6 de jan. de 2017

Papa concede Ano Jubilar com Indulgência Plenária ao Santuário de Fátima

06/01/2017 



Fátima (RV)– O Papa Francisco concedeu ao Santuário de Fátima um Ano Jubilar, no contexto dos 100 anos das Aparições de Nossa Senhora, com Indulgência Plenária até 26 de novembro.


“Confissão sacramental, comunhão eucarística e oração pelas intenções do Santo Padre”, são as condições para que os fiéis “penitentes e animados de caridade” obtenham a Indulgência Plenária concedida pelo Santo Padre.
Segundo o site da Diocese Leiria-Fátima, poderão obter a Indulgência “os fiéis que visitarem em peregrinação o Santuário de Fátima e aí participarem devotamente em alguma celebração ou oração em honra da Virgem Maria, rezarem a oração do Pai-Nosso, recitarem o símbolo da fé (Credo) e invocarem Nossa Senhora de Fátima”
A mesma graça poderá ser obtida pelos fieis piedosos que “visitarem com devoção uma imagem de Nossa Senhora de Fátima exposta solenemente à veneração pública em qualquer templo, oratório ou local adequado, nos dias das aparições aniversárias (dia 13 de cada mês, de maio à outubro de 2017), e ali participarem devotamente em alguma celebração ou oração em honra da Virgem Maria, rezarem a oração do Pai - Nosso, recitarem o símbolo da fé (Credo) e invocarem Nossa Senhora de Fátima.
Aos fiéis que, “pela idade, doença ou outra causa grave, estejam impedidos de se deslocarem, se, arrependidos de todos os seus pecados e tendo firme intenção de realizar, assim que lhes for possível, as três condições abaixo indicadas, frente a uma pequena imagem de Nossa Senhora de Fátima, nos dias das aparições se unirem espiritualmente às celebrações jubilares, oferecendo com confiança a Deus misericordioso através de Maria as suas preces e dores, ou os sacrifícios da sua própria vida”.
Para obter a indulgência plenária, os fiéis, verdadeiramente penitentes e animados de caridade, devem cumprir ritualmente as seguintes condições: confissão sacramental, comunhão eucarística e oração pelas intenções do Santo Padre.
De acordo com o Direito Canônico, para alcançar a indulgência, que pode ser parcial ou plenária - conforme liberta parcial ou totalmente da sanção devida pelos pecados - requer-se, além da exclusão de qualquer apego ao pecado, o cumprimento da obra prescrita pela Igreja, os Sacramentos da Reconciliação e da Eucaristia, bem como a oração pelas intenções do Papa.
(JE com Agência Ecclesiae)

O quê? Eu, uma epifania?

As pessoas que procuram a verdade podem não estar seguindo estrelas nem entrando em igrejas, mas podem encontrar Jesus em você!


Epifania significa a festa da manifestação de Jesus Cristo aos três Reis Magos. Em outras interpretações do termo, no entanto, uma epifania é o momento em que uma grande ideia ou lampejo ocorre a alguém ("Tive uma epifania ontem à noite..."). Ambos os sentidos encontram a sua raiz no verbo grego que significa “revelar”. Em nosso caso, “A Epifania”, com maiúsculas, é o fato de que Deus se revela ao mundo no Menino Jesus. Todas as outras epifanias são pálidas em comparação com esta.

Mateus narra a Epifania com riqueza de detalhes, lançando mão de outras pequenas epifanias ou revelações que adicionam beleza ao evento principal. Sobre qual desses detalhes será que vamos falar hoje?

Que tal sobre o rei Herodes, que representa os poderes civis do mundo? Ele fica obviamente perturbado com a profecia e tem medo de perder o seu poder. Por isso, ele quer matar o Rei dos Reis. Nós ainda vemos, infelizmente, manifestações desse tipo o tempo todo em nosso mundo, por parte das autoridades civis que tentam matar o Evangelho.

E que tal falarmos da estrela? A estrela no céu, visível para todos aqueles que procuravam o conhecimento (a verdade), serve para nos lembrar de que Deus sempre guia a todos para Si. Vivemos num mundo em que as pessoas tantas vezes pensam que a verdade está no fundo delas mesmas; embora a reflexão sobre si próprio seja muitas vezes uma coisa boa, o fato é que as pessoas, ultimamente, precisam olhar mais para fora delas mesmas e para o céu a fim de enxergar que Deus brilha para quem olha para cima.

E quanto aos Reis Magos? Esses gentios (ou seja, não judeus) são para nós um sinal de que, através do nascimento de Jesus, o relacionamento especial de Deus com os judeus estava sendo estendido a todo o mundo. Aqueles reis, sábios porque honestamente procuravam a verdade mesmo que ela desafiasse as suas crenças antigas, se ajoelharam diante do Rei dos Reis em adoração. Ao fazerem isso, eles nos deram o exemplo de como procurar pelo Senhor e de como comportar-nos em Sua presença.

E os presentes dos Reis Magos, o ouro, o incenso e a mirra? Esses três presentes (a partir dos quais inferimos que os Reis Magos eram três, embora o número deles não seja explicitado) nos dizem quem é aquela criança. O ouro significa que Ele é rei; o incenso significa que Ele é sacerdote e intercede junto a Deus em nosso favor; e a mirra, especiaria usada no embalsamamento, atesta que Jesus sofreria e morreria pelos nossos pecados. Mas disso tudo nós já sabemos.

Que tal então falarmos dos “nossos” presentes a Ele?

Deus nos deu o maior de todos os presentes, já que nos entregou o Seu Filho; e nós, assim como os Reis Magos, fazemos muito bem em querer retribuir. Não é que Jesus precise de presentes nossos; nós é que precisamos presenteá-lo para crescermos em nosso relacionamento com Ele. Na falta de ouro, incenso e mirra, que, normalmente, não estão disponíveis nas lojas de conveniência, nós podemos oferecer os nossos próprios presentes pessoais. Podemos dar a Ele coisas materiais (equivalentes ao ouro do Reis Magos) e, assim, nos lembrar de que tudo o que temos pertence ao Rei dos Reis. Podemos dar a Ele as nossas orações (o nosso incenso), tanto orando por nós mesmos quanto pelos outros, a fim de nos lembrarmos do quanto é importante ficar em diálogo com Deus. Por fim, podemos dar a Jesus os nossos sofrimentos e aflições (a mirra), o que nos recorda que, apesar de ser verdade que nós sofremos neste mundo, o sofrimento não precisa nos deixar amargurados, já que a Cruz de Cristo o transforma em esperança.

