18 de fev. de 2017

Papa aos Clérigos Marianos: serviço a Cristo e à Igreja com sentido de memória

18/02/2017



O Papa Francisco recebeu em audiência neste sábado (18/02), na Sala do Consistório do Vaticano, cerca de 40 participantes no Capítulo Geral dos Clérigos Marianos da Imaculada Conceição da Bem-aventurada Virgem Maria, reunidos em Roma para reflectir sobre as leis e estatutos da Congregação.
No seu discurso o Papa elogiou a iniciativa pois hoje, disse, é urgente para cada Instituto a necessidade de uma renovada referência à Regra, porque nela e nas Constituições se encontra todo um itinerário de sequela, qualificado por um carisma específico autenticado pela Igreja. E Francisco exortou-os, portanto, a fazer tal reflexão com fidelidade ao carisma do Fundador e ao património espiritual da Congregação, tendo ao mesmo tempo o coração e a mente abertos às novas necessidades da gente, mas sempre com elevado sentido da memória:
“É verdade que devemos seguir em frente com as novas necessidades, os novos desafios, mas recordai-vos: não se pode ir para frente sem memória; é uma tensão, continuamente, se eu quero ir para frente sem a memória do passado, da história, dos fundadores, dos grandes, e também dos pecados da Congregação, não poderei ir para frente – esta é uma regra, a memória”:
O exemplo de Santo Estanislau de Jesus e Maria, que havia entendido plenamente o sentido de ser discípulo de Cristo, seja luz e guia no vosso caminho, disse Francisco, que acrescentou:
“O testemunho cristão requer também o compromisso com e para os pobres, um empenho que caracteriza o vosso Instituto desde o início. Encorajo-vos a manter viva esta tradição de serviço às pessoas pobres e humildes, através do anúncio do Evangelho com linguagem a eles compreensível, com as obras de misericórdia e o sufrágio dos defuntos”.
E o Papa falou também de uma outra importante herança espiritual dos Clérigos Marianos: aquela deixada pelo Beato George Matulaitis, que viveu na total dedicação à Igreja e ao homem para "ir corajosamente – como dizia - trabalhar e lutar pela Igreja, especialmente onde for mais necessário". Que a sua intercessão vos ajude a cultivar em vós esta atitude, que nas últimas décadas tem inspirado as vossas iniciativas para difundir o carisma do Instituto nos Países pobres, especialmente em África e na Ásia, ressaltou Francisco:
“O grande desafio da inculturação pede-vos hoje para anunciar a Boa Nova em linguagens e modos compreensíveis aos homens do nosso tempo, envolvidos em processos de rápida transformação social e cultural. A vossa Congregação tem uma longa história, escrita por corajosas testemunhas de Cristo e do Evangelho. Seguindo estas pistas sois hoje chamados caminhar com renovado zelo para trilhardes, com liberdade profética e são discernimento, novas estradas apostólicas e fronteiras missionárias, cultivando uma estreita colaboração com os Bispos e os outros componentes da Comunidade eclesial”.
Na verdade, muitos esperam ainda conhecer Jesus, único Redentor do homem, e não poucas situações de injustiça e mal-estar moral interpelam hoje os crentes, observou Francisco, acrescentando que esta urgente missão requer conversão pessoal e comunitária. Somente corações totalmente abertos à acção da graça serão capazes de interpretar os sinais dos tempos e acolher os apelos da humanidade sedenta de esperança e paz – rematou Francisco.
A terminar o Papa exortou os Clérigos Marianos a serem corajosos seguindo o exemplo do fundador no serviço a Cristo e à Igreja, respondendo aos novos desafios e às novas missões, mesmo que humanamente possam parecer arriscadas.
À vossa Mãe e Padroeira, Maria Imaculada, confio o vosso caminho de fé e crescimento, em constante união com Cristo e o seu Espírito Santo, que faz de vós testemunhas da ressurreição – concluiu Francisco – concedendo cordialmente aos presentes, a toda a Congregação e seus colaboradores leigos,  a sua Bênção Apostólica.

Rádio Vaticano 

18/02 São Teotônio - Fundador da Nova Ordem dos Cônegos Regulares

Mariano e devoto dos Santos Anjos, São Teotônio viveu uma vida retirada para contemplar o Senhor
São TeotônioNascido em Ganfei, Portugal, no ano de 1082, São Teotônio recebeu uma ótima formação. Primeiramente, junto a um convento beneditino de Coimbra; depois, ao ser assumido por seu tio Crescêncio, Bispo de Coimbra, ele foi correspondendo à graça de Deus em sua vida. Com a morte do tio, dirigiu-se para Viseu, onde terminou seus estudos básicos e recebeu o dom da ordenação sacerdotal.
Homem de oração e penitência, centrado no mistério da Eucaristia, e peregrino, fez duas viagens à Terra Santa, que muito marcaram a sua história, até que os cônegos de Santo Agostinho pediram que ele ficasse ali como um dirigente, mas, em nome da obediência, ele não poderia fazê-lo, uma vez que já ocupava o cargo de prior da Sé de Viseu. No retorno, abriu mão deste serviço e se dedicou ainda mais à evangelização.
Ele já era conhecido e respeitado por muitas autoridades. Inclusive, o rei Afonso Henriques e a rainha, dona Mafalda, por motivos de guerra, acabaram retendo muitos cristãos e ele foi interceder em prol desses cristãos. Muitos foram liberados, mas o santo foi além. Como já tinha fundado, a pedido de amigos, a Nova Ordem dos Cônegos Regulares sob a luz da Santa Cruz, aos pés do Mosteiro, ele não só acolheu aqueles filhos de Deus, mas também pôde mantê-los como um verdadeiro pai. No mosteiro, ele era um pai, um prior não só por serviço e autoridade, mas um exemplo refletindo a misericórdia do mistério da cruz do Senhor, refletindo o seu amor apaixonado pelo mistério da Eucaristia.
Mariano e devoto dos Santos Anjos, ele despojou-se e se retirou em contemplação e intercessão. Foi assim que, em 18 de fevereiro, esse grande santo português, em 1162, partiu para a glória.
Peçamos a intercessão de São Teotônio para que possamos glorificar a Deus pela obediência, sempre voltando-nos para os mais pequeninos.
São Teotônio, rogai por nós!
Canção Nova 

17 de fev. de 2017

Como ser renovado no Espírito Santo?

