22 de out. de 2016

Papa na audiência jubilar: "diálogo abate muros das diviões"

22/10/2016


Na manhã deste sábado (22/10), o Papa Francisco realizou na Praça de São Pedro mais uma audiência jubilar, no contexto do Ano Santo da Misericórdia, desta vez centrada na misericórdia e o diálogo.
Partindo do encontro de Jesus com a mulher samaritana, narrado no cap. 4 de João,  Francisco ressaltou um aspecto particular da misericórdia, que é precisamente o diálogo.
O diálogo permite às pessoas de se conhecerem  e de compreenderem  as exigências de cada um, disse o Papa, sublinhando que ele é, sinal de grande respeito, pois coloca as pessoas em atitude de escuta e em condições de se abrir aos melhores aspectos do interlocutor:
“[ … ] o diálogo é uma expressão de caridade, porque, embora sem ignorar as diferenças, pode ajudar a encontrar e partilhar o bem comum e, além disso, o diálogo convida-nos a colocar-nos perante o outro vendo-o como um dom de Deus, que nos interpela  e nos pede para ser reconhecido”.
Muitas vezes – observou ainda Francisco - nós não encontramos os irmãos, apesar de vivermos ao lado deles, sobretudo quando fazemos prevalecer a nossa posição sobre a do outro, não dialogamos quando não escutamos bastante ou tendemos a interromper o outro para demonstrar que temos razão.
E o Papa falou em seguida da importância do diálogo para humanizar as relações entre as pessoas e ajudá-las a superar incompreensões: nas famílias entre marido e mulher e entre pais e filhos, mas também entre professores e alunos ou entre gestores e os trabalhadores, para descobrir as melhores exigências do  trabalho”.
E sobre a importância do diálogo na Igreja Francisco sublinhou:
“De diálogo também vive a Igreja com os homens e mulheres de todos os tempos, para compreender as necessidades que estão no coração de cada pessoa e para contribuir na realização do bem comum. Pensemos no grande dom da criação e a responsabilidade que todos temos de proteger a nossa casa comum: o diálogo sobre uma questão assim tão central é uma exigência incontornável. Pensemos no diálogo entre as religiões, para descobrir a verdade profunda da sua missão entre os homens, e para contribuir  na construção da paz e de uma rede de respeito e fraternidade”
O Papa terminou enfatizando que o diálogo pode abater os muros das divisões e incompreensões; construir pontes de comunicação e não permite que alguém se isole, fechando-se no seu pequeno mundo. Como Jesus, também nós, através do diálogo, façamos crescer os sinais da misericórdia de Deus fazendo deles um instrumento de acolhimento e respeito – concluiu Francisco.
Aos fiéis de língua portuguesa presentes na Praça de São Pedro o Papa dirigiu a seguinte saudação:
“Dirijo uma saudação cordial aos peregrinos de língua portuguesa, com menção particular do grupo de Póvoa de Varzim. Recordemos que a Virgem Maria nos ensina a escutar no silêncio e a meditar todas as coisas no coração, de tal modo que se possa ir ao encontro das necessidades do próximo. Possa o seu exemplo nos ajudar a servir sempre mais os nossos irmãos e irmãs. Que Deus vos abençoe a vós e a vossos entes queridos!”
E depois da oração do Pai-Nosso o Papa a todos deu  a sua bênção.
Rádio Vaticano 

Hoje a Igreja celebra São João Paulo II, o Papa da família e peregrino

REDAÇÃO CENTRAL, 22 Out. 16 / 04:00 am (ACI).- “Não, não tenhais medo! Antes, procurai abrir, melhor, escancarar as portas a Cristo”, disse São João Paulo II ao iniciar o seu pontificado. Aquela data marcou a história do Papa polonês, tanto que a Igreja determinou este mesmo dia, 22 de outubro, como data da memória litúrgica do santo.
Karol Wojtyla nasceu em 18 de maio de 1920, na cidade de Wadowice, na Polônia, onde viveu até 1938, quando mudou-se para Cracóvia. Teve uma juventude muito dura pelo ambiente de ódio e destruição da Segunda Guerra Mundial com a invasão nazista. No outono de 1940, trabalhou como operário nas minas de pedra e depois numa fábrica química.
Mantendo-se firme na fé, em outubro de 1942, entrou no seminário clandestino de Cracóvia e foi ordenado sacerdote em 1º de novembro de 1946.
Em 1958, foi ordenado Bispo, adotando como lema episcopal a expressão mariana Totus tuus (todo teu) de São Luís Maria Grignion de Montfort. Inicialmente, foi Bispo auxiliar e, a partir de 1964, Arcebispo de Cracóvia.

Participou em todas as sessões do Concílio Vaticano II, tendo deixado importantes contribuições nas constituições dogmáticas Gaudium et Spes e Lumen Gentium. Em 26 de junho de 1967, foi criado Cardeal pelo Beato Papa Paulo VI.
Quando, de maneira repentina, João Paulo I faleceu, em 1978, Karol Wojtyla foi eleito Supremo Pontífice, na tarde de 16 de outubro, depois de oito escrutínios. Primeiro Pontífice eslavo da história e primeiro não italiano depois de quase meio milênio.
De personalidade carismática, afirmou-se imediatamente pela grande capacidade comunicativa e pelo estilo pastoral fora dos esquemas. Com grande vigor, realizou muitas viagens: foram 104 internacionais e 146 na Itália; 129 países visitados nos cinco continentes. Estes dados lhe renderam o epíteto de Papa peregrino.
O Brasil recebeu a graça de sua visita em três ocasiões. A primeira, em 1980, foi também a primeira vez que um Pontífice pisava em solo brasileiro. Na ocasião, presidiu beatificação do jesuíta espanhol José de Anchieta, fundador da cidade de São Paulo, que foi canonizado em 2014 pelo Papa Francisco. A segunda foi em 1991, quando visitou a Bem-Aventurada Irmã Dulce, em Salvador. A terceira e última aconteceu em 1997, por ocasião do Encontro Mundial das Famílias, no Rio de Janeiro.
Este encontro com as famílias, aliás, foi idealizado por São João Paulo II. Essa iniciativa, junto a outras ações em favor da vida e da família (entre elas a exortação apostólica Familiaris Consortio e a carta encíclica Evangelium Vitae), fizeram com que ficasse conhecido como o Papa da Família.
Também foi uma iniciativa sua as Jornadas Mundiais da Juventude, nas quais se reuniu com milhões de jovens de todo o mundo.
Entre os números de seu pontificado, podem ser mencionadas as frequentes cerimônias de beatificação e canonização, durante as quais foram proclamados 1.338 beatos e 482 santos.
São João Paulo II faleceu em 2 de abril de 2005 às 21h37, na noite prévia ao Domingo da Divina Misericórdia, data que ele mesmo instituiu.
Após 26 dias do seu falecimento, Bento XVI concedeu a dispensa dos cinco anos de expectativa prescritos permitindo o início da causa de canonização. Em 1º de maio de 2011, Bento XVI o proclamou beato e, em 27 de abril de 2014, Papa Francisco o canonizou.


