28 de jul. de 2017

Maria e as alegrias cotidianas

Inclusive a alegria de dar alegrias!


Cerca de trinta anos



Quando São Lucas começa a narrar a vida pública de Cristo diz que, ao iniciar o seu ministério Jesus tinha cerca de trinta anos (Lc 3, 23).
Trinta anos! Quando Jesus começou a atrair as multidões com a sua palavra e os seus sinais milagrosos , os que o haviam conhecido antes ficavam assombrados: Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria? (Mc 6, 3); não é ele o filho do carpinteiro? (Mt 13, 55).
Você percebe o que isso significa? Durante pelo menos trinta anos, a vida de Jesus teve – com exceção de uns meses de exílio no Egito – a normalidade da vida diária de relacionamento familiar e de trabalho própria de um lar modesto. Vê-se que José, ao iniciar-se a vida pública, já tinha falecido, porque só é mencionado indiretamente, ao passo que a mãe é designada como pessoa conhecida, Maria.
Dirijamos agora o nosso olhar para a Virgem Mãe. Passados os acontecimentos extraordinários dos primeiros dois anos depois da Anunciação (cf. Lc,1, 39 a 2, 52), a vida dela entra na “rotina” de mãe de uma pequena família em Nazaré (Mt 2, 23). Maria, juntamente com Jesus e José, vê transcorrer os dias com a aparente monotonia de um calendário e um relógio que nunca marcam eventos extraordinários (se excetuarmos apenas dois dias e pouco de agonia, quando Jesus, aos doze anos de idade, ficou no Templo).
De onde tirava Maria as suas alegrias, nessa sequência de dias quase sempre iguais ao longo de quase trinta anos? Da mesma fonte de onde tirava todas as outras alegrias: do amor!
Vale a pena meditar nisto, porque é frequentíssimo que hoje as pessoas, alucinadas atrás de alegrias de fantasia, fora do comum, percam pelo ralo do tempo as verdadeiras alegrias do dia a dia.

A “rotina” dos dias

A rotina dos dias pode ser, para qualquer um, uma colheita de cinzas ou de ouro. Depende de nós. Para Maria, cada dia era uma arrecadação do ouro fino, um tesouro de gozo que, ao adormecer, lhe deixava um sorriso estampado nos lábios.
Não custa nada pensar nas pequenas alegrias cotidianas de Nossa Senhora: o convívio amável com Jesus e José, o cuidado do seu Menino, o encantamento com o filho que crescia em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens (Lc 2, 52); as conversas íntimas no final do dia, o riso cristalino das brincadeiras puras; e as canções que animavam o trabalho: e a procura da água no poço, o fabrico doméstico do pão, o preparo de alimentos no fogão de chão, a tarefa de fiar, de tecer e costurar … Com que carinho Maria deve ter tecido a túnica sem costura, que os soldados sortearam ao pé do filho crucificado! (Jo 19, 23-24).
A rotina dos dias era para ela, como para nós, é «um tecido de pequenas insignificâncias que, conforme a intenção com que se fazem, podem formar uma tapeçaria esplêndida de heroísmo ou de baixeza, de virtudes ou de pecados» (Caminho, n. 826).
A “rotina” de Maria só tinha uma intenção: o amor. Era, assim, uma tapeçaria de virtudes. Como dizia O Card. Luciani, poucos dias antes de se tornar o Papa João Paulo I, num artigo sobre os ensinamentos de Mons. Escrivá, a “tragédia cotidiana” (quase diária nas rusgas, brigas e discussões de tantos lares) pode ser transformada pelo amor no “sorriso cotidiano”.
Com seu exemplo, Maria nos diz: «Na simplicidade do teu trabalho habitual, nos detalhes monótonos de cada dia, tens que descobrir o segredo – para tantos escondido – da grandeza e da novidade: o Amor» (Sulco, n. 489).

Aprender com a Virgem as alegrias cotidianas

─ O amor ao dever

Um adolescente imaturo dizia: “O dever… são todas aquelas obrigações chatas que a gente detesta fazer”.
Maria nos diria exatamente o contrário: “O dever é a Vontade de Deus, que eu escuto em cada momento, e que me pede responder-lhe de novo: Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra. Cada detalhe do dever é como um anjo Gabriel, que diz que Deus me espera ali, e isso me enche de alegria”.
São Josemaria fazia sobre isso um belo comentário: «É isso o que explica a vida de Maria: o seu amor. Um amor levado até ao extremo, até ao esquecimento completo de si mesma, feliz de estar onde Deus a quer, cumprindo com esmero a Vontade divina. Isso é o que faz com que o menor de seus gestos não seja nunca banal, mas cheio de conteúdo» (É Cristo que passa, n. 148).
Assim, o dever, em vez de ser uma obrigação enfadonha, é um cântico da alma que vive de amor.

─ Alegria de caprichar no dever

O poeta francês Charles Péguy dizia: «A minha mãe (uma camponesa simples)
empalhava o vime das cadeiras com o mesmo amor e o mesmo entusiasmo com que os nossos antepassados construíam as catedrais – “du même amour e du même coeur”».
Lembrávamos antes o capricho com que Maria teceu, de uma só peça, a túnica inconsútil de Jesus. É o exemplo de uma atitude constante nela, pois ela tudo fazia – por amor a Deus, a Jesus e a José – com o mesmo carinho e idêntico capricho, cuidando dos mínimos pormenores.
Penso que a Madre Teresa de Calcutá era como um eco do coração de Nossa Senhora, quando escreveu ao arcebispo vietnamita F. Xavier Van Thuân, assim que ele foi libertado do cárcere, após 13 anos de cativeiro: «O que conta não é a quantidade das nossas ações, mas a intensidade do amor que colocamos em cada uma delas».
D. Van Thuân, citou essas palavras no retiro que pregou ao Papa João Paulo II em março de 2000, e comentou: «Cada palavra, cada gesto, cada decisão, tem que ser o momento mais belo da nossa vida. É preciso amar… sem perder um único segundo».

