29 de abr. de 2017

Papa na Missa: único extremismo permitido aos crentes é o da caridade

29/04/2017


No segundo dia da sua visita apostólica ao Egipto o Papa Francisco celebrou a Missa no Estádio da Aeronáutica Militar do Cairo e na homilia, falando dos dois discípulos de Emaús que deixaram Jerusalém, resumiu o Evangelho do dia em três palavras: morte, ressurreição e vida.
Na Morte estão representados os dois discípulos que voltam à sua vida quotidiana, repletos de desânimo e desilusão – disse Francisco – porque o Mestre morreu e se sentiam desorientados, enganados e desiludidos, sem saberem que, na realidade, eram eles os mortos no sepulcro da sua limitada compreensão, disse o Papa:
“Quantas vezes o homem se autoparalisa, recusando-se a superar a sua ideia de Deus, um deus criado à imagem e semelhança do homem! Quantas vezes se desespera, recusando-se a crer que a omnipotência de Deus não é omnipotência de força, de autoridade, mas é apenas omnipotência de amor, de perdão e de vida!”
Mas os discípulos reconheceram Jesus no ato de «partir o pão», na Eucaristia – prosseguiu Francisco, sublinhando que também nós, se não deixarmos romper o endurecimento do nosso coração e dos nossos preconceitos, nunca poderemos reconhecer o rosto de Deus.
Em seguida Francisco falou da Ressurreição ressaltando que o Ressuscitado fez ressurgir os dois discípulos do túmulo da sua incredulidade e tristeza e acharam o sentido da aparente derrota da Cruz. Nós também não podemos encontrar Deus, sem crucificar primeiro as nossas ideias limitadas dum deus que reflecte a nossa limitada compreensão da omnipotência e do poder.
A seguir Francisco falou da Vida. O encontro com Jesus ressuscitado transformou a vida dos dois discípulos, disse o papa, porque encontrar o Ressuscitado transforma toda a vida e torna fecunda qualquer esterilidade. Os discípulos de Emaús compreenderam isto e voltaram a Jerusalém para partilhar com os outros a sua experiência, observou ainda Francisco:
“A experiência dos discípulos de Emaús ensina-nos que não vale a pena encher os lugares de culto, se os nossos corações estiverem vazios do temor de Deus e da sua presença; não vale a pena rezar, se a nossa oração dirigida a Deus não se transformar em amor dirigido ao irmão; não vale a pena ter muita religiosidade, se não for animada por muita fé e muita caridade; não vale a pena cuidar da aparência, porque Deus vê a alma e o coração e detesta a hipocrisia. Para Deus, é melhor não acreditar do que ser um falso crente, um hipócrita!”
E o Papa fez breve síntese da verdadeira fé ressaltando que Deus só aprecia a fé professada com a vida, e que o único extremismo permitido aos crentes é o da caridade, e qualquer outro extremismo não provém de Deus nem Lhe agrada:
“A fé verdadeira é a que nos torna mais caridosos, mais misericordiosos, mais honestos e mais humanos; é a que anima os corações levando-os a amar a todos gratuitamente, sem distinção nem preferências; é a que nos leva a ver no outro, não um inimigo a vencer, mas um irmão a amar, servir e ajudar; é a que nos leva a espalhar, defender e viver a cultura do encontro, do diálogo, do respeito e da fraternidade; é a que nos leva a ter a coragem de perdoar a quem nos ofende, a dar uma mão a quem caiu, a vestir o nu, a alimentar o faminto, a visitar o preso, a ajudar o órfão, a dar de beber ao sedento, a socorrer o idoso e o necessitado. A verdadeira fé é a que nos leva a proteger os direitos dos outros, com a mesma força e o mesmo entusiasmo com que defendemos os nossos”.
E Francisco terminou convidando os presentes a voltar à sua Jerusalém, como os discípulos de Emaús, isto é, à sua vida diária, suas famílias, seu trabalho e sua amada pátria, cheios de alegria, coragem e fé, sem medo de amar a todos, amigos e inimigos.
Que a Virgem Maria e a Sagrada Família, que viveram nesta terra abençoada, iluminem os nossos corações e vos abençoem a vós e ao amado Egipto que, ao longo da história, deu muitos mártires e uma longa série de Santos e Santas! – concluiu Francisco. (BS)
Rádio Vaticano 

