3 de jun. de 2017

03/06 – Santo Carlos Lwanga e Companheiros

Naquela manhã, em que o rei Mwanga reuniu a corte, pairava no ar uma grande expectativa. Na sala percebia-se a insólita presença de alguns energúmenos, enquanto o grupo dos pajens reais, esplêndidos exemplares de beleza negra, se comprimia em volta do trono. A estes Mwanga deu uma ordem esquisita: “Todos aqueles entre vocês que não tem intenção de rezar podem ficar aqui ao lado do trono; aqueles porém que querem rezar reúnam-se contra aquele muro.” O chefe dos pajens, Carlos Lwanga, foi o primeiro a se mover do lugar e depois dele outros quinze. “Mas vocês rezam de verdade?” perguntou o rei. “Sim, meu senhor, nós rezamos realmente”, respondeu em nome de todos Carlos, que com seus companheiros havia passado em oração a noite apenas finda. “E querem continuar rezando?.” “Sim, meu senhor, até a morte.”  “Então, matem-nos”, decidiu bruscamente o rei, dirigindo-se aos algozes. Rezar, de fato, tinha se tornado sinônimo de ser cristão, no reino de Mwanga, rei de Buganda, uma região que faz parte atualmente da Uganda. No reino de Mwanga rezar, ou seja, ser cristão era absolutamente proibido. Na verdade os inícios tinham sido bons. O rei Mutesa havia acolhido bem os padres brancos de Lavigérie, mas tiveram de se retirar por manobras de alguns chefes.
Novamente chamados por Mwanga em 1885, aí encontraram cristãos comprometidos que ocupavam cargos de responsabilidade. Mas a aliança do “katikiro” – uma espécie de chanceler, cuja conjuração contra o rei foi revelada pelos cristãos – com os cortesãos e feiticeiros teria sido fatal aos cristãos. José Mukasa Balikuddembe, conselheiro do rei, foi decapitado a 15 de novembro de 1885; em maio de 1886 foram mortos Dionísio Sbuggwawo, Ponciano Ngondew, André Kaggwa, Atanásio Bazzukuketta, Gonzaga Gonga, Matias Kalemba, Noé Mwaggali. Depois foi a vez dos pajens de que falávamos, três dos quais foram poupados, segundo o costume, após ter sido feito um sorteio. Ficou fazendo parte dos treze mártires Mbaga Tuzinda, filho do chefe dos carrascos, que tentou em vão repetidamente salvá-lo, mas ele não queria saber de separar-se dos seus amigos, entre os quais estava também um menino de 13 anos, Kizito. Os vinte e dois mártires ugandenses foram beatificados por Bento XV e canonizados por Paulo VI a 18 de outubro de 1964, na presença dos padres do Concílio Vaticano II, e o próprio Paulo Vi consagrou em 1969 o altar do grandioso santuário que surgiu em Namugongo, onde os três pajens guiados por Carlos Lwanga quiseram rezar até a morte.

Cléofas 

2 de jun. de 2017

Papa: Jesus escolhe o mais pecador dos apóstolos

02/06/2017


Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco celebrou nesta manhã de sexta-feira a Santa Missa na Capela da Casa Santa Marta. Em sua homilia, o Papa comentou o Evangelho do dia (Jo 21,15-19), em que Jesus ressuscitado conversa com Pedro à margem do lago, onde o apóstolo tinha sido chamado. É um diálogo tranquilo, sereno, entre amigos, enfatiza Francisco, na atmosfera da Ressurreição do Senhor. Jesus confia o seu rebanho a Pedro, fazendo-lhe três perguntas, perguntando se ele o ama:



“Jesus escolhe o mais pecador dos apóstolos, os outros fugiram, este renegou Ele: 'Não o conheço'. E Jesus lhe pergunta: 'Mas você me ama mais do que estes?'. Jesus escolhe o mais pecador”.
E foi escolhido, portanto, “o mais pecador” para “apascentar o povo de Deus. Isto nos faz pensar”, observa Francisco. Jesus pede a Pedro para apascentar o seu rebanho com amor:
“Não apascentar com a cabeça para cima, como o grande dominador, não: apascentar com humildade, com amor, como Jesus fez. Esta é a missão que Jesus dá a Pedro. Sim, com os pecados, com os erros. Tanto é assim que, logo após esse diálogo, Pedro faz um deslize, um erro, é tentado pela curiosidade e disse ao Senhor: “Mas este outro apóstolo para onde vai, o que fará?”. Mas com amor, no meio de seus erros, e seus pecados ... com amor: ‘Porque essas ovelhas não são as suas ovelhas, são as minhas ovelhas’, diz o Senhor. “Ame-as. Se você é meu amigo, você tem que ser amigos delas’”.
O Papa recorda quando Pedro nega Jesus diante da serva do sumo sacerdote: está seguro em negar o Senhor como estava seguro quando tinha confessado: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Recorda o olhar de Jesus que cruza com o de Pedro, que acabara de lhe renegar. E o apóstolo, “corajoso ao renegar, é capaz de chorar amargamente”:
“E então, depois de toda uma vida servindo ao Senhor acabou como o Senhor: na cruz. Mas não se vangloria: ‘Termino como meu Senhor!’. Não, pede ele: ‘Por favor, me coloquem na cruz com a cabeça para baixo, para que pelo menos vejam que não sou o Senhor, sou o servo’. Isto é o que nós podemos tirar deste diálogo, deste diálogo tão bonito, tão sereno, tão amigável, tão pudico. Que o Senhor nos dê sempre a graça de caminhar pela vida com a cabeça para baixo: com a cabeça alta para a dignidade que Deus nos dá, mas com a cabeça para baixo, sabendo que somos pecadores e que o único Senhor é Jesus, nós somos servos”. (SP)