E quanto ao cenário? Todas as coisas citadas acima são dignas de contemplação, mas, para hoje, eu gostaria de sugerir que nos concentrássemos neste aspecto da Epifania: o cenário.

Comemoramos o Natal tantas vezes que é fácil nos esquecermos da sua magnitude. O Deus do Universo, infinito, todo-poderoso e eterno, desceu dos céus e se fez homem por amor a nós. Mas não apenas homem: ele se fez bebê! Profetas e anjos, durante séculos, proclamaram a Palavra de Deus, mas Deus sabia que nós, em nossa teimosia, precisávamos realmente vê-lo e ouvi-lo; assim, Ele veio a este mundo como um bebê para compartilhar a nossa experiência humana e para que nós pudéssemos relacionar-nos com Ele.

Este grande evento não aconteceu dentro de um grande templo, nem de um palácio, nem de qualquer outro local grandioso. Aconteceu num estábulo, com ninguém por perto a não ser a Sagrada Família. Nem mesmo o mais sábio de todos os sábios poderia ter previsto algo tão humilhante e ridículo. Além disso, quando os Reis Magos viajaram seguindo uma estrela milagrosa no céu, eles muito dificilmente devem ter imaginado que seriam levados até uma pequena cidade na periferia da capital, nem a um abrigo tão simplório. Que coisa mais ordinária! E foi exatamente esse, no entanto, o lugar onde eles encontraram o Rei dos Reis.

Talvez esta seja uma das maiores epifanias da Epifania. Num mundo de brilho, glamour e espetáculo, é fácil pensarmos que qualquer coisa que vale a pena ter ou fazer tem que ser grande e espetacular. Somos tentados a pensar que, para tocar no divino, precisamos fazer grandes coisas e ir para grandes lugares. Não estou sugerindo de forma alguma que não há espaço para as grandes coisas. Tanto vamos a igrejas e capelas grandes quanto pequenas para nos inspirar e para adorar a Deus e ser alimentados por Ele, mas temos que nos lembrar sempre de que o Rei dos Reis não fica restrito àquelas paredes.

Jesus Cristo se encontra nas pessoas e nos acontecimentos comuns da nossa vida e nós somos chamados a reconhecer e ampliar essa realidade. Os sábios deste mundo, homens e mulheres que procuram a verdade, podem não estar seguindo uma estrela nem se sentindo atraídos a entrar numa grande igreja, mas eles podem encontrar você!

A Epifania não é simplesmente algo que aconteceu uma única vez, há mais de dois mil anos, e sim um evento que deve repetir-se em nossa vida de todos os dias, em cujo decorrer nos transformamos em ocasiões para que os outros encontrem a Cristo.

Seja uma epifania!

Fonte: 

Canonry of St. Leopold  repassado por Aleteia 

Papa no Angelus: Coragem, a luz de Jesus vence as trevas mais obscuras!

06/01/2017



Antes da oração mariana do Angelus e, dirigindo aos milhares de peregrinos e fiéis presentes na Praça de S. Pedro, o Papa Francisco falou do significado da Epifania do Senhor, isto é, a manifestação de Jesus que brilha como luz para todos povos. Símbolo desta luz que brilha no mundo e quer iluminar a vida de cada um, disse o Papa, é a estrela que guiou os Magos até Belém.
Também na nossa vida existem várias estrelas, luzes que brilham e orientam, e cabe a nós escolher quais queremos seguir:
“Há luzes intermitentes, que vão e vêm, como as pequenas satisfações da vida: embora boas, não são suficientes, porque duram pouco e não deixam a paz que procuramos; estão depois as luzes deslumbrantes da ribalta, do dinheiro e do sucesso, que prometem tudo e agora: são sedutoras, mas com a sua força cegam e fazem passar dos sonhos de glória à escuridão mais espessa. Os Magos, ao invés, nos convidam a seguir uma luz estável e suave, que não se apaga, porque não é deste mundo: vem do céu e brilha no coração”.
Esta luz verdadeira é a luz do Senhor, ou melhor, é o Senhor – continuou Francisco. Esta luz é para todos e chama a cada um e podemos, assim, sentir como dirigido a nós o convite de hoje do profeta Isaías: "Levanta-te, reveste-te de luz".
Gostaria, com muito respeito, convidar a todos a não ter medo desta luz e a abrir-se ao Senhor. Sobretudo gostaria de dizer a quem perdeu a força de procurar, àqueles que, subjugados pela escuridão da vida, apagaram qualquer desejo: "Coragem, a luz de Jesus sabe vencer as trevas mais escuras”, disse ainda o Papa.
Como podemos encontrar esta luz divina? Seguindo o exemplo dos Magos, que o Evangelho descreve sempre em movimento, disse o Papa, ressaltando a vida cristã é um caminho contínuo, feito de esperança e de busca; um caminho que, como o dos Magos, continua mesmo quando a estrela desaparece de vista momentaneamente:
“Neste caminho existem também insídias que devem ser evitadas: as conversas superficiais e mundanas que tornam lento o passo; os caprichos paralisantes do egoísmo; os buracos do pessimismo, que armadilha a esperança. Estes obstáculos bloquearam os escribas, eles sabiam onde estava a luz, mas não se mexeram. O seu conhecimento foi em vão, pois não basta saber que Deus nasceu, se não se faz com Ele o Natal no coração.
Os Magos, pelo contrário, ao encontrar o Menino, "se prostraram e o adoraram". E depois lhe deram ouro, incenso e mirra, os seus bens mais preciosos. Nós também, como os Magos, ponhamo-nos em caminho, revistamo-nos de luz seguindo a estrela de Jesus, e adoremos o Senhor com tudo aquilo que somos.
Depois do Angelus o Papa falou do Natal das Igrejas do Oriente que se celebra amanhã:
“Amanhã as comunidades eclesiais do Oriente que seguem o Calendário Juliano celebram o Santo Natal. Em espírito de alegre fraternidade faço votos que o novo nascimento do Senhor Jesus as encha de luz e de paz”.
E Francisco continuou dizendo que a Epifania é o Dia da Infância Missionária. E encorajou a todos os meninos e meninas que em muitas partes do mundo se empenham em difundir o Evangelho e ajudar os seus pares que passam por dificuldades. E também agradeceu a Pontifícia Obra da Infância Missionária por este serviço educativo.
Os Magos ofereceram a Jesus os seus dons mas na verdade o próprio Jesus é o verdadeiro dom de Deus – n’Ele vemos o rosto misericordioso do Pai que nos acolhe e perdoa, sempre, disse Francisco a concluir. E falando de dons, o Papa pensou em dar aos presentes um pequeno dom: o livrinho de bolso “Ícone de Misericórdia”, que foi distribuído pelos pobres, os sem-abrigo e os refugiados, juntamente com muitos voluntários e religiosos.
E o Santo Padre desejou a todos um ano de justiça, de perdão, de serenidade, mas sobretudo, um ano de misericórdia.
Boas festas a todos e, por favor, não vos esqueçais de me dar o dom da vossa oração por mim. Bom almoço e até logo!