Papa Francisco e o Papa Tawadros II assinam Declaração Conjunta

29/04/2017



No final da visita de cortesia do Papa Francisco ao Papa Copto-Ortodoxo, Tawadros II, ambos assinaram uma Declaração conjunta que marca uma nova etapa na aproximação entre a Igreja copto-ortodoxa e a Igreja católica. Um dos pontos principais desta Declaração é o reconhecimento mútuo do Baptismo. As duas Igrejas renunciam oficialmente à possibilidade de um segundo baptismo em caso de um católico se tornar ortodoxo, ou vice-versa. 
Eis aqui o texto integral da Declaração. 
***
DECLARAÇÃO COMUM
DE SUA SANTIDADE FRANCISCO
E DE SUA SANTIDADE TAWADROS II
 (Cairo: Patriarcado, 28 de abril de 2017)
1.         Nós, Francisco, Bispo de Roma e Papa da Igreja Católica, e Tawadros II, Papa de Alexandria e Patriarca da Sé de São Marcos, no Espírito Santo damos graças a Deus por nos ter concedido a feliz oportunidade de nos encontrarmos mais uma vez, trocarmos o abraço fraterno e juntarmo-nos novamente em oração comum. Damos glória ao Todo-Poderoso pelos laços de fraternidade e amizade existentes entre a Sé de São Pedro e a Sé de São Marcos. O privilégio de estar juntos aqui no Egito é um sinal de que a solidez do nosso relacionamento tem aumentado de ano para ano e de que estamos a crescer na proximidade, na fé e no amor de Cristo nosso Senhor. Damos graças a Deus pelo amado Egito, «terra natal que vive dentro de nós», como costumava dizer Sua Santidade Papa Shenouda III, «povo abençoado pelo Senhor» (cf. Is 19, 25) com a sua antiga civilização dos Faraós, a herança grega e romana, a tradição copta e a presença islâmica. O Egito é o lugar onde a Sagrada Família encontrou refúgio, é terra de mártires e santos.
2.         O nosso vínculo profundo de amizade e fraternidade tem a sua origem na plena comunhão que existia entre as nossas Igrejas nos primeiros séculos tendo-se expressado de várias maneiras nos primeiros Concílios Ecuménicos, a começar pelo Concílio de Nicéia em 325 e a contribuição de Santo Atanásio, corajoso Padre da Igreja que mereceu o título de «Protetor da Fé». A nossa comunhão manifestava-se através da oração e práticas litúrgicas semelhantes, da veneração dos mesmos mártires e santos, e no fomento e difusão do monaquismo, seguindo o exemplo do grande Santo Antão, conhecido como o pai de todos os monges.
Esta experiência comum de comunhão, anterior ao tempo de separação, assume um significado especial na nossa busca atual do restabelecimento da plena comunhão. A maior parte das relações que existiam nos primeiros séculos continuaram, apesar das divisões, entre a Igreja Católica e a Igreja Copta Ortodoxa até ao dia de hoje e recentemente foram mesmo revitalizadas. Estas desafiam-nos a intensificar os nossos esforços comuns, perseverando na busca duma unidade visível na diversidade, sob a guia do Espírito Santo.
3.         Recordamos, com gratidão, o encontro histórico de há quarenta e quatro anos entre os nossos predecessores Papa Paulo VI e Papa Shenouda III, aquele abraço de paz e fraternidade depois de muitos séculos em que os nossos vínculos mútuos de amor não tiveram possibilidade de se expressar devido à distância que se criara entre nós. A Declaração Comum, que eles assinaram em 10 de maio de 1973, representou um marco no caminho ecuménico e serviu como ponto de partida para a instituição da Comissão de Diálogo Teológico entre as nossas duas Igrejas, que produziu muito fruto e abriu o caminho para um diálogo mais amplo entre a Igreja Católica e toda a família das Igrejas Ortodoxas Orientais. Naquela Declaração, as nossas Igrejas reconheceram que, no sulco da tradição apostólica, professam «uma só fé no Deus Uno e Trino» e «a divindade do Unigénito Filho de Deus (...) perfeito Deus, quanto à sua divindade, e perfeito homem quanto à sua humanidade». Reconheceu-se também que «a vida divina é-nos dada e alimentada em nós pelos sete sacramentos» e que «veneramos a Virgem Maria, Mãe da verdadeira Luz», a «Theotókos».

4.         Com profunda gratidão, recordamos o encontro fraterno que nós próprios tivemos em Roma, a 10 de maio de 2013, e a instituição do dia 10 de maio como jornada anual em que aprofundamos a amizade e a fraternidade entre as nossas Igrejas. Este renovado espírito de proximidade permitiu-nos discernir ainda melhor como o vínculo que nos une foi recebido de nosso único Senhor no dia do Batismo. Com efeito, é através do Batismo que nos tornamos membros do único Corpo de Cristo que é a Igreja (cf. 1 Cor 12, 13). Esta herança comum é a base da peregrinação que juntos realizamos rumo à plena comunhão, crescendo no amor e na reconciliação.
5.         Conscientes de que ainda há tanto caminho a fazer nesta peregrinação, recordamos o muito que já foi alcançado. Em particular, lembramos o encontro entre Papa Shenouda III e São João Paulo II, que veio como peregrino ao Egito durante o Grande Jubileu do ano 2000. Estamos determinados a seguir os seus passos, movidos pelo amor de Cristo Bom Pastor, na convicção profunda de que, caminhando juntos, crescemos em unidade. Para isso auferimos a força de Deus, fonte perfeita de comunhão e de amor.
6.         Este amor encontra a sua expressão mais alta na oração comum. Quando os cristãos rezam juntos, chegam a compreender que aquilo que os une é muito maior do que aquilo que os divide. O nosso desejo ardente de unidade encontra inspiração na oração de Cristo «para que todos sejam um só» (Jo 17, 21). Para isso aprofundemos as raízes que compartilhamos na única fé apostólica, rezando juntos e procurando traduções comuns do Pai Nosso e uma data comum para a celebração da Páscoa.
7.         Enquanto caminhamos para o dia abençoado em que finalmente nos reuniremos à mesma Mesa Eucarística, podemos colaborar em muitas áreas e tornar tangível a grande riqueza que já temos em comum. Podemos testemunhar juntos certos valores fundamentais como a sacralidade e dignidade da vida humana, a sacralidade do matrimónio e da família, e o respeito por toda a criação, que Deus nos confiou. Não obstante a multiplicidade de desafios contemporâneos, como a secularização e a globalização da indiferença, somos chamados a oferecer uma resposta compartilhada baseada nos valores do Evangelho e nos tesouros das nossas respetivas tradições. Nesta linha, somos encorajados a aprofundar o estudo dos Padres Orientais e Latinos e promover um frutuoso intercâmbio na vida pastoral, especialmente na catequese e num mútuo enriquecimento espiritual entre comunidades monásticas e religiosas.
8.         O testemunho cristão que compartilhamos é um sinal providencial de reconciliação e esperança para a sociedade egípcia e suas instituições, uma semente semeada para frutificar na justiça e na paz. Uma vez que acreditamos que todos os seres humanos são criados à imagem de Deus, esforcemo-nos por promover a tranquilidade e a concórdia através duma coexistência pacífica entre cristãos e muçulmanos, testemunhando assim que Deus deseja a unidade e a harmonia de toda a família humana e a igual dignidade de cada ser humano. Temos a peito a prosperidade e o futuro do Egito. Todos os membros da sociedade têm o direito e o dever de participar plenamente na vida do país, gozando de plena e igual cidadania e colaborando para construir a sua nação. A liberdade religiosa, que engloba a liberdade de consciência e está enraizada na dignidade da pessoa, é a pedra angular de todas as outras liberdades. É um direito sagrado e inalienável.
9.         Intensifiquemos a nossa oração incessante por todos os cristãos no Egito e em todo o mundo, especialmente no Médio Oriente. Alguns acontecimentos trágicos e o sangue derramado pelos nossos fiéis, perseguidos e mortos unicamente pelo motivo de ser cristãos, recordam-nos ainda mais que o ecumenismo dos mártires nos une e encoraja no caminho da paz e da reconciliação. Pois, como escreve São Paulo, «se um membro sofre, com ele sofrem todos os membros» (1 Cor 12, 26).
10.       O mistério de Jesus, que morreu e ressuscitou por amor, situa-se no coração do nosso caminho para a plena unidade. Mais uma vez, os mártires são os nossos guias. Na Igreja primitiva, o sangue dos mártires foi semente de novos cristãos; assim também, em nossos dias, o sangue de tantos mártires seja semente de unidade entre todos os discípulos de Cristo, sinal e instrumento de comunhão e de paz para o mundo.
11.       Obedientes à ação do Espírito Santo, que santifica a Igreja, a sustenta ao longo dos séculos e conduz àquela unidade plena pela qual Cristo rezou,
hoje nós, Papa Francisco e Papa Tawadros II, para alegrar o coração do Senhor Jesus bem como os corações dos nossos filhos e filhas na fé, declaramos mutuamente que, com uma só mente e coração, procuraremos sinceramente não repetir o Batismo administrado numa das nossas Igrejas a alguém que deseje juntar-se à outra. Isto confessamos em obediência às Sagradas Escrituras e à fé expressa nos três Concílios Ecuménicos reunidos em Niceia, Constantinopla e Éfeso.
Pedimos a Deus nosso Pai que nos guie, nos tempos e modos que o Espírito Santo dispuser, para a unidade plena no Corpo místico de Cristo.
12.       Concluindo, deixemo-nos guiar pelos ensinamentos e o exemplo do apóstolo Paulo, que escreve: «[Esforçai-vos] por manter a unidade do Espírito, mediante o vínculo da paz. Há um só corpo e um só Espírito, assim como a vossa vocação vos chamou a uma só esperança; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, que reina sobre todos, age por todos e permanece em todos» (Ef 4, 3-6).
Rádio Vaticano 

