1 de out. de 2016

Geórgia. O abraço do Papa aos doentes assistidos pelos Camilianos

01/10/2016



Depois do encontro com os religiosos na Igreja da Assunção, em Tbilisi, o Papa Francisco dirigiu-se ao Centro de Assistência dos Camilianos, para encontrar os assistidos e os agentes das Obras de caridade da Igreja Católica.
O Santo Padre foi acolhido pelo Director do Centro de Assistência camiliano e pela Directora da Caritas Geórgia. O encontro teve lugar diante do Centro. Estavam presentes doentes, gente em cadeiras de rodas, pessoas assistidas pelas obras de Caridade e agentes das diversas realidades caritativas da Igreja Católica na Geórgia.
O Santo Padre iniciou o seu breve pronunciamento, agradecendo o trabalho realizado pelos agentes de caridade, trabalho este que expressa de maneira eloquente “o amor ao próximo, distintivo dos discípulos de Cristo”. A cada testemunho destes agentes, o Papa manifestou o seu “generoso compromisso ao serviço dos mais necessitados”:
“A vossa actividade é um caminho de cooperação fraterna entre os cristãos deste país e entre fiéis de diferentes ritos. Este encontro sob o signo da caridade evangélica é testemunho de comunhão e favorece o caminho da unidade. Encorajo-vos a continuar por esta estrada exigente e fecunda: as pessoas pobres e frágeis são a «carne de Cristo» que interpela os cristãos de todas as Confissões, instigando-os a agir sem interesses pessoais, mas apenas seguindo o impulso do Espírito Santo”.
Francisco também dirigiu uma saudação especial aos idosos, atribulados, doentes e assistidos pelas várias realidades caritativas, dizendo alegrar-se em poder estar um pouco junto deles, encorajando-os. “Vós sois predilectos de Jesus, que quis identificar-Se com as pessoas que padecem, sofrendo Ele mesmo na sua Paixão », afirmou.
O Papa assim concluiu :
"As iniciativas da caridade são o fruto maduro duma Igreja que serve, dá esperança e manifesta a misericórdia de Deus. Por isso, queridos irmãos e irmãs, a vossa missão é grande! Continuai a viver a caridade na Igreja e a manifestá-la em toda a sociedade, com o entusiasmo do amor que vem de Deus”.
Depois do discurso, um grupo de jovens com trajes, músicas e danças típicas apresentou-se, animando e emocionando os presentes.

Rádio Vaticano 

Papa: hoje guerra mundial contra matrimônio, gender é grande inimigo

01/10/2016 


Esta tarde, às 15.45, hora local, o Papa teve na Igreja de Nossa Senhora da Assunção em Tbilisi um encontro com os sacerdotes, religiosos, religiosas e seminaristas. Ao todo cerca de 250 pessoas. Um encontro denso, distensivo e alegre, mas cheio de ensinamentos importantes.
O Papa ouviu, tomando notas, os testemunhos de um jovem de 23 anos, Kahka, de uma mãe de família, Irina, de um seminarista georgiano, Kote, que está para ser diácono, e de um sacerdote armênio
.
No seu discurso, improvisado, o Papa amalgamou as questões por eles apresentadas, começando por provocar uma risada ao falar de uma velhota arménia muito humilde, com um dente de ouro à velha maneira, e que percorreu várias horas de autocarro, para ir da Geórgia onde vive, à Arménia ver o sucessor de Pedro e que incansavelmente seguia o Papa nas suas deslocações. E ao perguntar-lhe porque fazia isso, ela respondeu que era a fé.
Um preâmbulo para o Papa falar da firmeza da fé e dos pilares em que assenta: a capacidade de receber dos outros a fé e de a transmitir aos filhos, aos outros – disse Francisco, recordando que, por essa razão, em Cracóvia, deu aos jovens a missão de falar com os avós, de receber deles  e das mães, a água fresca da fé e a fazê-la crescer: “receber a herança da fé  e fazê-la germinar”. Assim como uma planta sem raízes não cresce, também uma fé sem mães e avós não cresce. Mas se a recebermos e não a doarmos também não cresce – sublinhou Francisco.
Em poucas palavras, firmes na fé significa memória (do passado), coragem (no presente), esperança (no futuro) – rematou o Papa.
Referindo-se ao jovem seminarista que disse que tem orgulho de ser católico e sacerdote georgiano, recordando que quando era pequeno, na missa disse à mãe que queria ser como aquele Padre que estava a celebrar, o Papa disse-lhe que isto é todo um percurso, mas que a palavra-chave é memória, memória da primeira chamada, do momento em que o Espirito Santo nos tocou. Todos na vida temos momentos de escuridão, os consagrados também os têm. E quando isto acontece – aconselhou o Papa - não desistir do caminho, não parar, mas voltar com o pensamento aquele momento em que se foi tocado pelo Espírito, perseverar na vocação, naquela carícia através da qual Deus me disse “vem comigo”. E assim a fé permanece firme – disse o Papa – recordando que todos somos pecadores, precisamos de nos confessar e que a Misericórdia e o amor de Jesus é maior do que os nossos pecados.
O testemunho de Irina que falou da importância da fé no matrimónio, deu a oportunidade ao Papa para se deter sobre a beleza do matrimónio e sobre as ameaças que incubem hoje em dia sobre este sacramento cristão:
Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança e por isso quem paga o preço do divórcio não são só os próprios esposos e as crianças que sofrem muito com isso, mas é também a imagem de Deus que fica manchada – disse o Papa. Por isso  é preciso fazer de tudo para salvar o matrimónio. É normal que haja dificuldades, litígios, sobretudo quando se mete pelo meio o diabo apresentando uma mulher mais bonita ou um homem mais competente – disse o Papa, mas nunca ir dormir sem fazer as pazes, porque a guerra fria do dia seguinte é muito pior. E em vez de fazer discursos, optar por uma carícia…
É preciso fazer todo o possível para salvar o matrimónio, ajudando os casais. E se ajuda acolhendo, acompanhando, discernindo, integrando. Na comunidade católica deve-se fazer isso. E no casal nunca esquecer estas palavras: posso?, obrigada, perdão… ter sempre em conta a opinião do outro.
O Papa recordou ainda um outro inimigo do matrimónio hoje: a teoria de género, uma guerra mundial para destruir o matrimónio, não com armas, mas com colonizações ideológicas.
Referindo-se de novo à figura da velhota e da mãe à qual o menino disse que queria ser como aquele homem que celebrava a missa, o Papa disse que as mulheres naquela região do mundo têm fama de ser mulheres de fé. E recordou que a Mãe de Jesus é a nossa mãe, a Igreja, esposa de Jesus é a nossa mãe e que com a Mãe Igreja e a Mãe de Jesus podemos ir para a frente. A mulher. Parece que o Senhor tem preferência pelas mulheres como veículos de fé – disse o Papa frisando que será a Mãe Igreja, a mulher, a defender a fé.  Os Monges orientais já diziam que quando há turbulência espiritual é preciso refugiar-se sob o manto de Nossa Senhora.
As últimas palavras do Papa foram relativas ao ecumenismo. Recomendou que se deixe à Teologia o tratamento dos problemas abstractos e que se seja amigo do vizinho ortodoxo, sem procurar convertê-lo. Nunca fazer proselitismo com os ortodoxos. São nossos irmãos, irmãs. Mas devido a complexidades históricas, nos separamos – disse Francisco, pedindo a graça de sermos todos libertados da mundanidade e a sermos homens e mulheres da Igreja. “Firmes na fé, sob o manto da Santa Mãe de Deus”, disse Bergoglio, que concluiu rezando juntamente com a assembleia a “Ave Maria” . (DA)
Rádio Vaticano 