Fonte: ACI Digital 

21 de out. de 2016

7 conselhos para aperfeiçoar o hábito de rezar o Rosário

Em poucos dias terminará o mês do Rosário, no qual muitos católicos redescobrem esta oração preferida da Virgem Maria, fortalecem sua vida espiritual e contam com graças especiais.
Por isso, a fim de continuar aperfeiçoando o hábito desta oração, contemplando Jesus através da Virgem Maria, apresentamos 7 conselhos práticos para aprofundar na oração do Rosário, tirados do livro “O Rosário: Teologia de joelhos”, do sacerdote, escritor e funcionário da Secretaria de Estado do Vaticano, Mons. Florian Kolfhaus:

Nossos calendários estão cheios de compromissos. Entretanto, é bom reservar de 20 a 30 minutos por dia para a oração do Santo Rosário. Este encontro com Jesus e Maria é muito mais importante que as demais atividades agendadas.
Este tempo de oração é reservado para nós mesmos, porque é um tempo no qual devemos nos dedicar somente para amar. É possível reservar dois ou três dias da semana para a oração do Rosário e, desta forma, será cada vez mais fácil fazer esta oração, até finalmente poder rezá-la todos os dias.
2. Saber que rezamos para alguém
Uma boa oração está baseada em orientar completamente à vontade a agradar o nosso querido amigo, Cristo, e não a nós mesmos.
3. Fazer pausas para nos concentrarmos
Santo Ignácio de Loyola recomenda a chamada “terceira forma de rezar” para adaptar as palavras ao ritmo da própria respiração.
Normalmente, é suficiente interromper um mistério do Rosário para voltar a ser consciente de que Jesus e Maria nos olham cheios de alegria e amor. Para isto, pode ser útil respirar duas ou três vezes, antes de voltar a retomar a oração.
4. Dirigir os nossos pensamentos aos mistérios
Podemos e devemos “desviar” os pensamentos para encontrar o mistério que devemos visualizar na nossa mente antes de cada dezena do rosário.
É pouco provável que a repetição seja útil se não for encaminhada várias vezes para o essencial, que é a vida de Jesus e de Maria.
5. Fazer da oração um momento para compartilhar com Cristo
Um dos primeiros e mais importantes passos para a oração interior é não só nos dedicarmos a pensar e a meditar, mas olhar para aquele a quem está dirigida a nossa prece.
Saber que, aquele a quem nos dirigimos nos ama infinitamente e despertará em nós diversos e espontâneos sentimentos, assim como quando desfrutamos e nos alegramos com uma pessoa que gostamos muito.

6. Fechar os olhos ou simplesmente fixá-los em um só lugar
Algumas pessoas fecham os olhos a fim de se concentrar e rezar melhor. Isso pode ser uma ajuda, mas normalmente é suficiente fixar o olhar em um só lugar e evitar olhar ao redor. De qualquer maneira, é importante que os olhos do coração estejam sempre abertos.
O Rosário é como uma visita ao cinema. Trata-se de ver imagens. Algumas perguntas básicas podem ser de utilidade: O que, quem, como, quando, onde? Como vejo o nascimento de Jesus, sua crucificação, sua ascensão.
Às vezes, posso – como se tivesse uma câmara – aproximar elementos ou detalhes e procurar um primeiro plano: a mão de Cristo transpassada pelos pregos, as lágrimas nos olhos do apóstolo João enquanto o Senhor subia aos céus, etc.
7. Que a intenção de rezar sempre seja o amor
As palavras acompanham, nossa mente se dispõe, mas o nosso coração deve dominar a oração.
Todos os grandes escritores espirituais concordam que a oração interior atinge principalmente nossos sentimentos e emoções.
Santa Teresa D’Ávila explica de maneira simples: “Não pense muito, ame muito!”. Em uma ocasião, uma senhora me contou que não conseguia pensar em rezar o Rosário todos os dias, mas a única coisa que conseguia dizer interiormente era: ‘Jesus, Maria, eu os amo!’. Parabenizo a esta mulher, pois a tal resultado a oração do Rosário nos deve levar.


Fonte: ACI Digital 

Papa: trabalhar pela unidade da Igreja

21/10/2016



Sexta-feira, 21 de outubro: na homilia em Santa Marta o Papa apontou três palavras para construir a unidade da Igreja: humildade, doçura e magnanimidade. Francisco exortou os cristãos a recusarem invejas e lutas.
“A paz esteja convosco”, esta a saudação do Senhor sublinhada pelo Santo Padre, uma saudação que “nos une para fazer a unidade do Espírito”. “Se não há paz” – observou o Papa – “se não formos capazes de nos cumprimentar no sentido mais amplo da palavra, ter o coração aberto com espírito de paz, nunca mais haverá a unidade”.
 “O espírito do mal semeia guerras, sempre. Ciúmes, invejas, lutas, mexericos ... são coisas que destroem a paz e, portanto, não pode haver unidade. E como é o comportamento de um cristão para a unidade, para encontrar esta unidade? Paulo diz claramente: "Comportem-se de maneira digna, com toda a humildade, doçura e magnanimidade”. Estas três atitudes. Humildade: não se pode dar a paz sem humildade. Onde há soberba, há sempre a guerra, sempre o desejo de vencer sobre o outro, de achar-se superior. Sem humildade não existe paz e sem paz não há unidade."
O Santo Padre constatou na sua homilia que já não somos capazes de “falar com doçura”, pois fala-se ralhando e ou falando mal dos outros. Francisco disse que é preciso “suportarmo-nos uns aos outros”, inclusive os defeitos. Para tal três palavras-chave: humildade, doçura e magnanimidade:
“Primeira, a humildade; segunda, doçura, com este suportar-se mutuamente; e terceira, a magnanimidade, um coração grande onde cabem todos, e que não condena  e não se rebaixa a coisas mesquinhas: ‘quem disso isto, quem ouviu aquilo…’ Um coração largo com lugar para todos. E isto faz o vínculo da paz este é o modo digno de nos comportarmos para fazer o vínculo da paz que é criador de unidade. O criador da unidade é o Espírito Santo, mas favorece, prepara a criação da unidade.”
Francisco convidou a retomarmos o capítulo XIII da Carta aos Coríntios que nos ensina a dar espaço ao Espírito para construir a unidade: “Uma só fé, um só batismo, um só Deus, Pai de todos” (…) Esta é a unidade que Jesus pediu ao Pai para nós e que nós devemos ajudar a fazer esta unidade com o vínculo da paz” – disse o Papa no final da sua homilia.
(RS)

