27 de mai. de 2017

Papa Francisco: superar fechamento e levar a todos o amor de Deus

27/05/2017



Em conclusão da sua intensa visita pastoral a Génova, o Papa Francisco presidiu na tarde deste sábado (27/05), na Praça Kennedy, à Santa Missa com a participação de milhares de fiéis. Na homilia Francisco falou do poder de Jesus ressuscitado, tema comum às leituras deste domingo da Ascensão do Senhor. Mas em que consiste a força do Espírito Santo e este poder de Deus?.
É antes de tudo o poder de ligar o céu e a terra, explicou o Pontífice:
“Hoje nós celebramos este mistério, porque quando Jesus subiu ao Pai a nossa carne humana  atravessou o limiar do Céu: a nossa humanidade está lá, em Deus, para sempre. Lá está a nossa confiança, porque Deus nunca se separará do homem”.
E conforta-nos saber que em Deus, com Jesus, está preparado para cada um de nós um lugar: um destino de filhos ressuscitados nos espera e por isso vale a pena viver aqui na terra buscando as coisas do alto, onde está o nosso Senhor, pois é isto que Jesus fez, com o seu poder de ligar para nós a terra ao céu, reiterou o Papa.
Mas este seu poder não terminou com a subida ao céu – prosseguiu Francisco - ele continua ainda hoje e dura para sempre, porque Jesus disse: "Eu estou sempre convosco, até ao fim dos tempos". E não é uma simples maneira de dizer, garantiu o Papa:
“Não, Jesus está verdadeiramente connosco e para nós: no céu mostra sempre ao Pai a sua humanidade, a nossa humanidade, e assim "está sempre vivo para interceder" em nosso favor”.
Eis, pois, para Francisco, a primeira palavra-chave do poder de Jesus: intercessão. Jesus junto do Pai intercede cada dia, em cada momento por nós. Em cada oração, em cada pedido de perdão que fazemos, sobretudo na Missa, Jesus como nosso advogado intervém, mostra ao Pai as suas chagas, e intercede e obtém misericórdia para nós.
Esta capacidade de interceder, Jesus deu-a também a nós, à Sua Igreja, que tem o poder e também o dever de interceder, de rezar por todos, sublinhou o Papa. E para não nos deixarmos submergir pelas correrias e pelo "mal da vida", recordemo-nos todos os dias de "lançar a âncora em Deus", levando a Ele os nossos pesos, as pessoas e situações, e confiando tudo a Ele – advertiu Francisco.
A oração é, portanto, a nossa força e o nosso poder: não para prevalecer ou gritar mais alto, segundo a lógica deste mundo, mas exercer com humilde o poder da oração, com o qual também se podem parar as guerras e alcançar a paz.
Uma segunda palavra-chave que revela o poder de Jesus, disse ainda o Pontífice, é o anúncio. O Senhor envia os seus a anunciá-lo apenas com o poder do Espírito Santo, um acto de grande confiança nos discípulos:
Jesus confia em nós, acredita em nós mais do que nós acreditamos em nós mesmos! Nos envia apesar das nossas faltas; Ele sabe que nunca seremos perfeito, e que se  esperarmos de sermos melhores  para evangelizar, nunca havemos de iniciar”.
Importante, para Jesus, diz o Papa, é que superemos já desde agora o fechamento, porque o Evangelho não pode ser fechado e selado, e o amor de Deus é dinâmico e quer chegar a todos. Então, é necessário sair de si mesmos, confiando apenas no Senhor e sem se refugiar nas próprias seguranças.
Portanto, ir ao mundo com o Senhor faz parte da nossa identidade de cristão, disse o Papa a terminar, mas ir não como um velocista que corre loucamente, nem como um conquistador que deve chegar antes dos outros, mas como peregrino, missionário, como um "maratonista esperançoso": manso, mas decidido no caminhar.
"Peçamos ao Senhor a graça de não nos fossilizarmos em questões não-centrais, mas dedicar-nos plenamente à urgência da missão; deixemos a outros as fofocas e as falsa discussões de quem só ouve a si mesmo, e trabalhemos concretamente para o bem comum e a paz" – concluiu Francisco.
(BS)

Rádio Vaticano 

Papa saúda crianças e pessoal do Hospital pediatrico de Génova

27/05/2017


Caros irmãos e irmãs
Na minha  visita a Génova não podia faltar uma passagem por este Hospital, onde são curadas crianças, porque o sofrimento das crianças é, certamente, a realidade mais difícil  de se aceitar; e por isso o Senhor Chama-me a estar, mesmo se brevemente, próximo destas crianças e rapazes e seus familiares.
É com estas palavras que Papa Francisco iniciou o discurso de saudação dirigido ao pessoal  do Hospital Gaslini de Génova. Logo a seguir saudou todos os trabalhadores dessa mesma estrutura hospitalar:
Saúdo todos vós que trabalhais nesta renomada estrutura, que, de há oitenta anos a esta parte se dedica com paixão  e competência aos cuidados de assistência da infância com a importante  ajudada da pesquisa.
Dirigindo-se aos responsáveis do mesmo Hospital Francisco exprimiu também a sua apreciação aos responsáveis do Hospital, desde o presidente da fundação, o arcebispo  de Génova, aos médicos, ao pessoal paramédico, a todos os colaboradores nas diversas especialidades, assim como aos Frades menores capuchinhos e a todos os que assistem e ajudam as crianças doentes com amor e dedicação.
Este instituto, disse Francisco, surgiu  como acto de amor do Senador Gerolamo  Gaslini, que para honrar a filha morta em tenra idade, fundou-o despindo-se de todos os seus bens: sociedade, estabelecimentos, imóveis, dinheiro e inclusive da sua habitação.
Mais adiante Papa Francisco evocou as palavras do fundador desse hospital, o qual afirmou, no omento da fundação:
É minha firme  vontade  que este instituto tenha como base e guia a fé católica (…) que levede toda a actividade e que conforte  toda a dor”.
E o Papa prosseguiu aludindo ao impacto da fé que opera através da caridade:
Quem  serve os doentes com amor serve a Jesus que nos abre o reino dos Céus.
Ao terminar Francisco exprimiu a sua vizinhança aos doentes e a sua proximidade a todos:
Quanto a mim, acompanho-vos com a oração e Benção do Senhor, e de todo o coração invoco  sobre vós, a Benção do Senhor e sobre todos os doentes e seus familiares
No final do encontro, o Papa assinou o Livro de Honra do Hospital deixando esta mensagem: 
Para conhecimento, trazemos em seguida as palavras escritas pelo Santo Padre  no Livro de Honra do Hospital Pediátrico "Giannina Gaslini":
"A todos aqueles que trabalham neste Hospital, onde a dor encontra a ternura, o amor e a cura, agradeço de coração o seu trabalho, a sua humanidade, as suas carícias a tantas crianças que, já de pequenos, carregam a cruz. Com admiração e gratidão. E, por favor, nos vos esqueçais de rezar por mim." 
Francisco 
27/5/17