Rádio Vaticano 

Papa: Renovação Carismática, instrumento precioso para o ecumenismo

01/06/2017


Cidade do Vaticano (RV) - A Renovação Carismática Católica é um precioso instrumento do Espírito Santo para o ecumenismo. É o que afirma o Papa Francisco na mensagem aos participantes do Jubileu de Ouro da Renovação, iniciado na quarta-feira (31/05) em Roma e que este sábado terá seu momento alto com a grande Vigília ecumênica com o Santo Padre no Circo Máximo.
“Rendo graças a Deus com vocês por estes 50 anos de ação soberana do Espírito Santo”, afirma o Pontífice, “que deu vida à corrente de graça que é a Renovação Carismática Católica. Parabéns pelo Jubileu de Ouro!”
O evento tem a participação de cerca de 30 mil pessoas, católicos e também do mundo evangélico e pentecostal oriundos de toda a Itália e de quase 130 países. “Como toda obra do Espírito conduz à unidade na diversidade”, o Espírito Santo quis que esta nascesse ecumênica, ressalta o Papa na mensagem.
Vocês são um precioso instrumento do Espírito para caminhar com os outros irmãos cristãos unidos na oração e no trabalho pelos necessitados, ‘caminhando juntos para a mesa da Eucaristia’, como eu disse no Egito, quando rezamos com o Papa Tawadros”, afirma Francisco.
O Santo Padre convida a Renovação Carismática Católica a permanecer fiel ao que está escrito no Evangelho segundo São João, capítulo 17. “É Jesus mesmo que pede ao Pai a nossa unidade: ‘Para que o mundo creia que tu me enviaste’. Unidade para a missão.”
A mensagem do Santo Padre conclui-se dando as boas-vindas àqueles que chegaram a Roma para este Jubileu de Ouro: “Quero encontrar todos vocês no Circo Máximo”, afirma, “sábado, 3 de junho, para a Vigília ecumênica de Pentecostes!”
A grande Vigília ecumênica com o Papa Francisco tem programada momentos de oração, reflexões, testemunhos e pronunciamento do pregador da Casa Pontifícia, Frei Raniero Cantalamessa, e do pastor da Igreja Evangélica da Reconciliação, Rev. Giovanni Traettino.
O Santo Padre chegará ao Circo Máximo às 18h locais (13h do horário de Brasília) e presidirá à oração ecumênica por uma nova efusão do Espírito Santo.
Por fim, no domingo, 4 de junho, os participantes do Jubileu de Ouro da Renovação se reunirão na Praça São Pedro para participar, às 10h30 (5h30 do horário de Brasília) da missa de Pentecostes celebrada pelo Papa Francisco.
A Vigília no sábado e a missa no domingo serão transmitidas pela Rádio Vaticano ao vivo, via satélite, para todo o Brasil e demais países de língua portuguesa cujas emissoras nos retransmitem. (RL)
Rádio Vaticano 

02/06 – Santos Marcelino e Pedro

Infinitas vezes na história confirmou-se o ditado: “O homem põe e Deus dispõe”, querendo significar que frequentemente Deus dispõe ao contrário do que o homem propôs. Foi o que aconteceu com os santos Marcelino e Pedro. Como que pressagiando a sua missão de transmitir a memória de inumeráveis mártires, são Dâmaso, como refere ele mesmo, recolheu ainda menino a narração do carrasco dos santos Marcelino e Pedro. O algoz referiu que havia disposto a decapitação dos dois no centro de um bosque justamente para não ficar nenhuma lembrança: ambos tiveram de limpar com as próprias mãos a pequena superfície que ia banhar-se de sangue. Os últimos três versos dos nove de que é constituído o canto 23 do papa Dâmaso, informam que os corpos desses mártires ficaram escondidos por algum tempo, numa límpida gruta, até que, impulsionada pela devoção, Lucila, uma piedosa matrona deu-lhes uma digna sepultura. O martírio tinha ocorrido na terceira milha da antiga via Labicana, a hodierna Casilina. Constantino aí edificou uma Igreja. Tendo sido violada pelos godos, o papa Virgílio a fez restaurar e introduziu os nomes dos santos Marcelino e Pedro no próprio cânon da Missa, assegurando-lhes assim a lembrança e a devoção da parte dos fiéis.
Lá onde a moderna via Labicana cruza com a via Merulana (a rua que vai de são João de Latrão a Santa Maria Maior) emerge desde 1751 a basílica dos santos Marcelino e Pedro, edificada sobre alicerces que parecem remontar à segunda metade do século IV e onde se encontra talvez a morada de um dos dois santos titulares. As peripécias terrenas do presbítero Marcelino e do exorcista Pedro foram enriquecidas de elementos mais ou menos lendários por uma Paixão do século VI. Essa Paixão narra que Pedro e Marcelino foram fechados numa prisão sob a vigilância de um certo Artêmio, cuja filha Paulina estava possuída pelo demônio. Pedro exorcista garantiu a Artêmio que, se ele e a sua mulher Cândida se convertessem ao cristianismo, sua filha Paulina seria imediatamente curada. Após algum tempo de indecisão, a pequena família se converteu e dali a pouco foi também chamada a testemunhar Cristo com o martírio: a doze milhas da via Aurélia, Artêmio foi decapitado e Cândida com Paulina foram sufocadas debaixo de um monte de pedras.

Fonte: Cléofas 

1 de jun. de 2017

1/06 – São Justino

download (3)Filósofo cristão e cristão filósofo, como foi acertadamente definido, Justino (nascido em Flávia Neápolis na Samaria, no início do século II) pertence àquela plêiade de pensadores que em cada período da história da Igreja têm tentado uma síntese da provisória sabedoria humana e das inalteráveis afirmações da revelação cristã. O itinerário da sua conversão a Cristo passa pela experiência estoica, pitagórica, aristotélica e neoplatônica. Daí o desenlace quase inevitável ou melhor providencial e a adesão à verdade integral do cristianismo. Ele mesmo conta que, insatisfeito com as respostas dadas pelas várias filosofias, retirou-se para um lugar deserto, à beira-mar, para meditar e que um velho, a quem tinha confiado sua desilusão, respondeu-lhe que nenhuma filosofia podia satisfazer o espírito humano, porque a razão sozinha é incapaz de garantir a posse plena da verdade sem o auxílio de Deus. Foi assim que Justino aos trinta anos descobriu o cristianismo, tornou-se seu propagador e para proclamar ao mundo essa sua descoberta escreveu suas duas Apologias.
A primeira delas dedicou-se ao imperador Antonino Pio e ao filho Marco Aurélio, ao Senado e ao povo romano. Escreveu outras obras, pelo menos oito, entre as quais a mais considerável é intitulada Diálogo com Trifão e é relembrada porque abre o caminho à polêmica antijudaica na literatura cristã. Mas as duas Apologias permanecem como o documento mais importante, porque destes escritos aprendemos como era explicado o cristianismo naquela época e como eram celebrados os ritos litúrgicos, em particular a administração do batismo e a celebração do mistério eucarístico. Aqui não há argumentações filosóficas, mas comoventes testemunhos de vida da primitiva comunidade cristã, à qual Justino está feliz de pertencer: “Eu, um deles…” Tal afirmação podia custar-lhe a vida. De fato Justino pagou com a vida a sua pertença à Igreja. Por ocasião de sua ida a Roma, foi denunciado por um hipócrita e cínico filósofo, Crescêncio, com quem havia disputado por muito tempo. Também o magistrado que o julgou era um filósofo estóico, amigo e confidente de Marco Aurélio. Mas para o magistrado, Justino não passava de um simples cristão, igual a seus seis companheiros, entre os quais uma mulher, todos condenados à decapitação pela sua fé em Cristo. Do martírio de são Justino e companheiros se conservam as Atas autênticas.