Papa na Geórgia: receber e levar a consolação de Deus

01/10/2016



Sábado, 1 de outubro, Missa celebrada pelo Papa Francisco em Tiblissi na Geórgia no Estádio Meskhi.
Na sua homilia o Santo Padre começou por elogiar as mulheres da Geórgia como um “tesouro” “com grande valor” recordando as “muitas avós e mães que continuam a guardar e transmitir a fé, semeada nesta terra por Santa Nino, e levam a água fresca da consolação de Deus a muitas situações de deserto e conflito” – afirmou.
Francisco celebrou a memória litúrgica do dia dedicada a Santa Teresinha do Menino Jesus e citou o profeta Isaías que na primeira leitura afirma: «Como a mãe consola o seu filho, assim Eu vos consolarei». O Santo Padre pediu para deixarmos “ressoar no nosso coração esta palavra”: «Como uma mãe, Eu vos consolarei».
A presença de Deus é a consolação de que temos necessidade, mas para isso “é preciso abrir-Lhe a porta” – salientou Francisco que afirmou que as portas da consolação são “o Evangelho lido cada dia e trazido sempre connosco, a oração silenciosa e de adoração, a Confissão, a Eucaristia”.
Mas Deus não nos consola apenas no coração, mas “na cidade de Deus”, ou seja, “na comunidade”: “quando estamos unidos, quando há comunhão entre nós, atua a consolação de Deus” – disse o Papa.
No entanto, sendo a Igreja a “casa da consolação” podemos interrogar-nos se somos portadores da “consolação de Deus” – observou o Santo Padre – “sei acolher o outro como um hóspede e consolar a quem vejo cansado e dececionado?” – perguntou Francisco.
O Santo Padre afirmou que há uma missão urgente da Igreja, receber e levar a consolação de Deus:
“Mesmo quando sofre aflições e isolamento, o cristão é sempre chamado a infundir esperança em quem se deu por vencido, reanimar quem está desanimado, levar a luz de Jesus, o calor da sua presença, a renovação do seu perdão. Há tantos que sofrem, experimentam provações e injustiças, vivem na inquietação. Há necessidade da unção do coração, desta consolação do Senhor que não tira os problemas, mas dá a força do amor, que sabe carregar o sofrimento em paz. Receber e levar a consolação de Deus: esta missão da Igreja é urgente.”
Os cristãos não se devem habituar a um “microclima eclesial fechado” – afirmou o Papa que sublinhou que “para receber a consolação de Deus, há uma condição fundamental que a sua Palavra nos lembra hoje: tornar-se pequenos como crianças”. “Quem se fizer pequeno como uma criança – diz-nos Jesus – é «o maior no Reino do Céu» – disse o Papa que assinalou que “quem se faz pequeno como uma criança, torna-se pobre de si mas rico de Deus.”
“Felizes os pastores que não cavalgam a lógica do sucesso mundano, mas seguem a lei do amor: o acolhimento, a escuta, o serviço” – afirmou o Papa dirigindo-se ao “pequeno e amado rebanho da Geórgia” que se dedica “tanto à caridade e à formação” “acolhe o encorajamento do Bom Pastor, entrega-te a Ele que te leva aos ombros e consola!” – declarou Francisco.
O Santo Padre citou na sua homilia os Escritos Autobiográficos de Santa Teresinha do Menino Jesus sublinhando algumas palavras: «pequeno caminho» rumo a Deus, «o abandono da criança pequena, que adormece sem temor nos braços de seu pai», porque «Jesus não pede grandes gestos, mas apenas o abandono e a gratidão».
“Peçamos hoje, todos juntos, a graça de um coração simples, que crê e vive na força suave do amor; peçamos para viver com confiança serena e total na misericórdia de Deus” – afirmou o Papa Francisco no final da sua homilia em Tiblissi.
(RS)

Rádio Vaticano 

Da Geórgia a oração do Papa pela paz na Síria e Iraque

30/09/2016



apa Francisco na tarde desta sexta-feira (30/09) foi à igreja de São Simão Bar Sabbae de Tbilisi encontrar a comunidade assírio-caldeia. Aqui o Papa elevou uma profunda oração de paz para a Síria e o Iraque na presença do Patriarca caldeu Louis Raphael I Sako.
Foi um encontro comovente. Esta é uma pequena comunidade de imigrantes católicos, nascida depois de perseguições e violência sofridas ao longo dos séculos. Os últimos refugiados são caldeus vindos do Iraque e da Síria. Aqui eles encontraram uma Igreja pobre, mas que os acolheu com generosidade. Sofreram muito, testemunharam com coragem a sua fidelidade a Cristo e ao Papa. Durante o encontro de oração foram cantados os antigos hinos dos mártires caldeus que têm a sua origem nos primeiros séculos do cristianismo.
O Papa rezou pelas vítimas da injustiça e da opressão, invocou a libertação do ódio, do egoísmo e da cultura da morte:
Senhor Jesus,  uni à vossa cruz os sofrimentos de tantas vítimas inocentes: as crianças, os idosos, os cristãos perseguidos; envolvei com a luz da Páscoa quem está ferido no seu íntimo: as pessoas abusadas, privadas da liberdade e da dignidade; fazei experimentar a estabilidade do vosso reino a quem vive na incerteza:
os exilados, os refugiados, quem perdeu o gosto pela vida.
Muito forte a invocação ao Senhor para que os povos em guerra encontrem novamente a paz:
“Imparino la via della riconciliazione, del dialogo e del perdono; fa’ gustare la gioia della tua risurrezione ai popoli sfiniti dalle bombe: solleva dalla devastazione l’Iraq e la Siria; riunisci sotto la tua dolce regalità i tuoi figli dispersi: sostieni i cristiani della diaspora e dona loro l’unità della fede e dell’amore”.
[Os povos em guerra] … que eles aprendam o caminho da reconciliação, do diálogo e do perdão;
fazei saborear a alegria da vossa ressurreição aos povos exaustos pelas bombas: levantai da devastação o Iraque e a Síria; reuni sob a vossa doce realeza os vossos filhos dispersos: sustentai os cristãos da diáspora e dai-lhes a unidade da fé e do amor”.
No fim da oração, o Papa Francisco solta uma pomba branca, símbolo da paz, para os aplausos e os gritos de alegria daqueles que puderam encontra-lo. 

