiritual a que pertençam, estão em situação de procura da Verdade”.
Sabemos que é a Verdade que nos leva à salvação. São Paulo, como já citamos acima, fala da “sã doutrina da salvação” (2 Tm 4,7), e afirma que “a Igreja é a coluna e o fundamento da verdade” (1Tm 3,15). Na mesma Carta a Timóteo, Paulo alerta o seu fiel discípulo, bispo de Éfeso, que “Deus quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,4).
Note que para o Apóstolo, a “salvação” e o “conhecimento da verdade” são coisas conexas. Quando ele fala aos tessalonicenses sobre a grande provação que a Igreja deve passar antes da volta de Jesus, as terríveis seduções do homem da iniquidade, com as armas de satanás,  ele diz que os que se perderem terão como causa não terem se apegado à verdade que salva.
“Ele usará de todas as seduções do mal com aqueles que se perdem por não terem cultivado o amor à verdade que os teria podido salvar”. (2Ts 2, 10)
“Desse modo serão julgados e condenados todos os que não deram crédito à verdade, mas consentiram no mal”. (2Ts 2,12)
Enfim, o Apóstolo exorta os tessalonicenses: “ficai firmes e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavras,  seja por carta nossa”. (2Ts 2,15)
Claramente notamos que a preocupação do Apóstolo é manter os fiéis firmes na verdade ensinada pela Igreja, seja de maneira oral (Tradição), seja por escrito.
Jesus é a Verdade (Jo 14,6) e disse que a Verdade nos libertará (Jo 8, 32). O Credo do Povo de Deus é mais uma das inúmeras maneiras que a Igreja usa para manter o Rebanho do Senhor no caminho da  verdade que liberta e salva.
Quando o Papa João Paulo II apresentou o Catecismo da Igreja Católica, através da Constituição Apostólica “Fidei Depósitum”, fez questão de dizer, logo no início:
“Guardar o depósito da fé é a missão que Cristo confiou à sua Igreja e que ela cumpre em todos os tempos”.
De fato, em todos os tempos – já vinte séculos – a Igreja cumpre bem este mandato do Senhor, assistida pelo Espírito Santo, não permitindo que se corrompa o “depósito da fé”. Vinte e um concílios ecumênicos foram realizados nestes dois mil anos, a maioria deles a fim de debelar as heresias que ameaçavam o sagrado depósito da verdade que o Senhor confiou à sua Igreja. E, como essas ameaças à fé são contínuas, a Igreja não cessa de chamar os seus filhos a viverem de acordo com a autêntica verdade que Paulo VI ensina na sua solene Profissão de Fé.
Com alegria entregamos aos nossos leitores esse Credo, tão profundo e detalhado, para que fique claro aos nossos olhos a verdade da nossa fé.
Que, vivendo a “obediência da fé” (Rm 1,5), fiéis e submissos à Santa Igreja e ao Sagrado Magistério, possamos chegar todos à salvação; pois, como diz o Apóstolo, “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11,6), já que o “justo vive pela fé” ( Rm 1,17).
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Prof. Felipe Aquino

Ceofas 

19 de jun. de 2020

Promessas ligadas ao culto da imagem do Sagrado Coração

Jesuswallpapers0102Qual é o alcance das promessas ligadas ao culto da imagem do Sagrado Coração?
O culto da imagem do Sagrado Coração é tão importante na prática da devoção a este divino Coração, e tão vivo o desejo que tem Nosso Senhor de ver o seu amor para conosco manifestado por meio desta imagem e exaltado nela, que o moveu a fazer as mais extraordinárias promessas às nações, às famílias, às comunidades e às pessoas, que honrarem este emblema do seu amor.
Já conhecemos minuciosamente as promessas feitas às nações, que colocarem esta imagem nos estandartes.
Quais são as bênçãos prometidas às famílias e às casas, em que esta imagem for venerada?
1. Nosso Senhor certificou-me, diz Santa Margarida Maria, que tem o maior prazer em ser honrado sob o emblema deste Coração de carne, cuja imagem deseja ver publicamente exposta, para assim comover o coração insensível dos homens;
2. Que, sendo o seu Coração a fonte de todas as bênçãos, as derramará copiosamente em todos os lugares, em que estiver exposta a imagem deste amável Coração, para ser amado;
3. Que ela atrairá toda a espécie de bênçãos sobre os lugares, em que for exposta para receber singulares homenagens.
Quais são as bênçãos prometidas às comunidades, que honrarem esta imagem?
“Nosso Senhor derramará a suava unção da sua ardente caridade em todas as comunidades, em que for honrada com amor esta divina imagem, e desviará delas os golpes da justa ira de Deus”.
Quais são as bênçãos prometidas às pessoas, que honrarem esta imagem?
“Nosso Senhor derramará com abundância no coração de todos aqueles que honrarem a imagem do seu Sagrado Coração todos os dons de que está cheio”.
“Imprimirá o seu amor nos corações daqueles que trouxerem esta imagem, destruirá neles todos os movimentos desregrados”.