Fonte: http://cleofas.com.br/

31 de mai. de 2017

Francisco: transbordar sempre na esperança

31/05/2017


Cidade do Vaticano (RV) – “Caros irmãos e irmãs, bom dia! Na iminência da solenidade de Pentecostes não podemos não falar da relação que existe entre a esperança cristã e o Espírito Santo. O Espírito é o vento que nos arrasta para a frente, que nos mantém no caminho, nos faz sentir peregrinos e estrangeiros e não nos permite de acomodar e de tornarmo-nos num povo “sedentário”.
Com estas palavras, o Papa Francisco iniciou na manhã de hoje, quarta-feira, dia 31 de Maio de 2017, a última audiência geral deste mês de Maio, na Praça de S. Pedro, repleta de fiéis e peregrinos provenientes de diversas partes da Itália e do mundo inteiro. Tema da catequese de hoje, é “o Espírito Santo nos faz transbordar na esperança”: uma reflexão sobre a Carta do Apóstolo Paulo aos Romanos( Rm 15, 13-14).
Ora, a Carta aos Hebreus, disse Francisco, compara a esperança com uma âncora e à esta imagem podemos acrescentar a da vela. Se a âncora é o que dá segurança ao barco e o mantém “ancorado” por entre as ondas do mar, a vela é, pelo contrário,  permite ao barco de caminhar e avançar nas águas. A esperança é realmente uma vela; ela recolhe o vento do Espírito e o transforma em força motriz que empurra o barco, segundo as circunstâncias, para o largo ou ao destino.
O Apóstolo Paulo, disse ainda o Papa, conclui a sua carta aos Romanos dizendo:“ O Deus da esperança vos encha de toda a alegria e de toda a paz na vossa fé, para que pela virtude do Espírito Santo, transbordeis de esperança!”.
 Ora, a expressão “Deus da esperança”, sublinha o Santo Padre, não quer dizer somente que Deus é objecto da nossa esperança, isto é Aquele que já, desde agora nos faz esperar; mas antes de mias, nos torna “alegres na esperança: alegres agora de esperar e não só de esperar de ser alegres no futuro, depois da morte.
“Enquanto há vida há esperança”, diz um ditado popular; e é verdade também o contrário: até quando há esperança, há vida. Os homens têm necessidade de esperança para viver e têm necessidade do Espírito Santo para esperar.
S. Paulo atribui ao espírito Santo a capacidade de nos transbordar na esperança. Transbordar na esperança significa não desencorajar-se nunca; significa esperar contra todas as esperanças, isto é, esperar mesmo quando vêm menos todos os motivos humanos para esperar, como foi para Abrãao quando Deus lhe pediu de sacrificar-Lhe o seu único filho Isac, e como foi ainda mais, para a virgem Maria debaixo da cruz de Jesus.
O Espírito Santo, afirma Francisco, torna possível esta esperança invencível dando-nos um testemunho interior  de que somos filhos de Deus e seus herdeiros. O espírito Santo não nos torna só capazes da esperar, mas também de ser semeadores da esperança, de sermos também nós, como Ele e graças à Ele, os paráclitos, isto é, consoladores e defensores dos irmãos: são sobretudo os pobres, os excluídos, os não amados, a terem necessidade de alguém que seja para eles, o “paráclito”, isto é, consolador e defensor.
O Espírito Santo, prosseguiu o Papa, alimenta a esperança não só no coração dos homens, mas também em toda a criação. Pois, como sublinha o Apóstolo Paulo, “ a criação foi sujeita à vaidade, todavia, com a esperança de ser também ela libertada do cativeiro da corrupção, para participar da gloriosa liberdade dos filhos de Deus. Pois sabemos que toda a criação geme e sofre como que dores de parto até ao presente dia”. Façamo-nos então também, concluiu dizendo Francisco, paráclitos, defensores da criação que “espera” a manifestação dos filhos de Deus.
Que a próxima festa de Pentecostes nos encontre concordes em oração, com Maria, a Mãe de Jesus e nossa Mãe. E o dom do Espírito Santo nos faça transbordar na esperança.
Também hoje não faltou a habitual saudação calorosa do Papa Francisco, aos fiéis e peregrinos de língua oficial portuguesa presentes na praça de S. Pedro: Saúdo cordialmente todos os peregrinos de língua portuguesa, de modo particular os fiéis de Angola, Sendim, Serrinha, Florianópolis e Minas Gerais. Queridos amigos, nestes dias de preparação para a festa de Pentecostes, peçamos ao Senhor que derrame em nós abundantemente os dons do seu Espírito, para que possamos ser testemunhas de Jesus até os confins da terra. Obrigado pela vossa presença.
Rádio Vaticano 

