19 de dez. de 2015

19/12 – Bem aventurado Urbano V

Mais que qualquer outra cidade tu estás vinculado a Roma”, escrevia Francisco Petrarca ao beneditino francês Guilherme de Grimoardo, eleito ao sólio pontifício a 28 de setembro de 1362, embora não fosse nem cardeal, nem bispo. Nasceu no castelo de Grisac, em Languedoc, em 1310, de nobre família. Tinha ingressado ainda muito jovem entre os beneditinos do priorado de Chirac, onde recebeu uma sólida cultura. Doutorou-se em direito canônico e civil e ensinou na universidade de Montpelier, Toulouse e Avignon, antes de receber da Cúria pontifícia vários encargos como delegado em Milão e em Nápoles, onde chegou-lhe a nomeação para Pontífice. Consagrado bispo em Avignon, no mesmo dia, 6 de novembro de 1362, recebia a tiara com o nome de Urbano V.
A esperança de uma volta do papa a Roma pareceu logo que se realizaria. A citada carta de Petrarca é um exemplo desta vivíssima expectativa. Este papa ativíssimo e piedoso mostrou logo possuir os dotes do homem de governo e mão firme no guiar a barca de Pedro, numa época tão difícil na vida interna da Igreja. Não foi só metaforicamente que embarcou na barca de Pedro. Apenas cinco anos após sua elevação ao sólio pontifício, e precisamente a 30 de abril de 1367, embarcou com toda a cúria sobre uma verdadeira frota de navios e dirigiu-se para Roma. Após uma parada em Gênova e um descanso em Viterbo o papa podia finalmente recolocar o pé na Cidade Eterna, a 16 de setembro do mesmo ano, acolhido por toda a cidade em festa. Poucos dias depois “Roma estava toda cheia de obras”, como escrevia Coluccio Salutati. Muito mais que a restauração das coisas materiais, o santo pontífice olhou para a reconstrução espiritual da Igreja, promovendo a unidade entre os cristãos, que pareceu realizar-se através da união da Igreja grega com a latina em 1369.
Infelizmente a pacificação dos ânimos dos Estados Pontifícios durou pouco, e a 7 de abril de 1370, Urbano V deixava novamente Roma para tornar a Avignon, não obstante as súplicas e as exortações de tantos, entre os quais santa Brígida, que alcançando-o junto ao lago de Bolsena, lhe predisse que em breve morreria, se voltasse para Avignon. Morreu de fato a 19 de dezembro daquele mesmo ano. Esta nova escolha, motivada por situações históricas particulares, não depõe contra os grandes méritos do seu pontificado, que durou oito anos, ao qual se atribuiu uma eficaz reforma dos costumes e um particular incremento da doutrina cristã e dos estudos em geral.

Fonte: Cléofas 

18 de dez. de 2015

Papa Francisco abriu a Porta Santa da Caritas de Roma

18/12/2015

O Papa Francisco abriu nesta sexta-feira, dia 18, a Porta Santa da Caritas de Roma no albergue “Don Luigi Di Liegro” e no refeitório “S. João Paulo II” na Estação Ferroviária de Termini, no centro de Roma.
O Santo Padre antes de atravessar a Porta Santa encimada pelo ícone do Jubileu da Misericórdia da autoria da padre jesuíta Marko Ivan Rupnik foi entoada a ladainha dos santos.
Para a Eucaristia acolheram o Santo Padre os 200 hóspedes do albergue representando todos os Centros de Acolhimento da Cáritas de Roma.