Recebemos o Espírito Santo no Batismo e na Crisma; mas, muitas vezes Ele ficou sufocado em nós por causa de nossos pecados, vida tíbia, falta de oração, de trabalho apostólico, etc. São Paulo disse que “quem não tem o Espírito de Cristo não é de Cristo” (Rom 8,9). Então, precisamos ser renovados no Espírito Santo, ser “batizados” Nele. Isso não é um novo Batismo e nem nova Crisma, mas deixar que o Espírito Santo – que já está em nós – tome conta de nós, de nosso agir, de nossos pensamentos e de nossas palavras.
Em primeiro lugar é preciso purificar-se. Deus não ocupa, nem usa, vasos sujos. O Espírito Santo ocupa qualquer coração, menos o coração cheio de pecado; porque Ele é Santo. É preciso renunciar com toda a vontade o pecado: soberba, orgulho, vaidade, ganância, ambição, sexualismo, luxúria, adultério, pornografia, homossexualismo, gula, bebedeiras, orgias, raiva, ódios, ciúmes, revoltas, ressentimentos, vinganças, lamúrias, blasfemações, palavrões, horóscopos, magias, superstições, necromancia (consulta aos mortos), cartomancia, quiromancia (leitura das mãos), inveja, preguiça, etc.,etc.,etc…
Limpar a casa e perfumá-la, para que o Senhor da glória seja então recebido. Faça a sua Confissão!
A segunda exigência para ser renovado no Espírito Santo, é perdoar a todos. A única exigência que Deus nos impõe para nos perdoar – qualquer que seja o nosso pecado – é que estejamos arrependidos e que perdoemos os que nos ofenderam.
“Se perdoardes aos homens os seus delitos também o vosso Pai celeste vos perdoará; mas, se não perdoardes aos homens, o vosso Pai também não perdoará os vossos delitos” (Mt 6,14). Essas palavras de Jesus são claras demais!
Na “grande oração”, o Pai-Nosso, Ele nos ensinou a dizer: “perdoai as nossas ofensas assim como perdoamos aqueles que nos ofenderam”. Quando Pedro lhe perguntou “quantas vezes devo perdoar o meu irmão, sete vezes?”, Ele respondeu: não apenas sete vezes, mas setenta vezes sete; isto é, sempre.

Quem não perdoa não é perdoado por Deus, e não pode ser repleto do seu Santo Espírito. Nem sempre é fácil perdoar; mas, quanto mais difícil for, mais agradará a Deus e maior será o nosso mérito.
Em terceiro lugar, é preciso querer fazer a vontade de Deus em nossa vida, e querer ser testemunha de Jesus. Queira isto com todo o coração. O Espírito Santo não vem a nós, para o nosso deleite e bem estar. Ele vem a nós para que, por Ele, possamos renunciar a nossa vontade e fazer a vontade de Deus.
Em quarto lugar, pedir o Espírito Santo com fé. Deus quer nos dar este grande dom, muito mais do que nós queremos recebê-lo. E o grande segredo é pedir, e pedir por intercessão de Nossa Senhora. Ela é a sua Esposa, inseparável. Diga, como ela mesma ensinou-nos: “Vinde Espírito Santo, vinde pela intercessão poderosa do Imaculado Coração de Maria vossa amadíssima esposa”. Repita muitas vezes esta oração que Ela mesma ensinou ao padre Stefano Gobbi, do Movimento Sacerdotal Mariano.
Jesus deixou claro que o Pai celeste dará o Espírito Santo “àqueles que o pedirem” (Lc 11,13).
Depois disso agradeça a Deus pelo Espírito Santo presente em sua alma. Nem sempre essa será uma experiência sensível, mas será sempre uma experiência de fé.
No dia de Pentecostes, São Pedro disse que essa graça era “para todos”, não só para eles, os Apóstolos. “A Promessa é, de fato, para nós, assim como para os vossos filhos e para todos aqueles que estão longe, todos quantos foram chamados por Deus nosso Senhor” (At 2,38-39).
 Prof. Felipe Aquino

Cléofas 

Universidade: lugar de “diálogo na diferença” - Papa na "Roma Três"