Rádio Vaticano 

Quando termina o tempo do Natal?

No calendário litúrgico, com exceção à celebração anual da Páscoa, para a Igreja a comemoração mais venerável do ano é o Natal do Senhor. O Natal é um tempo especial; tempo de fé, alegria e acolhimento do Filho de Deus feito Homem. É um tempo curtinho. Vai da véspera do Natal de Nosso Senhor até o primeiro domingo depois da Festa da Epifania, no começo de janeiro. Durante este período são celebradas pela Igreja as festas da Circuncisão do Senhor, da Sagrada Família, de Santa Maria Mãe de Deus, da Epifania, dos Reis Magos e do Batismo de Jesus.


Via: Cléofas 

A exemplo dos três reis magos, o que podemos oferecer a Jesus neste Natal?

Os reis magos vieram da Pérsia, iluminados por uma estrela no céu e por uma luz interior que os guiava e os dirigia para Cristo, o Messias que eles sabiam que os judeus esperavam. A tradição diz que eram reis de pequenos reinos, entendidos em ler as estrelas.
Enquanto em Jerusalém ninguém esperava e acreditava, eles, na fé, procuravam o esperado Menino, sua Mãe e seu Pai em Belém. “Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo” (Mt 2,1-2). São Mateus diz que o rei Herodes ficou perturbado e com ele toda a Jerusalém.
E a misteriosa estrela os guiava até chegarem onde estava o Menino. Encontrando-O, prostraram-se diante Dele, “abrindo seus tesouros, ofereceram-lhe como presentes: ouro, incenso em mirra.” O ouro é dado ao Rei, o incenso a Deus, e a mirra à vítima a ser imolada um dia no Calvário. Que mistério!
A epifania, é esta manifestação de Jesus como Messias, Filho de Deus e Salvador do mundo. Esses “magos”, representantes das religiões pagãs, representam as primeiras nações que acolhem a Boa Nova da salvação pela Encarnação do Verbo. A vinda deles a Jerusalém para “adorar ao Rei dos Judeus” mostra que eles procuram em Israel, à luz do Messias da estrela de Davi, aquele que será o Rei das nações. Isto significa que “a plenitude dos pagãos entra na família dos patriarcas” e adquire a mesma dignidade dos judeus.
Os reis magos, que eram pagãos, souberam ver no Menino, o Deus salvador, por isso o adoraram e lhe deram presentes. E nós, o que devemos dar a Jesus? Antes de tudo precisamos seguir a sua Luz, a sua Estrela.
Ora, São João da Cruz disse que “amor só se paga com amor.” Jesus só nos deu amor: sua vida, sua morte, sua ressurreição. “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1). Ele é o amor! Nossos presentes ao grande Menino devem ser presentes de amor.
Ele disse na Santa Ceia: “Se me amais guardareis os meus mandamentos” (Jo 14,15). Então, a primeira disposição nossa deve ser de renovar o desejo de ouvir a sua voz e obedecer-lhe. São Jerônimo disse que “quem não conhece os Evangelhos não conhece Jesus”. O primeiro passo é conhecer o que Ele ensinou; o segundo é viver o que Ele manda.
Jesus veio para “tirar o pecado do mundo” (Jo 1,29); Ele é o Cordeiro imolado pelos nossos pecados. Então, o melhor presente que você pode colocar na Sua manjedoura é o propósito firme de lutar, sem tréguas, sem desanimar, sem se cansar, contra os seus pecados; pois é a única ação que pode afastá-Lo do seu coração, onde Ele quer sempre estar.
Olhe para você mesmo diante do Presépio, e pergunte ao divino Menino o que Ele quer que você mude na sua vida. Peça-lhe a sua graça, para ouvir a sua voz e ter a graça de obedecer-Lhe. Ofereça esse propósito como o seu ouro, incenso e mirra. Ele vai gostar!
Mais do que os presentes e as micro lâmpadas piscando, Ele quer seu coração; todo, inteiro, sem divisão. Então, o melhor presente é entregar-lhe o coração, determinado a amá-lo.
Prof. Felipe Aquino