Papa Francisco visitou a Igreja Copta de São Paulo, no Cairo

29/04/2017



A última etapa do primeiro dia da viagem do Papa Francisco ao Egipto foi a visita de cortesia ao seu homólogo da Igreja Copto-ortodoxa, Papa Tawadros II.
Nas palavras que proferiu (ver sector Vaticano), Francisco frisou que o sangue inocente dos mártires une os cristãos. É preciso opor-se à violência pregando o bem e fazendo juntos iniciativas de caridade.
Caríssimo irmão – disse, dirigindo-se ao Papa Tawadros II – tal como única é a Jerusalém celeste, único também é o nosso martirológio, e os vossos sofrimentos são também os nossos, o seu sangue inocente nos une. Reforçados pelo vosso testemunho, empenhemo-nos na oposição à violência, pregando e semeando o bem, fazendo crescer a concórdia e mantendo a unidade, pregando a fim de que tantos sacrifícios abram caminho a um futuro de plena comunhão entre nós e de paz para todos”.
No final do encontro, para além da assinatura duma importante Declaração comum, houve também uma troca de dons. Seguiu-se depois a procissão em direcção à vizinha Igreja de São Pedro e Paulo, atingida a 11 de Dezembro passado por um atentado suicida do Isis, e que ceifou a vida a 29 pessoas. No átrio Francisco prestou homenagem em frente do lugar que recorda as vítimas. Depois houve de uma oração ecumênica
  juntamente com outros chefes religiosos cristãos, tendo-se concluído com a deposição de uma coroa de flores e o acendimento de uma vela.
Já à noitinha o Papa transferiu-se para a Nunciatura Apostólica, onde foi acolhido por um grupo de crianças de uma Escola dos Missionários Combonianos do Cairo. Depois do jantar, o Papa abençoou um grupo de cerca de 300 jovens, reunidos na Praça em frente, vindos em peregrinação de vários partes do País para se encontrar com o Pontífice. 
(DA)