17/02/2017



O Papa optou por entregar o discurso que tinha preparado ao Reitor, preferindo falar em estilo coloquial em resposta às perguntas que lhe tinham sido colocadas por quatro estudantes.
Esta é a primeira vez que o Papa Francisco visita uma universidade publica em Roma e esclareceu imediatamente a sua ideia de universidade: um lugar de “diálogo na diferença”. 
Com 25 anos de vida, a “Universidade Roma 3”  tem cerca de 43 mil inscritos, um milhar dos quais chegaram hoje muito cedo no adro da Universidade para acolher Francisco.
Logo à sua chegada Francisco foi saudado pelo Reitor Mário Panizza e por outras autoridades universitárias. Depois, tendo ao seu lado uma tradutora na linguagem dos sinais para os surdos, começou por responder a uma pergunta sobre a violência que, infelizmente, persiste na sociedade. Francisco faz notar que há violência no exprimir-se, no falar, por vezes nos esquecemos mesmo “dar bom dia”.
“A violência é um processo que torna cada vez mais anónimos: tira--nos o nome. Anónimos uns em relação aos outros (…). Mas isto que vemos aqui, está a crescer e torna-se violência mundial. Ninguém hoje pode negar que estamos numa guerra e esta é uma guerra mundial aos bocados, mas há. É necessário abaixar um pouco a voz e escutar mais”.
Num mundo em que – faz notar Francisco – também “a politica desceu tanto”, perdendo o “sentido da construção social, da convivência social, o primeiro remédio contra a violência é o do coração que “sabe receber”, num diálogo que nos “aproxima”  na escuta do outro:
“A paciência do diálogo. E onde não há diálogo, há violência. Falei de guerra: é verdade, estamos em guerra. É verdade. Mas as guerras não começam ali: começam no coração, eh!, no nosso coração. Quando não sou capaz de exprimir-me perante os outros, de respeitar os outros, de falar com os outros, de dialogar com os outros, ali começa a guerra”.
A universidade – sublinhou Francisco – é, pelo contrário,  um lugar “onde se deve dialogar, onde há lugar para todos”, cada um com o seu próprio modo de pensar. Outros lugares, observa, onde isto não acontece não podem ser considerados da mesma forma:
“As universidade de elite, que são geralmente as chamadas universidades ideológicas (…) e onde te ensina apenas esta linha de pensamento (…) essa não é universidade: onde não há diálogo, onde não há confrontação de ideias, onde não há escuta, onde não há respeito pela maneira de pensar do outro, onde não há amizade, onde não há a alegria do jogo, o desporto, tudo isso, não há universidade. Todos juntos.”
O convite do Papa aos estudantes é, portanto, “procurar sempre a unidade, conceito “totalmente” diferente da uniformidade.  O perigo hoje a nível mundial – disse o Papa – é “conceber a globalização na uniformidade”. A via a seguir é a de um modelo poliédrico:
“Há uma globalização poliédrica, há uma unidade, mas cada pessoa, cada raça, cada país, cada cultura conserva sempre a sua própria identidade. E isto é unidade na diversidade que a globalização deve procurar”.
Também a comunicação – frisou o Papa – está a trazer uma certa celeridade, uma “rapidazione” – diz usando um termo comum aos holandeses  e explica:
“Muitas vezes a comunicação é tão rápida, tão ligeira que pode tornar-se líquida , sem consistência e isto é um dos perigos desta sociedade” – referiu, citando Baum. E nós “devemos assumir o desafio de transformar esta sociedade líquida em algo de concreto”.
O Papa disse depois que o drama da “liquidez” verifica-se também na economia. Há países ditos desenvolvidos, como na Europa, que não conseguem garantir trabalho a uma alta percentagem de jovens:
“Esta liquidez da economia tira o caracter concreto do trabalho e tira a cultura do trabalho porque não se pode trabalhar, os jovens não sabem o que fazer”. São explorados, caiem na ratoeira das dependências que os levam a suicídios, a integrar-se “num exército terrorista”. Serve – repetiu o Papa – uma economia concreta, no mundo, na Europa.
O Papa recordou depois que este continente caracterizado na sua história “por invasões, migrações” teme hoje perder a própria “identidade” se “vierem pessoas de uma outra cultura”. As migrações voltou a sublinhar Francisco “não são um perigo”, mas sim “um desafio para nos fazer crescer”.
Falou da ilha de Lesbos, onde disse “sofreu tanto” e recordou as pessoas que fogem da África e do Médio Oriente:
“Porque há guerra e fogem da guerra, ou há fome: fogem da fome. Mas qual seria a solução  ideal? Que não haja guerra e que não haja fome, quer dizer fazer as pazes, fazer investimentos naqueles lugares a fim de que haja recursos para trabalhar e ganhar a vida”.
É um convite, o do Papa, a “não explorar “. E dirige-o aos “potentes”  da Terra, assim como também aos criminosos que gerem os tráficos de seres humanos, os barcos carregados de migrantes que morrem no Mediterrâneo, um mar que se tornou num cemitério.
O Papa referiu-se depois à sua viagem a Lampedusa, dizendo que sentiu que devia ir e perguntou: como acolher então quem chega? Com respeito, sem medo. Acolher e integrar,  recomendou Francisco, pois que os migrantes trazem cultura, riqueza. Integrar é importante, sublinhou, sem esquecer que entre os migrantes há também delinquentes. E apontou também o risco de os responsáveis por crimes serem, tal como aconteceu na Bélgica, onde foram filhos de imigrantes mal integrados, guetizados… a fazer o atentado de Zaventem e concluiu recordando que quando há acolhimento, acompanhamento e integração, não há perigo com a imigração. Recebe-se cultura e dá-se cultura.
(GA/DA) 
Rádio Vaticano 

17/2 – Os sete fundamentos dos servos de Nossa Senhora

Só temos o nome completo de Alexandre Falconieri. Dos outros seis temos os sobrenomes: Monaldi, Manetto, Buonagiunta, Degli Amidei, Uguccioni, Sostegni. Em 15 de agosto de 1233 tiveram uma experiência sensacional. Todos pertenciam a um grupo de poetas da região umbrotoscana. Esses poetas costumavam fazer versos (laudes) diante de uma imagem. Nesse dia a imagem de Nossa Senhora se mexeu e apareceu-lhes toda dolorosa por causa das lutas fratricidas de Florença. A cidade desde 1215 estava dividida em duas famílias beligerantes: os Guelfi e os Ghibellini. Os sete jovens resolveram fazer alguma coisa pela paz; constituíram a Companhia de Nossa Senhora das Dores. Eram nobres e ricos e retiraram-se à solidão de Monte Senário para se dedicarem à penitência e à oração. Um dia enquanto desciam à cidade para uma interferência pacificadora, um menino disse a sua mãe: “Eis que chegam os servos de Maria.” O nome calhou certinho.
Na verdade eles haviam escolhido Maria para honrá-la durante a vida toda. Muitas vezes antes de entrarem na cidade, ao descerem do monte que haviam escolhido, paravam numa capelinha dedicada à Anunciação para rezarem. Mais tarde foi construído no lugar um grande santuário e os nobres fundadores dos Servitas se estabeleceram aí. Daí eles irradiaram a devoção à Anunciação de Nossa Senhora que se tornou a Padroeira de Florença. A data de 25 de março, festa da Anunciação, tinha sido escolhida, em Florença, desde o século X como o início do calendário civil. O uso perdurou até o ano de 1749. Lembrados individualmente pelo Martirológio Romano, estes santos, os Sete Fundadores, têm uma festa coletiva desde 1888, ano em que foram solenemente canonizados por Leão XIII.

Cléofas 

16 de fev. de 2017

Papa: o Senhor nos dê a graça de dizer "acabou a guerra no mundo"