Maria, Mãe da Santa Esperança

maria_800-cc3b3piaA mãe que soube esperar
Uma tradição muito antiga, que atravessou os séculos e ficou plasmada em muitas obras de arte, afirma que a primeira aparição de Cristo ressuscitado foi à sua Mãe Santíssima.
É natural que Jesus, que ficava feliz trazendo alegria aos que amava, tivesse levado a primeira alegria da Ressurreição à sua Mãe. Não era ela quem mais a merecia? Ela que tinha acreditado firmemente, desde o momento da Encarnação, que aquele seu filho e filho do Altíssimo, era – como o anjo Gabriel lhe havia anunciado – o Messias descendente de Davi, que reinaria eternamente e seu Reino não teria fim (Lc 1, 33).
Maria uniu-se ao Redentor em todos os momentos da sua vida e especialmente na Paixão, oferecendo sua imensa dor juntamente com o sacrifício do Filho. Ali ouviu dos lábios de Jesus agonizante a sua <<nomeação>> como Mãe dos discípulos, mãe de todos os homens: <<Mulher, eis aí teu filho>>… (Jo 19,26). Por isso, certamente merecia receber as primícias da alegria da Ressurreição.
É muito bonito pensar que, naqueles momentos de escuridão quase total que envolveu os discípulos após a morte de Jesus, a única luz de esperança que não se apagou foi o coração de Maria. Esse coração maternal, que acabava de ser atravessado por uma espada de dor, como profetiza Simeão (cf. Lc 2, 35), foi, ao mesmo tempo, a única lâmpada que ardia com a luz da santa esperança. Ela foi a única que, no silêncio do sábado santo, esperou na ressurreição do terceiro dia.
A mãe que ensina a confiar
Certamente, ao longo de toda a sua vida, ela viveu e encarnou a esperança como ninguém. Acreditou no anúncio do Anjo Gabriel, entregou-se sem duvidar ao que Deus lhe pedia – <<Eis a escrava do Senhor!>> -, e desse solo fecundo da fé, brotou-lhe a esperança como uma planta viçosa, como uma fonte de água viva.
Conta São Lucas que, quando Maria – pouco depois da Anunciação – foi visitar a sua prima Isabel, esta louvou Nossa Senhora em alta voz: Feliz a que acreditou, porque se cumprirão todas as coisas que lhe foram ditas da parte do Senhor (Lc 1, 39-45). Maria acreditou, esperou, e viu realizados nela todos os sonhos de Deus. Por isso a Igreja a chama Mãe da santa esperança, e por isso nós a invocamos como Mãe da misericórdia, vida, doçura e esperança nossa… Não são apenas belas palavras. Estão cheias de conteúdo, pois descrevem a missão que Jesus lhe confiou em favor de todos nós, irmãos de Cristo (cf. Rom 8, 29) e filhos dela (cf. Jo 19,26).
Quando Jesus nos deu Maria como Mãe, na agonia na Cruz, garantiu-nos a esperança. É verdade que a nossa esperança deve estar, toda ela, colocada em Deus. Só Deus é o motivo e a fonte radical da esperança, que, sem a sua graça, não pode existir. Mas Ele deu-nos uma Mãe – a sua Mãe – para que, com a ternura de seu coração, nos ensinasse a confiar; para que nos amparasse e nos guiasse na vida e, como a mãe leva a criança pela mão, nos conduzisse ao encontro de Cristo e finalmente nos introduzisse no Céu.
Uma das orações mais antigas dirigidas a Nossa Senhora, que ainda hoje muitos católicos sabem de cor, diz: <<À vossa proteção nos acolhemos, Santa Mãe de Deus; não desprezeis as súplicas que nossas necessidades vos dirigimos, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita. Rogai por nós, santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo>>. Desde os primeiros séculos, a esperança do cristão se refugiava nela.
Na verdade, o Espírito Santo – inspirador da Sagrada Escritura – deixou-nos motivos mais do que suficientes para que aprendêssemos a confiar na <<Esperança nossa>>. Bastaria lembrar a cena das bodas de Caná (Jo 2,1-11), onde a petição de Maria – suave, discreta, sussurrada ao ouvido – obteve de Jesus o seu primeiro milagre, a transformação da água em vinho.
Naquela festa de bodas, começou a faltar o vinho. Maria teve pena dos noivos. Aquilo podia estragar a alegria do banquete. Então disse a Jesus: <<Não têm vinho!>> A resposta do Filho parece um balde de água fria – <<Mulher, isto nos compete a nós? A minha hora ainda não chegou>>; mas Maria não deixou ele confiar, e com toda a paz disse aos serventes: <<Fazei tudo o que ele vos disser>>… Não precisou fazer mais nada. Logo Jesus mandou aos serventes encher de água umas grandes talhas que lá se encontravam, e depois indicou que fosse servida aos convidados. Foi o melhor vinho da festa!
Maria adiantou assim – Deus tem os seus planos! – a hora dos milagres de Jesus. E graças a esse primeiro milagre, obtido pela intercessão da Virgem, o Evangelho diz que Cristo manifestou a sua glória e os seus discípulos creram nele. Tudo, pela solicitude de Maria, pela ternura do seu coração. Se Jesus fez isso, a pedido de Maria, o que não fará por nós? É como se Ele próprio nos estivesse dizendo: <<Vocês veem? Confiem na Mãe! Confiem que Eu a ouvirei sempre! Ela conseguirá de mim o que quiser!>>
A Mãe de Misericórdia
É por isso que os santos e os bons teólogos dizem que Nossa Senhora é a <<onipotência suplicante>>, que maneira hiperbólica – mas realista – de referir-se ao poder das súplicas de Maria diante de Jesus.
São Bernardo, o <<trovador da Virgem>>, gostava de compará-la ao aqueduto que recebe a água da fonte (a água da graça, da fonte que é Deus) e a faz chegar a nós, da mesma maneira que um aqueduto recolhia então a água das fontes de montes e vales elevados e a conduzia até os povoados. E dizia: <<Recebendo a plenitude da graça da própria fonte do coração do Pai, no-la torna acessível […]. Com o mais intimo, pois, da nossa alma, com todos os afetos do nosso coração e com todos os sentimentos e desejos da nossa vontade, veneremos Maria, porque esta é a vontade daquele Senhor que quis que tudo recebêssemos por Maria>>.
Que ânimo isso nos dá! Não é verdade que, ás vezes, custa-nos quase acreditar na misericórdia divina, especialmente depois de termos abusado muito dela, com tantos arrependimentos insinceros, de tantas reincidências meio cínicas? E, no entanto, nem no pior dos casos devemos desesperar da misericórdia de Deus, ainda que nos vejamos afundados – como o filho pródigo – na mais suja lama do pecado.
Nessa triste situação, ninguém como Maria para ajudar-nos. Ela é Mãe. No tenhamos medo, por mais imundos e machucados que estejamos. Ela não deixará de facilitar um bom banho às suas crianças. Ela nos moverá ao arrependimento sincero, ela nos levará – se for preciso, pela orelha – até à Confissão, e nos carregará finalmente no colo, limpos e felizes.
<<Se eu fosse leproso – escrevia São Josemaria -, minha mãe me abraçaria. Sem medo nem repugnância alguma, beijar-me-ia as chagas. – Pois bem, e a Virgem Santíssima? Ao sentir que temos lepra, que estamos chagados, temos de gritar: Mãe! E a proteção de nossa Mãe é como um beijo nas feridas, que nos obtém a cura>>.
A poderosa Intercessora
A confiança em Nossa Senhora sempre foi tão grande entre os bons cristãos que alguns até <<exageraram>>. Mas exageraram de uma maneira bonita, assim como se amplia um detalhe de uma flor belíssima, muito além do seu tamanho normal, para poder apreciá-la melhor. Não há <<mentira>> nisso! Um exemplo entre mil são uns versos do <<poeta da esperança>>, o já citado Charles Péguy, que põe na boca de Deus Pai as seguintes palavras:
<<Eu não vi no mundo – diz Deus – nada mais belo que uma criança que adormece fazendo a sua oração […]>>.
[O poeta estende-se, em versos tocantes, falando da maravilha que é a criança que dorme rezando, e aí nenhuma das coisas que diz é exagero].
<<Nada é tão belo! – continua Deus a dizer –. E este é mesmo um ponto em que a Virgem Santa está de acordo comigo. Lá em cima (no Céu).
Posso dizer até que este é o único ponto em que estamos plenamente de acordo. Pois geralmente os nossos pareceres são contrários.
Porque ela está do lado da misericórdia, e Eu…, bem, é preciso que Eu esteja do lado da justiça>>.
São versos que fazem sorrir (e comovem um pouquinho), mas são <<verdadeiros>> pelo sentimento de confiança em Maria que transmitem. Junto dela, só um cego espiritual, um tolo ou um demônio, podem perder a esperança.
Foi assim que o entenderam os cristãos desde o começo. Não podemos esquecer o que nos mostra a Sagrada Escritura, nos Atos dos Apóstolos, logo depois da Ascensão do Senhor.
Jesus tinha-se despedido indicando aos seus que permanecessem em Jerusalém, <<até que sejais revestidos da força do Alto>> (Lc 24,49), ou seja, até a vinda do Espírito Santo, no dia de Pentecostes. Pois bem, no livro dos Atos diz-se que todos – os Apóstolos, os discípulos, as santas mulheres – obedeceram, e se reuniram, durante dez dias, no Cenáculo, com Maria, a Mãe de Jesus. Lá, junto dela, como uma família apinhada junto da Mãe, perseveravam unanimemente na oração (cf. At 1, 12-14).
Junto de Nossa Senhora, tornava-se fácil cumprir o que Jesus tinha ordenado. Sempre é assim! A única coisa que Ela nos pede é a que pediu aos serventes de Caná: <<Fazei tudo o que Ele vos disser>>. E ela mesma ficará solicita, junto de nós, para nos ajudar a cumpri-lo.
Por isso, uma vida espiritual impregnada de devoção a Nossa Senhora é uma vida espiritual sadia, voltada inteiramente para o cumprimento da Vontade de Deus. <<Antes, sozinho, não podias… – dizia São Josemaria. – Agora, recorreste à Senhora, e, com Ela, que fácil!>>.
Trecho retirado do livro: A Ressurreição e a Esperança Cristã, Francisco Faus. Ed. Quadrante