Via: Cléofas 

A Epifania do Senhor

A festa dos Reis Magos (Epifania – manifestação do Senhor) no Oriente é celebrada com mais ênfase que o próprio dia do Natal, devido a grande devoção que se presta lá a este acontecimento.
Além do Evangelho de São Mateus, há documentos apócrifos no Vaticano, muito antigos e de grande valor, que relatam a visita dos Reis Magos ao Menino Jesus. Há um mosaico sobre eles em Ravenna, Itália, do século 6, com os nomes dos três.
A palavra “mago” era empregado para o “sábio”, especialmente aos sacerdotes da Caldeia que foram os primeiros a estudar a astronomia no mundo. Mago aqui nada tem de esotérico.
O grande doutor da Igreja São Beda, o Venerável (673-735), muito respeitado, que foi monge beneditino na Inglaterra, historiador, pesquisou e escreveu sobre os Reis Magos, e foi o primeiro e escrever seus nomes. Segundo ele, “Melquior tinha setenta anos, de cabelos e barbas brancas, tendo partido de Ur, na Caldeia. Gaspar era jovem de vinte anos, e teria partido de uma distante região montanhosa, perto do Mar Cáspio. E Baltasar era mouro, com quarenta anos, partira do Golfo Pérsico, na Arábia Feliz”. Gaspar significa “aquele que vai inspecionar”; Melquior quer dizer: “Meu Rei é Luz”, e Baltasar “Deus manifesta o Rei”. Nota-se, então, que eles não vieram do mesmo lugar… mas os três viram o sinal misterioso da Estrela de Jesus.
Para São Beda e para os doutores da Igreja, os três representavam as três raças humanas existentes, os reis e os povos de todo o mundo. O nosso Catecismo diz que:
“A epifania é a manifestação de Jesus como Messias Israel, Filho de Deus e Salvador do mundo… Nesses “magos”, representantes das religiões pagãs circunvizinhas, o Evangelho vê as primícias das nações que acolhem a Boa Nova da salvação pela Encarnação. A vinda dos magos a Jerusalém para “adorar ao Rei dos Judeus” mostra que eles procuram em Israel, à luz messiânica da estrela de Davi, aquele que será o Rei das nações. Sua vinda significa que os pagãos só podem descobrir Jesus e adorá-lo como Filho de Deus e Salvador do mundo voltando-se para os judeus e recebendo deles sua promessa messiânica, tal como está contida no Antigo Testamento. A Epifania manifesta que “a plenitude dos pagãos entra na família dos patriarcas” e adquire a “dignidade israelítica”. (n.528).

Algo relevante foi que no século VII, quando os persas dominaram Jerusalém, destruíram as igrejas católicas ali construídas, mas preservaram a basílica da natividade, em Belém, onde Jesus nasceu, porque viram na fachada da basílica um dos Magos representados com roupas persas. É um sinal de onde um deles veio.
Os presentes que ofereceram ao Menino Jesus têm um significado importante. Segundo São Beda, Melquior deu ao Menino Jesus ouro, reconhecimento da realeza; Gaspar ofereceu-Lhe incenso, reconhecimento da divindade; Baltasar ofereceu mirra, reconhecimento da humanidade e símbolo de sofrimento, era usada para embalsamar corpos; simboliza o Cordeiro a ser imolado para tirar o pecado do mundo.
Assim, os Reis Magos, representando os pagãos, reconheciam o Menino Jesus como Rei, Deus e Vítima a ser imolada. A Igreja interpreta essa visita dos Magos como o cumprimento da profecia de Davi:
“Os reis de Társis e das ilhas lhe trarão presentes, os reis da Arábia e de Sabá oferecer-lhe-ão seus dons. Todos os reis hão de adorá-lo, hão de servi-lo todas as nações”. (Sl 71, 10-11)
Segundo São João Crisóstomo (†407), mártir e doutor da Igreja, Patriarca de Constantinopla, os três Reis Magos foram mais tarde batizados pelo Apóstolo São Tomé e trabalharam muito pela expansão da Fé (Patrologia Grega, LVI, 644). Segundo esta tradição, seus restos são venerados na Catedral de Colônia, numa bela urna de ouro e de pedras preciosas. As relíquias deles teriam sido descobertas na Pérsia por Santa Helena, mãe do imperador romano Constantino, e levadas para Constantinopla. Depois foram levadas para a do Império, Milão, e depois transferidas para a Catedral de Colônia, em 1163, e guardadas em riquíssimo relicário (Acta SS., I, 323).
Nota: As informações desta matéria foram tiradas do Evangelho, do Catecismo e do excelente artigo abaixo:

Via: Cléofas 

Papa: crentes como os Magos sejam impelidos pela nostalgia de Deus

06/01/2017



Sexta-feira, 6 de janeiro de 2017, Solenidade da Epifania do Senhor. Com as palavras dos Magos «Onde está o Rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-Lo» , o Papa Francisco iniciou a sua homilia sublinhando que ver e adorar e adorar são as duas ações que sobressaem na narração evangélica de Mateus que a liturgia apresenta.
Os Magos viram uma estrela que os pôs em movimento – disse Francisco – e, citando o Padre da Igreja S. João Crisóstomo, reafirmou que eles não se puseram a caminho porque tinham visto a estrela, mas viram a estrela porque se tinham posto a caminho, mantinham o coração fixo no horizonte, porque havia neles um desejo que a tal os impelia: estavam abertos a uma novidade:
“Os Magos dão-nos, assim, o retrato da pessoa crente, da pessoa que tem nostalgia de Deus; o retrato de quem sente a falta da sua casa: a pátria celeste. Refletem a imagem de todos os seres humanos que não deixaram, na sua vida, anestesiar o próprio coração”.
Esta “nostalgia santa de Deus” – prosseguiu o Papa - brota no coração crente, porque sabe que o Evangelho não é um acontecimento do passado, mas do presente, a nostalgia santa de Deus permite-nos manter os olhos abertos contra todas as tentativas de restringir e empobrecer a vida, a nostalgia santa de Deus é a memória crente que se rebela contra tantos profetas de desgraça. E acrescentou:
“Foi esta nostalgia que impeliu o filho pródigo a sair duma conduta autodestrutiva e procurar os braços de seu pai. Era esta nostalgia que sentia no seu coração o pastor, quando deixou as noventa e nove ovelhas para ir à procura da que se extraviara. E foi também o que sentiu Maria Madalena na madrugada do Domingo de Páscoa, fazendo-a correr até ao sepulcro e encontrar o seu Mestre ressuscitado. A nostalgia de Deus tira-nos para fora dos nossos recintos deterministas, que nos induzem a pensar que nada pode mudar. A nostalgia de Deus é a disposição que rompe com inertes conformismos, impelindo a empenhar-nos na mudança que anelamos e precisamos”.
A nostalgia de Deus, disse ainda Francisco, tem as suas raízes no passado, mas não se detém lá: vai à procura do futuro e impele o crente a ir à procura de Deus, como os Magos, nos lugares mais recônditos da história, pois está seguro, em seu coração, de que lá o espera o seu Senhor. Vai à periferia, à fronteira, aos lugares não evangelizados, para poder encontrar-se com o seu Senhor; e fá-lo não com atitude de superioridade mas como um mendigo que se dirige a alguém aos olhos de quem a Boa Nova é um terreno ainda a explorar.
Mas enquanto os Magos caminhavam, Jerusalém dormia – frisou Francisco - dormia em conivência com Herodes que, em vez de andar à procura, dormia também. E ficou perturbado; teve medo. É aquela perturbação, explicou o Papa, que leva a pessoa, à vista da novidade que revoluciona a história, a fechar-se em si mesma, nos seus resultados, nos seus conhecimentos, nos seus sucessos.
“A perturbação de quem repousa na sua riqueza, incapaz de ver mais além. É a perturbação que nasce no coração de quem quer controlar tudo e todos; uma perturbação própria de quem vive imerso na cultura que impõe vencer a todo o custo, na cultura onde só há espaço para os «vencedores» e a qualquer preço. Uma perturbação que nasce do medo e do temor face àquilo que nos interpela, pondo em risco as nossas seguranças e verdades, o nosso modo de nos apegarmos ao mundo e à vida”.
E o Papa falou da segunda atitude dos Magos “Queremos adorar”. Aqueles homens – observou o Papa - vieram do Oriente para adorar, decididos a fazê-lo no lugar próprio de um rei: no Palácio, porque é próprio de um rei nascer num palácio, mas foi lá onde precisamente teve início a ousadia mais difícil e complicada: descobrir que não se encontrava no Palácio aquilo que procuravam, mas estava noutro lugar:
Lá não veem a estrela que os levava a descobrir um Deus que quer ser amado, descobrir que o olhar deste Rei desconhecido – mas desejado – não humilha, não escraviza, não aprisiona; descobrir que o olhar de Deus levanta, perdoa, cura; descobrir que Deus quis nascer onde não o esperávamos, onde talvez não o quiséssemos; ou onde muitas vezes o negamos; descobrir que, no olhar de Deus, há lugar para os feridos, os cansados, os maltratados e os abandonados: que a sua força e o seu poder se chamam misericórdia. Como é distante, para alguns, Jerusalém de Belém!”
Mas Herodes não pôde adorar porque o seu objetivo era que o adorassem a ele, e nem sequer os sacerdotes puderam adorar, porque sabiam muito, conheciam as profecias, mas não estavam dispostos a caminhar nem a mudar, mas o Magos sentiram nostalgia e puderam adorar porque tiveram a coragem de caminhar e, prostrando-se diante do pequenino, prostrando-se diante do pobre, prostrando-se diante do inerme, prostrando-se diante do insólito e desconhecido Menino de Belém, descobriram a Glória de Deus – rematou Francisco.
Rádio Vaticano 

5 de jan. de 2017

Papa às vítimas do terremoto: “mãos e corações de todos para reconstruir”

05/01/2017



O Papa recebeu na Sala Paulo VI cerca de 7.000 pessoas atingidas pelos terremotos ocorridos de agosto de 2016 ao presente mês de janeiro, no centro da Itália. Francisco fez um discurso improvisado, reflectindo sobre os testemunhos ouvidos.
A “A audiência – como explica o arcebispo de Spoleto-Norcia, Dom Renato Boccardo – foi dedicada especialmente aos que perderam parentes, casas, terras e segurança económica: pessoas que foram de certo modo feridas pelo terremoto e carecem de consolo e esperança”.
O pároco de Abbazia di S. Eutizio in Preci, Pe. Luciano Avenati, saudou o Pontífice em nome de toda a delegação.
“Vítimas do terremoto no corpo, mas não na alma”, disse o padre, apresentando o grupo. “Não temos mais casas, mas tivemos muitas reconciliações nos últimos meses. Redescobrimos ser uma grande família”.
Reconstruir, mãos e ferida
O discurso do Papa, feito espontaneamente, teve três palavras-chave: “reconstruir”, não só as casas, mas também os corações; “mãos”, como as que removeram os escombros e as que, como as de Deus, que reconstroem; e “feridas”, que se curam, mas que deixam cicatrizes.
“Na vossa situação, o pior que eu poderia fazer é um sermão!”, começou Francisco, explicando a sua decisão de não proferir o discurso preparado para o encontro. Ao contrário, preferiu comentar as palavras mencionadas nos testemunhos que acabara de ouvir, detendo-se especialmente no termo “ferida”.
“Cada um sofreu alguma coisa, alguns perderam tanto: casa, filhos, pais... O silêncio, o carinho e a ternura do coração nos ajudam a não ferir e fazem milagres na hora da dor!”, disse o Pontífice, lembrando o discurso feito pelo pároco.
“Houve reconciliações, foram deixados de lado rancores e nos reencontramos juntos, numa nova situação... com beijos, abraços e ajuda recíproca... e também com o pranto. Chorar só faz bem; nos expressamos diante de nós e de Deus, mas chorar juntos é melhor. E nós choramos juntos. Estas coisas me vieram no coração quando li e ouvi os seus testemunhos”, revelou o Papa.
O agradecimento e o reconhecimento pelo bom exemplo
Em seguida, Francisco se dirigiu aos presentes afirmando: “Vós sabeis que eu estou próximo de vós. Quando soube do que tinha acontecido naquela manhã, (24 de agosto) e recém-acordado, encontrei um bilhete que me informava dos dois tremores, eu senti duas coisas: a primeira foi ‘tenho que ir lá’ e a segunda foi ‘a dor’. Senti dor, muita dor, e com este sentimento, fui celebrar a missa da manhã. Obrigado pela vossa presença aqui hoje e em algumas audiências nos últimos meses. Obrigado por tudo o que fizestes com o vosso exemplo para construir, reconstruir os corações, as casas e o tecido social
Papa baptizará bebés das áreas do terremoto
No próximo dia 14 de janeiro, o Papa Francisco baptizará oito bebés nascidos em Amatrice e Accumoli, cidades do centro da Itália devastadas pelo terremoto de 24 de agosto.
O anúncio foi feito por Dom Domenico Pompili, bispo de Rieti, diocese em que se encontram os dois municípios. A cerimónia será à tarde, na Casa Santa Marta, residência do Pontífice no Vaticano. A ideia amadureceu durante a visita do Papa a Amatrice, em 4 de outubro passado. Enquanto cumprimentava a população, uma senhora lhe apresentou o seu bebé para ser abençoado e disse que seu maior sonho era que o Papa o baptizasse. (bs/cm)
Rádio Vaticano 