─ A alegria de contemplar

Já imaginou a felicidade com que Maria deve ter contemplado seu filho Jesus nas palhas do presépio, adormecido em seu colo, e depois, no lar de Nazaré, enquanto engatinhava, dava passos incertos e se atirava aos braços protetores dela? E ao observá-lo se esmerando como aprendiz de José, trabalhando com arte a madeira…; em todos os momentos.
Ela vivia de olhos e coração postos, com inefável felicidade, naquele que os profetas chamaram o mais belo dos filhos dos homens (Sl 45,3).
Como nos faz falta pedir-lhe: “Mãe, ensina-nos a contemplar! Porque hoje o mundo parece ter perdido essa capacidade: pouco meditamos na intimidade, no silêncio orante do coração (cf. Lc 2, 19)… Parece que perdemos a capacidade de nos concentrarmos na contemplação agradecida das coisas belas, das palavras de Deus e dos dons que ele nos dá…
Até a religiosidade, para alguns, tende a manifestar-se apenas como agitação, barulho, algazarra, balbúrdia teatral… Como precisaríamos aprender a contemplar, na paz de uma igreja, nuns dias de retiro em silêncio, ou sozinhos em casa (Mt 6, 6) – com os olhos e a imaginação cheios de fé –, as cenas da vida de Jesus (o Evangelho, a Via Sacra…); e as passagens da vida de Maria (os mistérios do Rosário), com o coração aberto à intimidade divina, para ver, escutar, orar, amar…

─ A alegria do “sacrifício escondido e silencioso”

Essa expressão de São Josemaria – «sacrifício escondido e silencioso» – define bem uma atitude fundamental da vida de Maria Santíssima.
Comentava esse santo a cena evangélica da mulher do povo que louvou a mãe de Jesus, e a resposta esclarecedora que Jesus lhe deu: Felizes, na verdade, os que escutam a palavra de Deus e a põem em prática (Lc 11, 27-28).
Essa frase – escrevia São Josemaria – «era o elogio de sua Mãe, do seu fiat…, que não se manifestou em ações aparatosas, mas no sacrifício escondido e silencioso de cada dia». E acrescentava que, ao meditarmos nisso, «compreendemos que o valor sobrenatural da nossa vida não depende de que se tornem realidade as grandes façanhas que às vezes forjamos com a imaginação, mas da aceitação fiel da vontade divina, de uma disposição generosa em face dos pequenos sacrifícios diários» (É Cristo que passa, n. 172).
Você poderia imaginar Nossa Senhora reclamando dos pequenos sacrifícios diários? Das renúncias, dos imprevistos, das contrariedades, das canseiras? Ou cobrando dos outros agradecimento e retorno? É claro que não. Seu sacrifício era puro. Ela bem sabia o que Jesus nos ensinou: que as alegrias mais belas crescem sobre a “boa terra” da mortificação – da cruz –, sobre a doação praticada sem interesse, sobre a renúncia voluntária movida pelo amor.
E nós? Numa sociedade como a nossa, dominada pelos tentáculos do consumismo e do prazer, vai se perdendo a capacidade de saborear as pequenas alegrias cotidianas. Cada vez há menos pessoas que experimentem o que dizia Santo Agostinho: «Quando há amor, ou o sacrifício não custa, ou amamos o próprio sacrifício que custa». Neste mesmo sentido, São Josemaria observava: «Não reparaste que as almas mortificadas, pela sua simplicidade, até neste mundo saboreiam mais as coisas boas?» (Sulco, n. 982).
Maria nos ensina a maravilha das pequenas alegrias cotidianas, dessas que estão ao alcance de todos, mas que a nossa vida agitada torna invisíveis. Talvez já as tenhamos vivido na infância, talvez já sentimos certa nostalgia das que não experimentamos, ao “vê-las” nos bons romances de tempos passados ou nas lembranças que os avós nos contam… São tesouros que o ritmo frenético da vida atual quer nos roubar, e que é preciso resgatar.

A alegria de dar alegrias

Vamos fazer agora uma reflexão simples sobre o episódio das Bodas de Caná (Jo 2, 1-11).
Era um casamento rural. Muita festa e muita gente. Muitos parentes, amigos e vizinhos convidados. A mãe de Jesus estava lá. Também Jesus e seus discípulos foram convidados.
Avançada a celebração, Nossa Senhora sussurra ao ouvido de Jesus: Eles não têm vinho. Só ela, entre a multidão, tinha percebido que a família dos noivos calculara mal as bebidas, e podiam ter um vexame. Jesus respondeu-lhe: Mulher, que temos nós com isso? A minha hora ainda não chegou. Ela não insiste, mas não desanima. Conhece o filho! Por isso avisa os que serviam: Fazei tudo o que ele vos disser.
Pouco depois Jesus chama esses serventes: “Enchei as talhas de água” (eram seis recipientes de pedra, muito grandes). Eles as encheram até a borda. Então disse: “Agora tirai e levai ao encarregado da festa”. Assombro! O mestre-sala fica pasmado com a qualidade daquele vinho e censura o noivo: “Todo o mundo serve primeiro o vinho bom… Tu guardaste o vinho bom até agora!”
Este foi o primeiro milagre de Jesus, frisa o Evangelho. Não parece um pouco estranho? Nós acharíamos lógico que o primeiro milagre tivesse sido a cura de uma cegueira, a ressurreição de um morto, uma tempestade acalmada… Não. Por solicitação da Mãe, Deus feito Homem inicia os milagres com um detalhe “doméstico”: dar alegria a uns noivos, não permitir que um descuido prejudique a festa.
Penso que nessa atitude de Cristo há três ensinamentos:
─ Primeiro: as pequenas alegrias da vida simples têm muita importância aos olhos de Deus. Tomara que a tenham aos nossos olhos.
─ Segundo: Jesus quer ajudar-nos a compreender que as almas que, como Maria, sabem “garimpar” alegria dos deveres cotidianos vivem contentes, e sentem o impulso de transmitir alegria aos demais.
─ Terceiro: com esse milagre Cristo quer deixar patente o poder de intercessão de Nossa Senhora junto de seu Filho Jesus. Ele a escuta sempre.
Agora, você, leitor, medite nisso tudo e tire as suas consequências.
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Do site do Pe. Faus
Via: Aleteia 