Quais foram os primeiros frutos destas promessas?
Os efeitos das divinas promessas relativas as imagem do Coração de Jesus manifestaram-se no próprio dia, em que o culto desta santa imagem foi inaugurado em Paray. As Irmãs contemporâneas, depois de descreverem a primeira festa celebrada em honra da imagem do Sagrado Coração a 20 de julho de 1685 acrescentam:
“Apenas esta devoção se estabeleceu no noviciado de Paray, o Senhor mostrou claramente, quanto ela lhe era agradável, derramando dum modo particular as suas bênçãos sobre a comunidade. Viu-se desde logo perfeita renovação na fidelidade às observâncias religiosas e o fervor aumentava sem cessar”.
Santa Margarida Maria especialmente teve a maior parte nestas divinas promessas. No meio dos extraordinários sofrimentos ela ia procurar força ora diante do tabernáculo, ora diante duma imagem do Sagrado Coração.
No mês de agosto de 1688, pouco depois de conhecer que Roma tinha negado autorização, para se celebrar a festa do Sagrado Coração, a serva de Deus escrevia à Madre de Saumaise: “Ao receber esta notícia, fui prostra-me diante da imagem do Coração de Jesus, para lhe fazer as minhas queixas. Mas obtive esta resposta: Para que te afliges com o que há de ser para a minha maior glória? Fica, pois em paz”.
À remessa, que a Madre Greyfié lhe tinha mandado de várias imagens e dum pequeno quadro do divino Coração, respondia a Santa: “Não posso dizer-vos a consolação que me destes, enviando-me a amável representação do único objetivo do meu amor e certificando-me que desejais auxiliar-nos honrando-O com a vossa comunidade. Sinto com isto uma alegria mil vezes maior do que se me fizésseis possuidora de todos os tesouros da terra. Quando vi a representação deste divino Coração, pareceu-me recuperar uma vida nova. A minha alma estava submergida num mar de amargura e de sofrimento, que se transformou em grande paz completa submissão a todas as disposições da Providência, e desde então parece-me, que não há nada que seja capaz de me perturbar”.
Os mesmos frutos de graça então reservados para aqueles, que derem a Nosso Senhor a consolação, que Ele deseja, de ser honrado no emblema de um coração de carne.
Trecho retirado do livro: O Coração de Jesus
Via: Cléofas 

Qual a origem da devoção ao Sagrado Coração de Jesus?