Rádio Vaticano 

Homilia do Papa na Missa na Geórgia – texto integral

01/10/2016



Na manhã deste sábado dia 1 de outubro o Papa Francisco celebrou missa no Estádio Meskhi em Tiblissi na Geórgia. Publicamos aqui o texto integral da homilia do Santo Padre:
“Entre os numerosos tesouros deste país esplêndido, sobressai o grande valor das mulheres. Estas – escrevia Santa Teresinha do Menino Jesus, que hoje recordamos – «amam a Deus em número muito maior que os homens» (Escritos autobiográficos, Manuscrito A, VI). Aqui, na Geórgia, há muitas avós e mães que continuam a guardar e transmitir a fé, semeada nesta terra por Santa Nino, e levam a água fresca da consolação de Deus a muitas situações de deserto e conflito.
Isto ajuda-nos a compreender a beleza daquilo que o Senhor diz hoje na primeira leitura: «Como a mãe consola o seu filho, assim Eu vos consolarei» (Is 66, 13). Como uma mãe toma sobre si os pesos e fadigas de seus filhos, assim Deus gosta de tomar conta dos nossos pecados e inquietações; Ele, que nos conhece e ama infinitamente, é sensível à nossa oração e sabe enxugar as nossas lágrimas. Vendo-nos, sempre Se comove e enternece com entranhado amor, porque, para além do mal que possamos fazer, sempre somos os seus filhos; deseja pegar-nos no colo, proteger-nos, livrar-nos dos perigos e do mal. Deixemos ressoar no nosso coração esta palavra que hoje nos dirige: «Como uma mãe, Eu vos consolarei».
A consolação, de que temos necessidade no meio dos eventos tumultuosos da vida, é precisamente a presença de Deus no coração. Porque a sua presença em nós é a fonte da verdadeira consolação, que perdura, liberta do mal, traz a paz e faz crescer a alegria. Por isso, se quisermos viver como consolados, é preciso dar lugar ao Senhor na vida. E, para que o Senhor habite estavelmente em nós, é preciso abrir-Lhe a porta e não O deixar fora. Há portas da consolação que se devem manter sempre abertas, porque Jesus gosta de entrar por elas: o Evangelho lido cada dia e trazido sempre connosco, a oração silenciosa e de adoração, a Confissão, a Eucaristia. Através destas portas, o Senhor entra e dá um novo sabor às coisas. Mas, quando a porta do coração se fecha, a luz d’Ele não chega e fica-se às escuras. Então habituamo-nos ao pessimismo, às coisas que estão erradas, às realidades que nunca se modificarão. E acabamos por fechar-nos na tristeza, nos subterrâneos da angústia, sozinhos dentro de nós. Pelo contrário, se abrirmos de par em par as portas da consolação, entra a luz do Senhor.
Mas Deus não nos consola apenas no coração; de facto, através do profeta Isaías, acrescenta: «Em Jerusalém, sereis consolados» (66, 13). Em Jerusalém, isto é, na cidade de Deus, na comunidade: quando estamos unidos, quando há comunhão entre nós, atua a consolação de Deus. Na Igreja, encontra-se consolação; a Igreja é a casa da consolação: aqui, Deus deseja consolar. Podemos interrogar-nos: Eu, que estou na Igreja, sou portador da consolação de Deus? Sei acolher o outro como um hóspede e consolar a quem vejo cansado e dececionado? Mesmo quando sofre aflições e isolamento, o cristão é sempre chamado a infundir esperança em quem se deu por vencido, reanimar quem está desanimado, levar a luz de Jesus, o calor da sua presença, a renovação do seu perdão. Há tantos que sofrem, experimentam provações e injustiças, vivem na inquietação. Há necessidade da unção do coração, desta consolação do Senhor que não tira os problemas, mas dá a força do amor, que sabe carregar o sofrimento em paz. Receber e levar a consolação de Deus: esta missão da Igreja é urgente. Queridos irmãos e irmãs, sintamo-nos chamados a isto, e não a fossilizar-nos no que está errado ao nosso redor, nem a entristecer-nos por qualquer desarmonia que vemos entre nós. Não é bom habituar-se a um «microclima» eclesial fechado; bom é compartilhar horizontes de esperança amplos e abertos, vivendo a coragem humilde de abrir as portas e sairmos de nós mesmos.
Mas, para receber a consolação de Deus, há uma condição fundamental que a sua Palavra nos lembra hoje: tornar-se pequenos como crianças (cf. Mt 18, 3-4), ser «como criança saciada ao colo da mãe» (Sal 131/130, 2). Para acolher o amor de Deus, é necessária esta pequenez de coração: só como pequenos é que podemos estar no colo da mãe.
Quem se fizer pequeno como uma criança – diz-nos Jesus – é «o maior no Reino do Céu» (Mt 18, 4). A verdadeira grandeza do homem consiste em fazer-se pequeno diante de Deus. Porque a Deus não se conhece com altos pensamentos e muito estudo, mas com a pequenez dum coração humilde e confiante. Para ser grande diante do Altíssimo, não é preciso acumular honras e prestígio, bens e sucessos terrenos, mas esvaziar-se de si mesmo. A criança é precisamente alguém que nada tem para dar e tudo a receber. É frágil, depende do pai e da mãe. Quem se faz pequeno como uma criança, torna-se pobre de si mas rico de Deus.
As crianças, que não sentem problemas para compreender Deus, têm muito a ensinar-nos: dizem-nos que Ele realiza grandes coisas com quem não Lhe opõe resistência, com quem é simples e sincero, sem duplicidade. Assim no-lo mostra o Evangelho, onde se fazem grandes maravilhas com coisas pequenas: com poucos pães e dois peixes (cf. Mt 14, 15-20), com um grão de mostarda (cf. Mc 4, 30-32), com o grão de trigo que morre na terra (cf. Jo 12, 24), com um único copo de água que se dá (cf. Mt 10, 42), com duas moedinhas duma viúva pobre (cf. Lc 21, 1-4), com a humildade de Maria, a serva do Senhor (cf. Lc 1, 46-55).
Eis a grandeza surpreendente de Deus, dum Deus cheio de surpresas e que gosta das surpresas: não percamos jamais o desejo e a confiança das surpresas de Deus! E far-nos-á bem lembrar que somos sempre e antes de tudo seus filhos: não donos da vida, mas filhos do Pai; não adultos autónomos e autossuficientes, mas filhos sempre carecidos de ser pegados no colo, de receber amor e perdão. Felizes as comunidades cristãs que vivem esta genuína simplicidade evangélica. Pobres de meios, são ricas de Deus. Felizes os pastores que não cavalgam a lógica do sucesso mundano, mas seguem a lei do amor: o acolhimento, a escuta, o serviço. Feliz a Igreja que não se abandona aos critérios da funcionalidade e da eficiência organizativa, nem se preocupa com fazer boa figura. Pequeno e amado rebanho da Geórgia, que te dedicas tanto à caridade e à formação, acolhe o encorajamento do Bom Pastor, entrega-te a Ele que te leva aos ombros e consola!
Gostaria de resumir estes pensamentos com algumas palavras de Santa Teresinha do Menino Jesus, que hoje recordamos. Ela indica-nos o seu «pequeno caminho» rumo a Deus, «o abandono da criança pequena, que adormece sem temor nos braços de seu pai», porque «Jesus não pede grandes gestos, mas apenas o abandono e a gratidão» (Escritos autobiográficos, Manuscrito B). Mas infelizmente – escrevia ela então, mas é verdade também hoje – Deus encontra «poucos corações que se abandonem a Ele sem reservas, que compreendam toda a ternura do seu Amor infinito» (ibid.). Ao contrário, a jovem santa e doutora da Igreja era perita na «ciência do Amor» (ibid.) e ensina-nos que «a caridade perfeita consiste em suportar os defeitos dos outros, em não ficar surpreendido com os seus pontos fracos, em sentir-se edificado mesmo pelos mínimos atos de virtude que lhes veja praticar»; lembra-nos também que «a caridade não pode ficar fechada no fundo do coração» (Manuscrito C). Peçamos hoje, todos juntos, a graça de um coração simples, que crê e vive na força suave do amor; peçamos para viver com confiança serena e total na misericórdia de Deus.”
Rádio Vaticano 