16/02/2017


O primeiro compromisso do Papa nesta quinta-feira foi a celebração da Missa na capela da Casa Santa Marta. Na sua homilia, o Pontífice deu destaque ao sofrimento de tantos povos castigados pelas guerras promovidas pelos poderosos e pelos traficantes de armas.
De modo especial, falou de três imagens presentes na Primeira Leitura, extraída do Livro do Génesis: a pomba, o arco-íris e a aliança.
“A aliança que Deus faz é forte – comentou – mas como nós a recebemos e a aceitamos é com fraqueza. Deus faz a paz connosco, mas não é fácil preservá-la”. “É um trabalho de todos os dias, porque dentro de nós ainda existe aquela semente, aquele pecado original, o espírito de Caim que por inveja, ciúme, cobiça e desejo de dominação faz a guerra”. Francisco observou que, falando da aliança entre Deus e os homens, se faz referência ao “sangue”: “pedirei contas do vosso sangue, que é vida, a qualquer animal. E ao homem pedirei contas da vida do homem, seu irmão”. Nós, portanto, “somos custódios dos irmãos e quando há derramamento de sangue, há pecado e Deus nos pedirá contas”:
“Hoje no mundo há derramamento de sangue. Hoje o mundo está em guerra. Muitos irmãos e irmãs morrem, inclusive inocentes, porque os grandes e os poderosos querem um pedaço a mais de terra, querem um pouco mais de poder ou querem ter um pouco mais de lucro com o tráfico de armas. E a Palavra do Senhor é clara: ‘pedirei contas do vosso sangue, que é vida, a qualquer animal. E ao homem pedirei contas da vida do homem, seu irmão’. Também a nós, que parecemos estar em paz aqui, o Senhor pedirá contas do sangue dos nossos irmãos e irmãs que sofrem a guerra”.
Custodiar a paz, a declaração de guerra começa em cada um de nós
“Como proteger a pomba? Pergunta-se Francisco; “O que faço para que o arco-íris seja sempre um guia? O que faço para que não seja mais derramado sangue no mundo?”. Todos nós, reiterou, estamos envolvidos nisto. A oração pela paz não é uma formalidade, o trabalho pela paz não é uma formalidade. E relevou com amargura que a guerra começa no coração do homem, começa nas casas, nas famílias, entre amigos, e depois vai além, a todo o mundo. “O que faço, eu, quanto sinto no meu coração ‘algo que quer destruir a paz’?”
“A guerra começa aqui e termina lá. Vemos as notícias nos jornais e na TV... Hoje, muita gente morre e a semente de guerra que gera inveja, provoca ciúmes, a cobiça no meu coração é a mesma coisa do que a bomba que cai num hospital, numa escola, matando crianças - é o mesmo. A declaração de guerra começa aqui, em cada um de nós. Por isso, pergunto: “Como custodiar a paz em meu coração, em meu íntimo, na minha família?”. Custodiar a paz, mas não só: fazê-la com as mãos, todos os dias. E assim conseguiremos fazê-la no mundo inteiro”.
A recordação do fim da guerra na lembrança do menino
“O sangue de Cristo – evidenciou – é o que faz a paz, mas não o sangue que eu faço com o meu irmão” ou “o que fazem os traficantes de armas ou os poderosos da terra nas grandes guerras”. Francisco relatou um episódio pessoal, de quando era criança, sobre a paz:
“Recordo quando começou a tocar o alarme dos Bombeiros, depois nos jornais e na cidade... Isto se fazia para atrair a atenção para um facto ou uma tragédia, ou outra coisa. E logo ouvi a vizinha de casa chamar minha mãe: ‘Senhora Regina, venha, venha!’ E minha mãe saiu, assustada: ‘O que aconteceu?’ E a mulher, do outro lado do jardim, disse: ‘A guerra acabou!’, chorando.
Francisco recordou o abraço das duas mulheres, o pranto e a alegria porque a guerra havia terminado. “Que o Senhor – concluiu – nos dê a graça de poder dizer: ‘Terminou a guerra’ e chorando. ‘Acabou a guerra no meu coração, acabou a guerra na minha família, acabou a guerra no meu bairro, acabou a guerra no meu trabalho, acabou a guerra no mundo’. Assim serão mais fortes a pomba, o arco-íris e a aliança”.

Rádio Vaticano 

Medalha Milagrosa: um sinal que surgiu numa enorme crise social, política e econômica

1830, Paris em chamas: Nossa Senhora, porém, trouxe um sinal!



Quando Nossa Senhora apareceu para a jovem noviça Catherine Labouré na capela das Filhas da Caridade, na Rue du Bac, em Paris, a cidade estava em crise. A Revolução de Julho de 1830 tinha destituído o monarca francês e deixado à deriva os trabalhadores, que, desempregados e furiosos, organizaram mais de 4.000 barricadas pela capital.
As três aparições testemunhadas por Catherine originaram a devoção popular pela Medalha Milagrosa.
Na segunda dessas aparições, Maria se revelou sobre um globo com raios de luz que irradiavam de suas mãos. Em torno de Maria, em forma oval, apareciam as palavras “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós“. Na visão de Catherine, o verso dessa imagem mostrava a letra “M”, encimada por uma cruz, e, abaixo, dois corações. O Sagrado Coração de Jesus estava coroado por espinhos; o Imaculado Coração de Maria estava cercado por rosas e trespassado por uma espada.
Catherine relatou que Nossa Senhora a tinha instruído a mandar fazer uma medalha baseada nessa visão, prometendo abundantes graças para todos os que a usassem com confiança. Dois anos depois, uma avassaladora epidemia de cólera arrancou a vida de mais de 20.000 parisienses. As irmãs distribuíram a medalha milagrosa e logo começaram a ser relatados vários casos de cura, bem como de proteção contra a doença.
A medalha de Maria também desatou alguns eventos surpreendentes. Oito anos após a epidemia, a capela da Rue du Bac voltou a receber aparições. A Mãe de Deus apareceu desta vez para a irmã Justine Busqueyburu, confiando a ela o Escapulário Verde do seu Coração Imaculado para a conversão dos pecadores, em particular dos que não têm fé.
Dois anos depois, o banqueiro francês Alphonse Ratisbonne, ateu, membro de uma destacada família judaica, se converteu ao catolicismo. Ratisbonne tinha visitado Roma usando por brincadeira a medalha milagrosa. Ao visitar a famosa igreja barroca de Sant’Andrea delle Fratte, em 20 de janeiro de 1842, recebeu ele próprio uma aparição de Maria. Ratisbonne se converteu ali mesmo.
Ele não conseguia explicar como tinha passado do lado direito da igreja para o altar lateral oposto… Tudo o que ele sabia era que, de repente, estava de joelhos perto daquele altar. No começo, conseguiu ver claramente a Rainha do Céu em todo o esplendor da sua beleza imaculada, mas não pôde continuar olhando para o brilho daquela luz. Por três vezes tentou olhar novamente para a Mãe de Misericórdia; por três vezes foi incapaz de levantar os olhos para além das mãos abençoadas de Maria, da qual fluía, em raios luminosos, uma torrente de graças“.
Alphonse Ratisbonne se tornou sacerdote jesuíta e fundou mais tarde a congregação religiosa dos Padres e Irmãs de Sião em Jerusalém.
Catherine Labouré morreu mais de trinta anos depois, ainda como freira de clausura no convento de Paris. Seus restos mortais foram encontrados incorruptos em 1933. Ela foi canonizada em 1947 pelo papa Pio XII.