Rádio Vaticano 

Aprovado o milagre: Madre Teresa de Calcutá será santa

18/12/2015 


No dia do seu aniversário, 17 de dezembro, o Papa Francisco aprovou o milagre atribuído à intercessão de Madre Teresa de Calcutá, beatificada por S. João Paulo II, em 2003. A data da canonização ainda deverá ser confirmada mas é muito possível que seja incluída nas celebrações do Jubileu da Misericórdia.
A Congregação para a Causa dos Santos concluiu, assim, em julho deste ano as investigações no Brasil sobre o milagre para a cura inexplicável de um homem brasileiro em meados de 2008.
Madre Teresa nasceu a 26 de agosto de 1910 em Skopje, território albanês, atualmente capital da Macedónia, e morreu em 1997 em Calcutá, na Índia no dia 5 de setembro. Fundou as Congregações das Missionárias da Caridade e dos Missionários da Caridade. Agnese Gonxha Bojaxhiu é o seu nome de batismo e recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1979 pelo seu trabalho missionário e caritativo. 
Rádio Vaticano 

Papa participou na última Pregação de Advento

18/12/2015

O Papa Francisco participou na manhã desta sexta-feira dia 18 de dezembro na terceira e última meditação de Advento proposta pelo Padre Raniero Cantalamessa. Tema da reflexão: “Maria no Mistério de Cristo e da Igreja”. 
Publicamos aqui o texto integral da pregação:
1. A mariologia da Lumen gentium
O objeto desta última meditação de Advento é o capítulo VIII da Lumen Gentium, intitulado "A Bem-Aventurada Virgem Maria, no mistério de Cristo e da Igreja". Ouçamos de novo o que o Concílio fala a este respeito:
"A Virgem Santíssima, predestinada para Mãe de Deus desde toda a eternidade simultaneamente com a encarnação do Verbo, por disposição da divina Providência foi na terra a nobre Mãe do divino Redentor, a Sua mais generosa cooperadora e a escrava humilde do Senhor. Concebendo, gerando e alimentando a Cristo, apresentando-O ao Pai no templo, padecendo com Ele quando agonizava na cruz, cooperou de modo singular, com a sua fé, esperança e ardente caridade, na obra do Salvador, para restaurar nas almas a vida sobrenatural. É por esta razão nossa mãe na ordem da graça ".
Junto com o título Mãe de Deus e dos crentes, a outra categoria fundamental que o Concílio usa para ilustrar o papel de Maria, é a de modelo, ou de figura:
“Pelo dom e missão da maternidade divina, que a une a seu Filho Redentor, e pelas suas singulares graças e funções, está também a Virgem intimamente ligada, à Igreja: a Mãe de Deus é o tipo e a figura da Igreja, na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com Cristo, como já ensinava S. Ambrósio ".
A maior novidade do tratado conciliar sobre Nossa Senhora consiste, como se sabe, justamente no lugar em que foi colocado, ou seja, na constituição sobre a Igreja. Com isso o Concílio – não sem sofrimentos e lágrimas – operava uma profunda renovação da mariologia, em comparação com os últimos séculos . O discurso sobre Maria não é independente, como se ela ocupasse um lugar intermédio entre Cristo e a Igreja, mas recolocado, como tinha sido na época dos Padres, no âmbito da Igreja. Maria é vista, como dizia Santo Agostinho, como o membro mais excelente da Igreja, mas um membro dela, não fora, ou acima dela:
"Santa é Maria, bem-aventurada é Maria, porém, mais importante que a Virgem Maria é a Igreja. Por quê? Porque Maria é uma parte da Igreja, um membro santo, excelente, superior a todos os demais, contudo, é um membro de todo o corpo. Se é um membro de todo o corpo, sem dúvida, é importante que um membro é o corpo ”.