Rádio Vaticano 

Francisco ao Papa Copta: sangue inocente dos mártires nos une

29/04/2017 



O Papa Francisco encontrou o Primaz da mais consistente Igreja radicada num país árabe, o Patriarca Copta-ortodoxo Tawadros II de Alexandria, no final da tarde desta sexta-feira (28), no Cairo, um dos momentos mais aguardados do dia. Depois da audiência privada, no escritório da sede do Patriarcado, Francisco e Tawadros, junto a líderes de outras confissões cristãs, se reuniram em oração ecumênica
.
O abraço comum no Egipto foi dirigido às vítimas dos recentes ataques terroristas contra cristãos no país, inclusive àquelas que sofreram o atentado de dezembro de 2016, no Cairo. Na ocasião, 29 pessoas morreram vítimas de uma bomba que explodiu na capela de São Pedro, próxima do Patriarcado, no bairro cristão da capital.
No discurso desta tarde, o terceiro de cinco que serão feitos durante sua viagem apostólica ao Egipto, Francisco dirigiu-se ao “caríssimo irmão”, Tawadros II, o 118° Papa da Igreja Copta-Ortodoxa, falando em árabe: “O Senhor ressuscitou. Ressuscitou verdadeiramente”.
A primeira menção de Francisco foi à recente solenidade da Páscoa que, neste ano, foi celebrada em comunhão para “proclamar em uníssono o anúncio da Ressurreição".
Hoje, esta alegria pascal é enriquecida pelo dom de adorarmos, juntos, o Ressuscitado na oração e, por trocarmos novamente, em seu nome, o ósculo santo e o abraço de paz. Sinto-me muito grato por isso: ao chegar aqui como peregrino, tinha a certeza de receber a bênção de um Irmão que me esperava.
O Papa lembrou, então, do primeiro encontro com Tawadros, em Roma, logo depois da eleição de Francisco em 10 de maio de 2013. A data simbólica de um “caminho ecuménico” acabou sendo instituída como o Dia da Amizade Copta-Católica. A própria Declaração Comum assinada por Paulo VI e Amba Shenouda III há mais de 40 anos, em 10 de maio de 1973, acrescentou o Pontífice, também foi um marco nas relações entre a Sé de Pedro e a de Marcos na proclamação do “domínio de Jesus: juntos, confessamos que pertencemos a Jesus e que Ele é o nosso tudo”.
Naquele dia, depois de “séculos de história difícil”, em que “surgiram diferenças teológicas, que foram alimentadas e acentuadas por factores de carácter não-teológico” e por uma difidência cada vez mais generalizada nas relações, com a ajuda de Deus chegou-se a reconhecer, juntos, que Cristo é “perfeito Deus, quanto à sua divindade, e perfeito homem, quanto à sua humanidade” (Declaração Comum, assinada pelo Santo Padre Paulo VI e por Sua Santidade Amba Shenouda III, 10 de maio 1973).
Na exortação de que “não se pode pensar em avançar cada um pela sua estrada, porque trairíamos a vontade de Jesus”, Papa Francisco fez menção a João Paulo II. Durante o Encontro Ecumênico de fevereiro de 2000, Wojtyla motivou a não se perder mais tempo com esse propósito.
Já não podemos nos esconder atrás de desculpas de divergências de interpretação, nem atrás de séculos de história e tradições que nos tornaram estranhos. [...] Nesse sentido, não há só um ecumenismo feito de gestos, palavras e compromisso, mas uma comunhão já efetiva, que cresce dia a dia no relacionamento vivo com o Senhor Jesus, está enraizada na fé professada e funda-se realmente no nosso Baptismo, em sermos n’Ele “novas criaturas” (cf. 2 Cor 5, 17): em suma, “um só Senhor, uma só fé, um só Baptismo” (Ef 4, 5).
Na “construção da comunhão” com o testemunho diário de “levar a fé ao mundo”, Papa Francisco afirmou que “o Espírito não deixará de abrir caminhos providenciais e inesperados de unidade”. Com esse “espírito apostólico construtivo”, segundo o Pontífice, “possam coptas-ortodoxos e católicos falarem juntos, sempre mais, essa língua comum da caridade”.
O Papa Francisco, então, se disse novamente agradecido pela “atenção genuína e fraterna” de Tawadros para com a Igreja Copta-Católica, tanto através do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs como do 13° Encontro da Comissão Mista Internacional para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas Orientais.
Dando continuidade à expressão da Sagrada Escritura entre as Sés de Marcos e de Pedro, o Pontífice também falou sobre “os laços fraternos do Evangelista e a sua atividade apostólica com São Paulo” ao se referir às origens que geram uma mensagem de “caridade fraterna e comunhão de missão”.
O amadurecimento do nosso caminho ecumênico é sustentado, de modo misterioso e muito actual, também por um verdadeiro e próprio ecumenismo do sangue. São João escreve que Jesus veio “com água e com sangue” (1 Jo 5, 6); quem acredita n’Ele, assim “vence o mundo” (1 Jo 5, 5). Com água e sangue: vivendo uma vida nova no nosso Baptismo comum, uma vida de amor incessante e por todos, mesmo à custa do sacrifício do sangue. Desde os primeiros séculos do cristianismo, nesta terra, quantos mártires viveram a fé heroicamente e até ao extremo, preferindo derramar o sangue que negar o Senhor e ceder às adulações do mal ou mesmo só à tentação de responder ao mal com o mal! [...] Trabalhemos por nos opor à violência, pregando e semeando o bem, fazendo crescer a concórdia e mantendo a unidade, rezando a fim de que tantos sacrifícios abram o caminho para um futuro de plena comunhão entre nós e de paz para todos.
Além da história de santidade no Egipto testemunhada pelo sacrifício dos mártires, o Papa Francisco lembrou de uma nova forma de vida logo que terminaram as perseguições antigas que, “doada ao Senhor, nada retinha para si: no deserto, começou o monaquismo”, disse o Pontífice.
Com veneração a esse patrimônio comum, concluiu o Papa Francisco em seu discurso a Tawadros II: que “o Senhor nos conceda a graça de recomeçar hoje, juntos, como peregrinos de comunhão e arautos de paz”. (BS/AC)

Rádio Vaticano 

29/4 – Santa Catarina de Sena

Neste dia, celebramos a vida de uma das mulheres que marcaram profundamente a história da Igreja: Santa Catarina de Sena. Reconhecida como Doutora da Igreja, era de uma enorme e pobre família de Sena, na Itália, onde nasceu em 1347.
Voltada à oração, ao silêncio e à penitência, não se consagrou em uma congregação, mas continuou, no seu cotidiano dos serviços domésticos, a servir a Cristo e Sua Igreja, já que tudo o que fazia, oferecia pela salvação das almas. Através de cartas às autoridades, embora analfabeta e de frágil constituição física, conseguia mover homens para a reconciliação e paz como um gigante.
Dotada de dons místicos, recebeu espiritual e realmente as chagas do Cristo; além de manter uma profunda comunhão com Deus Pai, por meio da qual teve origem sua obra: “O Diálogo”. Comungando também com a situação dos seus, ajudou-o em muito, socorrendo o povo italiano, que sofria com uma peste mortífera e com igual amor socorreu a Igreja que, com dois Papas, sofria cisão, até que Catarina, santamente, movimentou os céus e a terra, conseguindo banir toda confusão. Morreu no ano de 1380, repetindo: “Se morrer, sabeis que morro de paixão pela Igreja”.
Santa Catarina de Sena, rogai por nós!


