Deus nos
criou para vivermos em família, como Ele mesmo é uma Família, Três Pessoas
distintas em uma única natureza. Quando o Catecismo fala da família, começa
dizendo que: Jesus, ao vir ao mundo, não precisava necessariamente viver em uma
família, mas Ele assim o quis, para deixar-nos o seu exemplo e ensinamento
sobre a nobreza e santidade da família. Quis ter uma mãe e um pai (adotivo), e
foi obediente e submisso a eles (cf Lc 2,51). Jesus não precisava ter um pai
terreno, já que o Seu Pai é o próprio Deus. Mas Ele quis ter um pai adotivo,
legal, como chamavam os judeus. Quando José quis abandonar Maria, em silêncio,
para não difamá-la, Deus mandou o Anjo dizer-lhe: “José, filho de Davi, não
temas receber Maria por esposa, pois, o que nela foi concebido veio do Espírito
Santo. Ela dará à luz um filho a quem tu porás o nome de Jesus” (Mt
1,20-21). É como se Deus dissesse a José: eu preciso de você, eu quero você
para ser o pai diligente da sagrada Família. Os pais geram os filhos, mais aqui
é o Filho quem escolhe o seu pai.
A
Família de Nazaré nos dá uma lição de vida familiar. Como disse Paulo VI: “Que
Nazaré nos ensine o que é família, sua comunhão de amor, sua beleza austera e
simples, seu cárater sagrado e inviolável… Uma lição de trabalho…”
(05/01/64). A família é uma escola de virtude e de santidade para todos.
Vivendo na família de Nazaré, Jesus nos ensinou a importância da submissão e
obediência dos filhos aos pais. Ele, mesmo sendo Deus, se fez obediente àqueles
que Ele mesmo criou e escolheu para seus pais. Cumpriu em tudo o quarto
mandamento que manda “honrar” os pais. Mais do que ninguém obedeceu à Palavra
de Deus que diz:
“Quem
honra sua mãe é semelhante àquele que acumula um tesouro”. “Quem teme o Senhor
honra pai e mãe” (Eclo 3).
É porque
a família é hoje tão ofendida pelas pragas da imoralidade, que a sociedade paga
um alto preço social: jovens delinquentes, crianças abandonadas, pais
separados, homens e mulheres frustrados, tanta violência, tanto crime, tanta
morte…
Essas
pobres crianças e jovens desorientados, que vivem pelas ruas, perdendo-se nas
drogas, no crime, na violência, na homossexualidade e nas bebidas, etc., apenas
estão buscando com isso um pouco de calor humano, afeto, que deveriam ter
recebido em suas famílias, e não receberam.
O
Catecismo diz que a família “é a sociedade natural onde o homem e a mulher são
chamados ao dom de si no amor e no dom da vida. A família é a comunidade na
qual, desde a infância, se podem assimilar os valores morais, em que se pode
começar a honrar a Deus e a usar corretamente a liberdade. A vida em família é
iniciação para a vida em sociedade” (nº 2207).
“É no
seio da família que os pais são para os filhos, pela palavra e pelo exemplo… os
primeiros mestres da fé”, ensina a Igreja (LG, 11). “É na família que se exerce
de modo privilegiado o sacerdócio batismal do pai de família, da mãe, dos
filhos, de todos os membros da família, na recepção dos sacramentos, na oração
e na ação de graças, no testemunho de uma vida santa, na abnegação e na
caridade ativa. O lar é assim a primeira escola de vida cristã e uma escola de
enriquecimento humano. É ai que se aprende a fadiga e a alegria do trabalho, o
amor fraterno, o perdão generoso e mesmo reiterado, e sobretudo o culto divino
pela oração e oferenda de sua vida” (Cat. § 1657).
Essas
palavras do Catecismo mostram que o lar é a escola das virtudes humanas; logo,
lugar de santificação. Para os pais, a vida conjugal é uma oportunidade
riquíssima de santificação, na medida em que, a todo instante, precisam lutar
contra o próprio egoísmo, soberba, orgulho, desejo de dominação, etc., para se
tornar, com o outro, aquilo que é o sentido do matrimônio: “uma só carne”, uma
só vida, sem divisões, mentiras, fingimentos, tapeações, birras, azedumes, mau-humor,
reclamações, lamúrias, etc.
A luta
diária e constante para ser “exemplo para os filhos”, para manter a fidelidade
ao outro, para “vencer-se a si mesmo”, a fim de se construir um lar maduro e
santo, faz com que caminhemos para a na nossa santificação. O amor do casal é o
sinal e o símbolo do amor de Deus à humanidade, e amor de Cristo à Igreja (cf.
Ef 5,21s). Ao se por a caminho para conquistar “esse amor”, o casal se
santifica.