Papa: para as vocações, rezar, porta aberta e apostolado da caminhada

05/01/2017



O Papa Francisco recebeu, nesta quinta-feira (05/01), na Sala Paulo VI, no Vaticano, cerca de oitocentos participantes na Conferência nacional promovida pela Pastoral Vocacional da Conferência Episcopal Italiana (CEI) sobre o tema “Levanta-te, vá e não tenhas medo”.
O Pontífice entregou o discurso preparado e falou espontaneamente, convidando os jovens a não terem medo de se levantar e aceitar o convite de Jesus que diz: Segui-me.
Francisco convidou os sacerdotes, consagrados e religiosas a abrirem as portas de seus institutos aos jovens. “As portas se abrem com a oração, a boa vontade e o risco. Arriscar-se com os jovens”, disse o Santo Padre.
“Jesus nos disse que o primeiro método para obter vocações é a oração, e nem todos são convencidos disso. Rezar pelas vocações. Com as portas fechadas ninguém pode entrar para encontrar o Senhor. É preciso abrir as portas para que eles possam entrar nas igrejas. Os bispos devem procurar uma maneira de acompanhar a oração da comunidade”, sublinhou Francisco.
O Papa chamou a atenção para o anúncio do Evangelho. Falou também sobre a importância do acolhimento. “Para ter vocações é preciso acolher os jovens.”
“Se queremos vocações devemos abrir as portas, rezar e nos sentar para ouvir os jovens. Fazer o apostolado do ouvido. Ter paciência, ouvir, fazer com que se sintam em casa, acolhidos. Muitas vezes eles fazem molecagem: Graças a Deus! Porque não são velhos. É importante perder tempo com os jovens.”
Segundo Francisco, o testemunho é outro elemento importante para a Pastoral Vocacional. “É verdade que o jovem sente o chamamento do Senhor, mas o chamamento é concreto, e na maioria das vezes é: Quero me tornar como ele ou ela. Existem testemunhos que atraem os jovens. Os testemunhos dos bons sacerdotes e das boas religiosas.”
A seguir, o resumo do discurso entregue pelo Papa aos participantes do encontro
No discurso entregue aos participantes, o pontífice se congratula pela realização desse encontro anual “onde se partilha a alegria da fraternidade e a beleza de várias vocações”.
No texto, Francisco recorda a Assembleia sinodal de 2018 sobre o tema ‘Jovens, fé e discernimento vocacional’. “O sim total e generoso de uma vida que se doa é semelhante a uma fonte de água, escondida por muito tempo nas profundezas da terra, que espera para jorrar e escorrer num fluxo de pureza e frescor. Os jovens hoje precisam de uma fonte de água fresca para saciar a sede e prosseguir o seu caminho de descoberta. Os jovens têm o desejo de uma grande vida. O encontro com Cristo, o deixar-se atrair e guiar pelo seu amor amplia o horizonte da existência e doa uma esperança sólida que não decepciona".
Segundo o Papa, o serviço de anúncio e acompanhamento vocacional “requer paixão e gratuidade”. “A paixão do envolvimento pessoal, do saber cuidar das vidas que lhes são entregues como um baú que possui um tesouro precioso a ser preservado. A gratuidade de um serviço e ministério na Igreja que exige respeito por aqueles que são seus companheiros de caminhada. É o compromisso de buscar sua felicidade, e isso vai além de suas preferências e expectativas.”
Confiança e esperança
Francisco cita as palavras do Papa Bento XVI: “Sejam semeadores de confiança e esperança. É profundo o sentido de confusão em que muitas vezes vive a juventude contemporânea. Não raro, as palavras humanas são desprovidas de futuro e de perspectiva, despojadas também de sentido e de sabedoria. [...] E no entanto, esta pode ser a hora de Deus”.
“Para ser críveis e entrar em sintonia com os jovens é preciso privilegiar o caminho da escuta, do saber perder tempo em acolher as suas perguntas e seus desejos.”
“A prioridade do anúncio vocacional não é a eficiência do que fazemos, mas atenção privilegiada à vigilância e ao discernimento. É ter um olhar capaz de ver o lado positivo nos eventos humanos e espirituais que encontramos”, sublinha o Francisco.
Cultura vocacional
Segundo o Papa, “hoje é necessária uma Pastoral Vocacional de horizontes amplos e com o espírito de comunhão, capaz de ler com coragem a realidade assim como ela é, com suas fadigas e resistências, reconhecendo os sinais de generosidade e beleza do coração humano. É preciso levar novamente para dentro das comunidades cristãs uma nova cultura vocacional”.
“Não se cansem de repetir: ‘eu sou uma missão’ e não simplesmente ‘tenho uma missão’. Estar em estado permanente de missão requer coragem, audácia, criatividade e desejo de ir além.”
“Sintamo-nos impelidos pelo Espírito Santo a encontrar, com coragem, novos caminhos de anúncio do Evangelho da vocação, para ser homens e mulheres que, como sentinelas, sabem capturar os raios de luz de um novo amanhecer, numa experiência renovada de fé e paixão pela Igreja e pelo Reino de Deus.”
(BS/MJ)
Rádio Vaticano 

O santo assassino: Jacques Fesch

Depois de conhecer esta história, você nunca mais vai duvidar da conversão de ninguém, acredite.