As duas realidades se iluminam mutuamente. Se, de fato, o discurso sobre a Igreja ilumina o que é Maria, o discurso sobre Maria ilumina o que é a Igreja, ou seja, “corpo de Cristo” e, como tal, “quase que uma extensão da encarnação do Verbo”. São João Paulo II destaca isso na sua encíclica Redemptoris Mater: “Apresentando Maria no mistério de Cristo, o Concílio Vaticano II encontra também o caminho para aprofundar o conhecimento do mistério da Igreja ”.
Outra novidade da mariologia do Concílio é a insistência na fé de Maria , um tema também retomado e desenvolvido por João Paulo II que o faz tema central da sua encíclica mariana "Redemptoris Mater ". É um retorno à mariologia dos Padres que, mais do que sobre os privilégios da Virgem, apela à sua fé, como contribuição pessoal de Maria no mistério da salvação. Também aqui se nota a influência de Santo Agostinho:
"Ora, até a própria bem-aventurada Virgem Maria, ao crer, concebeu a quem deu à luz crendo...Depois que o anjo falou, ela, cheia de fé (fide plena), concebendo a Cristo antes no coração que no ventre, respondeu: Eis aqui a Serva do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa palavra”.
2. Maria Mãe dos crentes em perspectiva ecumênica
O que eu gostaria de fazer é iluminar o caráter ecumênico dessa mariologia do Concílio, ou seja, como ela possa contribuir – e mais ainda, já está contribuindo – para aproximar católicos e protestantes neste terreno delicado e controverso que é a devoção à Virgem.
Esclareço, em primeiro lugar, o princípio que está na base das reflexões a seguir. Se Maria se coloca fundamentalmente ao lado da Igreja, a consequência disso é que as categorias e as afirmações bíblicas usadas para lançar-lhe luz são aquelas relacionadas às pessoas humanas que constituem a Igreja, aplicadas a ela “a fortiori”, em vez daquelas relacionadas às pessoas divinas, aplicadas a ela “por redução”.
Para entender, por exemplo, da forma mais correta, o delicado conceito da mediação de Maria na obra da salvação, é mais útil começar pela mediação criatural, ou de baixo, como é aquela de Abraão, dos apóstolos, dos sacramentos e da própria Igreja, e não da mediação divino-humana de Cristo. A maior distância, de fato, não é a que existe entre Maria e o resto da Igreja, mas é aquela que existe entre Maria e a Igreja, de um lado, e Cristo e a Trindade do outro, ou seja, entre as criaturas e o Criador.
Agora, tiremos de tudo isso a conclusão. Se Abraão, pelo que fez, mereceu na Bíblia o nome de “pai de todos nós”, ou seja, de todos os crentes (cf. Rm 4, 16; Lc 16, 24), entendemos melhor, assim, como a Igreja não hesita em chamar Maria “Mãe de todos nós”, mãe de todos os crentes.
Dessa comparação entre Abraão e Maria podemos derivar uma luz ainda maior, que afeta não só o simples título, mas também o seu conteúdo e significado. Mãe dos crentes é um simples título de honra, ou algo a mais? Aqui se prefigura a possibilidade de um discurso ecumênico sobre Maria. Calvino interpreta o texto onde Deus diz à Abraão: “Em ti serão abençoadas todas as famílias da terra” (Gn 12, 3), no sentido de que "Abraão será não só exemplo e patrono, mas causa de benção ”. Um conhecido exegeta protestante moderno escreve, no mesmo sentido:
"Nós nos perguntamos se as palavras de Gênesis 12, 3 ["Em ti serão abençoadas todas as famílias da terra "] pretendem afirmar somente que Abraão se tornará uma espécie de fórmula para abençoar, e que a benção que ele gozava passará em provérbio [...]. Deve-se retornar à interpretação tradicional que vê aquela palavra de Deus “como uma ordem dada à história” (B. Jacob). Foi reservado à Abraão, no plano salvífico de Deus, o papel de mediador da benção para todas as gerações da terra ”.