A busca
da unidade profunda como a do “café com o leite”, o desafio de “construir o
outro”, alguém querido, a solução conjunta de todos os problemas, o diálogo
frequente e amoroso, o respeito mútuo, enfim, a busca da maturidade essencial
para a vida a dois, tudo isso santifica o casal. Além do mais, o conhecimento
profundo do “mistério do outro”, a luta para aceitá-lo e entendê-lo, para
ajudá-lo a crescer, a paciência, o perdão dado, as renúncias de cada dia, a
atenção com o outro para vencer a frieza e a monotonia, o cuidado do lar,
da roupa, da comida, do estudo dos filhos, etc., tudo isso concorre para que os
pais se santifiquem mutuamente. Deus quis assim, e fez do casamento uma grande
escola de santidade. O casal que quiser atingir a perfeição matrimonial, como é
o desígnio de Deus, naturalmente chegará à santidade. A casa é para o casal e
os filhos, o que o mosteiro é para o monge.
A luta
que travamos conosco mesmo para aceitar e suportar os defeitos do outro, a cada
dia, com paciência e compreensão, faz-nos santos. As cruzes do lar, o
desemprego, as doenças, as dúvidas, os vícios do cônjuge, a dificuldade com os
parentes, a preocupação com os problemas dos filhos, etc., tudo isso, torna-se
no casamento como que o “fogo” que queima as ervas daninhas de nossa alma e nos
encaminha para a perfeição cristã.
É
preciso saber aproveitar toda e qualquer dificuldade do lar para fazer dela um
degrau de crescimento na fé e no amor a Deus, pois “tudo concorre para o bem
dos que amam a Deus” (Rom 8,28).
Por
outro lado, a enorme tarefa que Deus confia aos pais, na geração e na educação
dos filhos, o exercício dessa missão sagrada coopera para a santificação deles.
O Catecismo diz que:
“O papel
dos pais na educação dos filhos é tão importante que é quase impossível
substituí-los”. E que:“O direito e o dever de educação são primordiais e inalienáveis
para os pais” (nº 2221; FC 36). Para cumprir com responsabilidade essa sagrada
missão, os pais devem criar um lar tranquilo para os filhos, onde se cultive a
ternura, o perdão, o respeito, a fidelidade e o serviço desinteressado. Aí deve
ser cultivado a abnegação, o reto juízo, o domínio de si, para que haja
verdadeira liberdade.
Diz o
livro do Eclesiástico: “Aquele que ama o filho castiga-o com frequência; aquele
que educa o seu filho terá motivo de satisfação” (Eclo 30, 1-2). Esse
“castiga-o com frequência” deve ser entendido como “corrige-o com frequência”.
Mas São Paulo lembra que os pais não podem humilhar e magoar os filhos ao corrigi-los:
“E vós, pais, não deis a vossos filhos motivo de revolta contra vós, mas
criai-os na disciplina e na correção do Senhor” (Ef 6,4).
É claro
que esse equilíbrio e dedicação que é exigido dos pais para educar bem os
filhos, é motivo também de crescimento para os próprios pais. E é bom lembrar
aos pais que saber reconhecer diante dos filhos, os próprios defeitos, não é
humilhação e sim coerência, e isto facilita guiá-los e corrigi-los, como ensina
o próprio Catecismo (nº 2223).
“Os
filhos, diz o Catecismo, por sua vez, contribuem para o crescimento de seus
pais em santidade. Todos e cada um se darão generosamente e sem se cansarem o
perdão mútuo exigido pelas ofensas, as rixas, as injustiças e os abandonos.
Sugere-o a mútua afeição. Exige-o a caridade de Cristo” (§ 2227; Mt 18,21-22).
Para os
filhos, o dever de honrar os pais, estabelece um verdadeiro programa de
santificação. Lembra a Palavra de Deus aos filhos: “Honra teu pai de todo o
coração e não esqueças as dores de tua mãe. Lembra-te que fostes gerado por
eles. O que lhes darás pelo que te deram? (Eclo 7,27-28).
Um filho
sábio escuta a disciplina do pai e o zombador não escuta a reprimenda” (Pr
13,1). “Filhos, obedecei em tudo a vossos pais, pois isso é agradável ao
Senhor” (Cl 3,20; Ef 6,1).
“Aquele
que respeita o pai obtém o perdão dos pecados, o que honra a sua mãe é como
quem ajunta um tesouro. Aquele que respeita o pai encontrará alegria nos filhos
e no dia de sua oração será atendido” (Eclo 3,2-6). “Honra teu pai por
teus atos, tuas palavras, tua paciência, a fim de que ele te dê a sua benção, e
que esta permaneça em ti até o último dia da tua vida.”
A benção
paterna fortalece a casa de seus filhos;
a maldição de uma mãe a arrasa até os alicerces” (9-11). Um filho abençoado
pelos pais é um filho abençoado pelo próprio Deus, porque “a paternidade humana
tem a sua fonte na paternidade divina” (CIC nº 2214). Vemos assim que
Deus estabeleceu a família como o meio privilegiado para a nossa salvação e
santificação, tanto dos pais quanto dos filhos.
Fonte: http://www.comshalom.org/