11 de mar. de 2016

Mulheres Doutoras da Igreja



Santas Doutoras da Igreja
Na história da Igreja desde os tempos antigos aos modernos, existiram mulheres que se destacaram por sua dedicação ao Reino de Deus e por uma vida de santidade. Mulheres místicas, religiosas, leigas, mães...e muitas entraram no rol dos santos e suas histórias ganharam voz e adeptos de seu exemplo de vida.
Entre as inúmeras mulheres que se tornaram santas, algumas ganharam o título de "Doutora da Igreja Universal" por seu notório saber teológico, ou seja, porque deixaram uma contribuição fundamental para a compreensão de algum ponto da doutrina da Igreja e sua vivência.
Até hoje, a Igreja Católica reconheceu 36 doutores, entre os quais quatro mulheres: Teresa de Ávila, Catarina de Sena, Teresinha de Lisieux e por último, em 2012, a monja beneditina Hildegarda de Bingen.
Neste Dia Internacional da Mulher vale a pena recordar a história de vida dessas grandes mulheres da Igreja. 
santa_teresa_1Teresa de Ávila
Teresa de Jesus nasceu em Ávila, na Espanha, viveu entre 1515 e 1582. Recebeu o título em 1970, pelo Papa Paulo VI.
Na missa em que concedeu este título a Santa Teresa, Paulo VI disse que só de proferir o seu nome surgiam “uma multidão de ideias” e seria impossível condensar em breves palavras a imagem histórica e biográfica dessa santa.
Paulo VI lembrou Teresa como uma mulher excepcional que irradiou ao mundo uma vitalidade humana e um dinamismo espiritual incríveis e como reformadora e fundadora de uma Ordem religiosa “insigne e histórica”. Ainda elencou inúmeros adjetivos: escritora genialíssima e fecunda, mestra de vida espiritual, incomparável na contemplação e infatigável na ação. “Como é grande, como é única, como é humana e como é atraente esta figura!”, disse.
Mas o que fez com que Teresa fosse declarada Doutora da Igreja para Paulo VI foi a sua singular contribuição como mãe e mestra da vida espiritual. Para ele, foi essa a “luz mais viva e penetrante” que deixou como herança para toda a Igreja. 
“O grande bem que Deus faz a uma alma quando a prepara para praticar com ardor a oração mental...porque a oração mental, segundo o meu parecer, é simplesmente um modo amável de tratar que muitas vezes empregamos ao falar a sós com Aquele que sabemos que nos ama” (do livro Vida, de Teresa de Jesus) 
catarina_de_senaCatarina de Sena
Também proclamada pelo Papa Paulo VI como Doutora da Igreja, em 1970, a religiosa dominicana Catarina de Sena, nasceu na Itália e viveu entre 1347 a 1380. Segundo Paulo VI, ela recebeu o título pela “peculiar excelência de sua doutrina”.
“’A doutrina de Santa Catarina não era adquirida; ela mostrava-se mais como mestra do que como discípula’, declarou o próprio Pio II, na Bula de Canonização. Realmente, quantos fulgores de sabedoria divina, quantas exortações à imitação de Cristo em todos os mistérios da sua vida e da sua paixão, quantas admoestações eficazes sobre a prática das virtudes, próprias dos vários estados de vida, se encontram a cada passo, nas obras de Santa Catarina!”, disse Paulo VI na homilia da missa de proclamação do título.
Catarina de Sena ficou marcada ainda pela sua atuação em defesa da Igreja e do Papa, especialmente em fins da Idade Média, quando inúmeros conflitos surgiram contra o Papa. Viajando de cidade em cidade, Catarina interveio para o restabelecimento da paz, sendo assim uma forte defensora do Papado. Dirigiu “exortações aos Cardeais e a muitos Bispos e Sacerdotes, sem deixar de fazer fortes repreensões, mas sempre com humildade e respeito pela sua dignidade de ministros do Sangue de Cristo”, lembrou Paulo VI.
Em seu leito de morte deixou a seguinte oração como verdadeiro testemunho de fé e amor a Deus: “Ó Deus eterno, recebe o sacrifício da minha vida em beneficio do Corpo Místico da Santa Igreja. Eu não tenho outra coisa para dar senão o que Tu me deste. Tira o coração, portanto, e comprime-o sobre a face desta esposa”.
teresinha_de_lisieuxTeresinha de Lisieux
Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face foi proclamada Doutora pelo Papa São João Paulo II, em 1997. Nasceu na França e viveu entre 1873 e 1897.
O título de Doutora dado a Teresinha foi motivo de reflexão sobre o seu significado. Pois em sua curta vida - apenas 24 anos - Santa Teresa de Lisieux não pôde frequentar uma Universidade e nem sequer os estudos sistemáticos. A esse respeito, João Paulo II refletiu na homilia em que concedeu o título à jovem:
“Entre os ‘Doutores da Igreja’, Teresa do Menino Jesus e da Santa Face é a mais jovem, mas o seu ardente itinerário espiritual demonstra muita maturidade, e as intuições da fé expressas nos seus escritos são tão vastas e profundas, que a tornam digna de ser posta entre os grandes mestres espirituais”. 
São João Paulo II destacou que Teresinha de Lisieux não só compreendeu a profunda verdade do Amor como centro e coração da Igreja como a viveu com intensidade em sua breve existência.
“Pois a única finalidade das nossas orações e dos nossos sacrifícios é ser apóstolo dos apóstolos, rezando para eles enquanto evangelizam as almas por suas palavras e, sobretudo, por seus exemplos…” (Manuscrito de Teresinha, n. 56) 
hildegarda_de_bingeHildegarda de Bingen
Hildegarda de Bingen, a mística alemã, foi proclamada Doutora pelo Papa Bento XVI em 2012. A monja beneditina viveu entre 1098 e 1179.
João Paulo II a definiu como “luz do seu povo e do seu tempo”. Mística e teóloga, a religiosa também deixou obras na área da medicina e das ciências naturais. Relembrar Santa Hildegarda neste dia é fazer menção a uma das personagens femininas mais interessantes daquele tempo. 
Ao conceder o título a Hildegarda, Bento XVI destacou o seu valor para o tempo presente: “No horizonte da história, esta grande figura de mulher se define com clareza límpida por santidade de vida e originalidade de doutrina. Aliás, como para qualquer experiência humana e teologal autêntica, a sua importância supera decididamente os confins de uma época e de uma sociedade e, não obstante a distância cronológica e cultural, o seu pensamento manifesta-se de atualidade perene”.
Ao ponderar o motivo que a Igreja considerou a grandiosa mística como Doutora da Igreja Universal, Bento XVI frisou:
“A atribuição do título de Doutor da Igreja universal a Hildegarda de Bingen tem um grande significado para o mundo de hoje e uma extraordinária importância para as mulheres. Em Hildegarda resultam expressos os valores mais nobres da feminilidade: por isso também a presença da mulher na Igreja e na sociedade é iluminada pela sua figura, tanto na ótica da pesquisa científica como na da ação pastoral. A sua capacidade de falar a quantos estão distantes da fé e da Igreja fazem de Hildegarda uma testemunha credível da nova evangelização”.
"E ouvi de novo uma voz do céu, que dizia: 'Deus, que fez todas as coisas por Sua vontade, criou-as para conhecimento e honra de Seu nome. Não somente para mostrar nelas as coisas visíveis e temporais, mas para manifestar nelas as coisas invisíveis e eternas. O que é demonstrado pela visão que contemplas.'" (Pensamento de Hildegarda)