Tudo isso nos ajuda a entender o que a tradição, a partir de Santo Irineu, diz de Maria: que ela não é só um exemplo de benção e de salvação, mas, de uma forma que depende unicamente da graça e da vontade de Deus, também causa de salvação. “Como Eva, escreve Santo Irineu, desobedecendo, tornou-se causa de morte para si e para todo o gênero humano, assim Maria..., obedecendo, tornou-se causa de salvação para si e para todo o gênero humano”. As palavras de Maria: “Todas as gerações me chamarão de bem-aventurada” (Lc 1, 48) devem ser consideradas, também, "uma ordem dada por Deus para a história".
É um fato encorajador verificar que os mesmos iniciadores da Reforma reconheceram à Maria o título e a prerrogativa de Mãe, também no sentido de Mãe nossa e mãe da salvação. Em uma pregação para a Missa de Natal, Lutero dizia: “Este é o consolo e a transbordante bondade de Deus: que o homem, em quanto crente, possa gloriar-se de um bem tão precioso, que Maria seja a sua verdadeira mãe, Cristo o seu irmão, Deus o seu Pai... Se acredita nisso, então, sente-te verdadeiramente no ventre da virgem Maria e seja o seu filho querido ”. Zwingli, em um sermão de 1524, chama Maria "a pura Virgem Maria, mãe da nossa salvação” e diz que nunca, a seu respeito, “pensou e nem sequer ensinou ou afirmou em público algo de ímpio, desonroso, indigno ou ruim ”.
Como, então, chegamos à situação atual de tanto desconforto dos irmãos protestantes com relação à Maria, a ponto de que em alguns ambientes tornou-se quase que um dever diminuir Maria, atacar continuamente neste ponto os católicos e, de qualquer forma, encobrir tudo o que a própria escritura fala dela?
Este não é o lugar para fazer uma revisão histórica; somente quero dizer qual me parece ser o caminho correto para sair desta triste situação sobre Maria. Tal caminho passa por um sincero reconhecimento, de nós católicos, do fato que, muitas vezes, especialmente nos últimos séculos, contribuímos para fazer Maria inaceitável para os irmãos protestantes, honrando-a de forma, às vezes, exagerada e imprudente e, especialmente, não colocando tal devoção dentro de um quadro bíblico bem claro que mostrasse o papel subordinado com relação à Palavra de Deus, ao Espírito Santo e ao próprio Jesus. A mariologia nos últimos séculos tornou-se uma fábrica contínua de novos títulos, novas devoções, muitas vezes polêmica com os protestantes, usando, às vezes, Maria – a Mãe comum! – como uma arma contra eles.
A esta tendência o Concílio Vaticano II reagiu oportunamente. Ele recomendou que os fieis “tanto nas palavras como nos fatos evitem diligentemente tudo o que possa induzir ao erro os irmãos separados ou qualquer outra pessoa, sobre a verdadeira doutrina da Igreja”, e recordou aos próprios fieis que “a verdadeira devoção não consiste nem em uma estéril e passageiro sentimentalismo, nem em uma certa e vã crença ”.
Do lado protestante, acredito que exista a necessidade de tomar nota da influência negativa que houve, na atitude deles sobre Maria, não só a polêmica anticatólica, mas também o racionalismo. Maria não é uma ideia, mas é uma pessoa concreta, uma mulher, e como tal, não se presta para ser facilmente teorizada ou reduzida a princípio abstrato. Ela é o próprio ícone da simplicidade de Deus. Por isso não podia, em um clima dominado por um exasperado racionalismo, não ser eliminada do horizonte teológico.