Visita de Nossa Senhora a Santa Isabel

Amar é servir! Desinteressadamente. É a primeira lição que Maria nos dá.
Tão logo o Arcanjo Gabriel anunciou a Maria que ela seria a Mãe do Salvador, e Maria vai, apressadamente, diz São Lucas, para fazer uma visita à sua prima Isabel, já idosa, para ajudá-la nos serviços do lar. A Virgem caminha cerca de 200 km, passa pela Samaria e chega a Judeia, vai à cidade de Ain-Karin, no alto das montanhas da Judeia onde morava o sacerdote Zacarias.
Certamente, Maria caminha, por uma semana, meditando o mistério anunciado pelo anjo: “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo!”. “Não temas Maria, encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho que colocarás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-se-á filho do Altíssimo e o Senhor Seu Deus lhe dará o trono do seu Pai Davi… e o seu reino não terá fim”. (Lc 1,30ss)
Seu coração humilde transbordava de alegria e júbilo, ainda sem entender tudo. Mas, apesar de tudo o que se passava em sua mente e em seu coração, ela pensa na sua idosa parenta Isabel, que precisa dela. Vai, então, às pressas pelas montanhas da Judeia. Ao chegar à casa de Isabel, a saúda: Shalom! João Batista estremece no seio de Isabel, e esta, cheia do Espírito Santo, diz São Lucas, exclama:
“Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor? Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio. Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!” (Lc 1,40-45).
Isabel é a primeira pessoa, iluminada pelo Espírito Santo, que percebe que está diante da Mãe de Deus humanado. “A Mãe do meu Senhor!”. Ciente desta verdade, diante de Jesus e de João Batista que se encontram ainda nos seios de suas mães, com sentimentos de humilde gratidão para com a grandeza e bondade de Deus, Maria, cheia do Espírito Santo, expressa com o Magnificat, toda a sua alegria e júbilo:
“Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo. Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem. Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos soberbos. Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes. Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre.” (Lc 46-55)

Vinte séculos de cristianismo repetiram rezando e cantando este hino. Este canto é o suficiente para provar e demonstrar a visita do Anjo e o prodígio operado na Virgem Maria. Se ela não tivesse estado sob a ação do Espírito Santo, jamais aceitaria ser chamada de “bendita entre todas as mulheres”, como lhe disse Isabel. E como se atreveria a dizer que “todas as gerações me chamarão de bem aventurada”. E o mais admirável é que todas as suas palavras se realizaram e todos os séculos passam ante Ela cantando a sua felicidade sem igual, de ser escolhida para ser a Mãe de Deus, por ser a mais humilde de todas as mulheres.

O Verbo encarnado em Maria é causa de graça para Isabel que, pelo Espírito Santo, percebe os grandes mistérios que se operam nela: a sua dignidade de Mãe de Deus, a sua fé na palavra divina e a santificação do Batista, precursor, que exulta de alegria no ventre da mãe.
Maria ficou com Isabel até o nascimento de João Batista, servindo-a humildemente. A primeira coisa que faz a Mãe de Deus, é servir! Amar é servir! Desinteressadamente. É a primeira lição que Maria nos dá. Ela não levou em conta ser a Mãe do Salvador; teria o direito de ser servida; mas, ao contrário, vai logo servir. Reinar com Cristo é servir!
São Francisco de Sales, doutor da Igreja, diz: “Na Encarnação Maria se humilha confessando-se a serva do Senhor… Porém, Maria não fica só na humilhação diante de Deus, pois sabe que a caridade e a humildade não são perfeitas se não passam de Deus ao próximo. Não é possível amar a Deus que não vemos, se não amamos os homens que vemos. Esta parte realiza-se na Visitação.”amulherdoapocalipse
Depois dos oito dias para o rito da circuncisão de João Batista e imposição do nome, Maria volta para Nazaré.
A festa da Visitação, de origem franciscana, que os frades menores já a celebravam em 1263, era celebrada a dois de julho, isto é, ao término da visita de Maria.
A festa foi depois estendida a toda a Igreja Latina pelo papa Urbano VI (1378-1389) para propiciar com a intercessão de Maria a paz e a unidade dos cristãos divididos pelo grande cisma do Ocidente no século 14.
O atual calendário litúrgico abandonou a data tradicional de 2 de julho para fixar-lhe a memória no último dia de maio, como coroação do mês que a devoção popular consagra ao culto particular da Virgem.
Prof. Felipe Aquino