Rádio Vaticano 

Papa aos Agostinianos: criadores de comunhão na misericórdia

21/10/2016



O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta quinta-feira dia 20 de outubro na Sala Clementina, no Vaticano, os sessenta participantes do 55º Capítulo Geral da Ordem dos Agostinianos Recoletos.  
O Pontífice deu as boas-vindas aos presentes e destacou o lema deste capítulo, uma frase que saiu do fundo do coração de Santo Agostinho: “Toda a nossa esperança está na grandeza da Tua misericórdia. Dai-me o que me ordenas e ordena-me o que quiserdes.”
“Esta invocação nos leva a ser homens de esperança, ou seja, com horizontes, capazes de colocar toda a nossa confiança na misericórdia de Deus, conscientes de que somos incapazes de enfrentar sozinhos com as nossas forças os desafios que o Senhor nos apresenta. Somos pequenos e indignos, porém em Deus está a nossa segurança e alegria. Ele nunca decepciona. É o único que nos leva por caminhos misteriosos com amor de Pai.”
O Papa Francisco destacou que este Capítulo Geral dos Agostinianos Recoletos “quis rever e colocar diante de Deus a vida da Ordem, com seus anseios e desafios para que o Senhor lhes dê luz e esperança. Para buscar a renovação e impulso é necessário voltar-se para Deus e pedir-lhe o novo mandamento que Jesus nos deu: ‘Amem-se uns aos outros. Assim como eu amei vocês’. Pedimos o seu amor para que sejamos capazes de amar”. 
“Olhamos ao passado e damos graças por tantos dons recebidos. Fazemos esta viagem histórica segurando na mão do Senhor, pois é Ele quem nos dá a chave para interpretá-la. Não se trata de fazer história, mas descobrir a presença do Senhor em cada acontecimento, em cada etapa da vida. O passado nos ajuda a voltar ao carisma e saboreá-lo com todo o seu frescor e integridade. Ele também nos dá a possibilidade de analisar as dificuldades que surgiram e como foram superadas a fim de enfrentar os desafios atuais, olhando para o futuro. Este caminho, junto com Jesus, se tornará uma oração de ação de graças e purificação interior.”
O Papa disse ainda que quando o Senhor está no centro de nossa vida tudo é possível e convidou os Agostinianos Recoletos a serem "criadores de comunhão". 
“Somos chamados a criar, com a nossa presença no mundo, uma sociedade capaz de reconhecer a dignidade de cada pessoa e compartilhar o dom que cada um é para o outro. Com o nosso testemunho de comunidade viva e aberta que o Senhor nos ordena, através do sopro do seu Espírito, podemos atender às necessidades de cada pessoa com o mesmo amor com que Deus nos amou. Este é o poder que levamos, não os nossos próprios ideais e projetos; mas a força de sua misericórdia, que transforma e dá vida.”
O Papa convidou os religiosos prosseguirem com espírito renovado o sonho de Santo Agostinho: viver como irmãos “com um só coração e uma só alma” que reflete o ideal dos primeiros cristãos e que eles sejam profecia viva de comunhão neste mundo, para que não haja divisão, conflito e exclusão, mas que reine a concórdia e se promova o diálogo”. 
(MJ)

Rádio Vaticano 

20 de out. de 2016

Papa: não basta o catecismo para conhecer Jesus

20/10/2016 



Quinta-feira, 20 de outubro: não basta o catecismo para conhecer Jesus, é preciso oração, adoração e reconhecermo-nos pecadores – esta a principal mensagem do Papa Francisco na Missa em Santa Marta.
O Santo Padre desenvolveu sua homilia partindo da Carta de S. Paulo aos Efésios e observou que Paulo pede que o Espírito Santo dê aos Efésios a graça de “serem fortes, robustos”, por forma, a que Cristo habite nos seus corações”.
Mas como podemos conhecer Cristo? – perguntou Francisco. Como podemos compreender “o amor de Cristo que supera todo o conhecimento?”:
“Cristo está presente no Evangelho, lendo o Evangelho conhecemos Cristo. E todos fazemos isso, pelo menos ouvimos o Evangelho quando vamos à Missa. Com o estudo do catecismo: o catecismo ensina-nos quem é Cristo. Mas isso não é suficiente. Para ser capaz de compreender qual é a largura, o comprimento, a altura e a profundidade de Jesus Cristo é preciso entrar num contexto, primeiro, de oração, como faz Paulo, de joelhos: ‘Pai, envia-me o Espírito para conhecer Jesus Cristo.” 
“Não se conhece o Senhor sem este hábito de adorar, de adorar em silêncio, adorar. Se não estou enganado, creio que esta oração de adoração seja a menos conhecida entre nós, é a que menos fazemos. Perder tempo, permito-me dizer, diante do Senhor, diante do mistério de Jesus Cristo. Adorar. Ali em silêncio, o silêncio da adoração. Ele é o Senhor e eu adoro-o”.
Na sua homilia o Papa afirmou ainda que “para conhecer Cristo é necessário ter consciência de nós mesmos, ou seja, ter o hábito de nos acusarmos”, de reconhecermo-nos pecadores. São pois três as coisas necessárias para entrar no mistério de Jesus Cristo: rezar, adorar e reconhecermo-nos pecadores:
“Não se pode adorar sem acusar-se a si mesmo. Para entrar neste mar sem fundo, sem margens, que é o mistério de Jesus Cristo, são estas as coisas necessárias: a oração: Pai, envia-me o Espírito para que Ele me leve a conhecer Jesus. Segunda, a adoração ao mistério, entrar no mistério, adorando. E terceira, acusar-se a si mesmo: Sou um homem de lábios impuros. Que o Senhor nos dê esta graça que Paulo pediu para os Efésios também a nós, esta graça de conhecer e merecer Cristo.” 
(RS)