Fonte: Vatican.va.

Pe. Ronchi: Maria recorda que a fé é alegria, ou não é fé

11/03/2016

Ariccia (RV) - Os Exercícios espirituais para o Papa Francisco e a Cúria Romana se concluíram na manhã desta sexta-feira (11/03), na Casa ‘Divino Mestre’, em Ariccia.



Para a meditação conclusiva dos Exercícios espirituais Pe. Ermes Ronchi propôs ao Papa e à Cúria Romana uma viagem dentro dos versículos da Anunciação, “evento que se realiza no cotidiano, sem testemunhas, longe das luzes e emoções do templo”, disse o pregador. 
“O primeiro anúncio de graça do Evangelho foi entregue à normalidade de uma casa”, ou seja, ao lugar onde cada um é si mesmo. É ali que Deus nos encontra e nos toca”. 
Deus está na cozinha
“Santa Teresa de Ávila no “’O livro das fundações’ escreveu para as suas monjas as seguintes palavras: Irmãs, recordem: Deus está entre as panelas, na cozinha. Mas como, o Senhor do universo se move na cozinha do mosteiro, entre jarras, panelas, pratos, caçarolas e frigideiras! Deus na cozinha significa levar Deus a um território de proximidade. Se você não o sente doméstico, isto é, dentro das coisas mais simples, você não encontrou o Deus da vida. Ainda está na representação racional do Deus da religião.”
Promessa de felicidade
“Olhamos para Maria para tentar costurar o rasgão mais dramático de nossa fé”: o “Deus da religião que se separou do Deus da vida”. “A mulher de Nazaré como dona de casa nos lança um desafio enorme: passa de uma espiritualidade que se fundamenta na lógica do extraordinário para a mística do cotidiano. Neste cotidiano, o sentimento que prevalece é o da alegria e são as primeiras palavras da Anunciação: ‘Alegre-se Maria’, pois quando Deus se aproxima traz uma promessa de felicidade”: 
“A nós que estamos cobertos de gravidade e peso, e de responsabilidades também, Maria recorda que a fé é alegria ou não é fé. Maria entra em cena como uma profecia de felicidade para a nossa vida, como uma bênção de esperança, consoladora, que desce em nosso mal de viver, nas solidões sofridas, nas ternuras negadas, na violência que nos circunda, mas que não vencerá, porque a beleza é mais forte que o dragão da violência, garante o Apocalipse. O anjo com esta primeira palavra diz que existe uma felicidade no crer, o prazer de crer”.
Obra em nossas casas
“Depois, Maria entra em cena como uma mulher que crê no amor”, disse Pe. Ronchi. “O anjo”, lê-se no Evangelho, “foi mandado a uma virgem, prometida em esposa a um homem chamado José”. Segundo o evangelista Lucas, a anunciação é feita a Maria, e segundo Mateus, a José: 
“Mas se sobrepomos os dois Evangelhos vemos com alegria que o anúncio é feito ao casal, ao esposo e à esposa juntos, ao justo e à virgem apaixonados. Deus está na obra em nossos relacionamentos, fala dentro das famílias, dentro de nossas casas, no diálogo, no drama, na crise, nas dúvidas e nos impulsos. Deus não rouba espaço à família, não invade, não fere, não subtrai, procura um sim plural que se torna criativo porque é a soma de dois corações, a soma de muitos sonhos e muito trabalho paciente.”