33SCJ2A devoção ao Sagrado Coração de Jesus é muito antiga; os Padres da Igreja já falavam dela; tudo brota daquele Coração “manso e humilde” que por nós foi transpassado pela lança do soldado Longuinho, na Cruz do Calvário. Dele saiu sangue e água, símbolos do batismo e da Eucaristia, e também da Igreja, Esposa de Cristo, que nasce do lado aberto do novo Adão, como Eva nasceu do lado aberto do primeiro.
Após uma fase de eclipse, esta devoção ganhou novo impulso após as visões de Santa Margarida Maria Alacoque (1647-1690), difundidas por seu confessor São Claude de la Colombière (1673-1675). Era uma época difícil, onde havia uma heresia chamada Jansenismo, de Jansen, que pregava um cristianismo triste, onde poucos se salvavam, onde se disseminava um medo de receber Jesus eucarístico, etc.
Para eliminar essa tristeza Jesus mostrou seu Coração humano e misericordioso a Santa Margarida, como tábua de salvação para todos os pecadores que nele confiassem.
Santa Margarida Maria Alacoque foi uma  freira que nunca transpôs os muros do seu convento das visitandinas de Paray-le-Monial da Ordem da Visitação de Santa Maria, instituição religiosa fundada por São Francisco   de Sales (1567-1622) e Santa Joana de Chantal (1572-1641), morrendo antes de completar 45 anos, em 17 de outubro de 1690, sendo  canonizada em 1920, pelo papa Bento XV. Recolhida, em profunda oração, pela porta do tabernáculo saiu uma espécie de vapor que foi se transformando na figura de homem que se encaminhou até ela e ali na sua presença abriu a túnica que lhe cobria o peito,  lhe mostrando o coração  em chamas inextinguível e lhe disse:
“Eis aqui o coração que tanto amou os homens e pelos quais e tão mal correspondido pelo menos tu, filha minha, chora pelos que me ofendem, geme pelos que não querem orar, imola-te pelos que renegam e blasfemam contra o meu santo nome. Prometo-te na grandeza do meu amor que abençoarei os lares que neles me hospedem, que os que comungarem durante nove primeiras sextas-feiras seguidas, não morrerão sem receber os sacramentos da penitência e da Eucaristia.”breviariodaconfianca
Depois de 150 anos de enormes dificuldades impostas especialmente pelos jansenistas e o terror da Revolução Francesa, em 1856, Pio IX instituiu a festa litúrgica do Sagrado Coração de Jesus, propondo, segundo a recomendação dos santos, a consagração do mundo ao Coração de Jesus. Duzentos anos depois que Santa Margarida pediu ao Rei Luís XIV a consagração da França ao Coração de Jesus, o grande presidente do Equador, Gabriel Garcia Moreno, consagrou seu país em 1873, ao Coração de Jesus.
Vários Papas incentivarem esta devoção através de encíclicas. Atualmente a festa do Sagrado Coração na sexta-feira após a festa de Corpus Cristi.  Leão XIII na “Annum Sacrum” (1899), deixou-nos a Oração para consagração ao Sagrado Coração. Pio XI na “Miserentissimus Redemptor” (1928); Pio XII na “Haurietis aquas” (1956); João Paulo II na “Redemptor Hominis” (1979) e Bento XVI em carta ao Pe. Kolvenbach Geral da Comapanhia de Jesus, falaram da importância dessa devoção. Em 1872, Pio IX concedeu indulgências especiais aos que portassem o escapulário com a imagem do Sagrado Coração.
A piedade ligada ao Coração de Jesus está em  união com a devoção ao Imaculado Coração de Maria. Muitos santos recomendaram esta devoção: São João Eudes, Santa Margarida Maria Alacoque, São Luís Grignion de Montfort, Santa Catarina Labouré e São Maximiliano Kolbe.
Numerosas foram às promessas do Sagrado Coração de Jesus sendo as mais admiráveis  as seguintes:
1 – Eu lhes darei todas as graças necessárias ao seu estado de vida.
2 – Eu farei reinar a paz em suas famílias.
3 – Eu os consolarei em todas as suas aflições.
4 – Serei seu refúgio seguro durante a vida e sobretudo na morte.
5 – Derramarei muitíssimas bênçãos sobre todas as suas empresas.oracoesdetodosostemposdaigreja
6 – Os pecadores encontrão em meu Coração a fonte e o mar infinito da misericórdia.
7 – As almas tíbias se tornarão fervorosas.
8 – As almas fervorosas elevar-se-ão rapidamente a grande perfeição.
9 – Abençoarei Eu mesmo as casas onde a imagem do meu Coração estiver exposta e venerada.
10 – Darei aos sacerdotes o dom de abrandar os corações mais endurecidos.
11 – As pessoas que propagarem esta devoção terão os seus nomes escritos no meu Coração e dele nunca  serão apagados.
12 – No excesso da misericórdia do meu amor todo poderoso darei a graça da perseverança final aos que comungarem na primeira sexta feira de nove meses seguidos.
Prof. Felipe Aquino

Fonte: Cléofas 

Sagrado Coração de Jesus: fonte de toda consolação


O mês de junho é o mês de dedicado ao Sagrado Coração de Jesus,
tempo forte de oração e devoção
e aprofundarmos nossa espiritualidade.


Fonte de toda a Consolação


Neste mês de junho, dedicado ao divino Coração, convido-o, caro
leitor, a tomar algumas dessas invocações, procurando penetrar a
mensagem de amor contida nelas.


