11 de jun. de 2016

Papa: diversidade é um desafio que nos faz crescer

11/06/2016


Cidade do Vaticano (RV) - O Papa recebeu no final da manhã deste sábado, (11/06), cerca de 650 participantes no Congresso para Portadores de necessidades especiais, físicas, mentais ou sensoriais, promovido pela Conferência Episcopal Italiana.


Após alguns breves depoimentos dos responsáveis pela Pastoral da Catequese italiana, duas meninas fizeram perguntas ao Papa, representando os diversos portadores de necessidades especiais presentes na Sala Paulo VI.
Ao responder espontaneamente à primeira, Francisco disse que “era uma pergunta muito válida", por se referir às diversidades das pessoas.

Sem medo
“As diversidades, disse o Papa, sobretudo se forem grandes, nos causam medo. Mas, por isto mesmo, elas se tornam um desafio. É muito fácil não se incomodar com as diferenças das pessoas, ou melhor, ignorar a sua diversidade. Porém, a diversidade é uma riqueza”.
Se no mundo tudo fosse igual, seria um “mundo chato”. As diversidades, mesmo as mais dolorosas, nos ajudam, nos desafiam, nos enriquecem. Por isso, não devemos temer as diversidades dos outros. Pelo contrário, devemos superar este medo; colocar em comum o que temos.
Aperto de mãos
Aqui, o Papa recordou um gesto humano muito belo, que fazemos quase inconscientemente, mas que tem um significado muito profundo:
“Apertar a mão. Com este gesto colocamos em comum o que temos com o outro, se este for um gesto sincero. É uma coisa que faz bem a todos. A diversidade é um desafio que nos faz crescer”.
Depois, respondendo à segunda pergunta de uma menina, portadora de necessidades especiais, Francisco falou da discriminação - na paróquia, na Missa, na Comunhão, nos Sacramentos - de uma pessoa portadora de deficiência física, mental ou sensorial.
Todos são iguais e devem participar dos atos eclesiais, quer tenham os cinco sentidos ou não. Diante de Deus, todos somos iguais, porque todos nós amamos a Jesus e sua Mãe Maria. Neste sentido, “a diversidade é igualdade”, “a diversidade é uma riqueza”.
Em uma paróquia, explicou o Papa, devemos acolher todos, indistintamente. Os sacerdotes e os leigos não devem fechar a porta da igreja àqueles que são diferentes de nós: ou todos ou ninguém! Devem ajudar as pessoas diferentes a entender a fé, o amor, a amizade.
Acolher e ouvir
Logo, é preciso “acolher e ouvir” a todos, ou seja, pôr em prática a “pastoral da escuta”.
"Mas, Padre, é tão chato ouvir, porque são sempre as mesmas coisas, as mesmas histórias. Porém, ninguém é igual ao outro. As pessoas trazem Jesus no coração. Por isso devemos ouvi-las com paciência. Acolher e ouvir a todos”.
No final do encontro na Sala Paulo VI, o Papa convidou os presentes a invocar Nossa Senhora, com a oração da “Ave Maria e, por fim, após conceder a sua bênção Apostólica, passou a cumprimentar algumas pessoas portadoras de diversidades especiais mais graves.
(MT)

Fonte: Rádio Vaticano 

10 de jun. de 2016

Papa Francisco: Deus fala no silêncio "sonoro"