Fonte: Cléofas 

31/05 – Visitação de Nossa Senhora

Após a anunciação do anjo, Maria sai (apressadamente, diz S. Lucas) para fazer uma visita à sua prima Isabel e prestar-lhe serviços que vão à Jerusalém, passa a Samaria e atinge Ain-Karin, na Judéia, onde mora a família de Zacarias. É fácil imaginar o sentimentos que povoam sua alma na meditação do mistério anunciado pelo anjo. São sentimentos de humilde gratidão para com a grandeza e bondade de Deus, que Maria expressará na presença da prima com o hino do Magnificat, a expressão “do amor jubiloso que canta e louva o amado” (diz S. Bernardino de Sena): “A minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito exulta em Deus, meu Salvador…” A presença do Verbo encarnado em Maria é causa de graça para Isabel que, inspirada, percebe os grandes mistérios que se operam na jovem prima, a sua dignidade de Mãe de Deus, a sua fé na palavra divina e a santificação do precursor, que exulta de alegria no ventre da mãe. Maria ficou com Isabel até o nascimento de João Batista, aguardando provavelmente outros oito dias para o rito da imposição do nome. Aceitando esta contagem do período passado junto com a prima Isabel, a festa da Visitação, de origem franciscana (os frades menores já a celebravam em 1263), era celebrada a dois de julho, isto é, ao término da visita de Maria. Teria sido mais lógico colocar a memória depois do dia 25 de março, festa da Anunciação, mas procurou-se evitar que caísse no período quaresmal.
A festa foi depois estendida a toda a Igreja Latina pelo papa Urbano VI para propiciar com a intercessão de Maria a paz e a unidade dos cristãos divididos pelo grande cisma do Ocidente. O sínodo de Basiléia, na sessão do 1º de julho de 1441, confirmou a festividade da Visitação, não aceita, no início pelos Estados que defendiam o antipapa. O atual calendário litúrgico, não levando em conta a cronologia sugerida pelo episódio evangélico, abandonou a data tradicional de 2 de julho (antigamente a Visitação era celebrada também em outras datas) para fixar-lhe a memória no último dia de maio, como coroação do mês que a devoção popular consagra ao culto particular da Virgem. “Na Encarnação – comenta são Francisco de Sales – Maria se humilha confessando-se a serva do Senhor… Porém, Maria não fica só na humilhação diante de Deus, pois sabe que a caridade e a humildade não são perfeitas se não passam de Deus ao próximo. Não é possível amar Deus que não vemos, se não amamos os homens que vemos. Esta parte realiza-se na Visitação.”

Fonte: Cléofas 

30 de mai. de 2017

Papa: um pastor deve preparar-se para se despedir bem

30/05/2017


Cidade o Vaticano (RV) – O Papa Francisco celebrou na manhã desta terça-feira a Santa Missa na Capela da Casa Santa Marta. No centro da sua homilia esteve a primeira Leitura tirada dos Atos dos Apóstolos, que se pode intitular - disse Francisco – “A despedida de um bispo”. Paulo se despede da Igreja de Éfeso, que ele havia fundado. “Agora deve ir:






“Todos os pastores devem se despedir. Chega um momento em que o Senhor nos diz: vai para outro lugar, vai para lá, vem para cá, venha a mim. E um dos passos que deve fazer um pastor é também preparar-se para se despedir bem, não se despedir à metade. O pastor que não aprende a se despedir é porque tem alguma ligação não boa com o rebanho, um vínculo que não é purificado pela Cruz de Jesus”.
Paulo, então, chama todos os presbíteros de Éfeso e em uma espécie de “conselho presbiteral” se despede. O Papa destaca “três atitudes” do apóstolo. Primeiro, ele diz que nunca abandonou a luta: “Não é um ato de vaidade”, “porque ele diz que é o pior dos pecadores, sabe disso e diz”, mas simplesmente “conta a história”. E “uma das coisas que dará tanta paz ao pastor quando se despede - explicou o Papa - é recordar-se que nunca foi um pastor de compromissos”, ele sabe “que não guiou a Igreja com compromissos. Ele nunca abandonou a luta. “E é preciso coragem para isso”. Segundo ponto. Paulo diz que ele vai a Jerusalém “compelido pelo Espírito”, não sabe o que vai acontecer lá”. Ele obedece ao Espírito. “O pastor sabe que está em caminho”:
“Enquanto guiava a Igreja era com a atitude de não fazer compromissos; agora, o Espírito pede a ele para se colocar em caminho, sem saber o que vai acontecer. E continua, porque ele não possui nada seu, ele não fez do seu rebanho uma apropriação indevida. Ele serviu. 'Agora Deus quer que eu vá embora? Vou embora sem saber o que vai acontecer comigo. Sei somente - o Espírito tinha feito ele saber - que o Espírito Santo de cidade em cidade me confirma que me esperam correntes e tribulações’. Isso ele sabia. Não vou me aposentar. Vou para outro lugar para servir outras Igrejas. Sempre o coração aberto à voz de Deus: deixo isso, vou ver o que o Senhor me pede. E aquele pastor sem compromissos é agora um pastor em caminho”.
O Papa explica por que não se apropriou do rebanho. Terceiro ponto. Paulo diz: “Eu não considero de nenhum modo preciosa a minha vida”: não é “o centro da história, da história grande ou da história pequena”, não é o centro, é “um servo”. Francisco cita um ditado popular: “Como você vive, você morre; como você vive, você se despede”. E Paulo se despede com uma “liberdade sem compromissos” e em caminho. “Assim se despede um pastor”:
“Com este exemplo tão bonito rezemos pelos pastores, pelos nossos pastores, pelos párocos, pelos bispos, pelo Papa, para que a sua vida seja uma vida sem conluios, uma vida em caminho, e uma vida onde eles não pensem estar no centro da história e assim aprendam a se despedir. Rezemos pelos nossos pastores”. (SP)
Rádio Vaticano 

Por que chamamos a Virgem Maria de Nossa Senhora?