Cléofas 

Catarina de Sena e as lágrimas pela Igreja


catarina de sena

Santa Catarina de Sena viveu no século XIV e foi proclamada doutora da Igreja por Paulo VI a declarou doutora da Igreja em 1970. A época em que viveu foi difícil para a vida da Igreja e de todo o tecido social, tanto na Itália como na Europa. Entretanto, o Senhor suscita santos e desperta o povo para a verdadeira conversão. A sensibilidade e o amor em atos pela Igreja e seus filhos são fortes características da vida de Catarina. Confira trecho da audiência de Bento XVI, de 2010, sobre a santa:
“Outra característica da espiritualidade de Catarina está vinculada ao dom das lágrimas. Elas exprimem uma sensibilidade sublime e profunda, uma capacidade de comoção e de ternura. Não poucos Santos tiveram o dom das lágrimas, renovando a emoção do próprio Jesus, que não impediu nem escondeu o seu pranto diante do sepulcro do amigo Lázaro e do sofrimento de Maria e de Marta, e da visão de Jerusalém nos seus últimos dias terrenos. Segundo Catarina, as lágrimas dos Santos misturam-se com o Sangue de Cristo, do qual ela falava com tonalidades vibrantes e imagens simbólicas muito eficazes: «Recordai Cristo crucificado, Deus e homem (…). Ponde-vos como objectivo Cristo crucificado, escondei-vos nas chagas de Cristo crucificado, afogai-vos no sangue de Cristo crucificado» (Epistolário, Carta n. 21: A alguém sobre cujo nome não se pronuncia).
Aqui podemos compreender por que motivo Catarina, embora estivesse consciente das faltas humanas dos sacerdotes, sempre teve uma grandíssima reverência por eles: eles dispensam, através dos Sacramentos e da Palavra, a força salvífica do Sangue de Cristo. A Santa de Sena convidava sempre os ministros sagrados, até o Papa, a quem chamava «doce Cristo na terra», a serem fiéis às suas responsabilidades, impelida sempre e unicamente pelo seu amor profundo e constante pela Igreja. Antes de morrer, ela disse: «Partindo do corpo eu, na verdade consumi e entreguei a minha vida na Igreja e pela Santa Igreja, o que é para mim uma graça extremamente singular» (Raimundo de Cápua, Santa Catarina de Sena, Legenda maior, n. 363).
Portanto, de Santa Catarina nós aprendemos a ciência mais sublime: conhecer e amar Jesus Cristo e a sua Igreja. No Diálogo da Providência Divina ela, com uma imagem singular, descreve Cristo como uma ponte lançada entre o céu e a terra. Ela é formada por três grandes escadas, constituídas pelos pés, pelo lado e pela boca de Jesus. Elevando-se através destas grandes escadas, a alma passa pelas três etapas de cada caminho de santificação: o afastamento do pecado, a prática da virtude e do amor, a união dócil e afectuosa com Deus.
Caros irmãos e irmãs, aprendamos de Santa Catarina a amar com coragem, de maneira intensa e sincera, Cristo e a Igreja. Por isso, façamos nossas as palavras de Santa Catarina, que podemos ler no Diálogo da Providência Divina, na conclusão do capítulo que fala de Cristo-ponte: «Por misericórdia Vós lavastes-nos no Sangue e por misericórdia desejastes dialogar com as criaturas. Ó Louco de amor! Não vos foi suficiente encarnar, mas também quisestes morrer! (…) Ó misericórdia! O meu coração ofega-me quando penso em Vós: para onde eu me dirija a pensar, mais não encontro do que misericórdia» (cap. 30, págs. 79-80)”
(Trecho da audiência disponível em vatican.va)