10/06/2016

Cidade do Vaticano (RV) – A vida do cristão pode ser resumida em três comportamentos: estar “de pé” para acolher Deus, estar em paciente “silêncio” para escutar a Sua voz e “em saída” para anunciá-Lo aos demais.
O Papa explicou este trinômio na homilia matutina da sexta-feira, (10/06), na Casa Santa Marta.
Um pecador arrependido que decidiu retornar a Deus ou alguém que consagrou a vida a Ele: ambos, em algum momento, podem ser tomados pelo “medo” de não conseguir manter a escolha. E a fé se embaça enquanto a depressão está à espreita.
De pé e em caminho
Para aprofundar este aspecto e indicar a saída do túnel, o Papa evocou por um momento a situação do filho pródigo, deprimido enquanto observa faminto os porcos. Todavia, Francisco se concentrou sobretudo no Profeta Elias, personagem da liturgia do dia.
Ele, recordou o Papa, é “um vencedor” que “tanto lutou pela fé” e derrotou centenas de idólatras no Monte Carmelo. Mas, ao ser alvo da enésima perseguição, deixa-se abater. Cai por terra sob uma árvore, desencorajado, esperando a morte. Mas Deus não o deixa naquele estado de prostração e envia um anjo com uma frase imperativa: levanta-te, coma, saia:
“Para encontrar Deus é necessário voltar à situação do homem no momento da criação: de pé e em caminho. Assim, Deus nos criou: à Sua altura, à Sua imagem e semelhança e em caminho. “Vai, segue adiante! Cultiva a terra, faça-a crescer; e multiplicai-vos...’. ‘Saia!’. Saia e vá ao Monte e pare no Monte à minha presença. Elias ficou de pé. De pé, ele sai”.
O fio de um silêncio sonoro
Sair, para então colocar-se à escuta de Deus. Mas, “como passa o Senhor? Como posso encontrar o Senhor para ter certeza de que é Ele?”, se perguntou Francisco. O trecho do Livro dos Reis é eloquente. Elias foi convidado pelo anjo para sair da caverna no Monte Horebe, onde encontrou abrigo para estar na “presença” de Deus. No entanto, a induzi-lo a sair não são nem o vento “impetuoso e forte” que quebra as rochas, nem o terremoto que se segue e nem mesmo o sucessivo fogo:
“Muito ruído, muita majestade, muito movimento e o Senhor não estava ali. ‘E depois do fogo, o sussurro de uma brisa suave’ ou, como está no original, ‘o fio de um silêncio sonoro’. E ali estava o Senhor. Para encontrar o Senhor, é preciso entrar em nós mesmos e sentir aquele ‘fio de um silêncio sonoro’ e Ele nos fala ali”.

A hora da missão
O terceiro pedido do anjo a Elias é: “Saia”. O profeta é convidado a refazer seus passos, em direção do deserto, porque lhe foi dada uma tarefa a cumprir. Nisso, ressalta Francisco, se capta o estímulo “a estarmos em caminho, não fechados, não dentro do nosso egoísmo, da nossa comodidade”, mas “corajosos” em “levar aos outros a mensagem do Senhor”, isto é, ir em “missão”:
“Devemos sempre buscar o Senhor. Todos nós sabemos como são os maus momentos: momentos que nos puxam para baixo, momentos sem fé, escuros, momentos em que não vemos o horizonte, somos incapazes de se levantar. Todos nós sabemos isso! Mas é o Senhor que vem, nos restaura com o pão e com a sua força e nos diz: ‘Levante-se e vá em frente! Caminhe!’. Para encontrar o Senhor devemos estar assim: de pé e caminhar. Depois esperar que ele fale conosco: o coração aberto. E Ele vai nos dizer: ‘Sou eu’ e ali a fé se torna forte. A fé é para mim, para preservá-la? Não! É para ir e dar aos outros, para ungir os outros, para a missão”.
(RB-SP)

Rádio Vaticano 

Papa eleva à festa dia da memória de Santa Maria Madalena

10/06/2016 


Cidade do Vaticano (RV) – Apostolorum Apostola, ou Apóstola dos Apóstolos: assim Santo Tomás de Aquino definia Santa Maria Madalena, testemunha ocular da ressurreição de Cristo e primeira a dar a notícia aos Apóstolos.


Agora, por “desejo expresso do Papa”, a Festa de Santa Maria Madalena será comemorada no Calendário Romano no dia 22 de julho – o mesmo em que era celebrada a memória.
Dignidade da mulher
“A decisão se inscreve no atual contexto eclesial, que pede uma reflexão mais profunda sobre a dignidade da mulher, sobre a nova evangelização e sobre a grandeza do mistério da misericórdia divina”, explica Dom Artur Roche, Secretário da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos.
A mensagem de São João Paulo II, na Carta Apostólica Mulieris dignitatem, que trouxe novo alento à questão das mulheres, segue importante hoje para a Igreja. E ganha uma nuance especial com o Jubileu da Misericórdia.
“Santa Maria Madalena é um exemplo de verdadeira e autêntica evangelizadora, uma evangelistas que anuncia a alegre mensagem central da Páscoa. O Papa tomou esta decisão neste contexto jubilar para ressaltar esta mulher que mostrou um grande amor a Cristo e por Cristo tão amada”, disse ainda o Arcebispo Roche.
Decreto
O texto da Missa e o Ofício Divino permanecem inalterados, assim como para a Liturgia das Horas. Caberá às Conferências Episcopais traduzir para o próprio idioma o prefácio anexo ao decreto, enviá-lo à Santa Sé que deverá aprovar antes de inseri-lo em uma futura reimpressão do Missal Romano.