Uma mulher luterana, morta há alguns anos, Madre Basilea Schlink, fundou uma comunidade de religiosas dentro da Igreja luterana, chamas “As irmãs de Maria”, agora difundidas em vários países do mundo. Em um livreto seu, que eu mesmo organizei a edição italiana, depois de ter recordado vários textos de Lutero sobre Maria, escreve:
"Ao ler as palavras de Lutero que até o fim da sua vida honrou Maria, santificou as suas festas e cantou todos os dias o Magnificat, sente-se o quanto se distanciou, no geral, da correta atitude sobre ele... Vemos o quanto nós, evangélicos, nos deixamos submergir pelo racionalismo... O racionalismo que admite só o que se pode compreender com a razão, difundindo-se, jogou fora das Igrejas evangélicas as festas de Maria e tudo o que se refere à ela, e fez perder o sentido de toda referência bíblica a Maria: e desta herança sofremos ainda hoje. Se Lutero, com esta frase: ‘Depois de Cristo ela é, em todo o cristianismo, a joia preciosa, jamais louvada o suficiente’, nos inculca este elogio, eu, de minha parte, devo confessar de estar entre aqueles que, durante longos anos da própria vida, não o fizeram, contornando até o que diz a Escritura: "De agora em diante todas as gerações me chamarão bem-aventurada” (Lc 1, 48). Eu não tinha me colocado entre estas gerações ”.
Todas estas premissas nos permitem cultivar no coração a esperança de que, um dia, não distante, católicos e protestantes possamos não estar mais divididos, mas unidos por Maria, em uma comum veneração, diferente nas formas, mas unânimes no reconhecer nela a Mãe de Deus e a Mãe dos crentes. Eu tive a alegria de constatar pessoalmente alguns sinais desta mudança em ato. Em mais de uma ocasião, pude falar de Maria a um auditório protestante, notando entre os presentes não só a acolhida, mas, pelo menos em um caso, uma verdadeira emoção, como a redescoberta de algo caro e uma purificação da memória.
3. Maria, mãe e filha da misericórdia de Deus
Deixemos agora de lado o discurso ecumênico e tentemos ver se também este ano da misericórdia não nos ajuda a descobrir algo novo da Mãe de Deus. Maria é invocada na antiguíssima oração da Salve Regina, como “Mater misericordiae”, Mãe da misericórdia; na mesma oração lhe é dirigida a invocação: “illos tuos misericordes oculos ad nos converte”; Volte a nós aqueles seus olhos misericordiosos”. Na missa de abertura do ano jubilar na Praça de São Pedro, do passado 8 de dezembro, ao lado do altar estava exposto um antigo ícone da Mãe de Deus, venerada em um santuário pelos grego-católicos de Jaroslav, na Polônia, conhecida como a “Porta da misericórdia”.
Maria é mãe de misericórdia em um duplo sentido. Foi a porta através da qual a misericórdia de Deus, com Jesus, entrou no mundo, e agora é a porta por meio da qual nós entramos na misericórdia de Deus, nos apresentamos diante do “trono da misericórdia” que é a Trindade. Tudo isso é verdade, mas é só um aspecto da relação entre Maria e a misericórdia de Deus. Ela, de fato, não é só canal e mediadora da misericórdia de Deus; é também o objeto e a primeira destinatária. Não é só aquela que nos obtém misericórdia, mas também aquela que obteve, primeiramente e mais do que todos, misericórdia.