O milagre que levou a casa da Virgem Maria de Nazaré para Loreto

O fenômeno jamais pôde ser explicado pelos cientistas que o estudaram


Nossa Senhora de Loreto é uma devoção mariana que surgiu a partir do relato do milagroso traslado da casa em que viveu a Virgem Maria em Nazaré.
Casinha pequena feita de pedras, ela tinha se tornado uma relíquia protegida pelos católicos na Terra Santa. Sob aquele teto, afinal, “o anjo do Senhor tinha anunciado a Maria e ela concebera do Espírito Santo“. Tinha sido lá que São José ensinou a Jesus o seu ofício de carpinteiro; era lá que Jesus “crescia em estatura, sabedoria e graça diante do Senhor“; era lá que a Família de Nazaré vivia em amor e felicidade.
Séculos depois, em 1291, época de grande expansão islâmica e antes da chegada dos muçulmanos a Nazaré, a casa da Sagrada Família desapareceu inexplicavelmente e, tão inexplicavelmente quanto, apareceu na cidade de Tersatz, na antiga Dalmácia, região dos Bálcãs correspondente hoje a territórios da Croácia, Bósnia e Herzegovina e Montenegro.
O padre local, que estava muito doente e ficara curado por milagre, foi agraciado com uma visão de Nossa Senhora em que ela própria afirmava: “Esta é a casa onde Jesus foi concebido pelo poder do Espírito Santo e onde a Sagrada Família morou em Nazaré“.
Sim: a casa da Sagrada Família fora transportada inteira, de Nazaré para Tersatz, sem ser demolida.
O povo começou a fazer peregrinações e a obter graças e milagres. O governador local, embora impressionado com o fato, enviou quatro estudiosos à Terra Santa para confirmarem se aquela era mesmo a verdadeira casa de Nossa Senhora.
Em Nazaré, os enviados só encontraram os alicerces da casa e o espanto dos nazarenos com o seu desaparecimento. Os alicerces tinham as mesmas medidas dos que haviam aparecido em Tersatz e são conservados até hoje na Basílica da Anunciação, em Nazaré.
Quanto à casa que aparecera em Tersatz, ela estava intacta e sem sinais de ter sido desmontada e reconstruída.
Após pouco mais de três anos, ocorreu um novo milagre: em 10 de dezembro de 1294, a casa da Virgem Maria foi elevada por sobre o mar Mediterrâneo e levada para os bosques de Loreto, em Recanati, na Itália.
Os fiéis se lembraram então de uma profecia de São Francisco de Assis: “Loreto será um dos locais mais sagrados do mundo. Lá será construída uma Basílica em honra a Nossa Senhora de Loreto“. De fato, a basílica erguida em volta da casa se tornou um dos maiores santuários da Europa.
A pedido da Igreja, vários estudos foram realizados por engenheiros, arquitetos, físicos, historiadores e estudiosos, que, quanto mais analisam o caso, mais comprovam o caráter inexplicável do surgimento dessa casa:
1. Ela se ergue do solo sem nenhuma base de sustentação e é possível passar uma barra de ferro por baixo dela sem qualquer impedimento.
2. As pedras da construção não existem na Itália: somente na região de Nazaré, na Terra Santa.
3. Sua porta é de cedro, madeira que também não existe na Itália, mas é encontrada na Palestina.
4. As pedras das paredes foram levantadas com uma espécie de cimento feito de sulfato de cálcio e pó de carvão, mistura usada na Palestina dos tempo de Jesus, mas desconhecida na Itália quando a casa surgiu em Loreto.
5. As medidas da casa correspondem perfeitamente às da base que permaneceu em Nazaré.
6. A casa, pequena e simples, segue o estilo nazareno da época de Jesus.
O fenômeno do aparecimento da casa de Nossa Senhora em Loreto nunca foi explicado pelos cientistas que o estudaram.

Fonte: Aleteia 

28/07 – Santo Inocêncio

Santo Inocêncio nasceu em Albano Laziale, Roma. Foi Eleito pontífice em 401 e governou a Igreja por 16 anos, em período histórico muito difícil para os destinos do império romano do Ocidente e particularmente para Roma, que em 24 de agosto de 410 foi saqueada por Alarico, prolongando-se por três dias as devastações, mas apesar disso, a autoridade de Santo Inocêncio foi respeitada pelos bárbaros. Santo Inocêncio manteve-se sempre cordial com todas as Igrejas, comunicando-se através de cartas, das quais trinta e seis fazem parte das coleções canônicas, ou cartas encíclicas, que fazem parte do magistério ordinário dos pontífices. Inocêncio I estabeleceu um ponto importante na disciplina eclesiástica, a uniformidade que as várias Igrejas devem ter com a doutrina e as tradições da Igreja de Roma. Zelou pela liturgia sacramental: batismo, reconciliação, unção dos enfermos, indissolubilidade do matrimônio, claramente defendida também nos casos de adultério. Surgiu também durante seu pontificado a heresia de Pelágio, contra a qual Agostinho opôs-se com veemência. A São Jerônimo, que do seu retiro em Belém lhe escrevera para confiar-lhe algumas aflições suas, o Papa respondeu com carta paterna, mostrando que sabia não só reger o leme da barca de Pedro com mão firme, mas também possui coração aberto a compreensão e extremamente acolhedor. Santo Inocêncio morreu a 28 de Julho do ano 417 em Roma, e foi sepultado no cemitério de Ponciano na via Portuense.


Cléofas 

27 de jul. de 2017

27/07 – São Clemente de Ochrida

Mas é também conhecido como “o Búlgaro”, e todos os títulos são apropriados, porque durante sua vida religiosa conviveu muito tempo com esse povo, deixando marcas profundas de sua presença na Bulgária. A sua origem, seu nascimento e juventude são desconhecidos. No século IX, o príncipe da Moravia solicitou ao imperador de Constantinopla que lhe enviasse evangelizadores de origem germânica. Tinha a intenção de ampliar a catequização da população, mas não queria os missionários “latinos” que eram diferentes dos “germânicos” nos rituais litúrgicos. Isso era possível, porque a Igreja ainda não tinha um padrão para todos os rituais católicos. Seguiram para lá os irmãos Cirilo e Metódio, ambos germânicos, no futuro conhecidos como os “apóstolos do Oriente”. Os dois irmãos levaram alguns colaboradores, um deles era Clemente. Como era muito culto e aplicado se tornou o colaborador direto de Metódio, na adaptação da liturgia do Oriente para as populações daquela região. Clemente fez inúmeras viagens com os dois apóstolos por todo o leste europeu, sendo um discípulo fiel na pregação do Cristianismo. A evangelização do leste europeu era marcada pela rivalidade gerada com divisão entre evangelizadores “latinos” e “germânicos”. Tanto assim, que o próprio Clemente precisou se afastar de uma cidade, porque um Bispo não aceitava os “ritos germânicos”. Por isto, Clemente decidiu seguir para a Bulgária, onde além de refúgio encontrou um novo campo de ação. Lá, trabalhou na simplificação do novo alfabeto para facilitar os estudos. Também, converteu a fé cristã o próprio rei, que deixou o trono e se retirou em um mosteiro. Os outros dois reis sucessores encorajam a obra missionária, e Clemente foi nomeado “primeiro bispo de língua búlgara” para comandar a principal diocese. Porém, Clemente tinha sempre o pensamento voltado para a querida cidade de Ochrida, onde havia construído uma escola que também era um mosteiro. Era lá que pretendia se recolher na velhice. Mas não conseguiu, porque antes deveria pessoalmente escolher, instruir e formar o Bispo substituto. No dia 27 de julho de 916 ele faleceu na cidade de Velika. Seu corpo foi sepultado no mosteiro de Ochrida, onde seu túmulo passou a ser visitado e venerado pela população. Em alguns lugares, por tradição popular, costuma ser lembrado no dia 25 de novembro. A Igreja Católica o proclamou Santo e escolheu o dia de sua morte, 27 de julho, para as homenagens litúrgicas.