Fonte: Rádio Vaticano 

Papa: cristãos devem combater juntos a desertificação espiritual

10/06/2016 

Cidade do Vaticano (RV) – No final da manhã desta sexta-feira (10/06) o Papa recebeu, no Vaticano, uma delegação da Comunhão Mundial das Igrejas Reformadas.


Este encontro, disse Francisco em seu discurso, é um passo a mais no caminho que caracteriza o movimento ecumênico – um caminho abençoado e cheio de esperança.
“Hoje, devemos antes de tudo ser gratos a Deus pela nossa fraternidade reencontrada que, como escreveu S. João Paulo II, ‘não é a consequência de um filantropismo liberal ou de um vago espírito de família; mas está enraizado no reconhecimento do único Batismo e na consequente exigência de que Deus seja glorificado na sua obra’.”
Outro motivo de gratidão, prosseguiu o Papa, é a recente conclusão da quarta fase do diálogo teológico entre a Comunhão Mundial das Igrejas Reformadas e o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos sobre o tema da justificação.
“Estou satisfeito em constatar que o relatório final destaque o elo necessário entre a justificação e a justiça”, afirmou Francisco, acrescentando que a fé em Jesus nos leva a viver a caridade mediante gestos concretos, capazes de incidir no nosso estilo de vida.
“Com base no acordo sobre a doutrina da justificação, existem muitos campos em que reformados e católicos podem colaborar para testemunhar juntos o amor misericordioso de Deus, verdadeiro antídoto diante do sentimento de abandono e de indiferença que parece nos circundar.”
Desertificação espiritual e consumismo espiritual
Com efeito, acrescentou o Papa, vivemos com frequência uma “desertificação espiritual”. Sobretudo lá onde se vive como se Deus não existisse, para Francisco os cristãos são chamados a serem “ânforas” que matam a sede com a esperança.
De fato, não é possível comunicar a fé vivendo-a de maneira isolada ou em grupos fechados ou separados. Deste modo, não se consegue responder à sede de Deus que nos interpela e que emerge também em inúmeras formas de religiosidade.
Segundo Francisco, essas novas formas correm o risco de favorecer um espécie de “consumismo espiritual”. Eis então a urgente necessidade de um ecumenismo que, com o esforço teológico para recompor as controvérsias doutrinais, promova uma missão comum de evangelização e de serviço.
Sem dúvida, há muitas iniciativas e boas colaborações em vários lugares, reconheceu o Papa. Mas todos podemos fazer mais para transmitir o amor de Deus. O Papa então concluiu: “Expresso o desejo de que este encontro seja um sinal eficaz da nossa perseverante determinação em caminhar juntos na peregrinação rumo à plena unidade”. 