Misericórdia é sinônimo de graça. Só na Trindade o amor é natureza e não é graça; é amor, mas não misericórdia. Que o Pai ame o Filho, não é graça ou concessão; é, em certo sentido, necessidade; o Pai tem necessidade de amar para existir como Pai. Que o Filho ame o Pai, não é concessão ou graça; é necessidade intrínseca, embora se perfeitamente livre; ele precisa ser amado e amar para ser Filho. É quando Deus cria o mundo e, nele, as criaturas livres que o seu amor se torna gratuito e imerecido, ou seja, graça e misericórdia. Isso antes ainda do pecado. O pecado fará somente que a misericórdia de Deus, de dom, se torne perdão.
O título "cheia de graça" é, portanto, sinônimo de "cheia de misericórdia". Maria mesma proclama isso no Magnificat: "Olhou, diz, a humildade da sua serva”, “recordou-se da sua misericórdia”; “a sua misericórdia se estende de geração em geração”. Maria se sente beneficiária da misericórdia, testemunha privilegiada dela. Nela a misericórdia de Deus não se materializou como perdão dos pecados, mas como preservação do pecado.
Deus fez com ela, dizia Santa Teresa do Menino Jesus, o que faria um bom médico em tempos de epidemia. Ele vai de casa em casa para curar aqueles que contraíram a infecção; mas se tem um pessoa que ele gosta especialmente, como a esposa ou a mãe, tentará, se possível, que nem sequer seja contagiada. E assim fez Deus, preservando Maria do pecado original pelos méritos da paixão do Filho.
Falando da humanidade de Jesus, Santo Agostinho diz: "Com base no que, a humanidade de Jesus mereceu ser assumida pelo Verbo eterno do Pai na unidade da sua pessoa? Qual foi a sua boa obra que precedeu isso? O que tinha feito antes desse momento, no que tinha acreditado, ou pedido, para ser elevada a tal inefável dignidade?”. E acrescentava em outro lugar: “Procure o mérito, procure a justiça, reflita e veja se encontra outra coisa além de graça”.
Estas palavras lançam uma luz singular também sobre a pessoa de Maria. Dela deve-se dizer, com mais razão: o que fez Maria, para merecer o privilégio de dar ao Verbo a sua humanidade? O que tinha acreditado, pedido, esperado ou sofrido, para vir ao mundo santa e imaculada? Procure também aqui, o mérito, procure a justiça, procure tudo o que quiser, e veja e encontra nela, no início, algo além de graça, ou seja, misericórdia!
Também São Paulo não vai parar, durante toda a vida, de confessar-se como um fruto e um troféu da misericórdia de Deus. Define-se “alguém que alcançou misericórdia do Senhor” (1 Cor 7, 25). Não se limita a formular a doutrina da misericórdia, mas torna-se testemunha viva dela: “Eu era um blasfemo, um perseguidor e um violento. Mas fui tratado com misericórdia” (1 Tm 1, 12).
Maria e o Apóstolo nos ensinam que o melhor modo de pregar a misericórdia é dar testemunho da misericórdia que Deus teve conosco. Sentir-nos também nós frutos da misericórdia de Deus em Cristo Jesus, vive só por ela. (Sentir, não necessariamente dizer). Um dia Jesus curou um pobrezinho possuído por um espírito imundo. Ele quis segui-Lo e unir-se ao grupo dos discípulos; Jesus não o permitiu, mas lhe disse: “Volte para a sua casa, para os seus, anuncie-lhes o que o Senhor te fez e a misericórdia que teve contigo” (Mc 5,19 s.).
Maria, que no Magnificat glorifica e agradece a Deus por sua misericórdia com ela, nos convida a fazer o mesmo neste ano da misericórdia. Nos convida a fazer ressoar todos os dias na Igreja o seu cântico, como o coro que repete um canto atrás da coryphaea. Permitam-me, portanto, convidá-los a proclamar jutos, de pé, como oração final, em vez da antífona mariana, o cântico à misericórdia de Deus que é o Magnificat. “A minha alma engradece ao Senhor...”
Santo Padre, Veneráveis Padres, irmãos e irmãs: Feliz Natal e Feliz Ano da misericórdia!