Georgia: Papa Francisco e o Patriarca Elia II – texto integral

30/09/2016 



Na Visita Apostólica à Georgia, o Papa Francisco, logo após o encontro com as autoridades do país, visitou o Patriarca Elias II no Palácio Patriarcal de Tiblissi. Publicamos aqui texto integral do discurso do Santo Padre:
“Constitui para mim uma grande alegria e uma graça particular encontrar Vossa Santidade e Beatitude e os veneráveis Metropolitas, Arcebispos e Bispos, membros do Santo Sínodo. Saúdo ao senhor Primeiro-Ministro e a vós, ilustres Representantes do mundo académico e da cultura.
Vossa Santidade inaugurou uma página nova nas relações entre a Igreja Ortodoxa da Geórgia e a Igreja Católica, ao realizar a primeira visita histórica ao Vaticano dum Patriarca georgiano. Naquela ocasião, trocou com o Bispo de Roma o ósculo da paz e a promessa de rezarmos um pelo outro. Assim foi possível revigorar os laços de grande significado que existem entre nós desde os primeiros séculos do cristianismo. Tais laços incrementaram-se mantendo-se respeitosos e cordiais, como atestam a receção calorosa aqui reservada aos meus enviados e representantes, as atividades de estudo e pesquisa nos Arquivos do Vaticano e nas Universidades Pontifícias feitas por fiéis ortodoxos georgianos, a presença em Roma duma vossa comunidade alojada numa igreja da minha diocese, e a colaboração, sobretudo de caráter cultural, com a comunidade católica local. Cheguei como peregrino e amigo a esta terra abençoada, quando, para os católicos, está no seu ponto alto o Ano Jubilar da Misericórdia. Também o santo Papa João Paulo II viera aqui – o primeiro dos Sucessores de Pedro que o fez – num momento muito importante, ou seja, no limiar do Jubileu do ano 2000: viera reforçar os «vínculos profundos e fortes» com a Sé de Roma [Discurso na cerimónia de boas-vindas, Tbilissi, 8 de novembro de 1999: Insegnamenti XXII/2 (1999), 843] e lembrar a grande necessidade que havia, no limiar do terceiro milénio, do «contributo da Geórgia, esta antiga encruzilhada de culturas e tradições, para a edificação (…) duma civilização do amor» [Discurso no Palácio Patriarcal, Tbilissi, 8 de novembro de 1999: Insegnamenti XXII/2 (1999), 848].
Agora, a Providência divina faz-nos encontrar novamente e, face a um mundo sedento de misericórdia, unidade e paz, pede-nos que os vínculos entre nós recebam novo impulso, renovado ardor, de que o ósculo da paz e o nosso abraço fraterno já são um sinal eloquente. Assim a Igreja Ortodoxa da Geórgia, enraizada na pregação apostólica e de modo especial na figura do apóstolo André, e a Igreja de Roma, fundada sobre o martírio do apóstolo Pedro, têm a graça de renovar hoje, em nome de Cristo e da sua glória, a beleza da fraternidade apostólica. De facto, Pedro e André eram irmãos: Jesus convidou-os a deixar as redes e tornar-se, juntos, pescadores de homens (cf. Mc 1, 16-17). Caríssimo Irmão, deixemo-nos de novo olhar pelo Senhor Jesus, deixemo-nos ainda atrair pelo seu convite a pôr de lado tudo o que nos impede de ser, juntos, anunciadores da sua presença.
Nisto temos o apoio do amor que transformou a vida dos Apóstolos. É aquele amor sem igual que o Senhor encarnou – «ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos» (Jo 15, 13) – e no-lo deu, para nos amarmos uns aos outros como Ele nos amou (cf. Jo 15, 12). A propósito, parecem dirigidas a nós algumas das famosas palavras do grande poeta desta terra: «Leste como os apóstolos escrevem acerca do amor, como o descrevem, como o louvam? Conhece-o, fixa a tua mente naquelas palavras. É que o amor eleva-nos» (S. Rustaveli, O Cavaleiro na pele de tigre, Tbilissi, 1988, morada 785). Verdadeiramente o amor do Senhor eleva-nos, porque nos permite subir acima das incompreensões do passado, dos cálculos do presente e dos medos do futuro.
O povo georgiano testemunhou, ao longo dos séculos, a grandeza deste amor. Nele encontrou a força para se levantar de novo depois de inúmeras provações; nele se elevou até aos cumes duma beleza artística extraordinária. De facto sem amor, como escreveu outro grande poeta, «o sol não reina na cúpula do céu» e, para os homens, «não há beleza nem imortalidade» (Galaktion Tabidze, Sem amor, Tbilissi, 1982, 25). No amor, encontra-se a razão de ser imortal a beleza do vosso património cultural, que se expressa em múltiplas formas, como, por exemplo, a música, a pintura, a arquitetura e a dança. Irmão caríssimo, disto mesmo nos deu digna expressão Vossa Santidade, especialmente compondo preciosos hinos sacros, alguns mesmo em língua latina e particularmente estimados pela tradição católica. Eles enriquecem o vosso tesouro de fé e cultura, dom único oferecido à cristandade e à humanidade, que merece ser conhecido e apreciado por todos.
A gloriosa história do Evangelho nesta terra deve-se de modo especial a Santa Nino, que é comparada aos Apóstolos: ela espalhou a fé sob o sinal particular da cruz feita de lenho de videira. Não se trata duma cruz desnudada, porque a imagem da videira, para além do fruto que sobressai nesta terra, representa o Senhor Jesus. Na verdade, Ele é «a videira verdadeira» e pediu aos Apóstolos para permanecerem fortemente enxertados n’Ele, como ramos, para dar fruto (cf. Jo 15, 1-8). E para que o Evangelho dê fruto também hoje, é-nos pedido, caríssimo Irmão, que permaneçamos cada vez mais firmes no Senhor e unidos entre nós. A multidão de Santos, que conta este país, encoraja-nos a colocar o Evangelho em primeiro lugar, evangelizando como no passado, e mais do que no passado, livres das amarras dos preconceitos e abertos à perene novidade de Deus. Que as dificuldades não sejam impedimentos, mas estímulos para nos conhecermos melhor, compartilharmos a seiva vital da fé, intensificarmos a oração de uns pelos outros e colaborarmos com caridade apostólica no testemunho comum, para glória de Deus nos céus e ao serviço da paz na terra.
O povo georgiano gosta de comemorar os seus valores mais queridos, brindando com o fruto da videira. A par do amor que eleva, é reservada um papel particular à amizade. «Quem não procura um amigo, de si próprio é inimigo»: lembra ainda o poeta Rustaveli (O Cavaleiro na pele de tigre, morada 847). Desejo ser amigo sincero desta terra e deste povo querido, que não esquece o bem recebido e cujo tratamento hospitaleiro se alia com um estilo de vida genuinamente esperançoso, mesmo no meio das dificuldades que nunca faltam. Também este caráter positivo se enraíza na fé, que leva os georgianos, à volta da própria mesa, a implorar a paz para todos, lembrando até os inimigos.
Com a paz e o perdão, somos chamados a vencer os nossos verdadeiros inimigos, que não são de carne e sangue, mas os espíritos do mal fora e dentro de nós (cf. Ef 6, 12). Esta terra abençoada é rica de heróis valorosos segundo o Evangelho que souberam, como São Jorge, derrotar o mal. Penso em tantos monges e, de modo particular, nos numerosos mártires, cuja vida triunfou «com a fé e a paciência» (Ioane Sabanisze, Martírio de Abo, III): passou através da prensa do sofrimento, permanecendo unida ao Senhor e assim produziu um fruto pascal, irrigando o solo georgiano com sangue derramado por amor. A sua intercessão dê alívio a tantos cristãos que ainda hoje, no mundo, sofrem perseguições e ultrajes e reforce em nós o desejo bom de vivermos fraternalmente unidos para anunciar o Evangelho da paz.”
Rádio Vaticano 