Rainha dos Anjos, Rainha dos Santos, Rainha dos Apóstolos, Rainha dos Mártires…
O título de Senhor e Senhora, desde os primeiros séculos do Cristianismo, eram usados para os senhores de escravos, muito comum naquele tempo. Dentro desse contexto, a Virgem Maria disse ao anjo: “Eis aqui a escrava do Senhor” (Lc 1, 38).
Por que chamar Maria de Nossa Senhora - 940x500
Mas “Jesus é o Senhor”, como disse São Paulo (Fl 2,11); é o Rei dos Reis; e Sua Mãe é Rainha por consequência. Por isso, a Igreja entendeu que deveria chama-lá de Senhora. Os súditos do Rei eram também servos da Rainha. Ora, se somos súditos de Jesus, o somos também de Maria.A Ladainha Lauretana chama a Virgem Maria de Rainha dos Anjos, Rainha dos Santos, Rainha dos Apóstolos, Rainha dos Mártires, Rainha dos Confessores, Rainha da Virgens, Rainha dos Profetas. Ora, toda Rainha é Senhora em seu reino.
A Virgem Maria é aquela “cheia do Espírito Santo”, como a saudou sua prima Santa Isabel, que em alta voz disse: “Bendita és tu entre as mulheres” (Lc 1,42). Ela é “a filha predileta de Deus”, diz o Concílio Vaticano II (LG n. 53), “aquela que, na Santa Igreja, ocupa o lugar mais alto depois de Cristo e o mais perto de nós” (Lumen Gentium, n. 54).
São Bernardo, doutor da Igreja, o apaixonado cantor da Virgem Maria, no Sermão 47 diz: “Ave Maria, cheia de graça, porque é agradável a Deus, aos anjos e aos homens. Aos homens, por causa de sua fecundidade; aos anjos, por sua virgindade; a Deus por sua humildade. Ela mesma atesta que Deus olhou para ela porque viu sua humildade”.
São Tomas de Aquino afirmou: “A bem-aventurada Virgem Maria, pelo fato de ser Mãe de Deus, tem uma espécie de dignidade infinita por causa do bem infinito que é Deus”. Ela é Senhora!
“A graça que adornou a Santíssima Virgem sobrepujou não só a de cada um em particular, mas a de todos os santos reunidos”, afirma Santo Afonso de Ligório, doutor da Igreja. Por isso ela cantou no Magnificat: “Desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo…” (Lc 1,42). Ela é Senhora!
Maria é um “espelho especialíssimo de Deus”, diz São Tomás de Aquino: “Os outros santos são exemplos de virtudes particulares: um foi humilde, outro casto, outro misericordioso, e assim nos são oferecidos como exemplos de uma virtude. Mas a bem-aventurada Virgem é exemplo de todas as virtudes”, diz o santo.
São Bernardo e Santo Antônio, doutores da Igreja, afirmam que, “para ser eleita e destinada à dignidade de Mãe de Deus, devia a Santíssima Virgem possuir uma perfeição tão grande e consumada que nela excedesse todas as outras criaturas”. Ela é Nossa Senhora!
“Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado” (Mt 23,12). Repetiu várias vezes o Senhor. Logo que Deus determinou fazer-se Homem para redimir o homem decaído e assim manifestar ao mundo Sua misericórdia infinita, certamente buscava entre todas as mulheres aquela que fosse a mais santa e humilde para ser Sua Mãe. Como diz o Livro dos Cânticos: “Há um sem número de virgens (a meu serviço), mas uma só é a minha pomba, a minha eleita” (Ct 6, 8-9).
Foi por sua imensa humildade que Deus tanto exaltou Maria e a fez Sua Mãe, Rainha e Senhora nossa. E a própria Virgem diz no seu canto: “porque olhou para a humildade de sua serva” (Lc 1,48).
Foi essa “humildade” profunda e real que tanto encantou o coração de Deus, fez com que a elegesse a “bendita entre as mulheres”, Sua Mãe, nossa Mãe e Senhora.
Por Prof Felipe Aquino 
Fonte: Canção Nova 

30/05 – Santa Joana D’Arc

Uma jovenzinha de Domremy, de treze anos, Joana D’Arc, enquanto rezava na igreja do seu povoado, ouviu misteriosas vozes que a convidavam a libertar a França dominada em grande parte pelos ingleses. Quatro anos depois o governador, fê-la acompanhar até Chinon pelo Delfim. Ao falar com o futuro rei Carlos, ela mostrou conhecer coisas secretíssimas, que unicamente o céu podia haver-lhe revelado. O Delfim, no começo desconfiado, acabou por convencer-se de que a menina era enviada por Deus e confiou-lhe o comendo das tropas que sitiavam Orleans e em pouco tempo reconquistaram quase todo o território francês. Em Reims, o Delfim foi coroado rei da França, mas ciumento da popularidade de Joana, estipulou uma trégua com os ingleses. A jovem, convicta de que essa trégua anularia os esforços e as vitórias do seu exército, indignada, recomeçou a luta com poucos soldados que tinham ficado ao seu lado. Numa emboscada, ela caiu nas mãos do conde de Luxemburgo, que a entregou aos ingleses em troca de um resgate digno de um rei. Precisava então provar juridicamente que Joana era uma feiticeira, para poder declarar Carlos VII usurpador, uma vez que teria se tornado rei por “diabólicas maquinações de uma herege.”
Eram unicamente os juízes eclesiásticos que tinham autoridade para julgar esse processo. A legalidade do processo foi tamanha que Joana D’Arc rejeitou a legitimidade e apelou ao papa. A heroica moça, reclusa contra toda lei eclesiástica num cárcere militar, não pôde fazer chegar até Roma sua voz e foram seus inimigos que triunfaram e condenaram-na ao fogo. O atroz suplício teve lugar em Rouen a 30 de maio de 1431. Joana tinha 19 anos. Os atas do processo foram submetidos a revisão entre 1450 a 1456 e com a absolvição da acusada teve início um irresistível crescimento da veneração à corajosa Joana D’Arc, de uma fé pura e de um genuíno amor pela justiça e pela verdade até ao extremo sacrifício. Em 1920 o papa Bento XV elevou-a às honras dos altares. Entre todas as histórias dos santos a de Joana D’Arc está sem dúvida entre as mais extraordinárias e incríveis: uma jovem camponesa e inculta, à frente de um exército derrota um poderoso exército, vence os fortes, coroa um rei e acaba morrendo numa fogueira, tudo isso num período de dois anos. Acontecimentos conexos com a história de uma nação inteira, com um colorido de fortes tintas patrióticas e místicas.