28 de abr. de 2017

Egipto, terra de civilização e de alianças - Papa em Al-Azhar

28/04/2017 




O Papa exprimiu alegria e agradeceu ao Grande Imã por ter pensado e organizado essa conferência e por lhe ter convidado a tomar parte nela.
Francisco articulou a sua intervenção em dois eixos de pensamentos traídos da “gloriosa história” do Egipto que ao longo dos séculos – disse - se mostrou ao mundo como terra de civilização e de alianças.
No que toca ao primeiro ponto – terra de civilização – Francisco evocou o inestimável património cultural do Egipto em todos os domínios do saber para depois afirmar que “a procura do saber e o valor da instrução foram escolhas fecundas de desenvolvimento empreendidas pelos antigos habitantes desta terra”.
E ao lado da educação e da instrução, que devem ser valorizadas também hoje, Francisco sublinhou a necessidade da escolha de paz e para a paz para o futuro, pois que não haverá paz sem uma educação adequada para as novas gerações. Uma educação que tenha em conta a natureza do homem, a sua relação com o Transcendente e com o outro e que ultrapasse as tentações de rigidez e fechamentos em si próprios. Uma educação que leve a uma sapiência aberta e em movimento, humilde e indagadora; que sabe valorizar o passado e pô-lo em diálogo com o presente, sem renunciar a uma adequada hermenêutica. Uma sapiência que recusa a violência, o medo do outro e põe no centro a dignidade do homem.
O Papa recorda que somos sempre chamados a percorrer o  caminho do diálogo, especialmente o dialogo inter-religioso. Nisto enaltece o exemplo concreto e encorajador do trabalho desenvolvido pelo Comité misto para o Dialogo entre o Conselho Pontifício para o Dialogo Inter-religioso e o Comité Al-Azhar para o Dialogo. E dá três indicações fundamentais que, a seu ver, se bem conjugadas podem ajudar no diálogo:
O dever de identidade, a coragem da alteridade e a sinceridade das intenções
Francisco explicou depois o sentido de cada uma destas indicações e acabou por dizer:
Educar à abertura respeitosa e ao dialogo sincero com o outro, reconhecendo os direitos e as liberdades fundamentais, especialmente a religiosa, constitui o melhor caminho para edificar juntos o futuro, para ser construtores de civilização, porque a única via à civilização do encontro é a incivilização do recontro. E para contrastar realmente a barbárie de quem sopra no ódio e incita à violência, ocorre acompanhar e fazer amadurecer gerações que respondam à logica incendiária do mal com o paciente crescimento do bem: jovens que, como árvores bem plantadas, sejam enraizados no terreno da história e, crescendo em direcção ao Alto e ao lado dos outros, transformem cada dia o ar poluído do ódio no oxigénio da fraternidade”.
Um desafio de civilização tão urgente como a que todos - cristãos, muçulmanos e todos os crentes – estamos chamados a dar o nosso contributo, pois que todos vivemos sob o sol de um único Deus misericordioso.
Neste sentido nos podemos chamar irmãos e irmãs, porque sem Deus a vida do homem seria como o céu sem o sol”.
E invocou a intercessão de São Francisco e São e o Sultão Malik Al Kamil, que há 800 anos se encontraram em terras de Egipto, para que o sol de uma renovada fraternidade em nome de Deus surja de novo e brote desta terra, beijada pelo sol, a aurora de uma civilização da paz e do encontro.
Mas, o Egipto não é apenas a terra onde surgiu o sol da sapiência. A luz policromática das religiões iluminou esta terra – disse o Papa ao introduzir o segundo eixo do seu pensamento, traído da “gloriosa história do país”: a aliança. Enalteceu o enriquecimento recíproco que no passado as diversas religiões do país representaram. Sem se misturarem, souberam, todavia, aliar-se para o bem nacional. Alianças como essas são hoje necessárias e urgentes – disse Francisco que utilizou o símbolo do “Monte da Aliança” que se ergue precisamente no Egipto e recorda antes de mais que “uma autentica aliança na terra não pode prescindir do Céu, que a humanidade não pode propor encontrar-se em paz excluindo Deus do horizonte, e não pode sequer subir ao monte para se apoderar de Deus”.
Hoje existe o perigo de a religião ser absorvida pela gestão de negócios temporais e tentada pelas lisonjas do poder mundano que, na realidade, a instrumentalizam. Recordou que o mundo procura sempre nas religiões o religiões que não são o problema, mas parte da solução. Elas recordam que é necessário elevar o ânimo em direcção ao Alto para aprender a construir a cidade dos homens.
E o Papa recorda os mandamentos promulgados precisamente no Monte Sinai e em que ressoa o mandamento “Não matarás”. Deus não cessa de amar a vida, o homem, e por isso o exorta a contrastar a via da violência como pressuposto fundamental de qualquer aliança aqui na terra. As religiões são chamadas, em primeiro lugar, a pôr em prática este mandamento. A violência é, de facto, a negação de qualquer religiosidade autentica.
Enquanto responsáveis religiosos somos, portanto, chamados a desmascarar a violência que se apresenta sob presumíveis formas de religiosidade, fazendo pressão sobre a absolutização dos egoísmos em vez da sua autentica abertura ao Absoluto.”
Francisco recordou a seguir que todos somos chamados a denunciar as violações contra a dignidade humana e contra os direitos humanos e a desmascarar todas as formas de ódio em nome da religião e a condená-las como falsificação idolátrica de Deus.
“O seu nome é Santo, Ele é Deus de Paz, Deus salam. Por isso só a paz é santa e nenhuma violência pode ser perpetrada em nome de Deus, porque profanaria o seu Nome”.
Juntos, a partir desta terra de aliança entre as pessoas  e entre os crentes, repitamos um “não” forte e claro a todas as formas de violência, vingança e ódio cometidos em nome da religião, em nome de Deus. Juntos afirmemos a incompatibilidade entre violência e fé, entre crer e odiar. Juntos declaremos a sacralidade de cada vida humana contra qualquer forma de violência física, social, educativa ou psicológica.”
E o Papa convidou todos a dizerem juntos: quanto mais se cresce na fé em Deus, mais se cresce no amor ao próximo.
Mas a tarefa da religião não é só desmascarar o mal – advertiu Francisco. Tem também a vocação de promover a paz, hoje mais do que nunca necessária. Sem sincretismos conciliadores, o nosso dever é o de rezar uns pelos outros, pedindo a Deus o dom da paz, encontrar-se, dialogar, promover a concórdia, a amizade, a colaboração.
E pronunciou-se contra os armamentos. De pouco serve elevar a voz e rearmar-se para se proteger. Hoje o que é necessário são construtores de paz, não de provocadores de conflitos; de bombeiros, não de incendiários; de pregadores de reconciliação e não de destruição.
O Papa denunciou os populismos demagógicos que surgem no mundo de hoje e que não ajudam a consolidar a paz e a estabilidade. Recordou que para prevenir os conflitos e edificar a paz é fundamental empenhar-se na remoção da pobreza e da exploração, bloquear os fluxos de dinheiro e de arma em direcção a quem fomenta a violência. E mais ainda, pôr termo à proliferação de armas.
Um empenho urgente e grave a que são chamados todos os responsáveis das nações, das instituições e da informação, líderes religiosos - disse Francisco exprimindo o desejo de que o Egipto possa responder com a sua vocação de civilização e aliança, contribuindo para desenvolver processo de paz para este amado povo e para toda a região do Médio Oriente.
(DA)

Rádio Vaticano 

Francisco no Cairo como "Papa de Paz num Egipto de Paz"