Via: Aleteia 


15 de fev. de 2017

Papa: a esperança cristã não exclui nem marginaliza ninguém

15/02/2017



Quarta-feira, 15 de fevereiro: audiência com Papa Francisco na Sala Paulo VI. Na sua catequese o Papa, partindo da epístola aos Romanos, repropôs o tema da esperança cristã, uma esperança sólida e que não decepciona, disse,  porque baseada no amor de Deus por nós.
Desde a infância, observou o Papa, nos é ensinado que não é coisa boa se vangloriar, por aquilo que se é ou se tem, pois isso indicaria certo orgulho e é também falta de respeito para com os outros, especialmente os que são menos afortunados do que nós. Mas o apóstolo Paulo nos surpreende exortando-nos por duas vezes a nos vangloriarmos. De que, então, é justo vangloriar-se, e como é possível fazer isso sem ofender os outros, sem excluir alguém, se perguntou Francisco.
Somos convidados a nos vangloriarmos, antes de tudo,  da abundância da graça de que fomos imbuídos em Jesus Cristo, por meio da fé – explicou o Papa:
“Paulo quer fazer-nos entender que, se aprendemos a ler tudo com a luz do Espírito Santo, percebemos que tudo é graça, tudo é dom! Se prestarmos atenção, de facto, quem age - na história, como na nossa vida - não somos apenas nós, mas é Deus antes de tudo. É Ele o protagonista absoluto, que cria tudo como um dom de amor, que tece a trama do seu plano de salvação, e que o leva a cumprimento por nós, mediante o seu Filho, Jesus”.
Nós temos apenas – prosseguiu o Papa - de reconhecer e acolher com gratidão este dom e fazer que se torne motivo de louvor, bênção e grande alegria. Se fizermos isso, estamos em paz com Deus e experimentamos enorme liberdade, estamos em paz connosco, estamos em paz na família, na nossa comunidade, no trabalho e com as pessoas que encontramos todos os dias no nosso caminho.
Mais difícil de perceber, para nós, disse ainda Francisco, quando Paulo nos exorta a nos vangloriarmos também nas tribulações mas, na verdade, a paz que o Senhor nos oferece e garante não deve ser entendida como ausência de preocupações, decepções, fracassos, ou quaisquer motivos de sofrimento – é uma paz que nos vem da fé, porque se assim não fosse, uma vez conseguida essa paz, aquele momento acabaria bem depressa e cairíamos inevitavelmente no desconforto, reiterou Francisco:
“Mas a paz que vem da fé é pelo contrário um dom: é a graça de experimentarmos que Deus nos ama e que está sempre ao nosso lado, não nos deixa sozinhos nem um só momento da nossa vida. E isto, como diz o Apóstolo, gera a paciência, porque sabemos que, mesmo nos momentos mais difíceis e devastadores, a misericórdia e a bondade do Senhor são maiores de todas as coisas e nada nos vai arrancar de suas mãos e da comunhão com Ele”.
Eis porque a esperança cristã é sólida, eis porque ela não decepciona – sublinhou o Papa – porque não se funda naquilo que nós podemos fazer ou ser, e nem naquilo em que nós podemos acreditar,  o seu fundamento é aquilo que de mais fiel e seguro possa existir, ou seja, o amor que o próprio Deus nutre  para cada um de nós:
“É fácil dizer que Deus nos ama, mas pode cada um de nós dizer “estou seguro, estou segura que Deus me ama”? Não é assim tão fácil … Mas é verdade. É um bom exercício dizer a si próprio: “Deus me ama!”, e esta é a raiz da nossa segurança, a raiz da esperança”.
E o Senhor derramou abundantemente nos nossos corações o seu Espírito como artífice e garante, para que possa alimentar em nós a fé e manter viva esta esperança de que Deus me ama: neste momento mau, Deus me ama; e a mim que fiz esta coisa má, Deus me ama – disse o Papa Francisco, convidando a todos a repetir como oração “Deus me ama, eu estou seguro que Deus me ama”.
O nosso maior orgulho é, pois, termos como Pai um Deus que não faz preferências, que não exclui ninguém, mas que abre a sua casa para todos os seres humanos, começando pelos últimos e distantes, para que, como seus filhos, aprendemos a consolar-nos e apoiar-nos  uns aos outros – concluiu Francisco.
Nas saudações o Santo Padre dirigiu-se aos fiéis de língua portuguesa com estas palavras:
“Saúdo os peregrinos de língua portuguesa presentes nesta Audiência. Possa este encontro, que nos faz sentir membros da única família dos filhos de Deus, renovar a vossa esperança no Deus misericordioso que não exclui ninguém e nos convida a ser testemunhas do seu amor sobretudo para com os mais necessitados. Obrigado”.
Uma saudação especial  foi também aos jovens, os doentes e os recém-casados: recordando a festa – celebrada ontem - dos Santos Cirilo e Metódio, evangelizadores dos povos eslavos e co-padroeiros da Europa, Francisco auspiciou que o seu exemplo ajude em particular aos jovens a se tornarem em cada ambiente discípulos missionários; a sua tenacidade encoraje os doentes a oferecer os seus sofrimentos pela conversão dos distantes; e o seu amor pelo Senhor ilumine os esposos recém-casados, para colocarem  o Evangelho como regra fundamental da sua vida familiar.
O Papa Francisco a todos deu a sua bênção.
Rádio Vaticano 

Como entender o livro do Apocalipse?