Fé rochosa ou frágil, mas autêntica

Maria sabe se dirigir a Deus, sabe perguntar como irá acontecer o que lhe foi dito. “Ter perplexidade, fazer-se perguntas é uma maneira de estar diante do Senhor, com toda a dignidade humana”, disse Pe. Ronchi. “Aceito o mistério, mas ao mesmo tempo uso toda a minha inteligência. Digo quais são as minhas estradas e depois aceito estradas acima de mim”: 
“Em nenhum lugar se diz que a fé rochosa seja melhor que a fé pequena entrelaçada com perguntas. Basta que seja autêntica, aquela que na sua pequenez precisa ainda mais de Deus. O que me dá esperança é ver como no Povo de Deus continuam crescendo as perguntas, ninguém se contenta mais com respostas e palavras já ouvidas, com respostas prontas, querem entender, ir a fundo, querem fazer própria a fé. Um tempo quando todos ficavam calados diante do sacerdote era um tempo de mais fé? Acredito que seja verdadeiro o contrário e se isso é mais fadigoso para nós é também um aleluia, um finalmente.”
O pensamento conclusivo foi sobre a maternidade de Deus. “Sem o corpo de Maria o Evangelho perde corpo”, disse Pe. Ronchi. “Todos os cristãos são chamados a ser mães de Deus, porque Deus sempre precisa vir ao mundo”. (MJ)

Fonte: Rádio Vaticano 


"Gaudium et Spes" é tema da quarta pregação de Quaresma

11/03/2016

Cidade do Vaticano (RV) – O Pregador da Casa Pontifícia Fr. Raniero Cantalamessa, fez sua quarta meditação na manhã desta sexta-feira (11/03) na Capela Redemptoris Mater, no Vaticano.

Fr. Cantalemessa fez uma reflexão espiritual sobre a família na "Gaudium et Spes" e na atualidade. Segundo ele, dos vários problemas da sociedade abordados neste texto conciliar – cultura, economia, justiça social, paz –, o mais atual e problemático é o do matrimônio e família.
O frade capuchinho seguiu o mesmo método da Constituição pastoral, isto é, primeiramente destacando as conquistas positivas do mundo moderno (“as alegrias e as esperanças”), e, em segundo lugar, os problemas e os perigos (“as tristeza e as angústias”).
O pregador da Casa Pontifícia levou em consideração em sua análise as mudanças dramáticas que ocorreram neste campo ao longo do meio século transcorrido desde então, abstendo-se porém de tocar alguns problemas particulares discutidos no Sínodo dos bispos, sobre os quais só o Papa tem o direito de dizer alguma palavra.
Fr. Cantalamessa evocou o desígnio de Deus sobre matrimônio e família, “porque é sempre dele que os fiéis devem partir” para, em seguida ver o que a revelação bíblica pode trazer para a solução dos problemas atuais.

Fonte: Rádio Vaticano 

11/3 – Santa Flora

Os mártires são verdadeiros luzeiros que nos iluminam com a luz de Cristo e nos chamam ao testemunho radical da fé. Santa Flora, nascida na cidade de Córdoba, foi uma portadora desta Luz do Mundo, por isso recordamos neste dia o seu testemunho. Na época de Flora, os cristãos estavam sendo duramente perseguidos por fanáticos árabes, que defendiam uma “Guerra Santa de Maomé”, onde se buscava destruir o culto a Cristo. Ela aprendeu da família, o amor e a fidelidade ao Cristo, e carregava consigo o testemunho de santidade de seu irmão mártir; desta forma, ao ser pega pela segunda vez, acabou jogada numa prisão, interrogada e até torturada, mas como não abandonava a fé no Deus Vivo, foi condenada à morte. Um padre santo que visitou Flora na cadeia, testemunhou: “Eu toquei com minhas mãos nas cicatrizes de sua cabeça e de seu rosto desfigurado pelo sofrimento”. Santa Flora viveu no século IX, com firmeza e na alegria da fé, de quem receberia, como de fato conquistou, a Vida Eterna. Santa Flora, rogai por nós!


Cléofas 

10 de mar. de 2016

Meditação de Quaresma: a verdadeira compaixão não é abstrata

10/03/2016

Cidade do Vaticano (RV) – A Igreja e todos os cristãos demonstrem a compaixão do bom samaritano diante das feridas do mundo, porque cuidar de quem sofre melhora as relações sociais e acaba com a cultura do descarte. Esta é a síntese da oitava meditação conduzida por Padre ErmesRonchi para o Papa e a Cúria Romana, nesta quinta-feira (10/03), que marca o quinto dia de exercícios espirituais.