“Eis o Coração que tanto amou os homens”

Numa de suas aparições a Santa Margarida Maria, Nosso Senhor
mostrava- se transbordante de luz e com uma expressão repleta de
bondade e misericórdia. Apontando seu próprio Coração, Ele
transmitiu-lhe esta queixa afetuosa: “Eis o Coração que tanto amou
os homens, que nada poupou até Se esgotar e consumir para lhes
testemunhar seu amor, e que, como retribuição, da maior parte só
recebe ingratidões”.

Como essa revelação deveria deixar- nos consternados! É verdade que
Ele nos ama acima de toda medida e que é impossível a cada um de
nós, simples criatura, retribuir com igual intensidade. Entretanto,
a questão é saber se nós O amamos tanto quanto nos permite nossa
capacidade de amar. Certamente, se nos entregássemos por inteiro a
seu amor, ajudados por sua graça, nosso coração palpitaria em
uníssono com o d’Ele, nós nos enterneceríamos com Ele, sentiríamos
como Ele e – por que não? – sofreríamos por Ele.

Esse deve ser o anelo da alma católica.

Façamos, pois, da leitura destas palavras algo mais que um puro
exercício intelectual. Transformemo-la em um ato de amor.


“Coração de Jesus, fornalha ardente de Caridade”

Esta belíssima jaculatória não se contenta de comparar esse amor -
caritas, caridade – tão intenso com uma fornalha, mas acentua ser
uma fornalha ardente. Esplêndida imagem de sua divina Paixão, não só
pela humanidade em seu conjunto, mas também por todos os seus filhos
e filhas, individualmente considerados.

Assim relata Santa Margarida Maria como lhe foi revelado esse amor:
“Uma vez, estando exposto o Santíssimo Sacramento, apareceu Jesus
Cristo todo resplandecente de glória, com suas cinco chagas
brilhando como sóis, e sua sagrada humanidade lançando labaredas de
todos os lados, mas sobretudo de seu adorável peito, que parecia uma
fornalha.

Abrindo-o, Ele descobriu-me seu amabilíssimo e amantíssimo Coração,
que era a fonte viva das chamas. Mostrou- me então as inexplicáveis
maravilhas de seu puro amor e o excesso a que tinha chegado no amor
aos homens, dos quais só recebia ingratidões e friezas”.

“Foi isso”, disse Ele a Santa Margarida, “o que mais Me doeu de
todos os sofrimentos que tive em minha Paixão, ao passo que, se Me
retribuíssem com algum amor, consideraria pouco tudo o que fiz por
eles. Se fosse possível, quereria ainda ter feito mais. Mas os
homens têm apenas frieza e recusa para com todas as minhas
solicitudes de lhes fazer bem. Dá-Me tu, pelo menos, esse prazer de
suprir-lhes as ingratidões, conforme tuas possibilidades”.



Oxalá esse apelo de Jesus encontre excelente acolhida, não apenas na
alma das pessoas especialmente devotas do Sagrado Coração, mas
também na de todos os católicos, despertando em cada um o desejo de
oferecer a nosso amoroso Redentor digna reparação por tanta frieza.
Que cada um, a exemplo de Simão Cireneu, ajude-O a carregar a cruz
dos esquecimentos e das ingratidões. Será esta a melhor maneira de
combater a tibieza que, às vezes, torna moroso nosso progresso
espiritual, ou, pior ainda, nos paralisa num estado de torpor e de
enfastiamento em relação às coisas de Deus.


Para avançarmos nesse luminoso caminho, contamos com um auxílio
certo e preciosíssimo: a devoção ao Imaculado Coração de Maria, no
qual Jesus é incomparavelmente mais amado do que em qualquer outra
criatura, humana ou angélica. “Foi vontade de Deus que, na obra da
redenção humana, a Santíssima Virgem Maria estivesse
inseparavelmente unida a Jesus Cristo” – escrevia o Papa Pio XII.
Por isso convém que cada cristão, “depois de prestar ao Sagrado
Coração o devido culto, renda também ao amantíssimo Coração de sua
Mãe celestial os correspondentes obséquios de piedade, de amor, de
agradecimento e de reparação” (Encíclica Haurietis acquas, n. 74).


Ajudados pela poderosa mediação dessa terna Mãe, penetraremos com
maior facilidade no mistério do divino amor, que Ela portou em seu
puríssimo seio e alimentou, ao qual contemplou de perto com
incêndios de adoração e enlevo.