Fonte: Cléofas 

4 dicas imperdíveis para escolher bons padrinhos de batismo


Creio que, como cristãos, todos temos claro o efeito de recebermos cada um dos sacramentos, estamos diante de uma graça imerecida que tem como objetivo nossa santificação. Portanto, é bem comum – infelizmente – que nos sacramentos de iniciação (Batismo, Comunhão e Crisma), o ambiente se distorça completamente, se tornando um mero evento social. Isto é algo que mereceria outro artigo a parte, porém o que quero apontar hoje é a escolha dos padrinhos. Resulta que de um sinal a outro – se não é um pouco mais – o papel que desempenham os padrinhos, de guiar na fé e reforçá-la, comprometendo-se com isto diante de Deus em zelar pelo crescimento espiritual do afilhado/a, de repente se converteu numa espécie de “título honorífico” reservado ao melhor amigo ou aquele que tem o maior bolso, para dar um bom presente.

Continuando quis tocar em certos pontos a considerar antes de tomar a decisão por um padrinho ou madrinha, ou para que possamos orientar a escolha de outros, com critérios adequados.

1) O padrinho NÃO é um “reconhecimento social”

Acontece que, já estando perto da celebração do sacramento, os pais ou o futuro afilhado ficam vendo que pessoa “merece” ser o padrinho/madrinha. E começam pelos amigos do bairro, para terminar no melhor amigo da vida toda, porque – e este é o critério – “Como vamos dizer ao fulano que o padrinho ou a madrinha será aquela outra pessoa?” Como se, por ventura, isto tratasse de um reconhecimento de amizade.

2) Deve ter uma vida cristã coerente

Acontece muitas vezes exatamente o contrário: o padrinho que induz o afilhado a algum vício ou o expõe a situações pecaminosas. O que é algo lamentável, e vem sendo bastante comum. O padrinho deve ser alguém de um testemunho claro, de uma vida cristã coerente e ainda, pode-se dizer, de confissão e comunhão frequentes, deve ir à missa aos domingos, e ter um desejo de santidade reto e uma vida de oração estável.
Não vamos estender a história, mas já topei inclusive com quem escolheu como padrinhos pessoas que são publicamente agnósticas, etc…


3) Procura-se por um padrinho “pelo seu silêncio e não pelo seu bolso”

Muitas vezes a ansiedade para que chegue logo o momento da sacramento, não é tanto pela graça de Deus que iremos receber, QUE É IMENSA, mas sim pelo tamanho do presente que nos vão dar. Se este é o critério, melhor deixá-lo já.

4) Nunca é recomendado o “padrinho de emergência”

Pensamos na roupa, na comida, nos convidados, nas lembrancinhas e nas fotos… mas nos padrinhos… sequer sentamos para pensar uns minutos sobre quem possa sê-los, de maneira que um dia antes – às vezes, até mesmo no dia – escolhemos o primeiro que nos ocorre, como se se tratasse de qualquer coisa, quando na realidade o que estamos escolhendo é aquela pessoa que irá sustentar e acompanhar nosso caminho espiritual, ou de nossos filhos.
Se já escolheu o seu padrinho/madrinha e nunca levou em conta nenhum desses critérios, ou aconteceu que seu padrinho mudou de religião (acontece de tudo nessa vida), sendo algo que não podemos voltar atrás, poderá nos servir para uma reflexão pessoal, para ajudar outros a tomar uma melhor decisão.
“Para que a graça do batismo possa desaguar, é importante a ajuda dos pais. Esse é também o papel dos padrinhos, que devem ser crentes sólidos, capazes e prontos para ajudar o novo batizado, criança ou adulto, em seu caminho de vida cristã. Sua tarefa é uma verdadeira função eclesial.” (Catecismo da Igreja Católica)

Fonte: http://pt.churchpop.com

26 de jul. de 2017

Papa dedica tweet aos avós: comunicar o patrimônio de humanidade e fé

26/07/2017


Cidade do Vaticano (RV) –  “Quanto são importantes os avós na vida da família para comunicar o patrimônio de humanidade e fé essencial para cada sociedade!”.

Com o tweet publicado esta quarta-feira, 26 de julho, dia em que a Igreja recorda São Joaquim e Santa Ana, o Papa Francisco enfatiza mais uma vez o papel desempenhado pelos avós no seio da família e da sociedade, também na transmissão da fé.
Desde o início de seu Pontificado, Francisco insiste na importância deste “arco da vida” que liga a infância e juventude - repletas de ímpetos de mudança – com a velhice, cheia de sabedoria.
Não faltaram iniciativas nestes anos como o Dia dos Idosos, realizado na Praça São Pedro em 2014, assim como a série de catequeses a eles dedicadas.
Na Audiência Geral de 11 de março de 2015, Francisco falou que a velhice é uma vocação:
“A velhice é uma vocação. Não é ainda o momento de “tirar os remos do barco”. Este período da vida é diferente dos precedentes, não há dúvida; devemos também “criá-lo” um pouco, porque as nossas sociedades não estão prontas, espiritualmente e moralmente, para dar a isso, a esse momento da vida, o seu pleno valor. Uma vez, de fato, não era assim normal ter tempo à disposição; hoje é muito mais. E mesmo a espiritualidade cristã foi pega um pouco de surpresa e se trata de delinear uma espiritualidade das pessoas idosas. Mas graças a Deus não faltam os testemunhos de santos e santas idosos!”
Na mesma ocasião, o Papa exortou os avós a seguirem os passos de Simeão e Santa Ana, dois “anciãos extraordinários”, acrescentando:
“Tornemo-nos também nós um pouco poetas da oração: tomemos gosto por procurar palavras nossas, reapropriemo-nos daquelas que a Palavra de Deus nos ensina. É um grande dom para a Igreja, a oração dos avós e dos idosos! A oração dos idosos e dos avós é um dom para a Igreja, é uma riqueza! Uma grande injeção de sabedoria também para toda a sociedade humana: sobretudo para aquela que está muito ocupada, muito presa, muito distraída. Alguém deve, então, cantar, também para eles, cantar os sinais de Deus, proclamar os sinais de Deus, rezar por eles!”
Não poucas vezes, especialmente nas homilias das Missas na Casa Santa Marta, Bergoglio recordou de sua avó, uma pessoa fundamental para a sua vida de fé e familiar.
“As palavras dos avós têm algo de especial para os jovens. E eles sabem disso. As palavras que a minha vó me entregou por escrito, no dia de minha ordenação sacerdotal, eu as levo ainda comigo, sempre, no breviário, e as leio e me faz bem”.
“Aos avós que receberam a bênção de verem os netos  – disse o Papa em outra ocasião – foi confiada a tarefa de transmitir a experiência de vida, a história da família e partilhar com simplicidade a sabedoria e a fé, que é a herança mais preciosa”. “Bem-aventuradas as famílias que têm os avós próximos! O avô é pai duas vezes e a avó é mãe duas vezes”.
Ao celebrar os 25 anos de ordenação episcopal com uma missa concelebrada com os Cardeais na Capela Paulina no Vaticano em 27 de junho, o Papa ressaltava que “não somos gerontes, somos avôs... (...) Avôs para quais os netos olham e esperam de nós a experiência sobre o sentido da vida. Avôs não fechados...(...) Somos avôs chamados a sonhar e dar o nosso sonho à juventude de hoje, que necessita disso, porque tirarão dos nossos sonhos a força para profetizar e levar avante a sua missão.”
Assim, neste Dia dos Avós, podemos refletir sobre outra frase tão repetida por Francisco: “Um povo que não respeita os avós é um povo sem memória, e consequentemente sem futuro”.  (JE)