É o amanhecer de domingo e três dias se passaram com uma imensa sensação de vazio e muitas lágrimas. Também a mulher que se aproxima do sepulcro traz as marcas no rosto e ter visto a pedra deslizada aumenta a angústia. Uma voz a paralisa: “Mulher, quem procuras? Por que choras?”. A reflexão parte desta cena para descrever o comportamento de Deus diante das dores dos homens.
Os três verbos da compaixão
Jesus ressuscitou, observa o pregador, “é o Deus da vida” e se “interessa pelas lágrimas” de Madalena. “Na última hora da sexta-feira, na Cruz, tinha se interessado pela dor e angústia de um ladrão, na primeira hora da Páscoa se interessa pela dor e amor de Maria”. Porque, destaca Padre Ronchi, este é o estilo de “Jesus, o homem dos encontros”: não “procura o pecado de uma pessoa, mas se coloca sempre sobre o sofrimento e as suas necessidades”. E, então, pergunta-se o religioso, “como ver, entender, tocar e deixar-se tocar pelas lágrimas” dos outros?:
“Aprendendo o olhar e os gestos de Jesus, que são aqueles do bom samaritano: ver, parar, tocar, três verbos a não serem esquecidos jamais (...) Ver: o samaritano viu e teve compaixão. Viu as feridas daquele homem e sentiu-se ferir (...) A fome tem um porquê, os migrantes trazem em si montanhas de porquês, os tumores da terra têm um porquê. Interrogar-se sobre as causas é uma atitude de discípulo. Estar presente lá aonde se chora (...) e procurar juntos como chegar à raiz do mal e cortá-la”.
Não “fingir que não viu”
Em muitas passagens do Evangelho Jesus vê a dor humana e sente compaixão. Esta palavra, diz Padre Ronchi, no texto grego é traduzida como sentir “uma câimbra no ventre”. A verdadeira compaixão não é, portanto, um pensamento abstrato e nobre, mas uma mordida física. Aquilo que induz o bom samaritano a não “fingir que não viu” como aconteceu com o sacerdote e o levita. Tanto porque, afirma Padre Ronchi, “para além do fingimento não há nada, muito menos Deus”:
“A verdadeira diferença não é entre cristãos, muçulmanos ou judeus, a verdadeira diferença não é entre quem acredita ou quem diz não acreditar. A verdadeira diferença é entre quem para ou quem não para diante das feridas, entre quem para ou quem passa reto (...) Se eu passei somente uma hora junto às dores de uma pessoa, a conheço melhor, sou mais sábio do que quem leu todos os livros. Sou sábio da vida”.
Misericórdia não se faz à distância
Terceiro verbo: tocar. “Todas as vezes que Jesus se comove, toca”, recorda o pregador dos exercícios. “Toca o intocável”, um leproso, o primeiro dos descartes humanos. Toca o filho da viúva de Naim e “viola a lei, faz aquilo que não se pode: pega um menino morto, o levanta e o entrega à sua mãe”:

O olhar sem coração produz escuridão e, depois disso, começa uma operação ainda mais devassante: há o risco de transformar os invisíveis em culpados, de transformar as vítimas – os refugiados, os migrantes, os pobres – em culpados e em causa dos problemas (...) E se vejo, paro e toco. Se seco uma lágrima, eu sei, não mudo o mundo, não mudo as estruturas da desigualdade, mas transmiti a ideia de que a fome não é imbatível, que as lágrimas dos outros têm direito sobre qualquer um e sobre mim, que eu não deixo à deriva o necessitado, que não foste jogado fora, que o compartilhar é a forma mais adequada do humano. (...) Porque a misericórdia é tudo aquilo que é essencial à vida do homem. A misericórdia é um fato de ventre e de mãos. E Deus perdoa assim: não com um documento, com as mãos, um toque, uma carícia”. (AC/RB).
Fonte: Rádio Vaticano 

Pe. Ronchi: o contrário do amor não é o ódio, mas a indiferença

10/03/2016

Ariccia (RV) - O Amor de Deus pelo homem inflama o coração e abre os olhos: esse é o cerne da nona meditação, feita na tarde desta quinta-feira pelo sacerdote dos Servos de Maria, Pe. Ermes Ronchi, no quinto e penúltimo dia dos exercícios espirituais propostos ao Papa Francisco e à Cúria Romana em Ariccia, nas proximidades de Roma. “O contrário do amor não é o ódio, mas a indiferença”, devemos “voltar a nos enamorar”, disse o pregador do Retiro.
Entre Páscoa e Pentecostes Jesus se manifestou novamente aos discípulos no lago de Tiberíades numa noite “sem estrelas”, “amarga” até o “romper da aurora” com Jesus que se manifesta aos seus. A meditação de Pe. Ronchi parte dessa cena com a pergunta de Amor três vezes feita por Jesus, para aproximar-se sempre mais de Simão Pedro. Tu me amas?
Uma pergunta de amor dirigida a cada homem e que “abre percursos, inicia processos”, ressaltou Pe. Ronchi evidenciando mais vezes o dinamismo do amor de Jesus pelo homem, dinamismo este que tudo transforma:
A santidade na paixão por Cristo
“Vejo a santidade descrita nesta página do Evangelho. A santidade não consiste na ausência de pecados, num campo já não mais com ervas daninhas, mas está numa paixão renovada, está no renovar agora a minha paixão por Cristo e pelo Evangelho. Agora.”
Pe. Ronchi explicou que o amor de Deus reacende “os corações”, “a paixão”. “A santidade não é uma paixão apagada, mas uma paixão convertida”, acrescentou. “Quando o amor existe não pode haver equívoco, é evidente, solar, indiscutível.”
A fé possui três passos
É Deus que “ama o homem”, que preenche as insuficiências, “preenche as pobrezas”, não busca nele “a perfeição”, mas “a autenticidade”. “Não estamos no mundo para sermos imaculados, mas para sermos encaminhados”. E invertendo todo esquema fala de “Jesus, mendicante de amor, mendicante sem pretensões” que “conhece a minha pobreza” e que pede “a verdade de um pouco de amizade”. “A fé possui três passos: preciso, confio, me entrego:
O reavivador de laços
“Crer é precisar de amor, confiar-se e fundar-se nisso, como forma de Deus, como forma do homem, como forma do mundo, do futuro, do viver. Confiar-se é fundar a vida nesta hipótese: que mais amor é bom, menos amor é ruim.”
“É abandonar a regra toda vez que ela se opõe ao amor”, dizia Irmã Maria do eremitério de Campello (região italiana da Úmbria). Enquanto o mundo proclama a sua fé, a sua evidência: mais dinheiro é bom, menos dinheiro é ruim.
Mas todo fiel é um fiel no amor: ou seja, um reavivador de laços, um reanimador de laços, alguém que ajuda os homens a reencontrar confiança no amor. Nós cremos no Amor.”
Crer é ter uma relação com Deus
Pe. Ronchi frisou que “crer é ter uma relação com Deus”, caminhar no amor com uma pessoa” e a salvação está na certeza de que é Ele quem “ama”. “A crise de fé no mundo ocidental”, explicou em seguida o pregador dos exercícios espirituais, “começa” propriamente “com a crise do ato humano de crer”. “Porque não se crê no amor.” O amor é dar:
O contrário do amor não é  o ódio
“O contrário do amor não é o ódio, mas a indiferença que é a seiva que alimenta todo mal, a seiva secreta do pecado. A indiferença na qual o outro para você não existe, não conta, não vale, não é nada.”
“Hoje devemos voltar a enamorar-nos.” Amar a Deus “com todo nosso ser, corpo e alma”. “Deixe de amar como submisso, deixe de amar como escravo”, concluiu. “É preciso voltar a amar a Deus como enamorados. Aí sim, a vida, e a fé” se tornarão repletas de sorrisos. (RL)
Rádio Vaticano 