28/04/2017



O Papa Francisco chegou ao Cairo pouco depois das 14 horas locais, depois de cerca de pouco mais de três horas de voo, tendo partido do Aeroporto de Roma às 10.45. O mote desta viagem é como é sabido, “Papa de Paz, num Egipto de Paz”. E numerosos cartazes recordam isso em toda a cidade. Numa breve conversa com os jornalistas durante o voo, Francisco definiu esta sua visita como “uma viagem de unidade e de irmandade”. “As pessoas  – sublinhou – nos seguem e há uma expectativa especial pelo facto de o convite ter vindo do Presidente da República do Egipto, do Patriarca copto, Papa Tawadros, do Patriarca dos coptos-católicos e do Grande Imã de Al-Ashar”. São “menos de dois dias – acrescentou o Papa – mas muito intensos”.
A primeira etapa da visita do Papa Francisco ao Cario foi o Palácio Presidencial. Logo depois fez uma visita de cortesia ao Presidente Abdel-Fattah Al-Sisi. A seguir, a bordo de um automóvel não blindada como quis Francisco, o Papa deslocou-se  à Universidade Al Azhar, onde foi acolhido pelo Grande Imã dessa importante Instituição educativa, Sheikj Ahmad Al-Tayeb, que o convidou a participar numa conferência internacional sobre a paz. Conferência em que participa também outros líderes religiosos e cristãos, entre os quais, recordamos, o Patriarca Ecuménico de Constantinopla, Bartolomeu.
A seguir, e com um certo atraso em relação aos horários previstos, o Papa teve um encontro com as autoridades civis no Hotel “Al-Massah”, repleta de participantes.
O terceiro encontro deste primeiro dia da visita do Papa ao Cario, teve lugar no Palácio do Patriarcado e foi de caracter ecuménico: o encontro com o Papa Tawadros II, Patriarca copto-ortodoxo.
No dia de amanhã, sábado está prevista a Missa às 10 horas no Estádio “Air Defense” e pouco depois das 15 horas encontro no Seminário Copto-Católico, com o clero religiosas, religioso e seminaristas. O regresso a Roma está previsto para as 17 horas, com chegar ao aeroporto romano de Ciampino ás 20.30.
Esta manhã antes de partir do Vaticano, Francisco saudou na Casa Santa Marta, 9 jovens egípcios imigrados em Itália. São originários de várias partes do Egipto. Estava presente D. Konrad Krajewski, esmoleiro do Papa. 

Rádio Vaticano 

Papa Francisco: "vou ao Egipto como peregrino de paz"

28/04/2017


O Papa Francisco inicia hoje a sua viagem ao Egipto: a chegada ao Cairo está prevista para as 14 horas e o regresso a Roma, amanhã, às 20:30. Esta tarde, a Conferência sobre a Paz na Al Azhar, a mais alta instituição islâmica no País. Ontem à noite a oração em Santa Maria Maggiore
Vou como "peregrino de paz no Egipto de paz", disse o Papa em através do Tweet na véspera da sua 18ª viagem internacional. Na noite passada, Francisco foi à Basílica de Santa Maria Maggiore para confiar esta nova missão à Virgem Maria Salus Populi Romani. Todo o País está pronto para acolher o Papa Francisco. Uma viagem de diálogo e fraternidade, num momento muito difícil para esta terra, ferida pelos ataques terroristas que atingiram a minoria cristã, mas cujas consequências são pagas por toda a população. O pontífice, segundo o programa da viagem,  chega ao Cairo às 14 horas de hoje e regresssará amanhã, sábado, às 20.30 horas.

Rádio Vaticano 

Prece de São Luís Maria de Montfort

"Será difícil achar, depois das epístolas dos apóstolos, palavras tão ardentes como as doze páginas da sua "Prece" (de São Luís Maria de Montfort) pelos missionários de sua Companhia. Recomendo-a a todos os que encontram dificuldade em conservar, no meio de numerosas provações, o fogo primitivo do amor pela salvação das almas."  

Padre F. W. Faber. Prefácio do Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem.

Lembrai-Vos, Senhor, da Vossa Congregação que desde o princípio Vos pertenceu, e em quem pensastes desde toda a eternidade; que seguráveis na Vossa mão onipotente, quando, com uma palavra, tiráveis do nada o universo; e que escondíeis ainda em Vosso coração, quando Vosso Filho, morrendo na cruz, a consagrou por Sua morte, e a entregou, qual precioso depósito, à solicitude de Sua Mãe Santíssima:Memento esto Congregationis tuae, quam possedisti ab initio. [[1]]
 Atendei aos desígnios de Vossa misericórdia, suscitai homens da Vossa destra, tais quais mostrastes a alguns de Vossos maiores servos, a quem destes luzes proféticas, a um São Francisco de Paula, a um São Vicente Ferrer, a uma Santa Catarina de Siena, e a tantas outras grandes almas no século passado, e até neste, em que vivemos.
Memento: Onipotente Deus, lembrai-vos desta Companhia, ostentando sobre ela a onipotência de Vosso braço, que não diminuiu, para dar-Lhe à luz e produzi-la, e para conduzi-la à perfeição. Innova signa, inmuta mirabilia, sentiamus adiutorium brachii tui. [[2]]
Ó grande Deus, que podeis fazer das pedras brutas outros tantos filhos de Abraão, dizei uma só palavra como Deus, e virão logo bons obreiros para a Vossa seara, bons missionários para a Vossa Igreja.
Memento: Deus de bondade, lembrai-Vos de Vossas antigas misericórdias, e, por essas mesmas misericórdias, lembrai-Vos da Vossa Congregação; lembrai-Vos das promessas reiteradas que nos tendes feito, por Vossos profetas e pelo Vosso próprio Filho, de sempre atender favoravelmente a todos os nossos pedidos justos. Lembrai-Vos das preces que, desde tantos séculos, Vossos servos e servas para este fim Vos tem dirigido; venham à Vossa presença seus votos, seus soluços, suas lágrimas e seu sangue derramado, e poderosamente solicitem Vossa misericórdia. Mas lembrai-Vos, sobretudo, de Vosso amado Filho: respice in faciem Christi tui.[[3]] Contemplem Vossos olhos Sua agonia, Sua confusão, o Seu amoroso queixume no Jardim das Oliveiras, quando disse: Quae utilitas in sanguine meo? [[4]] Sua cruel morte e Seu sangue derramado altamente Vos clamam misericórdia, a fim de que, por meio desta Congregação, seja seu império estabelecido sobre os escombros do de Seus inimigos.