Novena das 24 Rosas

Comece hoje mesmo a Novena das Rosas e alcance graças especiais nesses dias que se seguem.
É bem simples…
Origem da Novena
No dia 3 de Dezembro de 1925, o P. Putingan, SJ, começou, começou uma novena em honra de S. Teresinha. Com esta intenção começou a rezar, durante a novena, 24 Glória ao Pai, em acção de graças à Santíssima Trindade, pelos favores e graças concedidos a S. Teresa durante os 24 anos de sua existência terrena. Pediu o padre que lhe desse um sinal de que a novena era ouvida, e este sinal seria receber uma rosa fresca e desabrochada. No terceiro dia da novena uma amiga procurou-o e oferece-lhe uma rosa vermelha.
No dia 24 do mesmo mês o padre começou uma segunda novena e pediu uma rosa branca. Ao quarto dia da novena, uma religiosa-enfermeira do hospital, trouxe uma linda rosa branca dizendo: “Aqui está uma rosa que Santa Teresinha envia a Vossa Reverência”.
Surpreendido, pergunta o padre: “Donde vem esta rosa”? “Fui à capela onde se acha adornada uma bela imagem de Santa Teresinha, diz a religiosa, e, ao aproximar-me do altar da Santinha, caiu ao meus pés esta rosa. Quis colocá-la de novo na jarra, mas lembrei-me de a trazer a Vossa Reverencia.”
Alcançadas as graças pedidas resolveu propagar a Novena. Assim, do dia 9 ao 17 de cada mês, todas as pessoas que desejem fazer a novena dos 24 Glória ao Pai unem as suas intenções às das pessoas que, na mesma época, fazem a dita novena, e se estabelece, desta maneira, uma bela comunhão de orações.
Modo de rezar
Durante nove dias reza-se a coroa das 24 Glórias à Santíssima Trindade, em ação de graças pelos dons concedidos a S. Teresinha durante os 24 anos da sua vida e pela glória que lhe concedeu no Céu, depois da morte.
No fim, com simplicidade, fervor e confiança, expomos o que desejamos acrescentando a seguinte oração:

Oração
Ó Santa Teresinha do Menino Jesus, que na vossa curta existência, fostes um espelho de angélica pureza, de forte amor e generoso abandono a Deus, agora que gozais o prêmio das vossas virtude, volvei o vosso olhar para mim que em vós confio.
Fazei vossa a minha aflição; dizei por mim uma palavra àquela Virgem Imaculada, de quem fostes a flor predileta, a Rainha do Céu que vos sorriu na manhã da vida; dizei-lhe que como Senhora do Coração de Jesus, me obtenha com a sua poderosa intercessão a graça que presentemente tanto desejo:
(expõe-se o pedido mentalmente.)
e que acompanhe com uma bênção, que me fortifique na vida, me defenda na morte, e me conduza à feliz eternidade. Assim seja.
Glória ao Pai… (24 vezes)
V. Santa Teresinha do Menino Jesus,
R. Rogai por nós!
No fim das 24 glórias:
Ave Maria… Pai Nosso… Glória ao Pai…