(MM e DA)

Rádio Vaticano 

Missão deve ensinar a olhar com olhos novos e coração aberto - Papa aos jovens em Génova

27/05/2017


A última etapa da manhã do Papa em Génova foi o encontro com o “mundo turbulento e alegre dos jovens” como o definiu o Cardeal Bagnasco.
O encontro teve lugar o Santuário de Nossa Senhora da Guarda, onde o Papa chegou com cerca de 20 minutos de atraso. Foi acolhido com grande entusiasmo pelos jovens. Convidou imediatamente a uma oração em silêncio perante Nossa Senhora, Mãe de todos. O estilo pergunta-resposta prevaleceu também neste encontro: quatro as perguntas dirigidas ao Papa por dois rapazes e duas meninas:
- Chiara disse que, impulsionados pela Exortação Apostólica do Papa Francisco, Evangeli Gaudium, que diz que a Igreja deve ser mais missionária, e encorajados pelo Cardeal Bagnasco, instituíram uma missão de Jovens para Jovens designada “Plena Alegria” e pediram uma bênção do Papa e conselhos para esta forma de atenção especialmente para com os coetâneos afectados pelo álcool, droga, violência, engano do maligno.
Luca falou do próximo Sínodo dos Bispos que vai ser sobre “Jovens, fé e discernimento vocacional “. E pediu conselhos para a vida espiritual e de oração quotidiana dos jovens.
Emanuel evidenciou a vida de frenesia em que se vive hoje e que não deixa tempo para encontros, mesmo com vista ao matrimónio,  e perguntou ao Papa o que acha da sociedade hodierna que entrava em vez de favorecer a vida dos jovens na construção de relações verdadeiras, plenas, sinceras.
Francesca frisou que há coetâneos migrantes que vivem nas cidades italianas em condições não fáceis. É Deus que fala. O que diz? Que gestos efectuar perante estes desafios que a história está a propor? – perguntou ao Santo Padre.
O Papa respondeu, detendo-se longamente sobre a questão da missionação. Disse que ir em missão é transformar-se interiormente, aprender a observar com olhos novos, com o coração, de modo a deixar de ser turistas que fotografam tudo, mas não vêm a realidade. Não saber observar leva a não compreender e a deixar as coisas como estão. Além disso – continuou Francisco - a missão pressupõe deixar-se tocar, missionar por Jesus, antes de ser missionário para os outros…
Mais ainda: não podemos fazer nada sem amor. Portanto, há que amar os que estão em situação difícil e em relação aos quais queremos ser missionários. Tocar, olhar nos olhos a quem se dá uma esmola, por ex., e ser cabeçudos na esperança. Esta é a loucura da fé, da cruz. Aprender a olhar com os olhos de Jesus. Não adjectivar as pessoas. Só Deus o pode fazer. Ir em missão para levar grande amor. Nunca excluir, não isolar ninguém.
O Papa recordou depois que Génova é uma cidade do Porto e nesta senda convidou os jovens a ter horizonte e coragem como os antigos navegadores genoveses. Disse-lhe para estarem, todavia, atentos àqueles que vendem fumo, áquilo que vendem mesmo os media e a terem a capacidade de contemplar o horizonte, de se deixar desafiar, importunar por Jesus; a não se contentarem com respostas simplistas, mas sim a aprender a desafiar o presente.
Uma vida espiritual sã gera jovens acordados e prontos a perguntar-se se muitas coisas que nos são propostas como normais o são realmente. Se não o são, tenho de me envolver como jovem – disse Francisco, afirmando que ele deixa a semente, agora toca a eles fazê-la germinar. E concluiu propondo aos jovens, uma oração quotidiana: “Jesus por favor, vem desafiar-me, vem importunar-me um pouco e dá-me a coragem de poder responder”.
No final do encontro com os jovens que estava a ser seguido em directo pelos presos de Génova e de toda a região da Ligúria, o Papa deu-lhes uma bênção especial. 

(DA)