      Rádio Vaticano 

    Santa Sé na Onu: somente diálogo pode levar paz ao Oriente Médio

    26/07/2017



    Nova Iorque (RV) - O processo de paz palestino-israelense não pode ser excluído das prioridades da comunidade internacional. Foi um dos pontos indicados por Mons. Simon Kassas, encarregado junto à Missão do Observador permanente da Santa Sé na Onu.


    Em pronunciamento esta terça-feira (25/07) em Nova Iorque no debate promovido pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a situação no Oriente Médio e sobre a questão palestina, o representante vaticano recordou que a Santa Sé reitera seu firme apoio pela solução de dois Estados.
    Foram expressos votos de uma nova ordem geopolítica que contemple o Estado de Israel tendo ao lado o Estado palestino numa moldura de paz e dentro de confins internacionalmente reconhecidos.
    Solução seja negociada
    Para garantir segurança e prosperidade na perspectiva de uma coexistência pacífica não existe alternativa a um acordo negociado que leve a uma solução reciprocamente concordada.
    O caminho a seguir é o de negociações diretas entre israelenses e palestinos, com o apoio da comunidade internacional, acrescentou. Para que este processo possa ser completado com bom êxito, israelenses e palestinos devem dar passos relevantes a fim de reduzir tensões e violências.
    Ambas as partes devem abster-se de ações, inclusive a de assentamentos, que podem contradizer o compromisso em favor de uma solução negociada.
    Não facções, mas uma frente unida palestina
    Em seguida, o prelado libanês recordou a visita ao Vaticano, em 2014, do presidente israelense Shimon Peres e de seu homólogo palestino Mahmoud Abbas.
    No âmbito de tais encontros o Papa Francisco exortou a rezar e a promover a cultura do diálogo, de modo que se possa deixar em herança às novas gerações “uma cultura que saiba delinear estratégias não de morte, mas de vida, não de exclusão, mas de integração”.
    A solução de dois Estados requer também que todas as facções palestinas mostrem uma vontade política unitária trabalhando juntas. Uma frente unida palestina seria fundamental para a prosperidade econômica, a coesão social e a estabilidade política de um Estado da Palestina, observou o representante vaticano.
    A questão Jerusalém
    Também não se deve esquecer Jerusalém, cidade sagrada para os judeus, os cristãos e os muçulmanos. O status quo dos sítios sagrados é uma questão de profunda sensibilidade. A Santa Sé confirma sua posição em linha com a comunidade internacional e renova seu apoio por uma solução completa, justa e duradoura concernente à questão da cidade de Jerusalém, disse Mons. Kassas.
    Ademais, o prelado reiterou a importância de um estatuto especial para Jerusalém, que seja internacionalmente garantido a fim de assegurar liberdade de religião e de consciência. Deve-se também garantir aos fiéis de todas as religiões e nacionalidades o acesso seguro e livre aos lugares sagrados.
    Domingo passado (23/07), ao término do Angelus, o Papa Francisco dirigiu um apelo em favor do Oriente Médio, recordando “as graves tensões e as violências destes dias em Jerusalém”. “Sinto a necessidade de expressar um veemente apelo à moderação e ao diálogo”, afirmou o Santo Padre.
    Empenho e soluções políticas para o Oriente Médio
    Mons. Kassas deteve-se em seguida sobre a situação em várias regiões do Oriente Médio. A Santa Sé expressa sua dor pelos dramas provocados por guerras e por conflitos em vários países, em particular na Síria, no Iêmen e no norte do Iraque.
    Nestas áreas, a dramática situação humanitária requer um renovado empenho por parte de todos para se chegar a uma solução política. O Papa Francisco aprecia profundamente os esforços incansáveis daqueles que buscam encontrar uma solução política para o conflito na Síria, acrescentou.
    O Pontífice encoraja todos os atores a trabalhar por um processo político sírio que leve a uma transição pacífica e inclusiva, baseada nos princípios do comunicado de Genebra de 30 de junho de 2012.
    Um acordo pacífico concordado pelos partidos sírios devolverá estabilidade ao país, permitirá o retorno seguro dos refugiados e dos deslocados, promoverá uma paz duradoura e a reconciliação.
    Desse modo, se favorecerá um contexto necessário para esforços eficazes contra o terrorismo preservando a soberania, a independência, a unidade e a integridade do Estado sírio.
    Comunidades cristãs não sejam esquecidas
    Referindo-se ainda ao Oriente Médio, o representante vaticano recordou, por fim, que as comunidades cristãs habitam naquela região há mais de dois mil anos convivendo pacificamente com as outras comunidades.
    A Santa Sé convida a comunidade internacional a não esquecê-las e considera que o estado de direito, incluindo o respeito pela liberdade religiosa, é fundamental para o alcance e manutenção da convivência pacífica, concluiu. (RL/AL)

    Radio Vaticano 

    É bom fazer promessas?