Fonte: Rádio Vaticano 

9 de jun. de 2016

Papa: é herético dizer “isso ou nada”, Jesus ensina o realismo

09/06/2016


Cidade do Vaticano (RV) - Querer “isso ou nada” não é católico, é “herético”. Foi a advertência que fez o Papa Francisco na missa celebrada na manhã de quinta-feira (09/06) na capela da Casa Santa Marta. A homilia do Pontífice foi centralizada no “realismo saudável” que o Senhor ensinou aos seus discípulos, inspirando-se na exortação de Jesus no Evangelho do dia: “A Vossa justiça deve ser maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus”.
O povo estava um pouco perdido, explicou o Papa, porque quem ensinava a lei não era coerente em seu testemunho de vida. Jesus pede que isso seja superado, que se vá além. E usa como exemplo o primeiro Mandamento: “Amar a Deus e amar ao próximo”. E destaca que quem se enfurece com seu irmão, deverá ser submetido ao juízo.
Insultar o irmão é como esbofetear a sua alma
“É importante ouvir isso, disse o Papa, neste período em que estamos tão acostumados aos adjetivos e temos um vocabulário tão criativo para insultar os outros”. Isso é pecado, é matar, porque é dar um tapa na alma do irmão, à sua dignidade, destacou Francisco. E com amargura acrescentou que, com frequência, dizemos tantos palavrões “com muita caridade, mas as dizemos aos outros”. 
É escandaloso um homem de Igreja que faz o contrário daquilo que diz
A este povo desorientado, explicou o Papa, Jesus pede para que olhe “para cima” e vá “avante”. Sem, porém, deixar de relevar quanto mal faz ao povo o contra-testemunho dos cristãos:
“Quantas vezes nós na Igreja ouvimos essas coisas: quantas vezes! ‘Mas, aquele padre, aquele homem, aquela mulher da Ação Católica, aquele Bispo, aquele Papa nos dizem: ‘Vocês têm que fazer assim!’, e ele faz o contrário. Este é o escândalo que fere o povo e não deixa que o povo de Deus cresça, prossiga. Não liberta. Aquele povo tinha visto a rigidez desses escribas e fariseus. Inclusive quando havia um profeta que trazia um pouco de alegria, era perseguido e o matavam: não havia lugar para os profetas ali. E Jesus diz a eles, aos fariseus: ‘Vocês mataram os profetas, os perseguiram: eles que traziam novo ar’”. 
Seguir o realismo saudável da Igreja, não a idealismos e rigidez
“A generosidade, a santidade”, que nos pede Jesus, “é sair, mas sempre, sempre para cima. Sair para cima”. Esta, disse Francisco, é a “libertação” da “rigidez da lei e também dos idealismos que não nos fazem bem”. Jesus, - comentou em seguida -, “nos conhece bem”, “conhece a nossa natureza”. Portanto, nos exorta a chegarmos a um acordo quando temos um contraste com o outro. “Jesus - disse o Papa - também nos ensina um realismo saudável”. “Muitas vezes - acrescentou - você não pode alcançar a perfeição, mas, pelo menos, faça o que você puder, chegue a um acordo”:
“Este é o realismo saudável da Igreja Católica, a Igreja Católica nunca ensina ‘ou isto ou aquilo’. Isso não é católico. A Igreja diz: 'Este e este’. ‘Faz a perfeição: reconcilie-se com seu irmão. Não insultá-lo, mas Amá-lo. Mas se houver qualquer problema, pelo menos, coloque-se de acordo, para não iniciar uma guerra. Esse é o realismo saudável do catolicismo. Não é católico dizer “ou isto ou nada”: isso não é católico. Isso é herético. Jesus sempre sabe como caminhar conosco, nos dá o ideal, nos leva em direção ao ideal, libertar-nos deste encarceramento da rigidez da lei e nos diz: “Mas, façam até o ponto que vocês podem fazer'. E ele nos conhece bem. É este o nosso Senhor, é isso o que Ele nos ensina”.
Reconciliar-se entre nós, é a “santidade pequena” das negociações
O Senhor, disse ainda o Papa, nos pede para não sermos hipócritas: de não ir louvar a Deus com a mesma língua com a qual se insulta o irmão. “Façam o que puderem”, acrescentou, “é a exortação de Jesus”, “pelo menos, evitem a guerra entre vocês, coloquem-se de acordo”:

“Eu me permito de dizer-lhes esta palavra que parece um pouco estranha: é a pequena santidade da negociação. ‘Mas, eu não posso tudo, mas eu quero fazer tudo, mas eu me coloco de acordo com você, pelo menos não nos insultamos, não fazemos a guerra e vivemos todos em paz’. Jesus é grande! Ele nos liberta de todas as nossas misérias. Também daquele idealismo que não é católico. Peçamos ao Senhor que nos ensine, em primeiro lugar, a sair de toda rigidez, mas sair para cima, para sermos capazes de adorar e louvar a Deus; que nos ensine a nos reconciliarmos entre nós; e também, nos ensine a colocarmo-nos de acordo até o ponto que podemos fazê-lo”. 
Referindo-se à presença de crianças na Missa, exortou a ficar “tranquilos”, “porque a pregação de uma criança na igreja é mais bela que a de um padre, de um bispo e do Papa”. “É a voz da inocência que faz bem a todos”, disse. (BF-SP)

Fonte: Rádio Vaticano 

Papa: o valor da vida do doente brilha no sofrimento

09/06/2016

Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta quinta-feira (09/06), cerca de 150 Diretores das Ordens dos Médicos da Espanha e da América Latina.