“Coração de Jesus, paciente e misericordioso”

Este título traz-nos à mente uma exclamação de Santa Margarida
Maria: “Esse divino Coração é todo doçura, humildade e paciência”.

“Paciente” (do latim, patiens, “aquele que sofre”) é um
qualificativo muito adequado ao Coração misericordioso de Jesus,
disposto a todos os sofrimentos pela nossa salvação. Contemplamos
aqui um Coração cujo afeto se mede pela sua disposição de sofrer.

Não seria demasiado afirmar que o valor de um homem, ou de uma
mulher, é proporcional à sua capacidade de superar, com ânimo e
resignação, os insucessos e dificuldades que a Providência permite
em seu caminho – especialmente quando se vê alvo de incompreensões
da parte das pessoas que lhe são mais próximas.

Temos, então, ante nosso olhar o Divino Mestre como modelo de
paciência.

Ser paciente significa, por exemplo, saber suportar os defeitos do
próximo, responder com amabilidade às suas manifestações de mau
gênio, e tantos outros atos de virtude do mesmo tipo.

Se imitarmos, neste ponto, nosso Salvador, faremos jus à sua
amizade, conforme escreveu Santa Margarida Maria: “Tereis de vos
mostrar mansos, suportando com paciência as grosserias, manias e
amolações do próximo, sem vos deixar inquietar pelas contrariedades
que ocasionem. Pelo contrário, fazei de boa vontade os serviços que
puderdes, porque este é o modo de ganhar a amizade e a graça do
Sagrado Coração de Jesus”.

Exatamente assim procede Nosso Senhor com cada um de nós. Se agirmos
do mesmo modo para com os outros, crescerá em nós a confiança em sua
predisposição de nos perdoar sempre, não só uma vez, mas todas as
vezes que d’Ele nos aproximarmos arrependidos.

Sim, precisamos nos convencer dessa maravilhosa verdade: o Divino
Redentor suportou meus pecados e por eles sofreu; por minha salvação
imolou-Se, derramando todo o seu Preciosíssimo Sangue. Devo, pois,
considerar minha maldade com grande contrição, é verdade, mas ao
mesmo tempo com inabalável confiança.

Não nos deixemos nunca desanimar!


“Coração de Jesus, propiciação pelos nossos pecados”

Esta é a jaculatória que então aflora em nossos lábios.

Propiciar (do latim, propitiare) é tornar propício, tornar favorável
por meio de um sacrifício, oferecer um sacrifício expiatório. Isso é
o que fez Jesus, oferecendo-Se ao Pai como “expiação pelos nossos
pecados” (1Jo 2,2).

E o Apóstolo do amor empenha-se em acentuar: “Nisso se manifestou o
amor de Deus para conosco: em nos ter enviado ao mundo seu Filho
único, para que vivamos por Ele (…) para expiar nossos pecados”
(1Jo 4, 9-10).


Nosso Papa Bento XVI também se refere de modo ardoroso ao sacrifício
do Salvador: “Em sua morte na Cruz realiza-se esse voltar-Se de Deus
contra Si mesmo, entregando-Se para dar vida nova ao homem e
salvá-lo: isso é o amor em sua forma mais radical” (Deus caritas
est, n. 12).

Já morto em “propiciação por nossos pecados”, quis Jesus dar-nos uma
demonstração do extremo limite aonde chegou seu amor por nós: de seu
divino Coração brutalmente transpassado pela lança do soldado,
manaram as últimas gotas de sangue, misturadas com água.

Por aí podemos avaliar quanto é censurável nossa frieza em relação a
Ele, sobretudo nossa falta de confiança!

“Coração de Jesus, fonte de toda consolação”

Tal doação generosa até o ponto de dar-Se a Si mesmo perpassa nossas
almas de alegria. Como não experimentarmos grandíssimo consolo ao
vernos objeto de tão dadivoso amor? Na verdade, a palavra consolação
encerra dois sentidos: por um lado, significa fortalecimento, novo
vigor, novo alento; por outro, uma sensação de alegria, de
suavidade, de unção do Divino Espírito Santo.