Rádio Vaticano 

Papa Francisco à Igreja na Ligúria: viver vida cristã em caminho

27/05/2017 



A segunda etapa da visita do Papa a Génova, foi o encontro na Catedral de S. Lourenço com os bispos da Ligúria, religiosos, religiosas, seminaristas e leigos colaboradores. Também aqui o Papa respondeu espontaneamente a algumas perguntas. Ao sacerdote que pergunta como viver uma vida espiritual intensa na complexidade da vida moderna e as tarefas administrativas, Francisco deu o exemplo de Jesus, sempre em caminho
"Quanto mais imitarmos o estilo de Jesus, disse o Papa, melhor faremos o nosso trabalho de pastores. E este é o critério fundamental: o estilo de Jesus. E como era o estilo de Jesus como  pastor? – se perguntou o Papa. Sempre Jesus estava em caminho. E os Evangelhos sempre nos fazem ver Jesus em caminho, entre as pessoas, a "multidão", diz o Evangelho.
“Isto significa proximidade com as pessoas, proximidade com os problemas: Ele não se escondia. E depois, à noite, muitas vezes ele se escondia para rezar, para estar com o Pai. E estas duas coisas, esta maneira de ver Jesus em caminho e a rezar, ajuda muito a nossa vida quotidiana que não é em caminho, mas na pressa: são coisas diferentes”
Não devemos ter medo do movimento, disse ainda o Papa, nem da dispersão do nosso tempo. Mas o maior medo na qual devemos pensar, e que devemos imaginar, é uma vida estática: a vida de um sacerdote que tem tudo bem resolvido, tudo em ordem, estruturado, tudo no seu lugar, os horários – a que horas se abre o secretariado, a Igreja fecha naquele horário - tudo ...: eu tenho medo do sacerdote estático. Tenho medo, também quando é estático na oração, eu rezo de tal hora a tal hora …", disse Francisco:
“Mas não tens vontade de ir e passar uma hora a mais com o Senhor para olhá-lo e se deixar olhar por Ele?". Esta é a pergunta que eu farei ao sacerdote estático, que tem tudo perfeito, organizado ... Posso dizer que uma vida assim, tão estruturada, não é uma vida cristã. Talvez aquele pároco é um bom empresário, mas eu me pergunto: é cristão? Ou pelo menos vive como cristão? Sim, celebra a Missa - sim, sim - mas o estilo é um estilo cristão? Ou é um crente: um bom homem, vive na graça de Deus, mas com um estilo de empresário”.
Um dos sinais de que não se está bem em caminho - disse ainda o Santo Padre - é quando o sacerdote fala muito de si mesmo, fala demais; das coisas que faz, que gosta de fazer, ou é um auto-referencial, é sinal de que esse homem não é um homem de encontro, no máximo é um homem do espelho, gosta de se espelhar; ele precisa preencher o vazio do coração, falando de si mesmo. Pelo contrário o sacerdote que vive uma vida de encontro, com o Senhor na oração e com as pessoas até ao fim do dia, o seu cansaço é santidade, desde que haja oração. E o Papa convidou os sacerdotes a examinar-se nisto:
“Sou um homem de encontro? Sou um homem de tabernáculo? Sou um em caminho? Sou um homem de ouvido, que sabe escutar? Deixo-me cansar pelas pessoas? Assim era Jesus. Não há outras fórmulas. Jesus tinha clara consciência de que a sua vida era para os outros: para o Pai e para as pessoas, não para si mesmo. Dava-se, dava-se: dava-se às pessoas, dava-se ao Pai na oração. E a sua vida também a viveu como missão: Eu fui enviado pelo Pai para dizer estas coisas”.
Durante o encontro o Papa também respondeu a questões sobre a fraternidade sacerdotal tão sentida na diocese de Génova,  a vida consagrada entre fidelidade ao carisma e o apostolado na diocese, e ainda como enfrentar o declínio das vocações ao sacerdócio e à vida consagrada. (BS)

Rádio Vaticano 

O trabalho deve ser para viver com dignidade - Papa em Génova

27/05/2017 



O Papa Francisco partiu esta manhã às 7 horas da Casa Santa Marta com destino a Génova, noroeste da Itália, para uma visita pastoral que se concluirá ao fim da tarde com uma missa campal na Praça Kenedy da cidade.
O primeiro encontro do Papa foi às 8.30 com o mundo do trabalho, em frente da Fábrica siderúrgica ILVIA que nos últimos tempos tem enfrentados muitos problemas. Depois, às 10 horas, Francisco encontrou-se, na Catedral de São Lourenço, com bispos e todos os seus colaboradores e representantes de outras confissões; seguiu-se às 12.15 o encontro com os jovens da Missão Diocesana no Santuário de Nossa Senhora da Guarda, de onde saudou brevemente, em ligação directa, os detidos da prisão de Génova; após o almoço numa sala do santuário, encontra-se neste momento no Hospital pediátrico “Gianina Gaslini” para um encontro com as criancinhas e o pessoal. Às 17 horas, será o enceramento desta visita apostólica de um dia, com a celebração da Missa. A chegada de Francisco ao aeroporto de Roma/Ciampino está prevista para as 19.30.
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Sob um Céu limpo e o mar azul, o Papa iniciou, portanto a sua visita para confirmar na fé e no elã missionário a cidade de Génova, como afirmou o cardeal Bagnasco, arcebispo da cidade. O Papa regressa assim à região donde emigraram os seus avós para a América Latina. Regressou, portanto, como “filho de emigrante”.
No seu primeiro encontro que foi, como dizíamos, com o mundo do trabalho, Francisco foi acolhido calorosamente pelos trabalhadores desempregados e empresários, que lhe puseram algumas questões a que ele foi respondendo. Começou por declarar-se  comovido por se encontrar em Génova e pela primeira vez “estar tão perto do porto”, donde o seu pai partiu como emigrante.
O primeiro a dirigir-se ao Papa foi um empresário que lhe pediu uma palavra de encorajamento perante os numerosos obstáculos com que os empresários se confrontam: excessiva burocracia, lentidão nas decisões públicas, falta de serviços e infra-estruturas adequadas…
 “Hoje  - disse  o Papa – o trabalho é um risco. É um mundo onde não se considera o trabalho com a dignidade que tem e que dá”. Francisco frisou que “o mundo do trabalho é uma prioridade humana. E, por isso, é uma prioridade cristã, uma prioridade nossa; e uma prioridade para o Papa, porque é o primeiro mandamento de Deus que disse a Adão: “Vai, faz crescer a terra, trabalha a terra, domina-a”.
Um dos males da economia – disse Francisco - é a progressiva transformação dos empresários em especuladores. Mas são duas figuras diferentes: o especulador não ama a empresa, não ama os trabalhadores, considera-os apenas como meios para obter lucro. É uma economia sem rosto. O bom empresário é amigo das pessoas e mesmo dos pobres. O Papa recomendou tanto aos empresários como a trabalhadores a estarem atentos aos especuladores e às  regras e leis que favorecem este últimos e não aos verdadeiros empresários, e acabam por deixar as pessoas sem trabalho.
A uma representante sindical que manifestava receio pela nova revolução industrial em curso e que corre o risco de não transformar a palavra trabalho numa forma concreta de resgate social, o Papa respondeu que o trabalho é um pacto social e que a Itália é uma republica democrática fundada no trabalho. Por isso o trabalho é fundamental e deve ser garantido a todos não apenas para sobreviver mas para viver com dignidade. E jogando com as duas palavras em italiano (ricato e riscato ) disse que o trabalho deve ser uma forma de resgate social e não vingança social.
Falou depois um jovem que está a fazer um caminho de formação promovido pelos capelães. Ele  pediu conselhos para preservar a fraternidade, a solidariedade e a colaboração e não a concorrência desenfreada no mundo do trabalho.
O Papa respondeu chamando a atenção para a antropologia cristã segundo a qual a empresa é antes de mais cooperação, mútua assistência, reciprocidade. E recomendou que não se conceba a tão decantada meritocracia como uma legitimação ética da desigualdade, mas sim como um dom. Recomendou também que a meritocracia não seja uma forma de considerar o pobre como quem não merece, como um culpado pela sua pobreza.
Uma desempregada perguntou ao Papa onde encontrar a força para acreditar sempre e não se desencorajar não obstante o facto de não sentirem a proximidade do Estado aos desempregados, mas apenas a Igreja.
A resposta do Papa incluiu a condenação às más formas de trabalho (prostituição, pornografia, tráfico de armas, etc.) a que muitas pessoas são submetidas por falta de um trabalho digno. E disse que há que continuar a pedir trabalho sem se resignar; a rezar, pois que muitas belas orações estão relacionadas com o trabalho. Os campos, o mar, as fábricas foram sempre altares de oração…
E o Papa terminou este encontro que quis que fosse num estabelecimento de trabalho e não numa paróquia, com uma oração em que invocou o Espirito Santo sobre o mundo do trabalho e sobre os trabalhadores. 
(DA)
Radio Vaticano 