O Apocalipse foi escrito pelo Apóstolo São João, já no final de sua vida, por volta do ano 100, sob a forma de uma carta escrita às Igrejas da Ásia menor, que viviam tempos difíceis de perseguição romana. É um livro bastante enigmático e difícil de ser entendido, e que pode gerar muitos erros de interpretação como já ocorreu muitas vezes na história da Igreja se não observarmos com cuidado como a Igreja o interpreta. O imperador romano Domiciano (81-96) moveu forte perseguição aos cristãos, tendo deportado São João, que era o bispo de Éfeso, para a ilha de Patmos.
Ao mesmo tempo os cristãos eram hostilizados pelo judeus e aguardavam a volta de Cristo, que não acontecia, para livrá-los de todos os males. Foi neste contexto que o Apóstolo escreveu o Apocalipse para confortar e animar os cristãos das já inúmeras comunidades da Ásia Menor. Apocalipse, em grego “apokálypsis”( revelação), era um gênero literário que se tornou usual entre os judeus após o exílio da Babilônia (587-535 a.C.), e descreve os fins dos tempos onde Deus vai julgar os homens. Essa intervenção de Deus abala a natureza (fenômenos cósmicos), com muita simbologia e números. O Apocalipse não pretende dar uma descrição antecipada dos acontecimentos do futuro, mas de apresentar uma mesma realidade sob vários símbolos diferentes; e tudo é feito com uma linguagem intencionalmente figurada para despertar a atenção do leitor, que estava acostumado ao gênero apocalíptico usado pelos judeus.

Alguns símbolos tem significado preciso: o Cordeiro simboliza o Cristo; a mulher, a Igreja ou a Virgem Maria; o dragão, as forças hostis ao reino de Deus; as duas feras (cap.13), o império romano e o culto imperial; a fera (cap.17), simboliza Nero; Babilônia, a Roma pagã; as vestes brancas, a vitória; o número três e meio, coisa nefasta ou caduca. Mas esses símbolos não são exclusivos; o Cristo é, às vezes representado como “filho do homem”ou cavaleiro. O Apocalipse é uma revelação sobrenatural, velada, sob símbolos, representando tanto o passado, quanto o presente da Igreja, e também o futuro. Se refere a um período indefinido que separa a Ascensão de Cristo de sua volta gloriosa.

Deixa claro da impossibilidade de escapar à luta e ao sofrimento, às perseguições e ao fracasso aparente no plano terrestre, à realidade da salvação que lhe será concedida no meio de suas obrigações, e à vitória final, que é obra de Cristo ressuscitado que venceu o pecado e a morte.
A mensagem principal do livro é que Deus é o Senhor da História dos homens, e no final haverá a vitória dos justos, em que pese o sofrimento e a morte. Mostra a vida da Igreja na terra como uma contínua luta entre Cristo e Satanás, mas que no final haverá o triunfo definitivo do Reino de Cristo, triunfo que implica na ressurreição dos mortos e renovação da natureza material. As calamidades que são apresentadas não devem ser interpretadas ao pé da letra. Deus sabe e saberá tirar de todos os sofrimentos da humanidade a vitória final do Bem sobre o Mal.
Prof. Felipe Aquino
Cléofas 

As imagens na Tradição da Igreja

Na Encarnação do Verbo, Jesus Cristo mostrou aos homens uma face visível de Deus, que quis se servir de numerosos elementos sensíveis (imagens, palavras, cenas históricas…) para nos comunicar a Boa-Nova.
Os cristãos foram, então, compreendendo que segundo a pedagogia divina, deveriam passar da contemplação do visível ao invisível. As imagens, principalmente os que reproduziam personagens e cenas da história sagrada, tornaram-se “a Bíblia dos iletrados” ou analfabetos.
As imagens sempre foram usadas por Jesus e pelos Apóstolos como instrumentos eficazes e reveladores da realidade invisível: para anunciar o Reino de Deus usaram imagens de lírios, pássaros, sal, luz, etc., coisas que estimulavam a compreensão do abstrato através de imagens retiradas do mundo concreto. São Paulo também ensina que o Deus invisível tornou-se visível em Jesus Cristo (cf. Cl 1,15).
A controvérsia iconoclasta, inspirada por correntes judaizantes e heréticas nos séculos VIII e IX, que condenava o uso das imagens, terminou com a reafirmação do culto dessas no Concílio de Nicéia II, em 787.
Os Reformadores protestantes rejeitaram as imagens por causa dos abusos do fim da Idade Média; Lutero, porém, se mostrou bastante liberal com as imagens; não as proibia. Ultimamente entre os luteranos a atitude diante das imagens tem sido submetida a revisão. Lutero disse em 1528:
“Tenho como algo deixado à livre escolha as imagens, os sinos, as vestes litúrgicas… e coisas semelhantes. Quem não os quer, deixe-os de lado, embora as imagens inspiradas pela Escritura e por histórias edificantes me pareçam muito úteis… Nada tenho em comum com os Iconoclastas (quebradores de imagens)” (Da Ceia de Cristo).
S. Clemente de Alexandria († antes de 215) dizia que: “O próprio homem é a imagem viva de Deus”, eis o argumento que repete, acrescentando ainda um adágio frequente na Igreja antiga: “Viste teu irmão, viste teu Deus” (Stromateis I 19 e II 15, PG 8,812 e 1009).
Os cristãos foram percebendo que a proibição de fazer imagens no Antigo Testamento era apenas uma questão pedagógica de Deus com o povo de Israel. As gerações cristãs foram compreendendo que a realidade da Encarnação do Verbo como homem, visível, indicava que eles deveriam subir ao Invisível passando pelo visível que Cristo apresentou aos homens. Assim, começaram a representar e meditar as fases da vida de Jesus e a representação artística das mesmas começaram a surgir como um meio valioso para que o povo fiel se aproximasse do Filho de Deus.
É relevante notar que já nas antigas Catacumbas de Roma, os antigos cemitérios cristãos, encontram-se diversos afrescos geralmente inspirados pelo texto bíblico: Noé salvo das águas do dilúvio, os três jovens cantando na fornalha, Daniel na cova dos leões, os pães e os peixes restantes da multiplicação efetuada por Jesus, o Peixe (Ichthys), que simbolizava o Cristo…
Note que esses cristãos dos primeiros séculos ainda estão debaixo da perseguição dos romanos. E eles faziam imagens e pintavam figuras. Será que eram idólatras por isso? É lógico que não, eles morriam às vezes mártires exatamente para não praticarem a idolatria, reconhecendo César como Deus e lhe queimando incenso. Ora, se os nossos mártires usavam figuras pintadas, é claro que elas são legítimas.
Nas Igrejas as imagens tornaram-se a “Bíblia dos iletrados”, dos simples e das crianças, exercendo grande função catequética. Alguns escritores cristãos nos contam isso.
S. Gregório de Nissa (†394) escreveu:
“O desenho mudo sabe falar sobre as paredes das igrejas e ajuda grandemente” (Panegírico de S. Teodoro, PG 94, 1248c).
S. João Damasceno, doutor da Igreja, grande defensor das imagens no Concilio de Nicéia II, disse:
“O que a Bíblia é para os que sabem ler, a imagem o é para os iletrados” (De imaginibus I 17 PG, 1248c).
“Antigamente Deus, que não tem corpo nem face, não poderia ser absolutamente representado através duma imagem. Mas agora que Ele se fez ver na carne e que Ele viveu com os homens, eu posso fazer uma imagem do que vi de Deus.”
“A beleza e a cor das imagens estimula minha oração. É uma festa para os meus olhos, tanto quanto o espetáculo dos campos estimula o meu coração para dar glória a Deus” (CIC, 1162).
“Como fazer a imagem do invisível?… Na medida em que Deus é invisível, não o represento por imagens; mas, desde que viste o incorpóreo feito homem, fazes a imagem da forma humana: já que o inviável se tornou visível na carne, pinta a semelhança do invisível” (I 8 PG 94, 1237-1240).
“Outrora Deus, o Incorpóreo e invisível, nunca era representado. Mas agora que Deus se manifestou na carne e habitou entre os homens, eu represento o “visível” de Deus. Não adoro a matéria, mas o Criador da matéria” (Ibid. I 16 PG 94, 1245s).