Papa aprova nova gestão na Congregação das Causas dos Santos

10/03/2016

Cidade do Vaticano (RV) – O Pontífice aprovou, em fase experimental por três anos, as novas “Normas sobre a administração dos bens das Causas de beatificação e canonização”, anulando aquelas precedentes aprovadas por São João Paulo II, em 1983.

O documento recorda que, por suas complexidades, as Causas de beatificação e canonização requerem muito trabalho e comportam despesas. A partir de agora, a intenção é que a administração de tais bens seja mais transparente, clara e funcional. Os promotores das Causas e os bispos diocesanos competentes terão ainda um envolvimento maior no processo.
Contenção das despesas
Dada a natureza peculiar de bem público das Causas, a Sé Apostólica custeará a fase romana, para a qual os promotores participarão por meio de uma contribuição.  A Santa Sé também supervisionará os honorários e as despesas para que estes estejam contidos e não sejam obstáculos para o bom andamento dos processos.
Os promotores constituem um fundo de bens para as despesas da Causa, proveniente de ofertas de pessoas físicas e jurídicas, que será considerado, em razão de sua natureza particular, “fundo de Causa pia”. O administrador do fundo deve respeitar minuciosamente a intenção dos doadores, manter uma contabilidade regularmente atualizada, preparar balanços anuais a serem apresentados ao promotor para a devida aprovação e enviar uma cópia ao postulador.
Intervenções disciplinares em caso de abuso
Caso os promotores tenham a intenção de utilizar até mesmo somente uma parte dos bens para objetivos diversos das Causas deverá obter a autorização da Congregação das Causas dos Santos. O promotor, recebido o balanço, após tê-lo aprovado tempestivamente, envia uma cópia às autoridades competentes para a vigilância. Em caso de inadimplência ou de abusos de natureza administrativa ou financeira por parte de quem participa do desenvolvimento da Causa, o Dicastério intervém disciplinarmente.
Celebrada a beatificação ou a canonização, o administrador do fundo presta contas da administração completa dos bens para a devida aprovação. Depois da canonização a Congregação das Causas dos Santos, em nome da Sé Apostólica, dispõe da eventual reminiscência do fundo, tendo presente os pedidos de utilização por parte dos promotores. Efetuado o quanto prescrito, o fundo da Causa e a Postulação deixam de existir.
Fundo de solidariedade
Um “Fundo de Solidariedade” constituído junto à Congregação das Causas dos Santos será alimentado com ofertas livres dos promotores ou de qualquer outra fonte. Nos casos em que exista uma real dificuldade em apoiar os custos de uma Causa em fase romana, o promotor pode pedir uma contribuição à Congregação das Causas dos Santos por meio do ordinário competente. A Congregação avaliará caso por caso. (rb)

Rádio Vaticano 

Que imagem simboliza o terceiro ano de Pontificado de Francisco?