27/05 – Santo Agostinho de Cantuária

agostinhodacantuariaA Grã-Bretanha, evangelizada desde os tempos apostólicos (o primeiro missionário que lá desembarcou teria sido, segundo uma lenda, José de Arimatéia), havia recaído na idolatria após a invasão dos saxões no século V e no VI. Quando o rei do Kent, Etelberto, desposou a princesa cristã Berta, filha do rei de Paris, esta mandou que fosse edificada uma igreja e alguns padres católicos viessem celebrar os sagrados ritos. Recebendo a notícia, o papa Gregório Magno julgou que os tempos estavam maduros para a evangelização da ilha. A missão foi confiada ao prior do mosteiro beneditino de santo André, Agostinho, cuja principal qualidade não deve ter sido a coragem, mas em compensação era muito humilde e dócil.
Partiu de Roma à frente de quarenta monges em 597. Fez uma parada na ilha de Lerins. As informações sobre o temperamento belicoso dos saxões amedrontaram-no de tal modo que voltou a Roma para suplicar ao papa que mudasse de programa. Para encorajá-lo Gregório nomeou-o abade e pouco depois, para fazê-lo dar o passo decisivo, apenas chegando na Gália, fez que fosse sagrado bispo. A viagem ocorreu igualmente em breves etapas. Por fim com a chegada da primavera, lançaram-se ao largo e chegaram à ilha britânica de Thenet, onde o rei, movido pela boa esposa, foi pessoalmente encontrá-los.
Os missionários aproximavam-se do cortejo real em procissão ao canto das ladainhas, segundo o ritual introduzido recentemente em Roma. Para todos foi uma feliz surpresa. O rei acompanhou os monges até à residência já fixada em Canterbury, no meio da estrada entre Londres e o mar, onde surgiu a célebre abadia que tomará o nome de Agostinho, coração e sacrário do cristianismo inglês. A obra missionária dos monges teve um êxito inesperado, pois o próprio rei pediu o batismo, arrastando com o seu exemplo milhares de súditos a abraçarem a religião cristã.
Em Roma a notícia foi recebida com alegria pelo papa, que expressou sua satisfação nas cartas escritas a Agostinho e à rainha. Juntamente com um grupo de novos colaboradores, o santo pontífice enviou para Agostinho o pálio e a nomeação de arcebispo primaz da Inglaterra, mas ao mesmo tempo admoestava-o paternalmente a não se ensoberbecer pelos sucessos obtidos e pela honra do alto cargo que lhe conferia. Seguindo as tradições do papa quanto à repartição dos territórios eclesiásticos, Agostinho erigiu outras duas sedes episcopais, a de Londres e a de Rochester, consagrando bispos Melito e Justo. O santo missionário morreu a 26 de maio de 1604 e foi sepultado em Canterbbury na igreja que traz o seu nome.

Fonte: Cléofas 

26 de mai. de 2017

Papa às Pequenas Missionárias da Caridade: missão sem fronteira

26/05/2017



O Papa Francisco recebeu em audiência na Sala do Consistório do Vaticano um grupo das pequenas Irmãs Missionárias da Caridade, por ocasião do seu Capítulo Geral. No seu discurso o Papa recordou que o Instituto, fundado por Don Orione, é chamado a praticar a caridade para com o próximo, particularmente os mais pobres, os abandonados e os excluídos, como bem exprime o tema do Capítulo Geral: " …discípulas missionárias, testemunhas alegres da Caridade nas periferias do mundo". E Francisco exprimiu o agradecimento da Igreja pela obra das Irmãs:
“Em nome da Igreja e de tantos pobres, especialmente mulheres e crianças, e tantos doentes físicos e mentais que acompanhais, agradeço pelo vosso trabalho apostólico nas diferentes actividades de pastoral juvenil, nas escolas, nos lares para idosos, nos pequenos "Cottolengo", nas catequeses e centros paroquiais, com as novas formas de pobreza, e em todos aqueles lugares onde vos colocou a Divina Providência”.
Em seguida Francisco convidou as Irmãs, missionárias por vocação, a serem missionárias sem fronteiras, levando a todos, mas sobretudo aos pobres, a alegria do Evangelho, tendo como método missionário a proximidade, o encontro, o diálogo e o acompanhamento. E não vos deixeis roubar a alegria da evangelização – sublinhou o Pontífice.
E o Papa enumerou as qualidades que devem caracterizar o missionário. Antes de tudo ele deve ser uma pessoa ousada e criativa, evitando o critério de conveniência do "sempre se fez assim":
“Repensai nos objectivos, as estruturas, o estilo e os métodos da vossa missão. Vivemos num tempo em que é necessário repensar tudo à luz daquilo que o Espírito nos pede. Isto requer um olhar especial sobre os destinatários da missão e a própria realidade: o olhar de Jesus, que é o olhar do Bom Pastor; um olhar que não julga, mas examina a presença do Senhor na história; um olhar de proximidade para contemplar, se comover e permanecer com o outro tantas vezes quanto for necessário; um olhar profundo, de fé; um olhar respeitoso e cheio de compaixão, para curar, libertar, confortar”.
O missionário também deve ser uma pessoa livre, que vive sem nada de próprio, continuou o Santo Padre, reafirmando que o comodismo, a inércia e a mundanidade são forças que impedem ao missionário de "sair", de "partir" e pôr-se em caminho e, finalmente, partilhar o dom do Evangelho.
É necessário que o missionário seja uma pessoa habitada pelo Espírito Santo – disse ainda Francisco - e nesta docilidade ele é chamado a crescer continuamente, para se tornar capaz de ver a presença de Jesus nas tantas pessoas descartadas pela sociedade.
Francisco também apelou por uma espiritualidade fundada em Cristo, na Palavra de Deus, na liturgia, enfim, uma espiritualidade "holística" que envolve toda a pessoa nas suas diversas dimensões, com base na complementaridade, na integração e inclusão, uma espiritualidade que permitirá, disse Francisco às Irmãs, que sejais filhas do céu e filhas da terra, místicas e proféticas, discípulas e testemunhas ao mesmo tempo.
Finalmente, o missionário deve ser um profeta da misericórdia, isto é, ser pessoa centrada em Deus e nos crucificados deste mundo, ressaltou Francisco deixando uma exortação:
“Deixai-vos provocar pelo grito de ajuda de tantas situações de dor e sofrimento. Como profetas da misericórdia anunciai o perdão e o abraço do Pai, fonte de alegria, serenidade e paz”.
Juntamente com os outros Institutos e movimentos fundados por Don Orione e que formam uma única família, o Santo Padre encorajou-os à colaboração, pois ninguém na Igreja caminha "sozinho", disse, cultivando entre eles o espírito do encontro, de família e cooperação.
E a concluir Francisco propôs a Virgem Maria como exemplo para a missão e serviço aos pobres. Como ela, disse, ponde-vos em caminho, com a pressa de Deus e cheias de alegria cantai o vosso Magnificat, anunciando a todos os homens e mulheres de hoje que Deus é amor e pode encher de significado o coração daqueles que o buscam e se deixam encontrar  por Ele. (BS)