Proferindo seu discurso em espanhol, o Pontífice destacou que “este ano a Igreja Católica celebra o Jubileu da Misericórdia”. Este encontro é “uma boa ocasião para manifestar reconhecimento e gratidão a todos os profissionais da saúde que, com sua dedicação, proximidade e profissionalismo às pessoas que padecem uma enfermidade, podem se tornar uma verdadeira personificação da misericórdia”. 
Compaixão não é lástima
“A identidade e o compromisso do médico não se apoia somente em sua ciência e competência técnica, mas principalmente em sua atitude compassiva e misericordiosa aos que sofrem no corpo e no espírito. A compaixão é de alguma forma a alma da Medicina. A compaixão não é lástima, é padecer-com”, disse ainda Francisco. 
“Em nossa cultura tecnológica e individualista, a compaixão nem sempre é bem vista. Em algumas ocasiões é desprezada porque significa submeter quem a recebe a uma humilhação. Não faltam aqueles que se escondem atrás de uma suposta compaixão para justificar e aprovar a morte de um doente. Não, a verdadeira compaixão não marginaliza ninguém, não o humilha e nem o exclui, nem muito menos considera como algo bom o seu desaparecimento.”
Cultura do descarte
“Vocês sabem muito bem que isso significaria o triunfo do egoísmo, dessa cultura do descarte que rejeita e despreza as pessoas que não atendem a determinados padrões de saúde, beleza e utilidade. Eu gosto de abençoar as mãos dos médicos como sinal de reconhecimento a esta compaixão que se torna carícia de saúde”, frisou o Papa.
“A saúde é um dos dons mais preciosos e desejados por todos. Na tradição bíblica sempre se destacou a proximidade entre salvação e saúde, bem como suas implicações mútuas e numerosas. Eu gosto de lembrar o título com o qual os Padres da Igreja denominam Cristo e sua obra de salvação: Christus medicus. Ele é o Bom Pastor que cuida da ovelha ferida e conforta a enferma. Ele é o Bom Samaritano que não passa distante da pessoa ferida ao longo do caminho, mas viu, teve compaixão, aproximou-se dela e fez curativos.”
Tradição médica cristã
“A tradição médica cristã sempre se inspirou na parábola do Bom Samaritano. É um identificar-se com o amor do Filho de Deus que passou fazendo o bem e curando todos os oprimidos. Quanto bem faz à Medicina pensar e sentir que a pessoa doente é nosso próximo, que é de nossa carne e sangue, e que em seu corpo dilacerado se reflete o mistério da carne do próprio Cristo! «Todas as vezes que vocês fizeram isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizeram», disse Francisco citando um versículo do Evangelho de Mateus.
“A compaixão é a resposta adequada ao valor imenso da pessoa enferma, uma resposta feita de respeito, compreensão e ternura, porque o valor sagrado da vida do doente não desaparece e não se escurece nunca, mas brilha com mais esplendor em seu sofrimento e desamparo.”
Mais coração nas mãos
O Papa aconselhou a entender bem a recomendação de São Camilo de Lellis ao tratar os doentes: «Ponham mais coração nas mãos». “A fragilidade, a dor e a enfermidade são uma provação dura para todos, inclusive para os médicos, são um chamado à paciência e ao padecer-com. Por isso, não se pode ceder à tentação funcionalista de aplicar soluções rápidas e drásticas, movidos por uma falsa compaixão ou por meros critérios de eficiência e redução de custos. Está em jogo a dignidade da vida humana. Está em jogo a dignidade da vocação médica”, sublinhou o pontífice. 
Francisco agradeceu a todos os presentes pelos esforços que realizam a fim de dignificar todos os dias a sua profissão e acompanhar, cuidar e valorizar o dom imenso que as pessoas doentes significam. (MJ)

Fonte: Rádio Vaticano 

8 de jun. de 2016

A multiplicação dos pães: milagre ou simples partilha?