10/03/2016

Cidade do Vaticano (RV) – O aniversário de terceiro ano do Pontificado do primeiro Papa jesuíta e latino-americano da história cai nos primeiros meses do Ano Santo Extraordinário que ele mesmo quis dedicar à Misericórdia. Os últimos doze meses viram o pontífice argentino viajar por quatro continentes, publicar uma Encíclica dedicada ao “cuidado da Criação” e celebrar um Sínodo dedicado à família. Mas tantas foram as oportunidades e os encontros em que Francisco confirmou a sua imagem de pastor “em caminho” com o Povo de Deus, um pastor empenhado – como afirmou o ator italiano Roberto Benigni – a imprimir, com todas as suas forças, a Igreja em direção a Jesus Cristo. Mas qual é a imagem mais representativa desse último ano que vivemos com ele?
Os dois Papas passam a Porta Santa
O Mons. Giuseppe Lorizio, docente de Teologia Fundamental da Pontifícia Universidade Lateranense de Roma comenta que a imagem que ele gosta de recordar “é aquela de dois Papas, Papa Francisco e o Papa emérito, Bento XVI, que, em 8 de dezembro de 2015, depois de se abraçarem, atravessarem a Porta Santa da Basílica do Vaticano, um depois do outro. É uma fotografia que nos ajuda a liberar o campo de certos estrabismos jornalísticos: como aquele de quem aplaude este Papa como se o pontificado dos outros fosse negativo. Uma imagem que nos confirma como que a Francisco, como aos seus predecessores, esteja bem presente a comunhão na diversidade. Duas pessoas assim tão diferentes que atravessam juntas aquela Porta Santa, unidas pela mesma fé e pelo ministério que compartilharam, simbolizando a variedade da Igreja mas também a sua unidade, que não é homogeneidade. Um instante importante também para responder a quem representa Francisco como um Papa da ‘descontinuidade’ em relação ao Magistério e à tradição que o precederam. Nada de mais falso, porque o seu ensinamento, embora conduzido com um estilo único, é enraizado na tradição. Uma imagem para evitar, enfim, inclusive o risco da ‘papolatria’, que leva alguém a se concentrar mais no Papa que em Jesus Cristo”.
Imagem dupla: Porta Santa de Bangui e São Pedro
Para descrever Francisco também perguntamos a Marco Burini, jornalista que segue diariamente as atividades do Papa para a TV2000, o canal de TV dos católicos italianos.
“Se levamos a sério o convite do Papa para considerar e viver a Igreja ‘em saída’, na sua vocação ‘missionária’, devemos, em um certo modo, sair do próprio Papa, porque o Ministério petrino é um tesouro da Igreja. Façamos atenção, então, ao fazer o monumento a Bergoglio antes da hora. Seja porque sabemos que fim fazem os monumentos nas praças, seja porque seria particularmente contraindicado, sobretudo em âmbito mediático, em relação a um Pontífice que está levando adiante um ministério ‘centrífugo’, de ‘saída’, que condena a auto-referencialidade”.
A respeito da imagem símbolo dos últimos doze meses de Pontificado, Burini também volta à abertura do Jubileu da Misericórdia. “Proponho uma imagem dupla: a Porta Santa de Bangui, na República Centro-africana, que se escancara ao leve empurrão de Francisco e aquela de São Pedro que lhe apresenta certa resistência. Nessa dupla imagem, nessa dialética, nessa contradição tão eloquente, há uma riqueza para ser apreciada, mesmo além das ansiedades do balanço e classificação de nós, jornalistas. Devemos entrar em sintonia com o estilo de Francisco que, como recordava Roberto Benigni, é o estilo do ‘caminhar pregando’, o melhor do ‘pregar caminhando’, como faz Jesus no Evangelho de Marcos”.
O Papa parado na fronteira, mas capaz de misericórdia
Raniero La Valle, jornalista e escritor, 50 anos atrás cobrindo o Concílio Vaticano II, propõe uma outra imagem para contar o terceiro ano de Pontificado de Francisco. “Eu volto ao último dia da sua recente viagem ao México, quando o Papa foi até a fronteira com os EUA, na Ciudad Juarez, para celebrar missa. Naquela fronteira, onde um mar de pobres, refugiados, exilados violam a lei à procura de uma vida melhor, inclusive ele, de uma certa forma, parou. Em frente ao muro, ao arame farpado, às patrulhas que impedem a entrada. Uma imagem, essa de Francisco na fronteira, que se conecta à sua primeira viagem na Itália, poucos meses depois da eleição, à ilha de Lampedusa. A escolha de visitar o mundo do sofrimento, da exclusão, do descarte, como dizendo que esse povo deve ser o primeiro pela qual a Igreja se empenha. Nota-se, no entanto, como na fronteira com o Texas o Papa foi capaz inclusive de abençoar aqueles que rejeitam os migrantes. Ao mesmo tempo em que para na fronteira, também é capaz de ultrapassá-la, de oferecer esse sinal de comunhão que vai além da inimizade”.  
Não é o Papa, mas o mundo que muda
La Valle conclui: “Parece uma imagem forte que nos ajuda também a terminar com a questão de que Francisco seja ou não o Papa da mudança. O Ministério petrino, de fato, continua o mesmo, mas é o mundo que muda. Nunca tinha acontecido que 50 milhões de pessoas fossem em movimento no globo ou que as águas iniciassem a submergir a terra. Então, essa é a novidade. Não é o Pontífice que é diferente, mas é o mundo ao qual é chamado a anunciar a Boa Nova que mudou, apresenta exigências, dramas, urgências diversas. A pergunta verdadeira, no entanto, não é se Francisco está mudando o Papado, mas se realmente está mudando a Igreja. Porque uma Igreja que não sente a exigência de mudar, sob o empurrão do sopro do Espírito, é uma Igreja que precisa ser levada para sala de reanimação”.
(AC)