01/10 – Santa Teresinha do Menino Jesus

Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face (Teresa Martin) nasceu em Alençon na França, em 1873 e morreu em 1897; deu à sua breve existência o cunho inigualável do sorriso, expressão daquela alegria ultraterrena, que segundo as suas palavras “não está nos objetos que nos circundam, mas reside no íntimo mais profundo da alma”. Inclinada por temperamento à calma e à tristeza, Teresa, com lindos cabelos loiros, olhos azuis, traços delicados, alta, extraordinariamente bonita, quando escrevia no seu diário “Oh! sim, tudo me sorrirá aqui na terra”, era uma época em que estava experimentando injustiças e incompreensões. Já atingida pela tuberculose pulmonar, debilitada nas forças, não rejeitava trabalho algum e continuava “a jogar para Jesus flores de pequenos sacrifícios”. Qualquer um que tenha lido as páginas estupendas dos seus caderninhos onde ia traçando, por obediência, as suas experiências interiores, publicadas depois sob o título de História de uma Alma, bem sabe que esses sacrifícios não eram pequenos. Teresa deu à sua vida de ascese o título de Infância espiritual não por natural tendência de colocar tudo no diminutivo, mas por uma escolha muito preciosa conforme o convite do Evangelho de “se fazer pequeno como criança”. Ela escreve: “Eu havia me oferecido a Jesus Menino como um brinquedo, e lhe havia dito que não se servisse de mim como uma coisa de luxo, que as crianças se contentam em guardar, mas como uma pequena bola sem valor, que ele pudesse jogar na terra, empurrar com os pés, deixar em um canto, ou também apertar contra o coração, quando isso lhe agradasse. Numa palavra, queria divertir o Menino Jesus e abandonar-me aos seus caprichos infantis.” A vida da infância espiritual é também a expressão da sua profunda humildade. Os nove anos que passou no Carmelo de Lisieux (aí entrou aos quinze anos, após ter ido a Roma pedir autorização ao Papa), viveu-os tão intensamente a ponto de oferecer ao mundo católico a surpreendentemente imagem de uma santa, aparentemente estranha ao mundo em que viveu, sem relações espirituais com o mundo moderno. No entanto, estava tão imersa na realidade da vida eclesial a ponto de ser declarada em 1927, dois anos após sua elevação às honras dos altares, padroeira principal das missões, e ser invocada desde 1944, como padroeira secundária da França, ao lado da guerreira Joana D’Arc.



Cléofas 

30 de set. de 2016

Papa: As diferenças sejam fonte de enriquecimento recíproco

30/09/2016


O primeiro momento forte da visita apostólica do Papa Francisco nesta sexta-feira (30/09) à Geórgia foi marcado pelo encontro com as autoridades no Palácio presidencial, em que Francisco começou por dirigir-se ao Presidente da República, às distintas autoridades, aos ilustres membros do Corpo Diplomática, às senhoras e senhores aí presentes. Em seguida o Papa passou ao seu discurso agradecendo a Deus pela oportunidade, nestes termos:
“Agradeço a Deus Todo-Poderoso por me ter dado a oportunidade de visitar esta terra abençoada, local de encontro e intercâmbio vital entre culturas e civilizações, que achou no cristianismo, desde a pregação de Santa Nino no início do século IV, a sua identidade mais profunda e o fundamento seguro dos seus valores”.
Como afirmou São João Paulo II ao visitar a vossa pátria, «o cristianismo tornou-se a semente do sucessivo florescimento da cultura georgiana»… e esta semente continua a dar os seus frutos. Recordando com gratidão o nosso encontro do ano passado no Vaticano e as boas relações que a Geórgia sempre manteve com a Santa Sé, agradeço-lhe sentidamente, Senhor Presidente, o seu aprazível convite e as palavras cordiais de boas-vindas que me dirigiu em nome das autoridades do Estado e de todo o povo georgiano .
A história plurissecular da vossa pátria (continuou Francisco) manifesta o enraizamento nos valores expressos pela sua cultura, língua e tradições, inserindo o país a pleno título e de modo fecundo e peculiar no álveo da civilização europeia; ao mesmo tempo, como evidencia a sua posição geográfica, é quase uma ponte natural entre a Europa e a Ásia, um gonzo que facilita as comunicações e as relações entre os povos, tendo possibilitado ao longo dos séculos tanto o comércio como o diálogo e a troca de ideias e experiências entre mundos diversos.
Mais adiante, no seu discurso, Francisco evocou os últimos eventos da história da Geórgia, desde que a mesma proclamou a sua independência:
“Senhor Presidente, já se passaram vinte e cinco anos desde a proclamação da independência da Geórgia, que durante este período, recuperando a sua plena liberdade, construiu e consolidou as suas instituições democráticas e procurou os caminhos para garantir um desenvolvimento o mais possível inclusivo e autêntico. Tudo isto com grandes sacrifícios, que o povo enfrentou corajosamente para se assegurar a tão suspirada liberdade. Almejo que o caminho de paz e desenvolvimento prossiga com o esforço solidário de todas as componentes da sociedade, para criar as condições de estabilidade, equidade e respeito da legalidade suceptíveis de favorecer o crescimento e aumentar as oportunidades para todos”.
Ao terminar o Papa evocou o papel da Igreja Católica nesse País e exprimiu votos de que ela continue a dar o seu contributo genuíno:
“Faço sentidos votos de que ela continue a dar o seu contributo genuíno para o crescimento da sociedade georgiana, através do testemunho comum da tradição cristã que nos une, do seu compromisso a favor dos mais necessitados e mediante um diálogo renovado e mais intenso com a Igreja Ortodoxa Georgiana antiga e as outras comunidades religiosas do país. - Deus abençoe a Geórgia e lhe conceda paz e prosperidade!”
Rádio Vaticano 