    Em síntese: O presente artigo analisa a prática das promessas feitas a Deus ou aos santos por pessoas desejosas de obter alguma graça. Tal prática tem fundamentado na própria Bíblia (cf. Gn 28,20-22; 1Sm 1,11). Todavia verifica-se que os autores bíblicos faziam advertências aos fiéis no sentido de não prometerem o que não pudessem cumprir (cf. Ecl 5,4). No Novo Testamento São Paulo quis submeter-se às obrigações do voto do nazireato (cf. At 18,18; 21,24). Estas ponderações mostram que a prática das promessas como tal não é má. É certo, porém, que as promessas não movem o Senhor Deus a nos dar o que Ele não quer dar, pois Deus já decretou desde toda a eternidade dar o que Ele nos dá no tempo, mas as promessas contribuem para afervorar o orante, excitando neste maior amor. Acontece, porém, que muitas vezes os cristãos não têm noção clara do porquê das promessas ou prometem práticas que eles não podem cumprir. Daí surgem duas obrigações para quem tem o encargo de orientar os irmãos: 1) mostre-lhes que as promessas nada têm de mágico ou de mecânico, nem se destinam a dobrar a vontade de Deus, como se o Senhor se pudesse deixar atrair por promessas, à semelhança de um homem; 2) procure incutir a noção de que o cristão é filho do Pai e, por isto, não precisa de prometer ao Pai; o amor filial com que o cristão reze a Deus, é mais eloqüente do que a linguagem das promessas, que podem ter um sabor “comercial” ou muito pouco filial.
    Comentário: Entre os fiéis católicos não é raro fazerem-se promessas a Deus ou a algum santo,… promessas de algum ato heróico a ser cumprido caso a pessoa receba a graça que deseja. Em conseqüência, fala-se de “pagar promessas”. Não raro os fiéis que prometem, depois de atendidos, não têm condições físicas, psíquicas ou financeiras para pagar as suas promessas. Sentem-se então angustiados, pois receiam que algo de mau ou um castigo lhes sobrevenha da parte de Deus por não cumprirem as suas “obrigações”. O problema é tormentoso e merece ser analisado desde as suas raízes, ou seja, a partir do conceito mesmo de piedade que os fiéis cristãos devem alimentar. É o que vamos fazer nas páginas subseqüentes, examinando: 1) a fundamentação bíblica, 2) a justificativa teológica das promessas, 3) a casuística ocasionada, 4) uma conclusão final.
    1. Fundamentação bíblica
    O costume de fazer promessas ou, segundo linguagem mais bíblica, votos tem origem na piedade popular anterior a Cristo. É documentado pela própria Bíblia, que nos mostra como pessoas, em situações difíceis necessitando de um auxílio de Deus, prometeram fazer ou omitir algo, caso fossem ajudadas pelo Senhor. Foi, por exemplo, o que aconteceu com Jacó, que, ao fugir para a Mesopotâmia, exclamou: “Se Deus estiver comigo, se me proteger durante esta viagem, se me der pão para comer e roupa para vestir e se eu regressar em paz à casa de meu pai,… esta pedra… será para mim casa de Deus e pagarei o dízimo de tudo quanto me concederdes” (Gn 28, 20-22). Ana, estéril, mas futura mãe de Samuel, fez a seguinte promessa: “Senhor dos exércitos, se vos dignardes olhar para a aflição da vossa serva e… lhe derdes um filho varão, eu o consagrarei ao Senhor durante todos os dias de sua vida e a navalha não passará sobre a sua cabeça”  (1Sm 1,11). Alguns salmos exprimem os votos ou as promessas dos orantes de Israel; assim os de número 65. 66. 116; Jn 2,3-9.
    A própria Escritura, porém, dá a entender que, entre os membros do povo de Deus, houve abusos no tocante às promessas: algumas terão sido proferidas impensadamente: “É melhor não fazer promessas do que fazê-las e não as cumprir” (Ecl 5,4). Havia também quem quisesse cumprir as suas promessas oferecendo o que tinha de menos digno ou valioso em vez de levar ao Templo as suas melhores posses; é o que observa o Senhor por meio do profeta Malaquias: “Trazeis o animal roubado, o coxo ou o doente e o ofereceis em sacrifício. Posso eu recebê-lo de vossas mãos com agrado?… Maldito o embusteiro, que tem em seu rebanho um animal macho, mas consagra e sacrifica ao Senhor um animal defeituoso” (Ml 1, 13s). Com o tempo os mestres de Israel procuravam restringir a prática das promessas, pois podiam tornar-se um entrave para a verdadeira piedade. No Evangelho Jesus supõe que certos filhos se subtraiam ao dever de assistir aos pais, alegando que tinham consagrado a Deus todo o dinheiro disponível:
    “Vós por que violais o mandamento de Deus por causa da vossa tradição? Com efeito, Deus disse: “Honra teu pai e tua mãe” e “Aquele que maldisser pai ou mãe, certamente deve morrer”. Vós, porém, dizeis: “Aquele que disser ao pai ou à mãe: Aquilo que de mim poderias receber, foi consagrado a Deus, esse não está obrigado a honrar pai ou mãe”. Assim invalidastes a Palavra de Deus por causa da vossa tradição” (Mt 15, 3-6).
    Todavia não consta que o Senhor Jesus tenha condenado o costume de fazer promessas como tal; ao contrário, os escritos do Novo Testamento atestam a prática de S. Paulo, que terá sido a dos cristãos da Igreja nascente e posterior:
    “Paulo embarcou para a Síria… Ele havia rapado a cabeça em Cencréia por causa de um voto que tinha feito” (At 18,18).
    “Disseram os judeus a Paulo: “Temos aqui quatro homens que fizeram um voto… Purificar-te com eles, e encarrega-te das despesas para que possam mandar rapar a cabeça. Assim todos saberão que são falsas as notícias a teu respeito, e que te comportas como observante da Lei” (At 21, 23s).
    Em síntese, a praxe das promessas não é má, pois a S. Escritura não a rejeita, mas, ao contrário, torna-se objeto de determinações legais, como se depreende dos textos abaixo:
    Lv 7,16: “Se alguém oferecer uma vítima em cumprimento de um voto ou como oferta voluntária, deverá ser consumida no dia em que for oferecida, e o resto poderá ser comido no dia imediato”.
    Nm 15,3: “Se oferecerdes ao Senhor alguma oferenda de combustão, holocausto ou sacrifício, em cumprimento de um voto especial ou como oferta espontânea…”.
    Nm 30,4-6: “Se uma mulher fizer um voto ao Senhor ou se impuser uma obrigação na casa de seu pai, durante a sua juventude, os seus votos serão válidos, sejam eles quais forem. Se o pai tiver conhecimento do voto ou da obrigação que se impôs a si mesma será válida. Mas, se o pai os desaprovar, no dia em que deles tiver conhecimento, todos os seus votos… ficarão sem valor algum. O Senhor perdoar-lhe-á, porque seu pai se opôs”.