28/04 São Luís Maria Grignion de Montfort, devoto à Virgem Maria

São Luís evangelizou e combateu na França os jansenistas, os quais estavam afastando os fiéis dos sacramentos e da misericórdia do Senhor



Neste dia, nós contemplamos o fiel testemunho de Luís que, ao ser crismado, acrescentou ao seu prenome o nome de Maria, devido sua devoção à Virgem Maria, que permeou toda sua vida.
Nascido na França, no ano de 1673, de uma família muito numerosa, ele sentiu bem cedo o desejo de seguir o sacerdócio e assim percorreu o caminho dos estudos.
Como padre, São Luís começou a comunicar o Santo Evangelho e a levar o povo, através de suas missões populares, a viver Jesus pela intercessão e conhecimento de Maria. Foi grande pregador, homem de oração, amante da Santa Cruz, dos doentes e pobres; como bom escravo da Virgem Santíssima não foi egoísta e fez de tudo para ensinar a todos o caminho mais rápido, fácil e fascinante de unir-se perfeitamente a Jesus, que consistia na consagração total e liberal à Santa Maria.
São Luís já era um homem que praticava sacrifícios pela salvação das almas, e sua maior penitência foi aceitar as diversas perseguições que o próprio Maligno derramou sobre ele; tanto assim que foi a Roma para pedir ao Papa permissão para sair da França, mas este não lhe concedeu tal pedido. Na força do Espírito e auxiliado pela Mãe de Deus, que nunca o abandonara, São Luís evangelizou e combateu na França os jansenistas, os quais estavam afastando os fiéis dos sacramentos e da misericórdia do Senhor.
São Luís, que morreu em 1716, foi quem escreveu o “Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem”, que influencia ainda hoje, muitos filhos de Maria. Influenciou inclusive o saudoso Papa João Paulo II, que por viver o que São Luís nos partilhou, adotou como lema o Totus Tuus, Mariae, isto é, “Sou todo teu, ó Maria”.
São Luís Maria Grignion de Montfort, rogai por nós!

Fonte: Canção Nova 

27 de abr. de 2017

Fora do caminho da obediência ao Pai, não somos cristãos

27/04/2017 



Cidade do Vaticano (RV) –  O cristão é testemunha da obediência, e a consequência disto, são as perseguições. Foi o que afirmou o Papa Francisco na Missa celebrada na manhã de hoje, quinta-feira, dia 27 de Abril de 2017, na Capela da Casa Santa Marta, fazendo alusão ao que disse Pedro na leitura dos Atos dos Apóstolos, de que “é preciso obedecer a Deus antes que aos homens”.
Pedro, de fato, deu esta resposta quando foi levado junto com os apóstolos diante do Sinédrio, após terem sido libertados da prisão por um anjo. Tinham sido proibidos de ensinar em nome de Jesus – como os recordara o sumo sacerdote – mas eles encheram multidões em Jerusalém com os seus ensinamentos.
A homilia do Papa Francisco parte deste episódio narrado na primeira leitura, extraída dos Atos dos Apóstolos. Para fazer compreender este acontecimento, o Papa fez referência também ao que foi narrado anteriormente pelos Atos, nos primeiros meses da Igreja, quando a comunidade crescia e aconteciam tantos milagres.
Havia a fé do povo, mas havia alguns “espertalhões” – disse o Papa – “que queriam fazer carreira”, como Ananias e Safira.
O mesmo acontece hoje – recordou Francisco – assim como o desprezo das pessoas ao ver os doentes serem levados até os apóstolos. Assim, cheios de inveja, os chefes pegaram os apóstolos e os colocaram na prisão. Pedro, que por medo havia traído Jesus na Quinta-feira Santa, desta vez, corajoso, responde “que é necessário obedecer a Deus antes que aos homens”.
Uma resposta que faz portanto entender que “o cristão é testemunha da obediência”, como Jesus que se aniquilou no Jardim das Oliveiras e disse ao Pai: “Faça-se segundo a tua vontade, não a minha”:
O cristão, prosseguiu o Santo Padre, é uma testemunha da obediência e se nós não estamos neste caminho de crescer no testemunho da obediência, não somos cristãos. Pelo menos caminhar por esta estrada: testemunha de obediência. Como Jesus. Não é testemunha de uma ideia, de uma filosofia, de uma empresa, de um banco, de um poder, é testemunha de obediência. Como Jesus.
Mas tornar-se testemunha de obediência” é “uma graça do Espírito Santo” disse ainda o Papa lembrando que “somente o Espírito pode nos fazer testemunhas de obediência. “Não, eu vou naquele mestre espiritual, eu leio este livro...”. Tudo está bem, mas somente o Espírito pode transformar o nosso coração e pode fazer-nos a todos testemunhas de obediência. É uma obra do Espírito e devemos pedir a ele, é uma graça a ser pedida: “Pai, Senhor Jesus, envia-me o teu Espírito para que eu me torne uma testemunha de obediência”, isso é ser um cristão”.
Ser testemunha de obediência acarreta consequências, como narrado pela primeira leitura: depois da resposta de Pedro, queriam de fato levá-lo a morte: “As consequências do testemunho de obediência, relevou Francisco, são as perseguições. Quando Jesus enumera as Bem-aventuranças termina com: “Bem-aventurados quando vos perseguirem e insultarem”. A cruz não pode ser tirada da vida do cristão. A vida de um cristão não é um status social, não é um modo de viver uma espiritualidade que me faça bem, que me faça um pouco melhor. Isto não basta. A vida de um cristão é o testemunho em obediência e a vida de um cristão é repleta de calúnias, boatos e perseguições”.
Para ser testemunhas de obediência como Jesus – conclui dizendo o Papa – é preciso rezar, reconhecer-se pecadores, com tantas “mundanidades” no coração e pedir a Deus “a graça de tornar-se um testemunho de obediência” e de não amedrontar-se quando chegam as perseguições, “as calúnias”, pois o Senhor garantiu que quando formos levados diante do juiz, “será o Espírito a nos dizer o que responder”.

Rádio Vaticano 

Natividade de São João Batista: o maior dos profetas

A natividade de  São João Batista  é  uma solenidade muito importante no ano litúrgico, porque nesse dia lembramos o maior dos profetas, com...