Rádio Vaticano 

20/10 – Santa Maria Bertilla Boscardin

É uma humilde camponesa – disse dela Pio XII, por ocasião da beatificação, a 8 de junho de 1952. Figura puríssima de perfeição cristã, modelo de recolhimento e de oração. Nem êxtases, nem milagres durante a vida, mas uma união com Deus sempre mais profunda no silêncio, no trabalho, na oração, na obediência. Daquela união vinha a especial caridade que ela demonstrava para com os doentes, médicos, superiores, enfim para com todos.” Nascida a 6 de outubro de 1888 na paróquia de Gioia di Brendola (Vicência), batizada com o nome de Ana Francisca, desde a meninice dedicou-se aos trabalhos do campo, ajudando seus pais. Este era o caminho para qualquer menina vêneta, antes que as indústrias chegassem. Aos 17 anos Ana Francisca teve a permissão de seguir a própria vocação religiosa ingressando nas Mestras de Santa Dorotéia em Vicência. Lá fez o noviciado e emitiu os primeiros votos temporários. Deixou em seguida Vicência e foi para Treviso trabalhar no hospital, onde prestará o seu humilde e ativo serviço até a morte, acontecida a 22 de outubro de 1922.
Conseguiu o diploma de enfermeira para se tornar mais útil aos doentes, que assistia também de noite, tomando a vez de suas co-irmãs. “Quero ser a serva de todos – escreveu no seu diário – quero trabalhar, sofrer e deixar toda a satisfação aos outros.” E ainda: “Devo considerar-me a última de todas, portanto contente em ser passada para trás, indiferente a tudo, tanto às reprovações como aos elogios, melhor, preferir as primeiras; sempre condescendentes às opiniões alheias; nunca desculpar-me, mesmo se penso ter razão; nunca falar de mim mesma; os encargos mais baixos sejam sempre os meus, pois é isso que mereço.” As ocasiões de sofrimentos nunca lhe faltaram. Aos 22 anos foi operada de um tumor. Retomou as costumeiras ocupações suportando um aumento de trabalho durante a primeira guerra mundial. Por causa dos contínuos bombardeios, os doentes foram transportados para Brianza e irmã Bertilha os seguiu. Mas em Viggiù foi designada para a lavanderia, sofrendo e chorando as escondidas: “Estou contente – escreveu – porque faço a vontade de Deus.” Voltando um ano depois a Treviso entre os seus doentes, não aguentou o agravar-se de seu mal e após uma segunda intervenção cirúrgica, morreu. Tinha então trinta e quatro anos. Beatificada em 1952, foi canonizada por João XXIII a 11 de maio de 1961.

Cléofas 

19 de out. de 2016

Papa: a fé sem obras está morta em si mesma

19/10/2016 



Quarta-feira, 19 de outubro: na audiência geral na Praça de S. Pedro, Francisco desenvolveu uma catequese sobre duas obras de misericórdia: dar de comer a que tem fome e dar de beber a quem te sede.
 A experiência da fome é dura – referiu o Papa – que o diga quem viveu períodos de guerra ou de carestia. E todavia esta experiência repete-se todos os dias, verificando-se, por vezes, mesmo ao lado da abundância e do desperdício – sublinhou.
Uma das consequências do «bem-estar» é levar as pessoas a fecharem-se em si mesmas, tornando-se insensíveis às necessidades dos outros – disse o Santo Padre.
Perante certas notícias e sobretudo certas imagens, a opinião pública sente-se interpelada e adere a campanhas de ajuda que visam estimular a solidariedade; esta frutifica em doações generosas, contribuindo assim para aliviar o sofrimento de muita gente – salientou Francisco.
No entanto – afirmou o Papa – esta forma de caridade é importante, mas talvez não nos toque e não nos faça vibrar pessoalmente. Mas quando nos cruzamos com uma pessoa necessitada, ou quando um pobre bate à nossa porta, já o caso é diferente, porque à nossa frente não temos uma imagem, mas a pessoa real que nos interpela – observou o Santo Padre.
Neste caso viramos a cara para o lado? Fingimos não ver? Vejo se a posso socorrer de algum modo, ou procuro libertar-me o mais depressa possível?
Perante estas interrogações, Francisco recordou que muitas vezes recitamos o “Pai Nosso” e não tomamos atenção a estas palavras: «O pão nosso de cada dia nos dai hoje».
O Papa referiu as palavras de S. Tiago na leitura proposta logo no início da audiência:
“São sempre atuais as palavras do apóstolo Tiago: ‘De que aproveitará, irmãos, a alguém dizer que tem fé se não tiver obras? Aquela fé pode salvá-lo? Se um irmão ou irmã estiverem nus e precisarem de alimento quotidiano, e um de vós lhes disser: «Ide em paz, aquecei-vos e saciai-vos», sem lhes dar o que é necessário ao corpo de que lhes aproveitará? Assim também a fé: se ela não tiver obras é morta em si mesma.’ ”
“Há sempre alguém que tem fome e sede e tem necessidade de mim” – declarou o Papa afirmando que aquela pessoa necessitada, aquele pobre precisa “da minha ajuda, da minha palavra, do meu compromisso”.
Francisco recordou ainda a passagem do Evangelho de Marcos que nos apresenta a afirmação de Jesus: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. O Papa referiu que este episódio é “uma lição muito importante para nós. Diz-nos que o pouco que temos se o confiamos nas mãos de Jesus e o partilhamos com fé, torna-se numa riqueza superabundante”.
Francisco citou na sua catequese as palavras de Bento XVI na Encíclica Caritas in Veritate: “Dar de comer a quem tem fome é um imperativo ético para a Igreja Universal”.
No final da sua catequese o Santo Padre pediu para não esquecermos as palavras de Jesus que nos dizem: “Eu sou o pão da vida” e “Quem tem sede venha a mim”. “Através do dar de comer a quem tem fome e do dar de beber a quem tem sede, passa a nossa relação com Deus, um Deus que revelou em Jesus o seu rosto de misericórdia” – disse o Papa na conclusão da sua catequese.
Nas saudações aos peregrinos o Papa Francisco dirigiu-se aos peregrinos de língua portuguesa presentes na audiência vindos de Mogi Guaçu e de Pereiras e desejou-lhes a graça de experimentarem neste Ano Jubilar a graça da grande “força da Misericórdia, que nos faz entrar no coração de Deus e nos torna capazes de olhar o mundo com mais bondade.”
O Papa Francisco a todos deu a sua bênção.
(RS)