Na história da Igreja há um só precedente de um condenado à morte por delitos comuns e elevado à honra dos altares. Trata-se do “bom ladrão”, São Dimas, há 2.000 anos.
Depois do processo diocesano celebrado a Paris, chegaram a Roma os atos da causa de beatificação de Jacques Fesch, um jovem francês guilhotinado pelo homicídio de um policial, durante um assalto.
Sua história é um exemplo maravilhoso de que é possível uma conversão sincera, um arrependimento verdadeiro e de que, mesmo tendo-se cometido pecados graves, uma pessoa pode vir a se santificar pela confiança em Deus, pelo reconhecimento da infinita misericórdia divina, pela humildade, pela oração, pela contrição perfeita de seus pecados e pelo oferecimento a Deus de todas as suas penas e sofrimentos como forma de expiá-los. Sua história é muito edificante.
“Santo assassino”
Estamos acostumados a ouvir histórias de santos que desde a infância tiveram uma adesão humilde e forte à fé recebida em seu santo Batismo. Santos que se tornaram notáveis pelo amor incondicional à Igreja e ao próximo. Santos que gozavam de tamanha fé que lhes permitia operarem grandes milagres. Isto fez com que alguns encarassem a santidade como algo extraordinário, impossível de ser alcançado. Eis a razão pela qual muitos se escandalizaram quando foi encerrada a fase de informação diocesana e aberto o processo de beatificação de Jacques Fesch, jovem francês, condenado à prisão e finalmente executado na guilhotina, por ter matado um policial e ferido um funcionário de uma casa de câmbio numa tentativa de roubo.
Nascido em família rica, filho de um poderoso banqueiro belga, ateu e adúltero, indiferente quanto à formação religiosa de seus filhos. Não possuía gosto pelos estudos. Foi enviado à Alemanha para combater pelo exército francês. Depois de ter prestado serviço militar, foi-lhe arranjado um emprego com alto salário em um banco, sendo demitido após três meses. Levava uma vida mundana. Com fama de playboy, era dado às bebedeiras e frequentemente se envolvia com prostitutas. Casou-se aos 21 anos numa cerimônia civil com Pierrette Polack, filha da vizinha, que estava esperando um filho seu. Seus pais, antissemitas, não aceitaram o fato de sua nora ser filha de pai judeu. Não obstante o nascimento da filha, o jovem Fesch continuou a se encontrar com outras mulheres. Desses encontros nasceu Gérard, filho bastardo que foi entregue aos cuidados de um orfanato. Logo após, o casal se divorciou.
Inquieto e deprimido, pretendendo fugir das responsabilidades da família que, muito jovem, havia formado, decidiu empreender uma navegação solitária em redor do mundo. Pediu a seus pais a ajuda financeira necessária para comprar um barco e realizar tal viagem. Eles, não compreendendo a delicada situação emocional de seu filho, tendo-o por desequilibrado e ilusionista, negaram todo o apoio. A fim de conseguir recursos para o seu plano, acertou com o famoso cambista Alexander Silberstein a troca de dois milhões de francos por barras de ouro.
No entardecer do dia 25 de fevereiro de 1954, dirige-se à casa de câmbio. Lá, apontou um revólver e exigiu a entrega do dinheiro que estava guardado na registradora. O cambista reagiu, sendo atingido com duas coronhadas na cabeça. Enquanto fugia com a quantia roubada, por meio de uma rua movimentada, deparou-se com um policial, Jean Vergne, de 35 anos, viúvo e pai de uma filha pequena. O policial, que havia sido alertado por alguém que estava a passar, de que aquele jovem havia assaltado uma casa de câmbio, ordenou que ele parasse e se entregasse. Hesitante, o jovem atirou três vezes, o que custou a vida do policial. Revoltada, a multidão começou a perseguir o assassino, que continuava a atirar, ferindo uma moça no pescoço. Finalmente, ele se rendeu e foi preso.
O crime ganhou repercussão na França. O homicida não era um homem comum, mas filho de um rico banqueiro. Levado a julgamento, não demonstrava arrependimento. Com seu característico humor sarcástico, limitou-se a dizer: “Arrependo-me de não ter usado uma metralhadora”. O tribunal marcou uma audiência futura, na qual seria decidida a condenação à guilhotina. Já na prisão de La Santé, foi levado ao capelão, a quem falou: “Não tenho fé. Não se preocupe comigo”.
No entanto seu advogado, Paul Baudet, católico fervoroso, decidiu lutar não apenas para salvar a vida de seu cliente, mas, sobretudo para salvar sua alma. Jacques Fesch contava também com o apoio espiritual do velho capelão dominicano. Com o passar do tempo, começou a sentir uma angústia que penetrava no mais profundo de seu ser. Uma angústia pela vergonha que havia causado à sua família. Crescia o temor da morte, ao passo que os dias para sua possível execução se aproximavam. Entretanto, ele continuava cético e descrente. Chegou por vezes a ter desejos de atentar contra sua própria vida.
Foi na noite de 28 de fevereiro de 1955 que sofreu uma conversão repentina após ter passado por uma experiência mística. Assim descreve: “Estava deitado, olhos abertos, realmente sofrendo pela primeira vez na vida. Repentinamente, um grito saiu de meu peito, uma súplica por ajuda – Meu Deus – e, como um vento impetuoso que passa sem que soubesse de onde vem, o Espírito do Senhor me agarrou pela garganta. Tive a impressão de um infinito poder e de uma infinita bondade que, daquele momento me fez crer com convicção que nunca estive abandonado”.
Enquanto a justiça dos homens faz o seu curso com os processos, os interrogatórios, as acusações do ministério público e os planos da defesa, o jovem na solidão da sua cela lê as revistas, clássicos e romances que lhe passam. Também o Capelão e o seu advogado, Baudet, um convertido que se tornou carmelita secular lhe incentivam leituras espirituais. Jacques é fulminado pelas figuras de Francisco de Assis, Teresa de Ávila e Teresinha do Menino Jesus a quem chamava de “minha pequena Teresa”, bem como da Divina Comédia. Depois de um ano de detenção tem uma experiência mística em que, conforme relato seu em uma carta, “como um vento impetuoso que passa, sem que se saiba de onde vem, o Espírito do Senhor me agarrou”.