Em síntese: O episódio da multiplicação dos pães (Mt 14, 13-21) tem sido ultimamente apregoado não como um feito milagroso de Jesus, mas como a simples partilha dos farnéis existentes na multidão. Tal interpretação não somente não corresponde aos dizeres do texto, mas não é aceita pelos bons exegetas em geral. Trata-se de um fato histórico mila­groso, que os evangelistas descrevem como sinal do pão eucarístico e da bonança prometida pelos Profetas para o Reino messiânico.
Na pregação do Evangelho, ouve-se dizer que a multiplicação dos pães não foi um milagre, mas partilha do pão existente no farnel dos ouvintes de Jesus. Visto que tal interpretação tem causado perplexidade, ser-lhe-ão dedicadas as considerações seguintes.
1. Milagre ou partilha?cpa_escola_da_fe_ii
Antes do mais, é de notar que o episódio foi muito caro aos antigos. Mateus e Marcos o narram duas vezes; cf. Mt 14,13-21; 15, 29-39 e Mc 6, 30-40; 8, 1-18. São Lucas o refere uma só vez; cf. Lc 9, 10-17. São João também; cf. Jo 6,1-13. Os exegetas atualmente julgam que em Mt e Mc há duplicata do relato do fato, embora leves diferenças existam entre a primeira e a segunda narrativas; trata-se de duas tradições a referir o mesmo feito de Jesus.
Pergunta-se agora: que houve realmente no episódio em foco?
A interpretação tradicional e amplamente majoritária afirma ter havido um milagre: com poucos pães e peixes Jesus saciou milhares de homens. Recentemente começou-se a dizer que não houve milagre, mas Jesus orde­nou que os seus ouvintes repartissem entre si as provisões que haviam levado. Tal interpretação carece de fundamento no texto e o violenta, pois o evangelista faz observar que nada havia para comer entre a multidão.
“Chegada a tarde, aproximaram-se dele os seus discípulos, dizen­do: “O lugar é deserto e a hora já está avançada. Despede as multidões para que vão aos povoados comprar alimento para si”. Mas Jesus lhes disse: “Não é preciso que vão embora. Dai-lhes vós mesmos de comer”. Ao que os discípulos responderam: “Só temos aqui cinco pães e dois peixes”.
Jesus então interveio, multiplicando os pães.
O caráter milagroso do episódio é mais realçado na segunda nar­rativa. Com efeito; a secção de Mt 15, 29-39 segue-se a um milagre de Jesus: a cura da filha da mulher Cananeia (Mt 15, 21-28) e a uma declaração sobre a atividade taumatúrgica de Jesus:
“Vieram até ele numerosas multidões, trazendo coxos, cegos, aleijados, mudos e muitos outros e os puseram a seus pés e ele os curou, de sorte que as multidões ficaram espantadas… E renderam glória ao Deus de Israel” (Mt 15, 29-31).
Jesus mesmo diz logo a seguir:
“Tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que está comigo e não tem o que comer. Não quero despedi-la em jejum, de modo que possa desfalecer pelo caminho”.

Na base destas averiguações, não pode restar dúvida de que se trata de um fato histórico e milagroso em Mt 14, 21-32 e paralelos.
Vejamos algumas peculiaridades da narrativa.
2. Particularidades literárias
O relato da multiplicação dos pães nos quatro Evangelhos não pode deixar de lembrar ao leitor certos antecedentes do Antigo Testamento:
Em 2Rs 4, 42-44 lê-se o seguinte: “Veio um homem de Baal-Salisa e trouxe para o homem de Deus pão das primícias, vinte pães de cevada e trigo novo em espiga. Eliseu ordenou: “Oferece a essa gente para que coma”. Mas o servo respondeu: “Como hei de servir isso para cem pessoas?”. Ele repetiu: “Oferece a essa gente para que coma, pois assim falou o Senhor: “Comerão e ainda sobrará”. Serviu-lhes, eles comeram e ainda sobrou segundo a palavra do Senhor”.
Verifica-se que a estrutura literária é a mesma que em Mt 14, 13-21; são levados a Eliseu alguns pães; o Profeta ordena a seu servo (discípulo) que sacie cem homens; o servo aponta a impossibilidade (como os Apóstolos). Eliseu ignora a objeção e, confiado na Palavra de Deus, manda distribuir o pão. Ficam sobras, como no relato evangélico.
Em Ex 16, 1-36 e Nm 11, 4-9 é narrada a entrega do maná ao povo no deserto, entrega à qual Jesus faz alusão ao prometer o pão eucarístico; cf. Jo 6, 49.
Tais episódios do Antigo e do Novo Testamento não referem apenas uma refeição humana, mas têm significado transcendental: querem dizer que Deus acompanha, ontem e hoje, seu povo peregrino e lhe oferece os subsídios necessários para que supere os obstáculos da caminhada e chegue certeiramente ao termo almejado, que é a vida eterna.
O relato evangélico faz alusões também à Eucaristia, o viático por excelência. Assim
Mt 14, 15: “Ao entardecer” em grego é a fórmula com que é introduzido o relato da última ceia;
Mt 14, 19: “tomou os pães”, “levantou os olhos para o céu”, “abençoou”, “partiu”, “deu aos discípulos” são expressões da última ceia e da posterior celebração eucarística.
Mt 14, 20: a grande quantidade de pão assim doada lembra a fartura prometida pelos Profetas para os tempos messiânicos; cf. Os 14, 8; Is 49, 10; 55, 1…
O recolher os fragmentos que sobram, é usual na celebração eucarística.
Em suma, a ceia de viandantes proporcionada pelo Senhor ao seu povo é prenúncio da ceia plena ou do banquete celeste, símbolo da bem-aventurança definitiva. É neste contexto que há de ser lida a secção de Mt 14, 13-21 e paralelos; na intenção dos evangelistas, ela quer significar o Dom supremo de Deus ao homem, que é o encontro face-a-face na bem-aventurança celeste.
Revista “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”
D. Estevão Bettencourt, osb
Revista nº 479, Ano 2002, Pág. 191.