    Dt 12,5s: “Só invocareis o Senhor vosso Deus no lugar que Ele escolher entre todas as vossas tribos para aí firmar o seu nome e a sua morada. Apresentareis ali os vossos holocaustos,… os vossos holocaustos,… os vossos votos…”
    Verifica-se, porém, que a prática dos votos nem sempre é salutar, merecendo por isto advertências da parte dos autores sagrados.
    2. Qual a justificativa das promessas?
    É certo que as promessas não são feitas para atrair Deus como se atrairia um homem poderoso, capaz de ser aliciado por dádivas e “pagamentos”; Deus não muda de desígnio; desde toda a eternidade Ele já determinou irreversivelmente dar-nos o que Ele nos concede dia por dia. Todavia, ao determinar que nos daria as graças necessárias, Deus quis incluir no seu desígnio a colaboração do homem que se faz mediante a oração; com outras palavras: Deus quer dar…, e dará…, levando em conta as orações que Lhe fazemos. Sobre este fundo de cena as promessas têm valor não tanto para Deus quanto para nós, orantes; sim, as promessas nos excitam a maior fervor; são o testemunho e o estímulo da nossa devoção; supõe-se que quem promete e cumpre a sua promessa, exercita em seu coração o amor a Deus; ora isto é valioso. Por conseguinte, quem vive a instituição das promessas em tal perspectiva, pode estar fazendo algo de bom, pois concebe mais amor e fervor. Diz o Senhor no Evangelho, referindo-se à pecadora que lhe lavou os pés pecados lhe estão perdoados” (Lc 7,47). Paralelamente diríamos, pode estar-se abrindo mais plenamente à misericórdia e à liberalidade do Senhor Deus.
    3. E a casuística das promessas?
    Há pessoas que, depois de receber o dom de Deus, se vêem embaraçadas para cumprir as suas promessas, porque não têm condições de saúde, de tempo ou de bens materiais para executar o que prometeram.
    Que fazer?
    - Antes do mais, afastem a hipótese, às vezes comunicada por religiões não cristãs, de que, se não “pagarem as suas obrigações”, estarão sujeitos a graves desgraças; na verdade, Deus não é vingativo nem é policial que pune contravenções, mas é Pai…, de tal modo que pensar em Deus deve despertar no cristão sentimentos de paz, confiança e alegria. Isto, porém, não quer dizer que o cristão despreocupadamente deixe de cumprir as suas promessas. Quem não as pode executar, procure um sacerdote e peça-lhe que troque a matéria da promessa. Esta solução condiz com os textos bíblicos que, de um lado, exortam a não deixar de cumprir o prometido (cf. Ecl 5,3), e, de outro lado, prevêem a insolvência dos fiéis e a possibilidade de comutação dos votos (ou promessas) por parte dos sacerdotes:
    “Se aquele que fizer um voto não puder pagar a avaliação, apresentará a pessoa diante do sacerdote e este fixá-la-á; o valor será fixado pelo sacerdote de acordo com os meios de quem fizer voto” (Lv 27, 8; cf. Lv 27,13s.18.23).
    Poderá acontecer que, em certos casos, o padre julgue oportuno dispensar, por completo, de certa promessa o fiel cristão.
    A propósito convém incutir que, se alguém quer fazer uma promessa, evite propor certas práticas que são um tanto irracionais (como ocorre na peça “O pagador de promessas”); procure, ao contrário, prometer práticas não somente exeqüíveis e razoáveis, mas também úteis à santificação do próprio sujeito ou ao bem do próximo. Não tem sentido prometer algo que outra pessoa deverá cumprir, como é o caso de pais que prometem vestir o seu filho “de São Sebastião” no dia da festa do Santo; esta prática como tal não fomenta o amor a Deus e ao próximo. Quanto aos ex-voto (cabeças, braços, pernas… de cera), que se oferecem em determinados santuários, podem ter seu significado, pois contribuem para testemunhar a misericórdia de Deus derramada sobre as pessoas agraciadas; assim levarão o povo de Deus a glorificar o Senhor; mas é preciso que as pessoas agraciadas saibam por que oferecem tais objetos de cera, e não o façam por rotina ou de maneira inconsciente. Entre as práticas que mais se podem recomendar, apontam-se as três clássicas que o Evangelho mesmo propõe: a oração, a esmola e o jejum (cf. Mt 6,1-18). Com efeito, a S. Missa é o centro e o manancial, por excelência, da vida cristã, vida cristã que se nutre outrossim mediante a oração; a esmola e a colaboração com o próximo recobrem a multidão dos pecados (cf. 1Pd 4,8; Tg 5,20; Pr 10,12); o jejum e a mortificação purificam e libertam das paixões o ser humano, possibilitando-lhe mais frutuoso encontro com Deus através dos véus desta vida. Se a prática das promessas levar o cristão ao exercício destas boas obras, poderá ser salutar. Requer-se, porém, que os pastores de almas e os catequistas instruam devidamente os fiéis a fim de que compreendam que as promessas nada têm que ver com as “obrigações” dos cultos afro-brasileiros, mas hão de ser expressões do amor filial e devoto dos cristãos ao Senhor Deus.
    4. Conclusão
    Como se vê, a prática das promessas pode ser fundamentada na própria Bíblia. Verifica-se, porém, que já os autores sagrados lhe faziam certas restrições. Hoje em dia nota-se que freqüentemente alimenta uma mentalidade religiosa “comercial” ou amedrontada e doentia, gerando facilmente o escrúpulo mórbido. Muitas pessoas se sobrecarregam com promessas e mais promessas que elas não conseguem cumprir; em vez de fomentar a vida cristã, as promessas a prejudicam não raras vezes. Por  isto é de sugerir que os cristãos reconsiderem tal costume, que de resto parece mais fundado numa concepção antropomórfica de Deus (concebido como o Grande Banqueiro, cuja benevolência é preciso cativar) do que na autêntica visão que o Cristianismo tem de Deus. Este é Pai, Aquele que nos amou primeiro, antes mesmo que O pudéssemos amar (cf. 1Jo 4,19.9s; Rm 5,7s); por conseguinte, somos seus filhos, certos de que o amor do Pai é irreversível ou não volta atrás, cientes também de que, antes que Lhe peçamos alguma coisa, Ele já decretou dar-nos tudo o que seja condizente com o nosso verdadeiro bem; diz São Paulo: “Aquele que não poupou o seu próprio Filho, mas O entregou por todos nós, como não nos terá dado tudo com Ele?”  (Rm 8,32).
    Fonte: Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS” Nº 262 – Ano 1982 – Pág. 202.