A um amigo seu confiou certa vez: “agora tenho verdadeiramente a certeza de começar a viver pela primeira vez. Estou em paz e dei um sentido à minha vida, enquanto antes não era mais que um morto vivo”. Isolado em uma pequena cela comunica a sua fé com cartas que depois se tornaram objeto de reflexão por parte dos jovens católicos franceses.
Fesch ainda passaria dois anos e meio na prisão. Durante este tempo, levou uma vida ascética. Evitava qualquer regalia. Dizia sempre que na cadeia existem duas formas de viver, ou se rebelar contra sua própria situação, ou adotar um estilo de vida monástico. Tendo verdadeiramente a certeza de que começara a viver pela primeira vez, recluso em sua cela, transmitia a sua fé por meio de cartas que se tornaram objetos de reflexão por parte de jovens católicos franceses. Mesmo passando por períodos depressivos, o temor da morte desapareceu face ao temor de morrer em pecado.
Jacques Fesch under arrestFinalmente, após quase três anos de espera, Jacques foi levado ao julgamento definitivo. Lá, demonstrou sincero arrependimento pelo que havia causado ao policial e à sua família. Todavia, não obstante a eloquência do advogado e as lágrimas de remorso do réu, a corte foi unânime em declará-lo condenado à morte. Agendada a data da decapitação, procurou aguardar a execução em paz e em oração, enxergando-a como uma forma de santificação. Resistiu à tentação de odiar aqueles que o haviam sentenciado ao cruel destino. Escreveu em seu diário: “Que cada gota do meu sangue apague um pecado mortal.”. Jacques espera a execução em oração, aceitando-a como ocasião de graça.
As notícias de sua conversão comoveram milhares de pessoas. Sua última esperança seria a absolvição dada pelo presidente René Coty. Este, por pressão da polícia, não demonstrou misericórdia. Nas vésperas da execução, o jovem escreveu: “Último dia de luta. Amanhã, nesta hora, estarei no Paraíso. Que eu morra, se essa for a vontade do bom Deus. A noite avança e eu fico cada vez mais apreensivo. Meditarei na agonia do Senhor no Horto das Oliveiras. Oh, bom Jesus, ajudai-me, não me abandoneis. Mais cinco horas, e estarei na verdadeira Vida. Mais cinco horas, e eu verei Jesus!”.
Às 05h e 30min do dia 1° de outubro de 1957 (festa de Santa Teresinha), os guardas carcerários que vão buscá-lo o encontram de joelhos e em oração ao lado da cama bem arrumada. “Senhor, não me abandone, eu confio em Ti” – foram suas últimas palavras.
Sua experiência mística, sua espiritualidade fervorosa, sua vitória na batalha contra si mesmo e contra os demônios da amargura e do desespero, inspiraram a abertura de seu processo de beatificação. Porém, não faltaram objeções. Uns alegaram que era um absurdo se beatificar um criminoso. Outros argumentavam que a beatificação poderia levar outros assassinos a usarem a desculpa de conversão como meio de evitar qualquer punição.
É salutar ressaltar que na história da Igreja há um só condenado à morte por crimes que foi elevado à glória dos altares: o Bom Ladrão, a quem a Tradição atribuiu o nome de Dimas, morto com o Senhor no Calvário. Essa é a prova de que ninguém está perdido aos olhos de Deus, mesmo que a sociedade o tenha condenado e desprezado. Ele conhece nossas fraquezas, nossos limites e, com a ternura de um Pai, está sempre disposto a nos perdoar, mesmo que nos arrependamos nos últimos momentos.
Por se tratar de um precedente único, o processo de beatificação de Jacques Fesch foi tratado com a maior cautela. Foram analisados todos os seus escritos. Quando estava para ser aberto o processo, o Emmo. Sr. Cardeal Jean-Marie Lustiger, então arcebispo de Paris, declarou que para a Igreja declarar alguém santo, não significa propor à admiração seus erros ou crimes; pelo contrário, significa apontar o exemplo de conversão de alguém que, apesar de uma vida pregressa condenável, soube ouvir a voz de Deus e retornar a Ele. Não existem pecados, por mais graves que sejam, que impeçam a Deus de ir ao encontro do ser humano e de lhe propor a salvação, concluiu o cardeal.
Resultado de imagem para jacques feschHoje, concluído o processo de beatificação, resta aguardar a comprovação de um milagre alcançado por sua intercessão. É provável que o Santo Padre tenha a honra de elevar aos altares em um futuro não muito longínquo, um jovem desorientado pertencente à alta burguesia, homicida e condenado à morte, que, no cárcere, logrou em pouco tempo altos cumes de espiritualidade com sua fulgurante conversão. Penso que se ele foi capaz de entregar-se totalmente a Deus, também nós, apesar de nossa fraqueza e miséria, não devemos nos desesperar, por pouco que perseveremos em sair de nossos pecados. Basta que ponhamos nossa confiança no nosso Salvador, sempre vivo a interceder por nós e disposto a nos perdoar.

Jacques e Teresinha do Menino Jesus

“Que bela esta pequena santa, pois como está tão perto de nós! Pela pequena via, sei que posso levantar-me. Dê as pequenas coisas que não são muito difíceis. Darei o meu cigarro”. Jacques se coloca no lugar de Pranzini: ela salvou a alma de um homem condenado à morte e seu caso é muito semelhante. Teresa de Lisieux era comemorada, naquela época, no dia 3 de outubro, Jacques espera morrer naquele dia: “sinto que a quinta-feira se aproxima com a minha pequena Santa Teresinha do Menino Jesus”. Ele faleceu em 1º de outubro, dia que, depois do Vaticano II, passou a ser o dia da festa de Teresinha (na década de 50 sua memória era celebrada no dia 03 de outubro).



Via: http://santosebeatoscatolicos.blogspot.com.br/

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