Rádio Vaticano 

Francisco: o cristão tem os olhos no céu e os pés no mundo

26/05/2017



Nesta sexta-feira (26/05), o Papa Francisco presidiu a missa matutina na capela da Casa Santa Marta e na homilia, afirmou que “as Escrituras nos indicam três pontos de referência no caminho cristão”.
O primeiro é a memória. Jesus ressuscitado diz aos discípulos que o precedam na Galileia: este foi o primeiro encontro com o Senhor. E “cada um de nós tem a sua própria Galileia”, aquele lugar aonde Jesus se manifestou pela primeira vez, o conhecemos e “tivemos a alegria e o entusiasmo de segui-lo”. Para ser um bom cristão, precisamos sempre nos lembrar do primeiro encontro com Jesus ou dos seguintes”. Esta é “a graça da memória”, que “no momento da provação, me dá a certeza”.
O segundo ponto de referência é a oração. Quando Jesus sobe ao Céu, ele não se separa de nós: “fisicamente sim, mas fica sempre ligado, para interceder por nós. Mostra ao Pai as chagas, o preço que pagou por nós e pela nossa salvação”. Assim, “devemos pedir a graça de contemplar o Céu, a graça da oração, a relação com Jesus na oração que neste momento nos ouve, está connosco”:
“Enfim, o terceiro: o mundo. Antes de ir, Jesus diz aos discípulos: ‘Ide mundo afora e façam discípulos’. Ide. O lugar dos cristãos é o mundo no qual anunciar a Palavra de Jesus, para dizer que fomos salvos, que Ele veio para nos dar a graça, para nos levar com Ele diante do Pai”.
Esta é – observou Francisco – a “topografia do espírito cristão”, os três lugares de referência de nossa vida: a memória, a oração e a missão; e as três palavras de nosso caminho: Galileia, Céu e Mundo:
“Um cristão deve agir nestas três dimensões e pedir a graça da memória: “Que não me esqueça do momento que me elegeu, que não esqueça do momento em que nos encontramos”, dizendo ao Senhor. Depois, rezar e olhar ao Céu, porque Ele está ali para interceder. Ele intercede por nós. E depois, sair em missão... não quer dizer que todos devem ir ao exterior; ir em missão é viver e dar testemunho do Evangelho; é fazer saber aos outros como é Jesus. Mas fazer isso com o testemunho e com a Palavra, porque se eu falar como Jesus e como a vida cristã, mas viver como um pagão, não adianta. A missão não funciona”.
Se, ao contrário, vivermos na memória, na oração e em missão – concluiu Francisco – a vida cristã será bela e também alegre:
“E esta é a última frase que Jesus nos diz no Evangelho de hoje: “Naquele dia, no dia em que viverem a vida cristã assim, vocês saberão tudo e ninguém poderá lhes tirar a alegria”. Ninguém, porque terei a memória do encontro com Jesus e a certeza que Jesus está no Céu e intercede por mim, está comigo, eu rezo e tenho a coragem de dizer, de sair de mim, dizer aos outros e dar testemunho com a minha vida que o Senhor ressuscitou, está vivo. Memória, oração e missão. Que o Senhor nos dê a graça de entender esta topografia da vida cristã e seguir adiante com alegria, aquela alegria que ninguém pode nos tirar”. (BS/CM)
Fonte: Rádio Vaticano 