Em ambos os sentidos, o Sagrado Coração de Jesus é fonte de toda
consolação, pois enche de júbilo e satisfação espiritual aqueles que
se abrem para sua infinita bondade. Mas Ele é também nossa
fortaleza. Assim, quando nos sentirmos débeis ou cansados, quando
nos faltar coragem para praticar algum ato de virtude que o dever de
católicos nos impõe, lembremo-nos: não estamos sozinhos, Jesus está
a nosso lado! N’Ele encontraremos as forças necessárias para amar a
Deus e ao próximo, cumprindo fielmente os divinos preceitos de sua
Lei.

Sobretudo nessas horas, precisamos lançar-nos nos braços do Divino
Mestre… Ah! se soubéssemos como Ele suspira por nos ajudar! Eis
como Ele revela a Santa Margarida Maria essa sua predisposição: “Meu
divino Coração está tão abrasado de amor para com os homens, e em
particular para contigo, que, não podendo conter em Si as chamas de
sua ardente caridade, precisa derramá-las por teu meio, e
manifestar-Se a eles para os enriquecer com os preciosos dons que te
mostro, os quais contêm as graças santificantes e salutares
necessárias para os afastar do abismo da perdição”.

Querido leitor, esperamos que esta curta meditação tenha servido
para fazê-lo sentir-se mais próximo do Coração de Jesus, e mais
confiante na sua bondade sem limites. E que também lhe seja de algum
proveito quando tiver a graça de se aproximar do altar para receber
o divino Alimento.

Lembre-se, então, de que recebemos na alma, realmente presente, esse
Coração no qual adoramos todas as perfeições expressas tão belamente
em sua ladainha.


Padre Carlos Werner Benjumea, EP.


Fonte:
http://www.gaudiumpress.org/content/37870-Fonte-de-toda-a-Consolacao

26 de mai. de 2020

O silêncio de Maria depois do Pentecostes

Nossa Senhora e o Espírito SantoO intrigante silêncio da Virgem Maria depois do Pentecostes e a missão da Mãe de Jesus na Igreja
Depois do Pentecostes, o silêncio da Santíssima Virgem Maria é, a princípio, quase incompreensível, pois a Mãe de Jesus esteve presente, nos atestam a Palavra de Deus e a Tradição, nos três momentos constitutivos do mistério de Cristo e da Igreja: a Encarnação no Verbo, o Mistério Pascal e o Pentecostes1. No Cenáculo, Nossa Senhora está presente juntamente com algumas mulheres, mas, num plano superior, não somente em relação a elas, mas também aos apóstolos. A Virgem Maria está presente como “Mãe de Jesus”2! Isso significa que “o Espírito Santo, que está por vir, é ‘o Espírito do seu Filho’! Entre ela e o Paráclito há uma ligação objetiva e indestrutível, que é o próprio Jesus que juntos geraram”3. No Calvário, Maria está aos pés da cruz de Jesus como Mãe da Igreja; no Cenáculo, ela se mostra como madrinha: “uma batizada pelo Espírito que, agora, apresenta a Igreja para o batismo do Espírito. Se os batizados são adultos, a madrinha assiste-os na preparação; é o que Maria fez com os apóstolos e faz conosco”4. Mas, depois do Pentecostes, quando os apóstolos e os discípulos de Jesus foram batizados pelo Espírito Santo, a Mãe de Cristo desaparece, no mais profundo silêncio.Como entender esse silêncio de Maria na Palavra de Deus depois do Pentecostes?
Para entender o silêncio de Nossa Senhora não podemos partir da Palavra de Deus, pois não há nenhuma fonte escrita que nos dê informações a respeito dela. Porém, por indução, a partir dos frutos e das realizações que a Palavra produziu na Igreja, podemos extrair da experiência dos santos algo que diz respeito à vida interior da Mãe da Igreja, pois há leis e elementos constantes no campo da vida espiritual e da santidade dela. Por isso, a partir da experiência dos santos e das santas, que deixaram suas famílias, seus trabalhos e seus bens para se dedicarem inteiramente a Deus, numa vida silenciosa e escondida, podemos compreender melhor o silêncio de Maria depois do Pentecostes, que marca o início da missão da Igreja.
A Virgem Maria “foi a primeira monja da Igreja. Depois de Pentecostes, é como se ela tivesse entrado para uma clausura”5. A vida de Nossa Senhora, agora, “está escondida com Cristo em Deus”6. Da mesma forma que na vida dos santos, o silêncio de Maria é o argumento mais seguro e eloquente de todos. “Maria inaugurou, na Igreja, aquela segunda alma ou vocação, que é a alma escondida e orante, ao lado da alma apostólica e ativa”7. Os apóstolos, depois de receber o Espírito Santo, vão logo às praças para pregar8, fundam e dirigem igrejas9, enfrentam processos10 e convocam um Concílio11. Mas a respeito de Maria nada se fala, pois ela permanece unida em oração com as mulheres no Cenáculo. Dessa forma, o silêncio dela nos mostra que, na Igreja, o serviço na construção do Reino dos Céus não é tudo, são indispensáveis as almas orantes que o sustentam.
Nossa Senhora é o “protótipo e o modelo acabado”12 da Igreja. A Mãe de Deus é imagem da Igreja “enquanto arquétipo, isto é, enquanto ‘ideia’ realizada de forma perfeita e inigualável”13. Para compreender esse carisma de Maria, voltemo-nos à experiência de Santa Teresinha do Menino Jesus, na descoberta de sua vocação na Igreja. Depois de ler a descrição dos carismas feita por São Paulo, Teresinha “teria desejado ser apóstolo, sacerdote, mártir… […] Esses desejos tinham-se tornado para ela um verdadeiro martírio, até que, um dia, eis a descoberta: o Corpo de Cristo tem um coração que move todos os membros e sem o qual tudo pararia. E no auge da alegria, exclamou: ‘No coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o amor e assim serei tudo!’14” Naque dia, Santa Teresinha descobriu a vocação de Maria: ser, na Igreja, o coração que ama, o coração que ninguém vê, mas que tudo move; sem ele, todo o seu corpo pararia.