Inicia a 16ª Viagem Apostólica do Papa. Hoje na Geórgia

30/09/2016 



"A paz esteja convosco". Com este lema, do Evangelho de João, teve início a 16ª Viagem Apostólica do Papa Francisco na Geórgia e Azerbaijão, viagem  com forte significado ecuménico e inter-religioso. O avião papal decolou do Aeroporto romano de Fiumicino pelas 9.00 horas. Para acolher o Papa em Tbilisi, 17 anos depois da visita de João Paulo II, estavam as autoridades civis e religiosas, entre os quais também o velho Catholicos, Patriarca de toda a Geórgia, Sua Santidade e Beatitude Ilia II, que abraçou na altura também o Papa Wojtyla.
Tbilisi está pronta para esta visita. Uma cidade antiga e encantadora do Cáucaso, atravessada pelas águas do rio Kura e pontilhada com igrejas e mosteiros, hoje abranda os seus ritmos frenéticos e, através de becos e praças de estilo árabe, edifícios com matizes ainda soviéticos, acolhe o Papa Francisco.
Uma peregrinação de poucas horas, mas com muitas implicações. Porque o Cáucaso é uma zona  por nada marginal para a fé cristã, aqui em diálogo com outras confissões e religiões maioritárias, mas também para os equilíbrios políticos. Turquia, Rússia, Médio Oriente são vizinhos gigantes, a paz é, portanto, uma palavra-chave. "Venho para encorajar caminhos e esperanças de paz", dissera o papa em junho passado; "a paz requer tenacidade e passos contínuos", cabe a cada um dar um contributo. E, provavelmente, sobre este tema Francisco vai articular os dez discursos programados até domingo.
A primeira etapa do Papa foi o Palácio Presidencial, quando em Roma eram 14 horas, em seguida, o Patriarcado ortodoxo, para um encontro com o Catholicos Ilia II, há 39 anos guiando a Igreja Autocéfala Apostólica da Geórgia. A última etapa do dia, a oração na pequena igreja de São Simão o Tintor, onde estarão reunidos os sírio-caldeus de todo o mundo.
No sábado (01/10), toda a esperança é para a Missa no Estádio Meskhi na qual participarão - importante sinal ecuménico - também representantes da Igreja Ortodoxa. Enquanto que a tarde será dedicada ao abraço com os fiéis de rito latino e arménio na Catedral da Assunção e, em seguida, a um encontro com os doentes e operadores da caridade na grande estrutura dos Camilianos, dedicada à saúde e acção social, nos arredores de Tbilisi.
A viagem de Francisco na Geórgia terminará com a sugestiva visita à catedral de Mtsketa, onde se diz que está conservado o manto de Jesus, lugar sagrado para os ortodoxos e para a nação. E depois no domingo de manhã, partida para o Azerbaijão.
São mais de 200 os jornalistas georgianos e internacionais acreditados até agora para acompanhar a visita do Papa na sala de imprensa em Tbilisi. Uma atenção que não se encontra nas ruas, excepto nos lugares que o Papa vai visitar: em particular nas paróquias, onde o seu rosto sorridente se destaca em grandes cartazes. "Não haverá grandes multidões, mas poucos fiéis preciosos", diz o padre Akaki Chelidze, porta-voz da Administração Apostólica do Cáucaso para os latinos:
"Tentamos fazer chegar a nossa voz à maioria das pessoas, diz Padre Chelidze, convidando-os a este grande evento que aqui tem uma ressonância como a que se poderia esperar num País de maioria católica, ou com uma forte presença católica. Estamos confiantes de que as pessoas serão motivadas e mesmo que não venha a ser uma grande multidão será gente de grande amizade para com a Igreja Católica e para com o Papa”.

Rádio Vaticano 

Ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo

Veja o que dizia o grande São Jerônimo
Pago o que devo, obediente aos preceitos de Cristo que diz: Perscrutai as Escrituras (Jo 5,39); e: Buscai e achareis (Mt 7,7). Assim que não me aconteça ouvir com os judeus: Errais, sem conhecer as Escrituras nem o poder de Deus (Mt 22,29). Se, conforme o Apóstolo Paulo, Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus, e quem ignora as Escrituras ignora o poder de Deus e sua sabedoria, ignorar as Escrituras é ignorar Cristo.
Daí que eu imite o pai de família que de seu tesouro tira coisas novas e antigas. E a esposa, no Cântico dos Cânticos, que diz: Coisas novas e antigas, irmãozinho meu, guardei para ti (cf. Ct 7,14 Vulg.). E explicarei Isaías ensinando a vê-lo não só como profeta, mas ainda como evangelista e apóstolo. Ele próprio falou de si e dos outros evangelistas: Como são belos os pés daqueles que evangelizam boas novas, que evangelizam a paz (Is 52,7). E também Deus lhe fala como a um apóstolo: Quem enviarei, e quem irá a este povo? E ele respondeu: Eis-me aqui, envia-me (cf. Is 6,8).
Ninguém pense que desejo resumir em breves palavras o conteúdo deste livro, pois esta escritura contém todos os mistérios do Senhor, falando do Emanuel, o nascido da Virgem, o realizador de obras e sinais estupendos, o morto e sepultado, o ressurgido dos infernos e o salvador de todos os povos. Que direi de física, ética e lógica? Tudo o que há nas santas Escrituras, tudo o que a língua humana pode proferir e uma inteligência mortal receber, está contido neste livro.

Atesta esses mistérios quem escreveu: Será para vós a visão de todas as coisas como as palavras de um livro selado; se é dado a alguém que saiba ler, dizendo-lhe: Lê isto, ele responderá: Não posso, está selado. E se for dado a quem não sabe ler e se lhe disser: Lê, responderá: Não sei ler (Is 29,11-12).
E se alguém parecer fraco, ouça as palavras do mesmo Apóstolo: Dois ou três profetas falem e os outros julguem; mas se a outro que está sentado algo for revelado, que se cale o primeiro (1Cor 14,32). Como podem guardar silêncio, se está ao arbítrio do Espírito, que fala pelos profetas, o calar-se e o falar? Se na verdade compreendiam aquilo que diziam, tudo está repleto de sabedoria e de inteligência. Não era apenas o ar movido pela voz que chegava a seus ouvidos, mas Deus falava no íntimo dos profetas, segundo outro Profeta diz: O anjo que falava a mim (cf. Zc 1,9), e: Clamando em nossos corações, Abba, Pai (Gl 4,6), e: Ouvirei o que o Senhor Deus disser em mim (Sl 84,9).
Do Prólogo ao Comentário sobre o Profeta Isaías, de São Jerônimo, presbítero
(Nn.1.2: CCL 73,1-3).

Via: Cléofas 

30/09 – São Jerônimo

O século IV depois de Cristo, que teve o seu momento culminante no ano de 380 com o edito do imperador Teodósio no qual se estabelecia que a fé cristã devia ser adotada por todas as populações do império, está repleto de grande figuras de santos: Atanásio, Hilário, Ambrósio, João Crisóstomo, Basílio e Jerônimo, dálmata, nascido entre 340 e 350 na cidadezinha de Strido. Romano de formação, São Jerônimo é um espírito enciclopédico. Sua obra literária nos revela a cada instante o filósofo, o retórico, o gramático, o dialético, capaz de escrever e pensar em latim, em grego, em hebraico, escritor de estilo rico, puro e robusto ao mesmo tempo. A ele devemos a tradução em latim do Antigo e Novo Testamento, que se tornou, com o título de Vulgata, a Bíblia oficial do cristianismo. Jerônimo é uma personalidade fortíssima: em toda parte por onde vai suscita entusiasmos ou polêmicas. Em Roma ataca os vícios e hipocrisias e preconiza também novas formas de vida religiosa, atraindo para elas algumas influentes damas patrícias (de Roma), que o seguiram depois na vida eremítica de Belém. A fuga da sociedade deste exilado voluntário era um gesto ditado por um sincero desejo de paz interior, não sempre duradouro, uma vez que, para não ser esquecido, reaparecia, de vez em quando com algum novo livro. Os “rugidos deste leão do deserto” eram ouvidos tanto no Ocidente como no Oriente. Suas violências verbais não perdoavam ninguém. Teve palavras duras para com Ambrósio, com Basílio e com o próprio Agostinho, que teve de engolir amargos bocados. Isso é confirmado pela correspondência entre os dois grandes doutores da Igreja, chegada a nós quase inteira. Mas sabia aliviar as intemperanças do seu caráter quando ao polemista prevalecia o diretor espiritual. Toda vez que terminava um livro ia fazer uma visita às monjas que dirigia na vida ascética num mosteiro não distante do seu. Ele as escutava, respondendo às suas perguntas. Estas mulheres inteligentes e vivas foram como um filtro às suas explosões menos oportunas e ele as recompensava com o sustento e o alimento de uma cultura espiritual bíblica. Este homem extraordinário estava consciente de suas próprias culpas e de seus limites (batia-se no peito com pedras por causa dos seus pecados), mas estava consciente também dos seus merecimentos. No livro Homens Ilustres, onde apresenta um perfil biográfico dos homens ilustres, conclui com um capítulo dedicado a ele mesmo. Morreu aos 72 anos, em 420, em Belém.