Rádio Vaticano 

18 de out. de 2016

Quer ter um filho? Reze a novena a Nossa Senhora da Doce Espera

“Doce Virgem Maria,
cujo coração foi por Deus preparado
para morada do Verbo feito carne,
pelas inefáveis alegrias da expectação
de vosso santíssimo parto,
ensinai-nos as disposições perfeitas
e de uma íntegra pureza no corpo e na alma,
de uma humildade profunda no espírito e no coração,
de um ardente e sincero desejo de união com Deus,
para que o meigo Fruto de vossas benditas entranhas
venha a nascer misericordiosamente em nossos corações,
a eles trazendo a abundância dos dons divinos,
para redenção dos nossos pecados,
santificação de nossa vida
e obtenção de nossa coroa no Paraíso,
em vossa companhia. Assim seja.”
Antífonas para cada dia da novena:
Dia 1: Ó Sabedoria, que saíste da boca do Altíssimo Atingindo de uma à outra extremidade,
E dispondo, todas as coisas forte e suavemente,
vinde para nos ensinar o caminho da prudência.
Dia 2: Ó, Adonai, senhor e condutor da casa de Israel
que apareceste a Moisés nas chamas da sarça ardente,
E lhe deste, sobre o Monte Sinai, a Lei Eterna;
vinde para nos resgatar pela potência de vosso braço.
Dia 3: Ó Raiz de Jessé que sois como o estandarte dos povos,
Diante do qual os reis fecharão a boca,
Não tardeis mais um momento.

Dia 4: Ó Chave de Davi, centro da casa de Israel,
Que abris e ninguém pode fechar,
Fechais e ninguém pode abrir,
Vinde e tira da prisão o cativo
Que está sentado nas trevas e nas sombras da morte.
Dia 5: Ó Sol Nascente, esplendor da luz eterna e sol da justiça: vinde e iluminai aqueles que se sentem nas trevas da morte.
Dia 6: Ó Rei das gentes, e objeto de seus desejos,
Pedra angular, que reunis em vós os dois povos
Vinde e salvai o homem que formaste do limo da terra
Dia 7: Ó Emanuel, Rei e Legislador nosso esperado
Das nações e seu Salvador vinde,
Salvai-nos senhor nosso Deus,
Que os céus chovam das alturas
E as nuvens nos tragam o Salvador.
Dia 8: Ó Sabedoria, que saíste da boca do Altíssimo Atingindo de uma à outra extremidade,
E dispondo, todas as coisas forte e suavemente,
vinde para nos ensinar o caminho da prudência.
Dia 9: Ó, Adonai, senhor e condutor da casa de Israel
que apareceste a Moisés nas chamas da sarça ardente,
E lhe deste, sobre o Monte Sinai, a Lei Eterna;
vinde para nos resgatar pela potência de vosso braço.
No final de cada dia:
Nossa Senhora da Doce Espera,
rogai por nós!

Via: Aleteia 


Papa: pastores fiéis e abandonados, mas não amargurados

18/10/2016


Terça-feira, 18 de outubro: na Missa em Santa Marta, Francisco comentando a Segunda Carta a Timóteo, falou sobre o destino dos apóstolos que, como S. Paulo na fase conclusiva da sua vida, experimentam a solidão na dificuldade: são vítimas da hostilidade e estão abandonados e pedem qualquer coisa para si como mendicantes:  
Sozinho, mendicante, vítima da hostilidade, abandonado... mas é o grande Paulo, o que ouviu a voz do Senhor, o chamamento do Senhor! Aquele que foi de um lado para o outro, que sofreu tanto e passou por diversas provações para pregar o Evangelho; o que fez entender aos apóstolos que o Senhor queria que os Gentios também entrassem na Igreja, o grande Paulo que na oração subiu até o Sétimo Céu e ouviu coisas que ninguém ouvira antes: o grande Paulo, naquele quartinho de uma casa aqui em Roma, esperando como é que vai acabar esta luta no interior da Igreja entre as partes, entre a rigidez dos tradicionalistas e os discípulos fiéis a ele. E assim, termina a vida do grande Paulo, na desolação: não no ressentimento e na amargura, mas com a desolação interior.”
E foi assim que aconteceu com Pedro e com o grande João Batista – disse o Papa – que “na cela, sozinho e angustiado” manda os seus discípulos perguntarem a Jesus se é ele o Messias e termina com a cabeça cortada “por causa do capricho de uma bailarina e da vingança de uma adúltera”.
Assim aconteceu com Maximiliano Kolbe – salientou o Santo Padre – “que tinha feito um movimento apostólico em todo o mundo e muitas coisas grandes” e morreu na cela de um campo de concentração.
O apóstolo, quando é fiel” – sublinhou Francisco – “não espera outro fim senão o de Jesus”. Mas o Senhor permanece próximo, “não o deixa sozinho e ali encontra a sua força”. “Esta é a Lei do Evangelho: se a semente não morrer não dará fruto”. Depois vem a ressurreição. Um teólogo dos primeiros séculos dizia que o sangue dos mártires é a semente dos cristãos:
“Morrer assim como mártires, como testemunhas de Jesus é a semente que morre e dá fruto e enche a terra de novos cristãos. Quando o pastor vive assim, não está amargurado: talvez se sinta desolado, mas tem aquela certeza de que o Senhor está ao seu lado. Quando o pastor na sua vida ocupou-se de outras coisas que não dos fiéis – por exemplo, apegado ao poder, apegado ao dinheiro, apegado aos centros de poder, apegado a tantas coisas – no final, não estará só, talvez tenha os sobrinhos que aguardarão que morra para ver o que poderão levar com eles”.
O Papa Francisco conclui a sua homilia recordando S. Paulo e, em particular, os sacerdotes idosos que sentem que o Senhor está próximo deles:
Quando eu vou visitar uma casa de repouso para sacerdotes idosos, encontro muitos daqueles bons, bons, que deram a vida pelos fiéis. E estão ali, doentes, paralíticos, na cadeira de rodas, mas logo se vê aquele sorriso. ‘Está bem, Senhor; está bem, Senhor’; porque sentem o Senhor muito próximo deles. E também aqueles olhos brilhantes que perguntam: ‘Como está a Igreja? Como está a diocese? Como vão as vocações?’. Até ao fim, porque são padres, porque deram a vida pelos outros.”
Voltemos a Paulo. Só, mendicante, vítima da hostilidade, abandonado por todos, menos pelo Senhor Jesus: ‘Somente o Senhor está próximo de mim!’. E o Bom Pastor, o pastor deve ter esta segurança: se ele vai pelo caminho de Jesus, o Senhor lhe estará próximo até o fim. Rezemos pelos pastores que estão no final das suas vidas e que estão aguardando que o Senhor os leve com Ele. E rezemos para que o Senhor lhes dê a força, a consolação e a segurança e que, embora se sintam doentes e também sozinhos, o Senhor está com eles, perto deles. Que o Senhor lhes dê a força”. 
(RS)