Via: Cléofas 

Na audiência, o Papa explica o 'primeiro milagre de Jesus'

08/06/2016 


Cidade do Vaticano (RV) – Cerca de 20 mil pessoas participaram da Audiência geral do Papa Francisco, no Vaticano.
Logo no início do encontro, o Pontífice convidou alguns meninos a subir no papamóvel para a tradicional volta na Praça São Pedro.
Saudando os fiéis e peregrinos, Francisco cumprimentou de modo especial um grupo de casais que completa 50 anos de casamento, dizendo-lhes que “são um testemunho exemplar para os jovens”.
“Vocês são o vinho bom da família!”, exclamou.
Os sinais eloquentes da glória de Jesus
Depois de ter comentado, nas últimas audiências, algumas parábolas sobre a misericórdia na Bíblia, nesta quarta-feira (08/06), Papa Francisco dedicou sua catequese ao primeiro milagre de Jesus, o primeiro dos ‘sinais’ prodigiosos da Sua glória.
Narra o Evangelista João que Jesus estava com seus discípulos em um casamento em Caná da Galileia. Naquela ocasião, Ele se manifesta como o esposo do povo de Deus e nos revela a profundidade da relação que nos une a Ele: a Aliança do amor.

A Igreja, família de Deus, que doa amor a todos
“A vida cristã – acrescentou Francisco – é a resposta a este amor, é como a estória de dois apaixonados, Deus e o homem, que se encontram, se celebram e se amam, exatamente como o amado e a amada do Cântico dos Cânticos, no Antigo Testamento. A Igreja é a família de Jesus, é aonde ele deposita o seu amor; o amor que a Igreja custodia e quer doar a todos”.
No banquete nupcial de Caná, Maria observou que faltava o vinho, sem o qual, a festa não teria alegria nem abundância.
Casamento com chá seria 'uma vergonha'
“Imaginem – disse o Papa, improvisando – se a festa terminasse com um chá. Seria uma vergonha... O vinho era necessário”.
Jesus, transformando em vinho a água das ânforas, que era utilizada ‘para a purificação dos judeus’, realiza outro sinal eloquente: transforma a Lei de Moisés em Evangelho, portador da alegria.
Obedecer e servir o Senhor
O Papa ressaltou também a frase de Maria aos servidores: “Façam tudo o que Ele lhes disser”. Segundo o Pontífice, estas últimas palavras contidas no Evangelho representam a herança que Ele deixa a todos nós. E de fato, quando Jesus disse “Encham as ânforas de água e levem-nas ao encarregado da festa”, todos o obedecem.
“Servir o Senhor significa ouvir e colocar em prática a sua Palavra. A recomendação simples, mas essencial da Mãe de Jesus, é o programa de vida do cristão. Para cada um de nós, beber daquela ânfora equivale a confiar-se a Deus e experimentar a sua eficácia na vida”.
Há sempre o vinho bom para a salvação
Completando, o Papa disse que assim como naquela ocasião Jesus guardou o vinho bom para o fim do banquete, o Senhor continua a reservar o vinho bom para a nossa salvação.   
“As Núpcias de Caná são muito mais do que o simples relato do primeiro milagre de Jesus. Em Caná, Jesus une os seus discípulos a si com uma Aliança, nova e definitiva; eles se tornam a sua família e ali nasce a fé da Igreja. Todos nós estamos convidados para aquelas Núpcias, porque o vinho novo nunca falta!”, conclui Francisco.
(CM)