Cléofas 

29 de set. de 2016

Quem são os santos arcanjos?

A Igreja conhece o nome de três Arcanjo e a Liturgia celebra no dia 29 de setembro, a Festa a eles:
Miguel, Gabriel e Rafael, e lembra ao mesmo tempo todos os coros angélicos: Anjos, Arcanjos, Tronos, Querubins, Serafins, Tronos, Virtudes, Potestades e Poderes. Na Festa dos santos Arcanjos, a Igreja assim vê a glória de Deus manifestada em seus anjos:
‘Pai Santo, Deus eterno e todo poderoso, é a Vós que glorificamos ao louvarmos os anjos que criastes e que foram dignos do vosso amor. A admiração que eles merecem nos mostra como sois grande e como deveis ser amado acima de todas as criaturas. Pelo Cristo, vosso Filho e Senhor nosso, louvam os anjos a vossa glória, as dominações vos adoram, e, reverentes, vos servem potestades e virtudes. Concedei-nos também a nós associar-nos à multidão dos querubins e serafins, cantando a uma só voz… (Prefácio).
São Rafael é guia de Tobias e dos viajantes. (Ver o livro de Tobias).
São Miguel era o antigo padroeiro da sinagoga judaica, agora é o padroeiro da Igreja universal; São Gabriel (‘Deus curou’) é o Anjo da Encarnação e talvez o da Agonia de Jesus no jardim das oliveiras; São Miguel, de modo especial foi cultuado desde os primeiros séculos do cristianismo.
No Apocalipse, São Miguel e seus anjos são mostrados como defensores do povo de Deus. ”Houve uma batalha no céu. Miguel e seus anjos tiveram de combater o Dragão. O Dragão e seus anjos travaram combate, mas não prevaleceram.” (Ap 12,7). ”Vi, então, descer do céu um anjo, que tinha na mão a chave do abismo e uma grande algema. Ele apanhou o Dragão, a primitiva Serpente, que é o Demônio e Satanás, e o acorrentou por mil anos. Atirou-o no abismo, que fechou e selou por cima, até que se completasse mil anos, para que já não seduzisse as nações (Ap 20,1). O imperador Constantino, no século IV, erigiu a São Miguel Arcanjo um santuário em Constantinopla às margens do rio Bósforo, no lado europeu, enquanto o imperador Justiniano construiu-lhe um outro santuário na outra margem do mesmo rio. A data de 29 de setembro foi a de consagração da igreja dedicada a São Miguel, no século V, a seis milhas da via Salária. Em Roma foi dedicado a São Miguel o célebre mausoléu do imperador Adriano, agora conhecido com o nome de Castelo de Santo Ângelo.A São Miguel é dedicado também o antigo santuário do século VI,  no monte Galgano, na Púglia, onde domina o mar Adriático que banha o lado oriental da Itália. Nas proximidades desta igreja, os longobardos venceram o encontro naval contra os serracenos e a vitória foi atribuída a uma aparição de São Miguel, o que deu origem a uma segunda festa ao Arcanjo, depois transferida para 29 de setembro.
São Gabriel, aquele que está diante de Deus, é o anunciador por excelência das revelações divinas. É ele que explica ao profeta Daniel como se dará a plena restauração, da volta do exílio ao advento do Messias. É ele que anuncia a Maria o nascimento de Jesus, é ele que anuncia também o nascimento do Percursor de Jesus, João Batista. Ele é muito estimado mesmo junto aos maometanos.
Prof. Felipe Aquino

Cléofas 

29/09 – Santos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael

O novo calendário reuniu em uma só celebração os três arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael, cuja festa caía respectivamente a 29 de setembro, a 24 de março e a 24 de outubro. Da existência destes anjos fala explicitamente a Sagrada Escritura, que lhes dá um nome e lhes determina a função. São Miguel, o antigo padroeiro da Sinagoga, é agora o padroeiro da Igreja universal; São Gabriel é o anjo da encarnação e talvez o da agonia do jardim das oliveiras; São Rafael é o guia dos viajantes. São Miguel, em particular, foi cultuado desde os primeiros séculos de história do cristianismo. O imperador Constantino erigiu-lhe um santuário nas margens do Bósforo, em terra européia, enquanto Justiniano construiu-lhe um no lado oposto. A data de 29 de setembro corresponde à da consagração da igreja dedicada no século V a são Miguel, a seus milhas da via Salária. A festividade difundiu-se rapidamente no Ocidente e no Oriente. Em Roma foi-lhe dedicado o célebre mausoléu de Adriano, agora conhecido com o nome de Castelo de Santo Ângelo. A São Miguel é dedicado o antigo santuário, surgido no século VI, que do Monte Galgano, na Púglia, domina o mar Adriático. Nas proximidades desta Igreja, a 8 de maio de 663, os longobardos obtiveram vitória no encontro naval com a frota sarracena, e o acontecimento da vitória, atribuída a uma aparição do anjo, deu origem a uma segunda festa transferida depois para 29 de setembro. São Gabriel, “aquele que está diante de Deus” (é seu cartão de visita”, quando vai anunciar a Maria a sua escolha para Mãe do Redentor), é o anunciador por excelência das revelações divinas. É ele que explica ao profeta Daniel como se dará a plena restauração, da volta do exílio ao advento do Messias. A ele é confiado o encargo de anunciar o nascimento do Precursor, João, filho de Zacarias e de Isabel. A missão mais alta que nunca foi confiada à criatura alguma é ainda sua: anunciar a Encarnação do Filho de Deus. Ele tem um prestígio muito especial até mesmo entre os maometanos. São Rafael, falado em um só livro da Sagrada Escritura, é o acompanhante do jovem Tobias, e por isso sua função é tida como guia de todos os que viajam. Foi ele que sugeriu ao seu jovem protegido o remédio para a cura da cegueira do pai, por isso é invocado também como curador (etimologicamente seu nome significa “Deus curou”). Sua festa a 24 de outubro havia entrado no calendário romano somente a partir de 1921.


Cléofas

Natividade de São João Batista: o maior dos profetas

A natividade de  São João Batista  é  uma solenidade muito importante no ano litúrgico, porque nesse dia lembramos o maior dos profetas, com...