26/05 Nossa Senhora do Caravaggio

História da Devoção




A Aparição
A cidade de Caravaggio, terra da aparição, se encontrava nos limites dos estados de Milão e Veneza e na divisa de três dioceses: Cremona, Milão e Bérgamo. Ano de 1432, época marcada por divisões políticas e religiosas, ódio, heresias, batida por bandidos e agitada por facções, traições e crimes. Além disso, teatro da segunda guerra entre a República de Veneza e o ducado de Milão, passou para o poder dos venezianos em 1431. Pouco antes da aparição, em 1432, uma batalha entre dois estados assustou o país.
Neste cenário de desolação, às 17 horas da segunda-feira, 26 de maio de 1432, acontece a aparição de Nossa Senhora a uma camponesa. A história conta que a mulher, de 32 anos, era tida como piedosa e sofredora. A causa era o marido, Francisco Varoli, um ex-soldado conhecido pelo mau caráter e por bater na esposa. Maltratada e humilhada, Joaneta colhia pasto em um prado próximo, chamado Mezzolengo, distante 2 Km de Caravaggio.
Entre lágrimas e orações, Joaneta avistou uma senhora que na sua descrição parecia uma rainha, mas que se mostrava cheia de bondade. Dizia-lhe que não tivesse medo, mandou que se ajoelhasse para receber uma grande mensagem. A senhora anuncia-se como “Nossa Senhora” e diz: “Tenho conseguido afastar do povo cristão os merecidos e iminentes castigos da Divina Justiça, e venho anunciar a Paz”. Nossa Senhora de Caravaggio pede ao povo que volte a fazer penitência, jejue nas sextas-feiras e vá orar na igreja no sábado à tarde em agradecimento pelos castigos afastados e pede que lhe seja erguida uma capela. Como sinal da origem divina da aparição e das graças que ali seriam dispensadas, ao lado de onde estavam seus pés, brota uma fonte de água límpida e abundante, existente até os dias de hoje e nela muitos doentes recuperam a saúde.
Joaneta na condição de porta-voz, leva ao povo e aos governantes o recado da Virgem Maria para solicitar-lhes – em nome de Nossa Senhora – os acordos de paz. Apresenta-se a Marcos Secco, senhor de Caravaggio, ao Duque Felipi Maria Visconti, senhor de Milão, ao imperador do Oriente, de Constantinopla, João Paleólogo, no sentido de unir a igreja dos gregos com o Papa de Roma. Em suas visitas, levava ânforas de água da fonte Sagrada, que resultavam em curas extraordinárias, prova de veracidade da aparição. Os efeitos da mensagem de paz logo apareceram. A Paz aconteceu na Pátria e na própria igreja.
Até mesmo Francisco melhorou nas suas atitudes para com a esposa Joaneta. Sobre ela, após cumprida a missão de dar a mensagem de Maria ao povo, aos estados em guerra e à própria Igreja Católica, os historiadores pouco ou nada falam. Por alguns anos foi visitada a casa onde ela morou que, com o tempo desapareceu no anonimato.

A vinda para o Brasil
Os imigrantes eram pessoas de fé e acostumados a uma vida cristã intensa. Já nos primeiros momentos em terras brasileiras, a necessidade de uma orientação espiritual tornou-se viva entre as famílias, o que só veio a acontecer cerca de um ano depois.
O atendimento era feito pelo Padre João Menegotto, que pertencia à Paróquia de Dona Isabel (hoje, Bento Gonçalves/RS). A primeira missa foi celebrada na casa de Bernardo Sbardeloto, no morro de Todos os Santos no ano de 1878. A segunda na casa da família Biason e a terceira na casa de Antônio Franceschet, no dia 23 de janeiro de 1879. Nesta data, Franceschet teve a idéia de levantar um oratório com a ajuda do vizinho Pasqual Pasa.
Eles nunca viram na Itália um padre celebrar uma missa fora da matriz. Ver a casa transformada em igreja não parecia certo para a maioria dos moradores. Os dois chefes de família iniciaram a construção de uma igreja em segredo. Derrubaram um pinheiro, prepararam o material e construíram um capitel de 12 metros quadrados com alpendre na entrada, que localizava-se em frente ao atual cemitério de Caravaggio. A notícia se espalhou rapidamente e ganhou doações em dinheiro e mão-de-obra, transformando o oratório em capela, que comportava cerca de 100 pessoas.
Como era comum naquela época, a escolha do padroeiro gerou certo conflito entre os moradores. Todos queriam o santo de seus próprios nomes para governar espiritualmente a comunidade. Alguns sugeriram o nome de Santo Antônio, mas a idéia foi logo descartada porque o padre não poderia vir rezar a missa no dia do santo. O motivo? Santo Antônio era o padroeiro da comunidade de Dona Isabel. Outros sugeriram Nossa Senhora, entretanto, não se sabia qual.
A princípio foi escolhido o título de Nossa Senhora de Loreto, mas, não havia imagem da santa. Foi nessa época que Natal Faoro ofereceu como empréstimo um pequeno quadro com a imagem de Nossa Senhora de Caravaggio, que trouxera entre os seus pertences da Itália. O empréstimo duraria até a aquisição de uma imagem. A proposta foi aceita e o pequeno quadro passou a fazer parte do lugar de honra da capela, sobre um altarzinho. Esta capela foi inaugurada em 1879, ano I do início da devoção a Nossa Senhora de Caravaggio e ano primeiro das romarias que seriam futuramente concorridas e numerosas. Estava lançado o alicerce de uma comunidade eclesial.
Na década seguinte, em mutirão, os imigrantes iniciaram a construção de um templo de alvenaria. Numa época em que as casas eram fabricadas em madeira ou pedra, os imigrantes improvisaram uma olaria parta fazer os tijolos. Pedras só no campanário. A comunidade passou a ser chamada de Nossa Senhora de Caravaggio, bem como o lugar onde foi erguida a capela, até 26 de maio de 1921 quando foi elevada pelo bispo de sede paroquial para Santuário Diocesano. Hoje, a comunidade é composta por cerca de 140 famílias e mais de 650 habitantes. A paróquia de Caravaggio atende a sete capelas. Em 1959, Nossa Senhora de Caravaggio foi declarada pela Santa Sé, Padroeira da Diocese de Caxias do Sul.
A estátua de Nossa Senhora de Caravaggio que encontra-se no altar do Santuário Diocesano, foi fabricada em Caxias do Sul/RS no ano de 1885, pelo artista plástico conhecido como Stangherlin. O modelo foi o quadro em preto e branco, datado de 1724, com a imagem da santa que ocupava o altar da primeira capela. A imagem foi trazida a pé pelos imigrantes de Caxias do Sul e colocada no altar da nova igreja, construída em alvenaria.
A construção do atual Santuário de Caravaggio durou exatamente 18 anos (1945 – 1963). Imponente, com seu estilo romano e capacidade para 2 mil pessoas, uma das características mais marcantes da construção está nos grandes ambientes e na iluminação que preenche as salas do santuário.
Conforme definição das Irmãs Scalabrinianas, responsáveis pela assistência aos peregrinos e liturgia, “os espaços vazios são preenchidos pela fé dos milhares de fiéis que visitam o Santuário anualmente”. Segundo elas, a crença em Nossa Senhora de Caravaggio aumenta a cada ano. “O povo manifesta o seu carinho e devoção a Nossa Senhora em pequenos gestos, pequenas homenagens”. A grande quantidade de flores que constantemente são encontradas circundando o altar, são provas das afirmações.
A administração do Santuário Diocesano mantém diariamente um sacerdote no atendimento dos fiéis e missas diárias. Na estrutura, seis salas de confissão e uma para orientação. E mais, posto de informações e de intenções de missas. Dentro, existe uma fonte de água (lembrando a Aparição de Nossa Senhora), benta em 26 de setembro de 1985.