Rádio Vaticano 

7 de jun. de 2016

Papa: não à “espiritualidade do espelho”, o cristão seja luz para todos

07/06/2016 


Cidade do Vaticano (RV) – A pilha para que o cristão ilumine é a oração. Foi o que afirmou o Papa Francisco na Missa celebrada na manhã de terça-feira (07/06) na Casa Santa Marta.


Luz e sal: Comentando o Evangelho do dia, Francisco ressaltou que Jesus fala sempre “com palavras fáceis, com comparações simples, para que todos possam entender a mensagem”.
Daqui a definição do cristão que deve ser luz e sal. Nenhuma das duas coisas é finalizada a si mesma, explicou o Pontífice. “A luz é para iluminar algo; o sal é para dar sabor” a outro alimento.

Oração ilumina o cristão
O Papa então se pergunta: mas como o cristão pode fazer para que não faltem sal e luz, para que não acabe o óleo para acender a lâmpada?
“Qual é a pilha para que o cristão ilumine? Simplesmente a oração. Você pode fazer tantas coisas, tantas obras, inclusive obras de misericórdia, pode fazer tantas coisas grandes para a Igreja – uma universidade católica, um colégio, um hospital... – podem até fazer a você um monumento como benfeitor da Igreja. Mas se não rezar, será um pouco obscuro, tenebroso. Quantas obras se tornam obscuras por falta de luz, por falta de oração. Aquilo que mantém, que dá vida à luz cristã, aquilo que ilumina é a oração”.
O Papa completou: mas esta oração deve ser “para valer”: “a oração de adoração ao Pai, de louvor à Trindade, a oração de agradecimento, pode ser também a oração para pedir coisas ao Senhor, mas a oração do coração”.
O cristão dá sabor à vida dos outros com o Evangelho
Este é o óleo, a pilha que dá vida à luz”, prosseguiu Francisco. Também o sal, acrescentou, não dá sabor a si mesmo”:
“O sal se torna sal quando se doa. E esta é outra atitude do cristão: doar-se, dar sabor à vida dos outros, dar sabor com a mensagem do Evangelho. Doar-se. Não preservar si mesmo. O sal não é para o cristão, é para doar. O cristão recebe para doá-lo, mas não para si mesmo. Os dois – isso é curioso –, luz e sal, são para os outros, não para si mesmo. A luz não ilumina a si mesma; o sal não dá sabor por si só”. 
Certo – observou - pode-se perguntar até quando o sal e a luz podem durar se continuarmos a doar-nos sem parar. Ali - responde Francisco - “entra a força de Deus, porque o cristão é um sal doado por Deus no Batismo”, é “uma coisa que é dada como dom e continua a ser doada se continuarmos a dá-la, iluminando e dando. E não termina nunca”.
Defender-se da tentação da ‘espiritualidade do espelho’
Isto é precisamente o que acontece na Primeira Leitura com a viúva de Sarepta que confia no Profeta Elias e por isso, sua farinha e o óleo não acabam nunca. O Papa então dirigiu um pensamento à vida presente do cristão:
“Ilumina com a sua luz, mas defenda-se da tentação de iluminar a você mesmo. Isto é uma coisa feia, é um pouco como a espiritualidade do espelho: ilumino a mim mesmo. Defenda-se da tentação de cuidar de si mesmo. Seja luz para iluminar, seja sal para dar sabor e conservar”.
O sal e a luz, afirmou ainda, “não são para si mesmos”, são para dar aos outros “boas obras”. E assim, exortou, “resplandeça a sua luz diante dos homens. Para que? Para que vejam as suas boas obras e glorifiquem o seu Pai, que está nos céus. Ou seja: retornar Àquele que lhe deu a luz e lhe deu o sal”. “Que o Senhor nos ajude nisso – retomou o Papa – a cuidar sempre da luz, a não escondê-la, mas colocá-la em prática”. E o sal... “dar o justo, o necessário, mas doá-lo”, porque assim não acaba. “Estas – concluiu – são as boas obras do cristão”. 

Fonte: Rádio Vaticano 

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