Rádio Vaticano 

9 de mar. de 2016

O mantra na meditação cristã

Tenho recebido e-mails de algumas pessoas perguntando se podem usar o mantra na oração, na igreja, etc. Atendendo a esse pedido publicamos a seguir uma síntese do artigo de D. Estevão Bettencourt sobre o assunto veiculado na Revista “Pergunte e Responderemos” (Nº 408 – Ano : 1996 – pág. 209).
A propósito recomendamos que se leia o documento “Carta sobre a meditação cristã”, de 15/10/1989, da Sagrada Congregação da Fé. Em vista da tendência de alguns mestres cristãos a adotar métodos e concepções hinduístas de oração, esta Congregação do Vaticano publicou a Carta citada onde analisa a oração cristã em confronto com a oração hinduísta, mostrando as diferenças existentes entre uma e outra. Este documento enfoca: A Oração Cristã à Luz da revelação (nºs. 1-3); Maneiras errôneas de rezar (nºs. 8-12); A Via Cristã para a união com Deus (nºs 13-15); Questões de Método (nºs 16-25); Métodos Psicofísicos e Corporais (nºs 26-28); “Eu sou o Caminho” (nºs 29-31).
Uma vez que esta Carta está disponível no site do Vaticano (www.vatican.va) somente em alemão, apresentamos, no capítulo seguinte, uma síntese mesma publicado na revista PR 392/1995 por D. E. Bettencourt.historiasparameditar
O mantra na Igreja
“Em nossos dias certos autores de espiritualidade católicos recomendam exercícios corporais e ritmos respiratórios para favorecer e provocar a oração. Estas técnicas têm origem na espiritualidade hinduísta, que é panteísta, identificando a Divindade e o homem como se este fosse uma centelha divina apoucada pela matéria. Os exercícios corporais hinduístas têm em vista colocar o orante em sintonia com a Divindade existente no mundo inteiro; aperfeiçoariam a união com Deus.
Ora os autores católicos, embora tencionem ficar no âmbito do Cristianismo, se exprimem de tal modo que muitas vezes parecem identificar-se com o pensamento hinduísta; as posturas corporais e a respiração ritmada dariam ao cristão o contato mais íntimo com Deus; colocá-lo-iam em contato com a Fonte do seu ser, que está no mais íntimo do homem; fá-lo-iam sintonizar com Deus como se este fosse uma fonte de energia no sentido da Física moderna. – Daí as sérias restrições que as táticas orientais mereceram da parte da Santa Sé e que conservam seu pleno valor diante de publicações recentes como “Orar com o Corpo”, revista carmelitana” (A revista carmelitana “ORAR” nº 9)”.
“A oração tem dois aspectos:
1) É a procura de Deus por parte da criatura, de modo que supõe a mobilização das faculdades humanas (intelecto, vontade, fantasia, memória …), como aliás é praticada na meditação inaciana, na beruliana, etc. Desta maneira o corpo e a sensibilidade desenvolvem sua atividade quando alguém quer rezar, somos todos psicossomáticos; nenhum ato da nossa pessoa é meramente espiritual ou meramente corporal. Verifica-se que, quando a pessoa está cansada ou com dor de cabeça, pode sentir mais dificuldade para concentrar-se e rezar.
2) Mas a oração é também, e principalmente, ação da graça de Deus no orante. Diz São Paulo: “O Espírito socorre a nossa fraqueza. Pois não sabemos o que pedir como convém; mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis, e Aquele que perscruta os corações sabe qual o desejo do Espírito, pois é segundo Deus que ele intercede em favor dos santos” (Rm 8,26s). A oração é um dom ou uma graça de Deus.

“Compreende-se então que os cristãos procurem condições fisicamente sadias para rezar; mas a Tradição cristã, em seu veio central ou pela palavra de seus grandes mestres, jamais apregoou exercícios respiratórios ou posturas físicas como recursos para rezar bem. Pode-se até notar que não poucos Santos procuraram posições incômodas para rezar; ajoelhavam-se sobre pedrinhas ou sobre grãos de milho, procuravam não se encostar em suas cadeiras, usavam cilícios … Estas práticas nada tinham (ou têm) de masoquista, mas derivavam-se da consciência de que a mística é inseparável da ascese; a mortificação corporal acarreta o efeito benefício de amainar as paixões e libertar a mente para que mais facilmente se possa entregar à meditação das realidades transcendentais”.
“Se a oração é a elevação da alma a Deus, suscitada pela graça divina (definição clássica), ela ocorre segundo a espontaneidade do Espírito Santo, ainda que o orante esteja na mais profunda fossa; talvez mesmo em ocasiões de aflição e angústia ela prorrompa mais forte e espontânea. Quem muito valoriza os exercícios corporais para rezar, corre o risco de identificar oração e bem-estar higiênico, ou também o risco de identificar gestos corpóreos e valores éticos espirituais, como se pode depreender de alguns textos extraídos das pp. 26s do referido fascículo”.

“Como se pode ver, as diversas fases da respiração vêm a ser como que a concretização de atividades do orante. Muito mais grave é o que se segue logo após o trecho atrás transcrito:
“Pela respiração entro em harmonia com o cosmo e suas vibrações. Com o ritmo de seu fluxo e refluxo. O sopro que habita em mim, é o alento de Deus: “Javé insuflou em seu nariz um alento de vida e o homem se fez um ser vivente” (Gn 2,7). Nestes momentos conscientizar-me de que possuo esse sopro é vincular-me ao Criador. Esse sopro é seu Espírito que me une com o Pai e o Filho e toda a criação” (p. 27).
“Estes dizeres sugerem nitidamente o panteísmo: o ar que alguém respira vem a ser a vida divina, o alento de Deus, alento de Deus que é identificado com o Espírito Santo; esse ar-Espírito une o orante à Divindade e às criaturas todas. O homem vive não por um princípio vital criado, mas pelo sopro de Deus, que é o Espírito Santo. Nisto há um abuso da linguagem figurada de Gn 2,7; o texto bíblico concebe Deus metaforicamente como um oleiro, que sopra na face do seu boneco de argila; esse soprar tem o caráter metafórico da imagem aplicada; significa a infusão do princípio vital do homem, que não é o Espírito Santo”.
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“O vocábulo indiano mantra significa uma palavra ou uma fórmula “impregnada de um poder particular capaz de unificar energias habitualmente dispersas e contrapostas”. Sua eficácia parece estar radicada em dois fatores: “a vibração que penetra as camadas mais profundas e sutis da consciência, e seu significado …” (p. 34). Essa palavra-mantra é repetida com frequência “de modo a mergulhar facilmente o orante nas profundidades do seu psiquismo” (cf. p. 34). O mantra nos proporciona “uma certa experiência sensível – em nível de fé, não sensual – da Presença de Deus no centro do nosso ser” (cf. p. 36). A explanação relativa ao mantra dá a impressão de que a vibração do ar decorrente da repetição da “palavra sagrada” tem um efeito físico: ela “põe o orante em sintonia com Deus” (p. 34), como se Deus fosse uma emissora de ondas e energias, que capto desde que utilize a vibração certa ou adequada para atingi-lo. O mantra tem eficácia física capaz de apreender a Deus como se Deus fosse uma realidade do nosso mundo físico, quantitativo, mensurável. Isto equivale a professar o panteísmo”.
“O panteísmo também parece insinuado pelas expressões “mergulhar nas profundidades do nosso psiquismo, proporcionar uma experiência sensível – … não sensorial – da Presença de Deus no centro do nosso ser”. Dir-se-ia que está subjacente a ideia de que o homem é uma centelha de Deus envolvida pela corporeidade. A fé cristã admite, sim, que Deus habita nos corações puros, mas está longe de professar que Deus pode ser experimentado mediante vibração do ar”.