O Papa São Gregório Magno(† 604), doutor da Igreja, escreveu a Sereno, bispo de Marselha, que ordenou quebrar as imagens:
“Tu não devias quebrar o que foi colocado nas Igrejas não para ser adorado, mas simplesmente para ser venerado. Uma coisa é adorar uma imagem, outra coisa é aprender, mediante essa imagem, a quem se dirigem as tuas preces. O que a Escritura é para aqueles que sabem ler, a imagem o é para os ignorantes; mediante essas imagens aprendem o caminho a seguir. A imagem é o livro daqueles que não sabem ler” (epist. XI 13 PL 77, 1128c).
O Concílio de Nicéia II (787), com base nos sólidos argumentos de grandes teólogos como São João Damasceno, doutor da Igreja, reafirmou a validade do culto de veneração (não adoração) das imagens. O Concílio distinguiu entre Iatréia (em grego adoração), devida somente a Deus, e proskynesis (veneração), tributável aos santos e também às imagens sagradas na medida em que estas representam os santos ou o próprio Senhor; o culto às imagens é, portanto, relativo, só se explica na medida em que é tributado indiretamente àqueles que as imagens representam. Assim se pronunciaram os padres conciliares:
“Definimos… que, como as representações da Cruz…, assim também as veneráveis e santas imagens, em pintura, em mosaico ou de qualquer outra matéria adequada, devem ser expostas nas santas igrejas de Deus (sobre os santos utensílios e os paramentos, sobre as paredes e de quadros), nas casas e nas entradas. O mesmo se faça com a imagem de Deus Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, com as da… santa Mãe de Deus, com as dos santos Anjos e as de todos os santos e justos. Quanto mais os fiéis contemplarem essas representações, mais serão levados a recordar-se dos modelos originais, a se voltar para eles, e lhes testemunhar … uma veneração respeitosa, sem que isto seja adoração, pois esta só convém, segundo a nossa fé, a Deus” (sessão 7, 13 de outubro de 787; Denzinger-Schönmetzer, Enchridion Symbolorum nº 600s).
Note, então, que muito antes da Reforma Protestante, a Igreja já tinha estudado o uso das imagens; isto foi há cerca de 750 anos antes da Reforma.
A sagrada Tradição da Igreja, sempre assistida pelo Espírito Santo (cf. Jo14,15.25; 16,12-13) sempre reconheceu o valor pedagógico e psicológico das imagens como um auxílio para a vida de oração.
Todos os santos da Igreja, em todas as épocas, valorizaram as imagens. Santa Teresa de Ávila († 1582), ao ensinar as vias da oração às suas Religiosas, dizia :“Eis um meio que vos poderá ajudar… Cuidai de ter uma imagem ou uma pintura de Nosso Senhor que esteja de acordo com o vosso gosto. Não vos contenteis com trazê-las sobre o vosso coração sem jamais a olhar, mas servi-vos da mesma para vos entreterdes muitas vezes com Ele” (Caminho de Perfeição, cap. 43,1).
Enfim, Deus não proibiu imagens de maneira absoluta; mas proibiu imagens de ídolos para serem adorados. Sabemos que uma meia verdade é pior do que uma mentira. Não se pode interpretar a Bíblia lendo apenas alguns versículos sobre um determinado assunto; é preciso ler todos os versículos da Bíblia que falam do mesmo assunto para que a interpretação seja correta.
O perigo da interpretação fundamentalista é este: fixar os olhos em um único versículo e querer tirar daí uma interpretação definitiva de uma verdade religiosa. Cai-se no erro.