Rádio Vaticano 

17 de out. de 2016

“Honrar Pai e Mãe”

A grande e honrosa tarefa que Deus reservou para os pais é a de gerar e educar os seus filhos. Digo “seus”, porque, antes dos filhos serem nossos, eles são de Deus (cf. CIC, 2222), já que só Deus pode dar de fato a vida. Nós somos seus cooperadores nesta tarefa sublime, mas sabemos que só Ele pode nos “tirar do nada” e chamar para participar, como disse Paulo VI, do “banquete da vida”.
O Salmista canta com toda inspiração:
“Vinde, inclinemo-nos em adoração, de joelhos diante do Senhor que nos criou;
Ele é o nosso Deus, nós somos o povo de que Ele é o pastor, as ovelhas que as suas mãos conduzem”  (Sl 94, 6-7).
“Sabei que o Senhor é Deus: Ele nos fez e a Ele pertencemos” (Sl 99,3).
“Fostes Vós que plasmastes as entranhas do meu corpo, Vós me tecestes no seio de minha mãe.
Sede bendito por me haverdes feito de modo tão maravilhoso” (Sl 138, 13 s).
“Tuas mãos me formaram e me modelaram (…)” (Jó 10,8).
Portanto, os nossos filhos são, antes de tudo, filhos de Deus.  Os pais são cooperadores de Deus na maior de todas as missões, gerar os filhos de Deus, à sua imagem e semelhança.  Nada pode se igualar à sublimidade desta obra. Se é importante e digno produzir os bens que utilizamos: casas, roupas, móveis, alimentos, etc, quanto mais digno e nobre é dar a vida a novos seres?  Uma só vida humana vale mais do que todo o universo material, pois nada disso tem uma alma imortal, imagem e semelhança do próprio Deus, dotada de inteligência, liberdade, vontade, consciência e capacidade de amar, sonhar, sorrir, chorar, cantar e rezar.
Infelizmente o valor da vida humana parece ter baixado a um nível inimaginável.  Mata-se em nossas ruas com a mesma frieza com que se abatem os animais nos matadouros. Mata-se por um punhado de dinheiro, por um relógio, um tênis ou uma bicicleta… Aquele que não conhece o valor da sua vida, também não dá valor à vida dos outros; e a elimina por qualquer ninharia.
Nunca vi alguém matar um animal em nossas ruas; no entanto, temos visto homens matar homens, e muitas vezes sob as câmeras da TV. A que ponto desceu o valor da vida humana!
Por outro lado,  vemos hoje, crescer até o incentivo ao suicídio, à eutanásia, e ao aborto.  É a “cultura da morte” que tende a substituir a “cultura da vida”, como tantas vezes tem dito o Papa João Paulo II.
Diante desse quadro triste, cresce ainda mais a importância da família e dos pais.
É impressionante notar como Deus exalta a figura dos pais, em face da sua missão importantíssima de gerar e educar os filhos.
O destaque aos pais começa pelo fato de um dos Mandamentos, o quarto, ser dedicado a eles: “Honrar pai e mãe”. São Paulo nota que “este é o primeiro mandamento que vem acompanhado de uma promessa: Honra teu pai e tua mãe, para que sejas feliz e tenhas vida longa sobre a terra”  (Dt 5,16; Ef 6,2).
É significativo notar que este é o primeiro mandamento que Deus deu a Israel, após os três que se referem ao relacionamento do homem com Deus: “Shemà, Izrael…”, “Escuta, ó Israel!”…
“Honra teu pai e tua mãe, para que os teus dias se prolonguem na terra que o Senhor, teu Deus, te dará” (Ex 20,12).
Fazendo eco a essas palavras o Papa João Paulo II, diz na Carta às Famílias:
“Honra o teu pai e a tua mãe”, porque eles são para ti, em determinado sentido, os representantes do Senhor, aqueles que te deram a vida, que te introduziram na existência: numa estirpe, numa nação, numa cultura. Depois de Deus são eles os teus primeiros benfeitores. Se Deus só é bom, antes, é o próprio Bem, os pais participam de modo singular desta bondade suprema. E por isso: honra os teus pais! Há aqui uma certa analogia com o culto devido a Deus” (CF, 15).
Honrar quer dizer reconhecer a dignidade do pai e da mãe, e desinteressadamente amá-los.
É tão grande a importância do quarto mandamento que o Papa chega a afirmar:
“Assim, não é exagerado insistir que a vida das nações, dos estados, das organizações internacionais “passa” através da família e “fundamenta-se” sobre o quarto mandamento do Decálogo… Na verdade, a afirmação da pessoa está em grande medida relacionada com a família e, por conseguinte, com o quarto mandamento.” (idem)
O Apóstolo exige:
“Filhos, obedecei a vossos pais segundo o Senhor: porque isto é justo” (Ef 6,1).
Todo o capítulo 3 do Livro do Eclesiástico mostra a importância dos pais na vida dos filhos, a importância da autoridade que Deus lhes confiou e a necessidade dos filhos lhes obedecerem.
Vamos analisar aqui esses importantes ensinamentos.
“Ouvi, meus filhos, os conselhos de vosso pai, segui-os de tal modo que sejais salvos” (Eclo 3,2).
Aqui fica claro que os pais são colocados na vida dos filhos para conduzi-los à salvação mediante os conselhos, isto é, a orientação para a vida.  O filho que desprezar esses conselhos corre o risco de se perder nos caminhos perigosos da vida.  Muitos jovens se tornaram escravos dos vícios, da droga, do crime, da prostituição, e de tantos outros males, porque não ouviram os conselhos dos seus pais.  Outros se perderam porque os seus pais não lhes deram esses conselhos, o que é mais grave; e outros se perderam porque não tiveram pais para aconselhá-los.
“Pois Deus quis honrar os pais pelos filhos, e cuidadosamente fortaleceu a autoridade da mãe sobre eles” (v.3).
Essas palavras mostram que os filhos bem educados são a honra e a alegria dos pais e, por outro lado, Deus cuidadosamente fortaleceu a autoridade deles sobre os filhos.  Portanto, essa autoridade não é usurpada, nem falsa, é autêntica, vem de Deus. Jesus disse a Pilatos que “toda autoridade vem de Deus” (Jo 19,11).
Aqui está a razão pela qual os filhos devem obediência aos pais; a autoridade exercida por eles vem de Deus e não dos homens.
“Quem honra sua mãe é semelhante àquele que acumula um tesouro. Quem honra seu pai achará alegria em seus filhos, será ouvido no dia da oração” (v. 5 e 6).
Quem de nós não deseja encontrar alegria em seus filhos?
Quem não deseja ser atendido por Deus em sua oração ?
Pois bem, essas são promessas que Deus faz aos filhos que honrarem os seus pais. Vemos aí a que altura Deus elevou a figura do pai e da mãe.  Honrar a mãe é como acumular um tesouro.
E as promessas continuam:
“Quem honra seu pai gozará de vida longa… (v.7).
Esta “vida longa”, que para os judeus era sinal da bênção de Deus, pode significar também uma vida abençoada por Deus.
O versículo 8 é taxativo:
“Quem teme o Senhor honra pai e mãe. Servirá aqueles que lhe deram a vida como a seus senhores”.
Isto equivale a dizer que honrar e servir os pais é o mesmo que honrar e servir a Deus.
Em seguida o Eclesiástico nos ensina de que modo o filho deve honrar os pais:
“Honra teu pai por teus atos, tuas palavras, tua paciência a fim de que ele te dê a sua bênção” (v.9 e 10).
Honrar é uma expressão muito forte, quer dizer “encher de honra”,  de glória, de respeito … e tudo isto deve ser feito “por teus atos e tuas palavras”.
Quantos filhos ofendem os seus pais por palavras: ofensas, zombarias, palavrões!… Quantos filhos os desonram com os seus atos: maus comportamentos, mentiras, desobediências, desgostos!…
Certa vez ouvi um pai, desesperado com as desordens provocadas pelos filhos, dizer: “meus filhos pensam que eu sou papel higiênico deles, só me chamam para limpar as suas sujeiras…”
É sobretudo com uma vida digna e honrada que o filho honra os seus pais.
Outro aspecto muito importante que o Eclesiástico destaca é a grandeza e importância da “benção dos pais”:
“… afim de que ele te dê a sua benção e que esta permaneça em ti até o teu último dia ” (V. 9 e10).
A benção dos pais para os filhos não é mera formalidade social ou tradicional; mas é a benção do próprio Deus para os filhos “através” dos pais, por meio daqueles que lhe deram a vida.
Sobretudo para o povo judeu essa benção paterna era repleta de valor e desejada ansiosamente. Vemos na história dos Patriarcas, Abraão, Isaac, Jacó, que a sua benção era garantia de felicidade para os filhos.