    Via: Cléofas 


    A Bíblia aprova o culto dos santos

    As bases bíblicas do culto aos Santos estão desde o Antigo Testamento. Até o século II a.C. os judeus acreditavam na existência do Hades ou Cheol e no adormecimento da consciência dos defuntos num lugar subterrâneo, incapazes de serem punidos ou contemplados. Mas a partir do século II a.C. esta concepção foi abandonada pelo povo de Israel, passando a crer que a consciência dos irmãos falecidos continuava lúcida e que eles vivem como membros do seu povo, e solidários com os fiéis peregrinos na terra,   e intercedendo por eles.
    Pode-se ver isto claramente, por exemplo, no texto de Macabeus (II Mac 15, 7-17). Vemos nele que Jeremias, o profeta  falecido no século VI a.C., aparece a judas Macabeu no século II a.C., juntamente com o Sumo Sacerdote Onias (também já falecido), como “o amigo de seus irmãos, aquele que muito ora pelo povo, pela cidade santa, Jeremias, o profeta de Deus” .
    Diz a “Bíblia de Jerusalém” em nota de rodapé a 2Mc 15, 14: “Esse papel conferido a Jeremias e a Onias é a primeira atestação da crença numa oração dos justos falecidos em favor dos vivos”.
    No Novo Testamento esta consciência da intercessão dos santos é fortalecida. Na epístola aos Hebreus, o autor recorda os justos do Antigo Testamento, e mostra a sua solidariedade com os  ainda vivos na terra. Ele imagina esses justos colocados num estádio como que a torcer pelos irmãos ainda existentes neste mundo; constituem uma densa nuvem de torcedores interessados. São testemunhas que nos acompanham nesta luta de hoje:
    “Portanto também nós, com tal nuvem de testemunhas ao nosso redor, rejeitando todo fardo e o pecado que nos envolve, corramos com perseverança para o certame que nos é proposto” (Hb 12,1).
    Os mortos não estão dormindo Os protestantes em sua maioria ensinam que os mortos estão “dormindo” e que somente na volta de Jesus haverá a ressurreição de todos; portanto, para eles, não há ninguém no Céu ainda, mesmo que seja apenas com a alma, como ensina a Igreja Católica. Ora, desde os primórdios da Igreja ela acredita na imortalidade da alma, e que cada pessoa é julgada por Deus, imediatamente após a morte, recebendo já o seu destino eterno. E isto é muito claro nas Sagradas
    A Carta aos Hebreus diz claramente, “como está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o juízo”. (Hb 9,27)
    Isto foi definido como dogma de fé pelo Papa Bento XII em sua Constituição “Benedictus Deus” no ano de 1336, e o Concílio universal de Florença, na Itália, as reafirmou em 1439, na seguinte declaração:
    “As almas daqueles que, depois do Batismo, não se tiverem manchado em absoluto com alguma mancha de pecado, assim como as almas que, depois de contraída alguma mancha de pecado, tiverem sido purificadas ou no corpo ou fora do corpo., essas almas todas são recebidas no céu e vêem claramente o próprio Deus em sua Unidade e Trindade, como Ele é; umas, porém, vêem mais perfeitamente do que outras, conforme a diversidade de méritos de cada qual. Quanto às almas daqueles que morrem com pecado atual e mortal. sem demora são punidas no inferno por penas que variam para cada qual”. (Denzinger , Enquiridio 693).
    O Concílio Vaticano II pela Constituição dogmática “Lumen Gentium” confirmou esta doutrina:
    “Até que o Senhor venha na sua majestade e todos os anjos com ele (cf Mt 25,31), e até que lhe sejam submetidas, com a destruição da morte, todas as coisas (cf. 1Cor 15,26-27), alguns dos seus discípulos peregrinam na terra, outros, já passados desta vida, estão se purificando, e outros vivem já glorificados, contemplando “claramente o próprio Deus, uno e trino, tal qual é”; todos, porém, ainda que em grau e de modo diversos, comungamos na mesma caridade para com Deus e para com o próximo, e cantamos o mesmo hino de glória ao nosso Deus.
    Em virtude da sua união mais íntima com Cristo, os bem-aventurados confirmam mais solidamente toda a Igreja na santidade, enobrecem o culto que ela presta a Deus na terra e muito contribuem para que ela se edifique em maior amplitude (cf. 1Cor 12,12-27). Porque foram já recebidos na Pátria e estão na presença do Senhor, (cf 2Cor 5,8) – por ele, com ele e nele – não cessam de interceder em nosso favor junto do Pai, apresentando os méritos que – por meio do único Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, (cf. l Tm 2,5). Na verdade, a solicitude fraterna dos bem-aventurados ajuda imenso a nossa fraqueza.” (LG, 49)Em Mateus 10,28 Jesus diz: “não temais os que matam o corpo, mas não podem matar a alma (‘psyché”); temei, antes, aquele que pode fazer perecer na geena o corpo e a alma”.
    A palavra grega “psychè” significa alma; então, o texto afirma a sobrevivência da alma após a destruição do corpo da pessoa. Em Lucas 16,19-51, na parábola do rico e do pobre Lázaro, Jesus apresenta a sobrevivência consciente tanto dos justos como dos injustos. O rico após a morte vai para um lugar de tormento; e o pobre para um lugar de gozo. Isto enquanto a vida continua na terra, quer dizer, antes da volta de Jesus. O rico tinha cinco irmãos que poderiam também se perder também; e mostra que os defuntos sobrevivem após a morte e recebem já o prêmio ou o castigo.
    Não se pode dizer que esta parábola é apenas mera ornamentação; ao contrário, traz um ensinamento religioso e doutrinário fundamental.
    A ressurreição da carne no último dia, na consumação da História com a volta de Jesus, darão algo mais à felicidade dos justos cujas almas já estão no gozo da presença de Deus. Essas almas se unirão a seus corpos ressuscitados e viverão na plenitude de suas pessoas. A ressurreição da carne completará a ordem e a harmonia que a alma santa já desfruta após a morte.
    Vemos em Ap 6, 9-11 que as almas do justos martirizados aspiram, na presença de Deus, à plena restauração da ordem e da justiça violadas pelo pecado; e assim, esperam algo que ainda não aconteceu, e que vai acontecer só na Parusia. Embora elas já estejam revestidas de vestes brancas, que é símbolo da vitória final e da bem-aventurança, continuam a acompanhar a nossa história, aguardando com expectativa o julgamento do Senhor.
    “Quando abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos homens imolados por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho de que eram depositários. E clamavam em alta voz, dizendo: Até quando tu, que és o Senhor, o Santo, o Verdadeiro, ficarás sem fazer justiça e sem vingar o nosso sangue contra os habitantes da terra? Foi então dada a cada um deles uma veste branca, e foi-lhes dito que aguardassem ainda um pouco, até que se completasse o número dos companheiros de serviço e irmãos que estavam com eles para ser mortos.” (Ap 6,9-11)
    Do livro: A Intercessão e o Culto dos Santos – Imagens e relíquias
    Prof. Felipe Aquino

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