Fonte: caravaggio.org.br

Como Maria pode ouvir as nossas preces?

Algumas pessoas perguntam como a Virgem Maria, e também os santos, podem ouvir as nossas orações, de tantas pessoas ao mesmo tempo, no mundo todo, e atender a todos simultaneamente. Será que ela é como Deus, onipotente ou onisciente?
Não. Nada disso. Nossa Senhora não tem esses atributos divinos, mas acontece que ela e os santos estão em comunhão com Deus, então, participam desses dons divinos, mesmo sem tê-los naturalmente. Participam deles pela graça. Como assim? É através de Deus, com quem estão em comunhão plena, que eles ficam sabendo de nossos pedidos. Para Deus nada é impossível.
Outra coisa que é preciso entender é que na eternidade não há mais o tempo como aqui nesta vida terrena. Aqui tudo depende do tempo. Na eternidade não existe o tempo. É por isso que um teólogo – Karl Ranner – disse que “Deus é um instante que não passa”.Para Deus não há passado, presente e futuro, como para nós; para Ele tudo é só presente. O tempo faz existir o passado e o futuro; mas quando ele não existe, há só presente.
Isto significa que, em Deus, Nossa Senhora e os santos,  não precisam de tempo para atender muitas pessoas que lhes pedem ajuda ao mesmo tempo. Aqui na terra, se você quiser atender, por exemplo, dez pessoas, com dez minutos para cada uma, vai precisar de cem minutos; mas na eternidade isso não é necessário porque não existe o tempo. Todos são atendidos no mesmo instante, algo que equivale a gastar na terra os cem minutos.

Mesmo aqui na terra o tempo é relativo. O Dr. Albert Einstein, Prêmio Nobel de Física, mostrou com a “Teoria da Relatividade” que o tempo de duração de um fenômeno, e também o espaço que ocupa, dependem da velocidade do objeto observado. Por exemplo, uma régua de 20 cm, parada, se for medida com uma velocidade próxima da luz (0,99 da velocidade da luz) terá seu tamanho apenas de 18,9 cm, ocupa menos espaço. Einstein mostrou também, no “paradoxo dos gêmeos” que se dois irmão gêmeos partirem para uma viagem ao redor da terra, um com velocidade normal, e outro com velocidade próxima da luz (0.99 c), quando ambos voltarem, o gêmeo que viajou com velocidade próxima da luz, chegará com menos idade que seu irmão; isto é, mais novo.
Ora, se o tempo é algo relativo já nesta vida; na outra é completamente diferente da nossa realidade. Isto explica um pouco como os Santos e a  Virgem Maria podem atender os pedidos de todos, sem a dificuldade do tempo e do espaço, e sem precisarem ter os atributos de Deus. Quem lá chegar verá.
Prof. Felipe Aquino

Via: Cléofas 

26/05 – São Filipe Néri

Antes de morrer, octogenário, Filipe Néri queimou os manuscritos dos seus livros guardados na gaveta. Muito tempo antes, aos 24 anos de idade, havia feito um pacote de todos os livros que então possuía (exceto a Bíblia e a Suma Teológica de S. Tomás) e os levara para vender na praça distribuindo depois o dinheiro obtido aos pobres. Desde aquele instante somente Deus haveria de ocupar seus pensamentos e coração. “Se quisermos nos dedicar inteiramente ao nosso próximo – repetia – não devemos reservar a nós mesmos nem tempo nem espaço.” Filipe Néri recolheu consigo os meninos turbulentos dos subúrbios romanos e os educava divertindo-os. A quem se queixava do barulho que faziam, respondia: “Contanto que não pratiquem o mal, ficaria satisfeito até se me quebrassem paus na cabeça.” Para ajudar os mais necessitados não hesitava em pedir esmolas nas estradas. Um dia, um indivíduo sentindo-se importunado, deu-lhe um soco. “Este é para mim – foi a resposta sorridente do santo – agora me dê algum dinheiro para os meus meninos.”
Em pleno clima de reforma e conta-reforma, o santo expressou sua opinião a respeito, com uma frase muito eficaz: “É possível restaurar com a santidade, e não restaurar a santidade com as instituições.”
Filipe nasceu em Florença em 1515. Vivaz, alegre e otimista por temperamento (tanto que mereceu o apelido de Pipo, o bom), tentou várias profissões, entre as quais a de comerciante em S. Germano, perto de Cassino, aos dezoito anos. Estudante em Roma, abandonou os estudos vendendo os livros para dedicar-se totalmente a atividades beneficentes. Ordenado padre aos 36 anos, criou pouco depois o Oratório, uma congregação religiosa de padres, empenhados de modo particular na educação dos jovens.
Sem parecer, Filipe tinha uma sólida cultura: promoveu os estudos de história eclesiástica, encaminhando a esta disciplina um dos seus sacerdotes, Barônio. Depois dos 75 anos de idade limitou sua atividade ao confessionário e à direção espiritual. Possuía o segredo da simpatia e da amizade. Sobre o leito de morte sentia-se culpado ao pensar que estava deitado numa caminha macia e limpa, enquanto Cristo morreu pregado na cruz. Após a morte, a 26 de maio de 1595, os médicos averiguaram sobre seu tórax, uma esquisita curva das costelas, como a dar espaço maior ao grande coração do apóstolo de Roma.