Fonte: Cléofas 

Para uma conversão espiritual

Nos Atos dos Apóstolos se diz que “os discípulos estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído como de um vento forte, que encheu toda a casa em que se encontravam. Então apareceram línguas como de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios de Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia expressar-se” (At 2, 1-4).
“Vós recebestes o Espírito Santo quando abraçastes a fé?” (At 19,2). Desse modo, perguntou São Paulo a alguns discípulos da comunidade de Éfeso. Eles responderam: “Nem sequer ouvimos dizer que existe Espírito Santo!”. A resposta não foi certamente encorajadora, uma resposta que hoje muitos homens do nosso tempo não deixariam de repetir. A esta pergunta muitos católicos que receberam os sacramentos de iniciação cristã responderiam certamente “sim”.razoesmenor
Mas, verdadeiramente, o Espírito Santo que recebemos vive e opera em nós, ou está acorrentado, aprisionado por uma fé sempre mais frágil, diluída, incapaz de experimentar as promessas de Jesus? Milhares de batizados não fazem experiência da sua presença, da sua ação, jamais sequer invocaram o Espírito Santo; muitos homens, muitas mulheres não usufruem plenamente dos efeitos de Pentecostes, porque não instauraram uma relação pessoal com o Espírito Santo. Quantas vidas vazias, insípidas, infelizes, necessitadas do amor, da alegria, da paz do Espírito que, gratuitamente, sem cansar e de maneira duradoura, Ele oferece àqueles que o invocam.
A afirmação de Leão XIII – “o Espírito Santo, o grande desconhecido” – permanece ainda verdadeira e encontrável: a pneumatologia, a fenomenologia do Espírito, a teologia dos carismas, a religiosidade da experiência permanecem os ramos mais negligenciados dos estudos católicos. Quando é difícil “caminhar segundo o Espírito” (Gl 5, 16-17). “submeter-se ao Espírito” (At 5,32), “conhecer as coisas do Espírito” (1 Cor 2,12-13), “amar o Espírito que ciosamente nos ama” (Jo 4,5), “renovar-se no Espírito” (Tt 3,5-7)!
Mas para nos exortar existem as palavras de São João Paulo II: “Fazei conhecer e amar o Espírito” (Discurso a uma delegação da Renovação Carismática Católica, 14 de março de 2002). Uma entrega, uma responsabilidade, um mandato de grandes proporções, que somente na fé é possível aceitar. Quem, humildemente e em reta consciência, pode dizer conhecer tão bem e amar tanto o Espírito Santo de modo a poder ser um embaixador credível junto a quantos o ignoram ou insuficientemente se relacionam com Ele?
São Paulo exortava o jovem Timóteo a “reavivar o dom do Espírito já recebido” (2Tm 1,6-10), isto é, a despertar a presença do Espírito em uma contínua, profunda conversão a Cristo. Muitos cristãos, muitas comunidades apagadas, têm necessidade de um novo despertar espiritual, de uma autêntica conversão. É nos pedida uma profunda conversão pessoal a Cristo e uma vida mais plena no Espírito Santo. Uma conversão inicial a Cristo nos consagra a uma vida de discipulado (cf. Lc 9,23-27), nos fazendo superar todas as formas de resistência que estão na nossa natureza humana, que espera ser renovada. A verdadeira vida cristã começa com uma conversão à pessoa de Jesus, mas inclui também, essencialmente, o dom do Espírito Santo, que nos abre à vida da Igreja e a descoberta da graça.descera_sobre_vos_menor
Todos os Evangelhos apresentam Jesus como aquele que “batiza com o Espírito Santo”. A descida do Espírito Santo manifesta alguns efeitos específicos que devem estar sempre presentes na vida de um cristão, na vida das nossas comunidades.
– uma nova e experiencial relação com Deus, chamado “Pai”, e com Jesus proclamado “Senhor”;
– um novo e profundo gosto pela oração e pela Palavra de Deus;
– uma nova união com os outros em uma relação de amor, de alegria, de fraternidade verdadeira;
– a capacidade de permanecer fiéis à Igreja e a sã doutrina;
– a coragem de testemunhar a própria fé com coerência e em toda circunstância.

Texto retirado do livro: Movidos Pelo Espírito Repartimos do Cenáculo, Salvatore Martinez

Via: Cléofas 

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