Fonte: Cléofas 

14 de fev. de 2017

Papa: Cirilo e Metódio arautos do Evangelho com coragem, oração e humildade

14/02/2017 




Coragem, oração e humildade: estes são os traços que caracterizam os grandes “arautos” que ajudaram a Igreja a crescer no mundo, que contribuíram à sua missionariedade. Foi o que disse o Papa na missa celebrada na manhã de terça-feira (14/02) na capela da Casa Santa Marta.
Precisamos de “semeadores de Palavra”, de “missionários, de verdadeiros arautos” para formar o povo de Deus, como foram Cirilo e Metódio, “irmãos intrépidos e testemunhas de Deus que fizeram da Europa mais forte", padroeiros do continente. Na homilia, o Papa indicou as três características da personalidade de um “enviado” que proclama a Palavra de Deus, inspirando-se no Evangelho de Lucas que a liturgia propõe.
A primeira característica é a “franqueza”, que inclui força e coragem:
“A Palavra de Deus não pode ser levada como uma proposta – “bom, se você gostar...” – ou como uma ideia filosófica ou moral, boa – “você pode viver assim …” … Não. É outra coisa. Precisa ser proposta com esta franqueza, com aquela força, para que a Palavra penetre, como diz o próprio Paulo, até os ossos. A Palavra de Deus deve ser anunciada com esta franqueza, com esta força … com coragem. A pessoa que não tem coragem – coragem espiritual, coragem no coração, que não está apaixonada por Jesus, e dali vem a coragem! – não, dirá, sim, algo de interessante, algo moral, algo que fará bem, um bem filantrópico, mas não tem a Palavra de Deus. E esta palavra é incapaz de formar o povo de Deus. Somente a Palavra de Deus proclamada com esta franqueza, com esta coragem, é capaz de formar o povo de Deus”.
Do capítulo décimo do Evangelho de Lucas foram extraídas outras duas características próprias de um arauto da Palavra de Deus. Um Evangelho “um pouco estranho”, afirmou o Papa, porque rico de elementos acerca do anúncio. “A messe é abundante, mas são poucos os operários. Rezai portanto ao Senhor da messe para que mande operários para a sua messe”, repetiu Francisco, e é assim, portanto, que depois da coragem está a “oração”:
“A Palavra de Deus deve ser proclamada com oração também, sempre. Sem oração, se pode fazer uma bela conferência, uma bela palestra: boa, boa; mas não é a Palavra de Deus. Somente de um coração em oração pode sair a Palavra de Deus. A oração, para que o Senhor acompanhe este ‘semear’ a Palavra, para que o Senhor regue a semente e ela brote, a Palavra. A Palavra de Deus deve ser proclamada com oração: a oração daquilo que anuncia a palavra de Deus”.
No Evangelho consta também um terceiro ‘trecho interessante’. O Senhor envia os discípulos “como cordeiros no meio de lobos”:
“O verdadeiro pregador é o que sabe ser fraco, sabe que não se pode defender sozinho. ‘Tu vais como cordeiro no meio de lobos’. ‘Mas, Senhor, para que eles me comam?’. ‘Tu, vais, é este o caminho’. E creio que o Crisóstomo faz uma reflexão muito profunda quando diz: “Se tu não fores como cordeiro, mas como lobo entre os lobos, o Senhor não te protegerá: defende-te sozinho”. Quando o pregador se acha muito inteligente ou quando quem tem responsabilidade de levar adiante a Palavra de Deus e quer dar uma de esperto... ‘Ah, eu sei me sair com esta gente!’, ele termina mal. Negociará com a Palavra de Deus: aos poderosos, aos soberbos...”.
E para ressaltar a humildade dos grandes arautos, Francisco cita um episódio que lhe contaram de um sacerdote que “se vangloriava de pregar bem a Palavra de Deus e se sentia um lobo”: depois de uma bela pregação – recorda o Papa, foi ao confessionário e encontrou um grande pecador que chorava... queria pedir perdão”. Este confessor – prossegue Francisco – ‘começou a encher-se de vaidade e a curiosidade o levou a perguntar qual era a Palavra que o havia tocado ao ponto de leva-lo ao arrependimento. “Foi quando o senhor disse ‘mudemos de assunto’. “Não sei se é verdade” – esclareceu o Papa – “mas isto confirma que se acaba sempre mal quando a Palavra de Deus é usada ‘sentindo-se seguros de si’ e não como cordeiros, que o Senhor defenderá”.
“Esta é a missionariedade da Igreja; e os grandes arautos, “que semearam e ajudaram a crescer as Igrejas no mundo, foram homens corajosos, de oração e humildes”. A oração final é para que os Santos Cirilo e Metódio nos ajudem a proclamar a Palavra de Deus assim como eles o fizeram”, concluiu o Pontífice. (BS)

Rádio Vaticano 

Papa: extrema severidade com padres pedófilos, peço perdão às vítimas

14/02/2017




“Como pode um padre que serve Cristo e sua Igreja causar tanto mal? Como pode ter consagrado a sua vida para conduzir as crianças a Deus e terminar por devorá-las num ‘sacrifício diabólico’ que destrói seja a sua vítima como a vida da Igreja?”: é o que questiona o Papa Francisco no prefácio do livro “Perdoo-lhe, padre”, escrito por Daniel Pittet, ex-sacerdote que quando jovem, foi vítima de abusos sexuais de um padre.
“Algumas vítimas – prossegue Francisco – chegaram ao suicídio. Estes mortos pesam no meu coração, na minha consciência e na consciência de toda a Igreja. Às suas famílias, apresento meus sentimentos de amor e de dor e peço humildemente perdão. Para quem foi vítima de um pedófilo, é difícil contar o que sofreu e descrever os traumas ainda presentes, mesmo depois de tantos anos”.
“Por isso, o testemunho de Daniel Pittet é necessário, precioso e corajoso”, escreve ainda o Papa, revelando: “Conheci Daniel no Vaticano em 2015; ele queria divulgar um livro intitulado “Amar é dar tudo”, uma colectânea de testemunhos de religiosos e religiosas, padres e consagrados. Eu nem podia imaginar que aquele homem entusiasta e apaixonado por Cristo fosse uma vítima de abusos de um padre; mas foi o que ele me contou; e seu sofrimento me tocou muito”.
“Notei mais uma vez – confessa ainda Francisco – os efeitos assustadores causados pelos abusos sexuais e o longo e doloroso caminho que quem os sofre deve percorrer. Fico feliz que outras pessoas possam hoje ler o seu testemunho e descobrir até que ponto o mal pode entrar no coração de um servidor da Igreja”.
Daniel Pittet, ex-sacerdote suíço, casado e com seis filhos, foi recebido pelo Papa em 2015 e lhe contou a sua história.
No prefácio, Francisco a define “uma monstruosidade absoluta, um horrendo pecado, radicalmente contrário a tudo o que Cristo nos ensina. Nossa Igreja, como recordei na carta apostólica “Como uma mãe amorosa”, de junho de 2016, deve cuidar e proteger os mais frágeis e indefesos com carinho especial. Declaramos – acrescenta o Papa – que o nosso dever é dar prova de severidade extrema com os sacerdotes que traem a sua missão e com a jerarquia, bispos e cardeais que os protegem, como já aconteceu no passado”.
Em relação ao testemunho do ex-sacerdote, para Francisco, tem um valor enorme: “Em meio à desgraça, Daniel Pittet pôde encontrar também uma outra face da Igreja e isto não o deixou perder a esperança nos homens e em Deus. Decidiu encontrar o padre abusador 44 anos mais tarde e ver nos olhos o homem que feriu profundamente a sua alma. Estendeu-lhe a mão. O menino ferido é hoje um homem em pé, frágil, mas em pé”. (BS/CM)

Fonte: http://pt.radiovaticana.va

Natividade de São João Batista: o maior dos profetas

A natividade de  São João Batista  é  uma solenidade muito importante no ano litúrgico, porque nesse dia lembramos o maior dos profetas, com...