Cléofas 

25 de mai. de 2017

trabalho na Igreja é por amor a Deus ou por vaidade

Uma reflexão curtinha e fantástica: Santo Afonso Maria de Ligório vai direto ao nosso coração

Primeiro: quem age só para Deus não se perturba em caso de fracasso, porque Deus não querendo, ele também não quer.
Segundo: alegra-se com o bem que os outros fazem, como se ele mesmo o tivesse feito.
Terceiro: sem preferências para trabalhos, aceita de boa vontade o que a obediência lhe pede.
Quarto: tendo cumprido o seu dever, não fica à espera de louvores nem aprovações dos outros. Por isso, não fica triste se o criticam ou desaprovam, alegrando-se somente em ter contentando a Deus. Se, por acaso, recebe qualquer elogio do mundo, não se envaidece, mas afasta a vanglória, dizendo-lhe: Segue o teu caminho, chegaste tarde porque o meu trabalho já está dado todo a Deus.
(Santo Afonso Maria de Ligório, em “A Prática do amor a Jesus Cristo”)

Via: Aleteia 

Importância do Catecismo

CIC O Catecismo da Igreja Católica é um instrumento precioso “que ajuda a aprofundar o conhecimento da fé. Representa um válido e seguro instrumento para os presbíteros na sua formação permanente e na pregação; para os catequistas, na sua preparação remota e próxima para o serviço da Palavra; para as famílias, no seu caminho de crescimento rumo ao pleno exercício das potencialidades ínsitas no sacramento do matrimônio; para os teólogos, que poderão encontrar uma autorizada referência doutrinal para a sua incansável investigação. Apresenta-se, enfim, como precioso subsídio para a atualização sistemática daqueles que trabalham nos múltiplos campos da ação eclesial (Discurso do Papa João Paulo II, 8 de setembro de 1997).

Mesmo os não pertencentes à Igreja têm aí o autêntico ensinamento de Cristo. Isso facilita o discernimento entre a doutrina sã e as elucubrações de indivíduos que acobertam suas interpretações pessoais e errôneas sob o nome de “católicos”. O conteúdo do Catecismo é a aplicação da Revelação divina à vida de cada um. Ele nasce da Palavra de Deus contida na Sagrada Escritura e na Tradição e, estudado, ilumina nossos passos.

Foi o resultado de anos de atividade em que, sob a presidência do então cardeal Josef Ratzinger, na época Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, uma comissão de teólogos das várias partes do mundo trabalhou intensamente. O texto foi submetido à apreciação do episcopado da Igreja inteira, recebendo então poucos retoques, sendo aprovado em junho de 1992 pelo Papa João Paulo II.

A obra se dispõe harmonicamente em quatro partes: 1) A Fé professada (Credo); 2) A fé celebrada (a Liturgia); 3) A Fé vivenciada (a Moral); 4) A Fé feita oração e o Pai-Nosso. A leitura do texto é fácil e agradável. Está longe de ser uma cartilha inovadora de pecados.

Somos bombardeados, em nossa época, por uma variedade de conceitos, propostas e ideias as mais diversas e contraditórias. Em meio a esse vozerio, onde está o certo? Como diferenciá-lo do errado? Como agir? Para que houvesse uma solução a cada problema e em todas as circunstâncias, veio Cristo nos ensinar. Sua doutrina está consignada nos Livros Sagrados e na Tradição, ambos confiados ao Magistério vivo.

Como a verdade é eterna, essas diretrizes são perenes. Ocorre que, ao passar dos anos, surgem novas realidades, que pedem uma orientação de acordo com o doutrinamento do Senhor Jesus. Para isso, a Igreja acompanha o gênero humano em suas interrogações e lhe proporciona a informação solicitada. E o faz com a garantia que lhe deu o Mestre: “Quem vos ouve, a mim ouve” (Lc 10,16).

Acresce a necessidade de ter, com presteza, o atendimento às nossas inquietações e perguntas.

Para tudo isso têm sido, desde o início da Igreja, preparados escritos que solucionem essas carências. No início da Igreja houve obras com essa finalidade. A Didaqué, no século I, é um exemplo. Tivemos um célebre Catecismo, que atravessou séculos e nele aprendemos em nossa infância a Doutrina de Jesus. Foi o Catecismo chamado “do Concílio de Trento” ou “de São Pio V”. Hoje, eis que temos o Catecismo da Igreja Católica, continuação do anterior, atualizado em suas respostas aos problemas novos à luz do Vaticano II. No entanto, nada de essencial é alterado.

O homem moderno, enfrentando as mudanças frequentes, tem nesse livro precioso o caminho certo. Para encontrá-lo, basta buscá-lo nessa obra. Aí está, de maneira sistemática, compreensível e integral.

O Catecismo nasce da Bíblia e da Tradição. Ao mesmo tempo, leva a elas seu leitor. Todo o texto torna mais claros e ordenados os assuntos. Há um índice remissivo que facilita a procura de temas e questões.

Sem dúvida, é importante ter em casa, na mesa de trabalho, a Bíblia, que contém a Palavra de Deus. Igualmente o Catecismo da Igreja Católica. Urge, no entanto, estudar mais o conteúdo desse livro. Obviamente, antes de tudo, está a leitura diária e piedosa da Sagrada Escritura. O Catecismo da Igreja Católica nos é proposto não tanto para termos a posse de um exemplar, mas com o objetivo de nos fazer aprender e praticar seus ensinamentos, considerando as diretrizes que nos dá.

Cada ser humano tem necessidade de adquirir conhecimentos, inclusive no campo religioso. O nível das lições é diverso. Como crianças, temos uma compreensão muito elementar. Ao passar dos anos, as exigências de maior conhecimento de nossa Fé se avolumam. São outras interrogações, que exigem respostas convincentes. Em todos há algo de comum: a dimensão eterna da vida humana. O destino futuro, após a morte, dependerá de nossos atos hoje e a eles condicionados. Isso nos mostra nitidamente a importância do estudo do Catecismo, que nos proporciona a orientação de cada ato de nossa existência. Vê-se assim, claramente, como essa obra está intimamente relacionada com nosso presente e o futuro.

Diz-se muitas vezes que o mundo se distanciou de Deus. A verdade é que, em nossos dias, cresce a fome do Sagrado. Vivamos, pois, segundo a Doutrina de Jesus, e tenhamos no Catecismo um tesouro para nossas vidas.


Fonte:
http://www.comshalom.org/

Natividade de São João Batista: o maior dos profetas

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