Quando Deus chamou Abraão – o pai de todos que crêem – disse-lhe:
“Farei de ti uma grande nação; eu te abençoarei e exaltarei o teu nome, e tu serás uma fonte de bençãos” (Gen 12,2).
Abraão é como que a figura de todos os pais, “uma fonte de bençãos” para os seus filhos.
De modo muito significativo, o livro do Gênesis mostra a preocupação de Isaac em abençoar Esaú, antes de morrer.
“Tu vês, estou velho e não sei quando vou morrer… Prepara-me o que gosto e traze-mo para que o coma e minha alma te abençoe antes que eu morra” (Gen 27,4).
Vemos em seguida todo o esforço de Rebeca para que a Benção do Patriarca seja dada a Jacó no lugar de Esaú. É porque esta benção era determinante: “Eu o abençoarei e ele será bendito” (Gen 27,33).
Esta palavra se aplica a cada pai que abençoa o seu filho em nome de Deus: “Eu o abençoarei e ele será bendito”.
A benção dada pelos pais aos filhos é a própria benção de Deus, porque foi por meio deles que Deus os gerou.


Urge portanto resgatar este santo  costume:
“A benção pai! A benção mãe!”
“Deus te abençoe meu filho!”
Tenho uma grande alegria ao ver todos os nossos cinco filhos nos  pedirem essa benção, beijando nossa mão e nosso rosto. Pode haver alegria maior para um pai? É com toda a força da minha alma que os abençôo; e sei que a benção de Deus vai com eles.
Tenho para comigo que muitos filhos seriam livres de tantos perigos, no corpo e na alma, se sempre pedissem a benção de seus pais.
Diz o Eclesiástico que:
“A benção do pai fortalece a casa de seus filhos, a maldição de uma mãe a arrasa até os alicerces” (v.11).
Que jamais uma mãe amaldiçoe o seu filho.
Certa vez perguntaram a um mendigo maltrapilho que caminhava ao lado da Via Dutra, com um saco às costas: “Por que você está nesta vida tão miserável?” E a resposta foi essa: “A minha mãe me amaldiçoou!”  Isto me foi contado pela própria pessoa que indagou o mendigo.
Esta advertência serve para aqueles que ousadamente se levantam contra os pais, às vezes até com as mãos e com armas.
Mais adiante o livro do Eclesiástico diz :
“Meu filho, ajuda a velhice do teu pai, não o desgoste durante a vida”  (v. 14).
O cuidado com os pais deve ser esmerado, sobretudo na velhice. Muitos filhos, na correria da vida, acabam se esquecendo dos pais idosos, faltando-lhes o carinho, a companhia e o sustento.  Sabemos que é incômodo cuidar dos velhos, doentes, às vezes ranzinzas. Mas é nesta hora, sobretudo, que se prova o amor dos filhos por eles.
“Se seu espírito desfalecer sê indulgente, não o desprezes porque te sentes forte, pois tua caridade para com o teu pai não será esquecida”  (v. 15).
Se a nossa caridade para com os outros irmãos não é esquecida por Deus, quanto mais a caridade para com os pais!
O Espírito Santo nos mostra pelo Eclesiástico três grandes recompensas que Deus tem reservado para os filhos que suportam com paciência os defeitos dos pais:
“… por teres suportado os defeitos de tua mãe, ser-te-á dada uma recompensa:
[1] tua casa tornar-se-á próspera na justiça,
[2] lembrar-se-ão  de ti no dia da aflição.
[3] teus pecados dissolver-se-ão como o gelo ao sol forte” (v. 16 e 17).
Eis uma realidade: os pais também têm defeitos.  Mas Deus quer recompensar ricamente o filho que, com paciência, suporta esses defeitos e, assim mesmo, honra os pais.  Se esses são difíceis, intolerantes, cheios de manias, maior será o mérito do filho diante
de Deus, por ter honrado um pai ou uma mãe tão difícil.
Deus sabe que há pais terríveis: alguns bêbados, outros drogados, outros criminosos, adúlteros, etc… mas, é por isso mesmo que ele oferece aos filhos essas três belas recompensas acima para aqueles que, na caridade e na paciência, por amor a Deus, os suportarem, mesmo com os seus defeitos.
Qual é o filho que não quer que a sua futura casa seja próspera na justiça; isto é, na retidão e na verdade? Quem é de nós que não quer que alguém  se lembre de nós nos momentos de aflição, de angústia, de uma doença, de um desemprego, etc.? Quem é de nós que não quer ver os próprios pecados sedissolverem como se fossem gelo sob o sol forte?
Pois bem, essas três belas promessas Deus faz aos filhos que souberem “suportar”, com paciência, os defeitos dos próprios pais. Como Deus ama os nossos pais!
Tenho trabalhado com jovens; e sei que muitos sofrem por causa dos problemas dos  pais. No entanto, por amor a Deus, na força do Espírito Santo, tenho visto muitos jovens superarem os ressentimentos causados pelos pais; muitos até têm contribuído decididamente para a conversão dos pais e a mudança de suas vidas.
Quanto mais difícil for para um jovem amar e honrar os seus pais, por causa dos seus defeitos, tanto mais terá méritos diante de Deus e tanto mais será recompensado e abençoado.
Estas três promessas para o filho que “suportar” os defeitos dos pais, são grandiosas.  Certamente Deus enviará o seu Anjo a socorrê-lo nos momentos de dificuldades. E quem não precisa deste socorro do céu, na caminhada deste vale de lágrimas?
Se o teu pai não lhe der amor “vingue-se” dele, amando-o; fazendo por ele o que talvez os teus avós não puderam fazer. A “vingança do cristão é o perdão”.
Se de um lado, podemos dizer que chega ao heroísmo o filho que honra o pai, indigno deste nome, por outro lado, Deus o recompensará sobremaneira.
Por tudo isso São Paulo recomenda aos jovens colossenses:
“Filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto agrada ao Senhor” (Cl 3,18).
O Catecismo da Igreja nos ensina que “a paternidade divina é a fonte da paternidade humana”(CIC, 2214), e que aí está o “fundamento da honra devida aos pais”. Os filhos devem aos pais o “dom da vida”.
“Honra teu pai de todo o coração e não esqueças as dores da tua mãe. Lembra-te que foste gerado por ela. O que lhes dará pelo que te deram?  (Eclo 7,27-28).
É impressionante como a Bíblia está repleta de palavras que destacam a importância dos pais na vida dos filhos:
“Meu filho, guarda os preceitos de teu pai, não rejeites as instruções de tua mãe… Quando caminhares, te guiarão; quando descansares, te falarão” (Pr 6,20-22).
“Um filho sábio escuta a disciplina do pai, e o zombador não escuta a reprimenda” (Pr 13,1).
Temos que dizer aqui, que lamentavelmente certos pais dão conselhos imorais a seus filhos. Neste caso, diz o Catecismo, “se o filho estiver convicto em consciência de que é moralmente mau obedecer a tal ordem, que não o siga” (CIC, 2217).
Infelizmente alguns pais conduzem os filhos pelos caminhos da imoralidade, prostituição, trapaças nos negócios, etc. O filho convertido ao Senhor terá então a missão de rezar e trabalhar para conduzir o seu pai a Deus. Um filho convertido pode até se tornar um pai espiritual do próprio pai terreno.
Quero agora, perguntar a cada jovem:
Na sua casa, você  é um problema a mais, ou você é solução para os problemas da família?
Será que você é daqueles jovens que fazem da sua casa uma pensão, um hotel, onde só entram para comer e dormir?
Será que você é daqueles que fazem a mãe de escrava e empregada, e do seu pai alguém que deve te dar tudo?
Você não está entre aqueles que têm vergonha do pai, porque ele já não tem dentes, ou porque não sabe falar direito?
Você sabe perdoar o seu pai e sua mãe?
Você tem para eles uma palavra de conforto, carinho, boa vontade? Você sabe beijá-los?
Você pede-lhes a benção?
Você reza por eles?
Você sabia que muitas vezes eles choram por causa de você, no silêncio do quarto!? (…).
Texto extraído do Livro – Família, Santuário da Vida
Prof. Felipe Aquino

Via: Cléofas 

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