Cléofas 

29 de mai. de 2017

Papa: a fé é fria e ideológica quando não se escuta o Espírito

29/05/2017


É preciso deixar-se interpelar pelo Espírito Santo, apender a ouvi-lo antes de tomar decisões. Esta foi a exortação que o Papa Francisco dirigiu aos fiéis na homilia da Missa desta segunda-feira (29/05) na capela da Casa Santa Marta.
Nesta semana que antecede Pentecostes, afirmou o Papa, a Igreja pede que rezemos para que o Espírito venha no coração, na paróquia, na comunidade. Francisco inspirou-se na Primeira Leitura, que poderíamos chamar de “Pentecostes de Éfeso". De facto, a comunidade de Éfeso tinha recebido a fé, mas não sabia nem mesmo que existisse o Espírito Santo. Eram “pessoas boas, de fé”, mas não conheciam este dom do Pai. Depois, Paulo impôs as mãos sobre eles, desceu o Espírito Santo e começaram a falar em línguas.
O Espírito Santo move o coração
O Espírito Santo, de facto, move o coração, como se lê nos Evangelhos, onde tantas pessoas - Nicodemos, a samaritana, a pecadora - são impulsionados a se aproximar de Jesus justamente pelo Espírito Santo. O Pontífice então convidou a questionar-nos qual o lugar que o Espírito Santo tem na nossa vida:
“Eu sou capaz de ouvi-lo? Eu sou capaz de pedir inspiração antes de tomar uma decisão ou dizer uma palavra ou fazer algo? Ou o meu coração está tranquilo, sem emoções, um coração fixo? Certos corações, se nós fizéssemos um electrocardiograma espiritual, o resultado seria linear, sem emoções. Também nos Evangelhos há essas pessoas, pensemos nos doutores da lei: acreditavam em Deus, todos sabiam os mandamentos, mas o coração estava fechado, parado, não se deixavam inquietar”.
Não à fé ideológica
A exortação central do papa, portanto, é deixar-se inquietar, isto é, interpelar pelo Espírito Santo que faz discernir e não ter uma fé ideológica:
“Deixar-se inquietar pelo Espírito Santo: “Eh, ouvi isso… Mas, padre, isso é sentimentalismo?” - “Pode ser, mas não. Se você for pela estrada justa não é sentimentalismo”. “Senti a vontade de fazer isso, de visitar aquele doente ou mudar de vida ou abandonar isso …”. Sentir e discernir: discernir o que sente o meu coração, porque o Espírito Santo é o mestre do discernimento. Uma pessoa que não tem esses movimentos no coração, que não discerne o que acontece, é uma pessoa que tem uma fé fria, uma fé ideológica. A sua fé é uma ideologia, é isso”.
Interrogar-se sobre a relação com o Espírito Santo
Este era o “drama” daqueles doutores da lei que eram contrários a Jesus. O Papa exortou a se interrogar sobre a própria relação com o Espírito Santo:
“Peço que me guie pelo caminho que devo escolher na minha vida e também todos os dias? Peço que me dê a graça de distinguir o bom do menos bom? Porque o bem do mal se distingue logo. Mas há aquele mal escondido, que é o menos bom, mas esconde o mal. Peço essa graça? Esta pergunta eu gostaria de semeá-la hoje no vosso coração”.
Portanto, é preciso interrogar-se se temos um coração irrequieto porque movido pelo Espírito Santo ou se fazemos somente “cálculos com a mente” . No Apocalipse, o apóstolo João inicia convidando as “sete Igrejas” – as sete dioceses daquele tempo, disse o Papa Francisco – a ouvir o que o Espírito Santo lhes diz. “Peçamos também nós esta graça de ouvir o que o Espírito diz à nossa Igreja, à nossa comunidade, à nossa paróquia, à nossa família e cada um de nós, a graça de aprender esta linguagem de ouvir o Espírito Santo”. (BS/MJ)

Rádio Vaticano 

Sabia que a aliança de casamento pode ter a força de um exorcismo?

Usá-la sempre é uma excelente proteção




De ferro, prata , ouro ou qualquer outro metal: o anel adquiriu um significado maior do que tinha na antiguidade pagã depois que a Igreja o constituiu em símbolo da aliança indissolúvel entre os casais.
Entre os judeus e os romanos – até mesmo entre os povos pagãos – os homens tinham o costume de colocar um anel no dedinho de sua futura esposa, mas era um anel com um significado diferente. Tratava-se de um voto de confiança, em que o homem entregava à mulher uma réplica do anel ou carimbo pessoal que ele usava no polegar, com o qual lacrava correspondências pessoais e contratos. Era um costume das classes mais abastadas.
Por outro lado, os casais, de qualquer classe social, trocavam anéis nupciais no dia do casamento e costumavam colocá-los no dedo anelar da mão esquerda, bem perto do coração, onde se sente mais o pulsar do órgão poderoso, que simboliza o amor que deve ser somente para Deus.
Pode soar muito romântico e até sentimental, mas o costume que nasceu na Europa do século VI se espalhou por todo o planeta, e, ainda hoje, sob qualquer nominação religiosa ou cultural, os casais trocam anéis e os colocam no dedo anelar da mão esquerda.
Em alguns países, como no Brasil, estes anéis são chamados de aliança e é comum que, no dia do casamento, eles entrem solenemente na igreja sobre uma elegante almofadinha conduzida pelas mãos de um pajem. Durante a aplicação do sacramento, o padre abençoa as alianças e, em seguida, convida os noivos a colocarem-nas mutuamente, repetindo palavras de compromisso, fidelidade e amor.
Claro que esse pequeno cerimonial inserido na solenidade do sacramento não é obrigatório – e sua ausência não invalidaria o matrimônio. Porém, dignificado pela solenidade sobrenatural, como somente a Igreja poderia ter concebido para maior glória de Deus e consolidação do amor conjugal, transmite maior sentido ao contrato mútuo de um casal.

A aliança de casamento pode chegar a revestir a condição de sacramento autêntico, como o anel do pescador usado pelos papas depois do conclave. Ou como os que recebem os religiosos – desde cardeais, bispos e até freiras.
Abençoada e elevada de categoria, a aliança passa de um simples anelzinho a um instrumento de vida consagrada, uma profissão de vida religiosas, cheia de renúncias e sacrifícios santificantes.
Símbolo de oração da Igreja por seus filhos, a aliança pode até chegar a ter a força de um exorcismo contra tentações e ataques de espíritos malignos que induzem o adultério e a fornicação.

Usar sempre a aliança, mais do que um ato de amor, fidelidade e dever conjugal, é uma proteção, já que , quando se casa, Deus manda um anjo especial para o casal e sua finalidade é proteger o homem e a mulher individualmente, em função da “uma só carne” que são os dois depois do casamento, até que a morte os separe e no Céu sejam como os anjos. (Marcos 12,25)

Por Antonio Borda
Artigo publicado originalmente por Gaudium Press, traduzido e adaptado ao português

VIA: ALETEIA 

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