Assim, a presença da Virgem Maria na Igreja foi, e continua sendo, presença orante e silenciosa, escondida aos olhos dos homens. Essa é a vocação dos religiosos e religiosas, que também diz respeito à vocação dos leigos e leigas na Igreja. Essa vocação ao silêncio, ao escondimento e à oração foi revelada a Santa Faustina, em um momento de oração, pela própria Mãe de Jesus:“Vossa vida deve ser semelhante a minha: silenciosa e oculta, continuamente unida a Deus, em súplica pela humanidade e a preparar o mundo para a segunda vinda de Deus”15. Acolhamos essas palavras de Nossa Senhora e procuremos vivê-la com uma vida silenciosa e oculta, continuamente unida a Deus, em oração suplicante pela salvação da humanidade, preparando o mundo para a segunda vinda de Jesus Cristo. Essa é a vocação de Maria e a nossa vocação, a vocação da Igreja: no silêncio, no escondimento e na oração, ser o coração que ama e que tudo move, para preparar um povo bem disposto para a vinda de Cristo e para o Reino dos Céus. Nossa Senhora, Mãe da Igreja, rogai por nós!
1Cf. Lc 1, 26-38; Jo 19, 25-27; At 1, 14.
2At 1, 14.
3CANTALAMESSA, Raniero. Maria, um espelho para a Igreja. Aparecida: Santuário, 1992, p. 129.
4Idem, p. 130.
5Idem, ibidem.
6Cl 3, 3.
7CANTALAMESSA, Raniero. Op. cit. Aparecida: Santuário, 1992, p. 131.
8Cf. At 2, 14-36; 5, 12-16; 9, 26-30.
9Cf. At 6, 1-7; 9, 19b-25; 11, 19-26.
10Cf. At 4, 1-22; 5, 17-42; 7, 1-60.
11Cf. At 15, 4-21.
12CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II. Constituição Dogmática Lumen Gentium. São Paulo: Paulus, 1997, 53.
13RATZINGER, Cardeal Joseph; BALTHASAR, Hans Urs Von. Maria, Primeira Igreja. Coimbra: Coimbra, 1997, p. 143.
14CANTALAMESSA, Raniero. Op. cit. Aparecida: Santuário, 1992, p. 131.
15SANTA MARIA FAUSTINA KOWALSKA. Diário: a Misericórdia Divina na minha alma. Curitiba: Brasileira, 1995, 625.
Por Natalino Ueda 
Fonte Canção Nova 

Natividade de São João Batista: o maior dos profetas

A natividade de  São João Batista  é  uma solenidade muito importante no ano litúrgico, porque nesse dia lembramos o maior dos profetas, com...