Rádio Vaticano 

17 de dez. de 2015

Neste dia de aniversário, 30 motivos para amar o papa Francisco!

17/12/15 


Feliz aniversário, Santo Padre!



Neste 17 de dezembro, o papa Francisco celebra os seus79 anos de idade e nós saímos listando as primeiras coisas que nos vieram à mente para dizer por que o amamos!
Aqui vão 30:
  1. Ele é completamente apaixonado por Deus e nos fala dele como de um Pai amoroso e misericordioso!
  2. Ele é carinhoso como uma criança com a Mamãe: sempre lhe faz uma visita na ida e na volta de cada viagem e ainda leva presentes para ela, como flores ou até uma bola de futebol!
  3. Ele é o sucessor de Pedro!
  4. Ele anda sempre com o terço e o livrinho da via-crúcis no bolso.
  5. Ele quase sempre anda de Fiat, uma verdadeira metáfora viva: “Faça-se!”
  6. Ele foi pessoalmente ao oculista da vizinhança para trocar de óculos!
  7. Os sapatos dele parecem meio gastos, como os nossos.
  8. Ele assina simplesmente “Francisco”.
  9. Ele come pizza, toma mate na rua e convida os pobres para comer com ele.
  10. Ele tem um time de futebol, gosta de tango e lê Tolkien!
  11. Ele compartilha suas reflexões diárias conosco nas homilias da missa na Casa Santa Marta.
  12. Ele é um grande devoto de São José!
  13. Com apenas um pulmão, ele é incansável!
  14. Ele abraça e beija pessoas para quem nós achamos difícil até mesmo olhar.
  15. Suas ações testemunham na prática o valor e a dignidade de cada vida humana.
  16. Ele ama o seu predecessor, o papa emérito Bento XVI, o cita continuamente e o visita.
  17. Ele dá caronas no papamóvel!
  18. Ele gostava de uma bela garota, mas descobriu a vocação religiosa e disse sim a Deus!
  19. Ele abre Portas Santas!
  20. Ele já trabalhou como segurança para pagar seus estudos.
  21. Ele gosta de trocar bonés com as pessoas.
  22. Ele nunca recusa uma selfie.
  23. A pintura favorita dele é o “Crucifixo Branco”, de Chagall.
  24. Ele sempre pede as nossas orações.
  25. Ele abençoou milhares de motociclistas na Praça de São Pedro nos 110 anos da Harley-Davidson.
  26. Ele pega o telefone e sai ligando para pessoas comuns que lhe escrevem pedindo conselhos!
  27. Ele aprendeu a usar as telas sensíveis ao toque com uma aluna do ensino básico.
  28. Ele é e nos ensina a ser misericordiosos.
  29. Ele vai pessoalmente até as periferias da existência.
  30. Ele ama e abençoa os bebês!

Fonte: Aleteia 

Papa faz 79 anos e segue decidido nas reformas – diz o Card. Castellò

17/12/2015

Nesta quinta-feira dia 17 de Dezembro o Papa Francisco faz 79 anos de idade. Chegam ao Vaticano mensagens de todo o mundo. Ontem mesmo, na tradicional audiência geral na Praça de S. Pedro, alguns fiéis anteciparam os votos de feliz aniversário ao Santo Padre. Um grupo de mexicanos, entre os quais uma jornalista, ofereceram uma torta de aniversário ao Santo Padre, felicitando-o e dizendo aguardarem-no com expectativa no próximo mês de Fevereiro.
Entretanto, o Cardeal Santos Abril y Castelló, Arcipreste da Basílica de Santa Maria Maior em, Roma prestou declarações à RV sobre o aniversário do Papa apresentando as suas felicitações. O purpurado recordou a devoção do Papa a Nossa Senhora “Salus Populi Romani” e afirmou acreditar que Francisco está a dar à Igreja “um exemplo de uma dedicação absoluta, completa, extraordinária”.
O cardeal Castellò salientou o facto do Papa Francisco ter dado início ao Ano Santo da Misericórdia em Bangui na República Centro Africana para afirmar que o Jubileu “não é somente para uma parte do mundo, mas que deve chegar a todos”.
Quanto à reforma da Cúria o cardeal Castellò considerou ser algo que, provavelmente, não pode ser feita em pouco tempo, mas que o Papa Francisco está a fazê-lo “de maneira decidida e clara”.
Rádio Vaticano 

Papa recorda crianças mortas na travessia do Mediterrâneo

17/12/2015 

No final da manhã desta quinta-feira, o Papa recebeu no Vaticano cerca de 60 crianças e jovens da Ação Católica Italiana para as felicitações de Natal.
A audiência teve início com o canto de “feliz aniversário” ao Pontífice, que completa neste dia 17 de dezembro 79 anos.
No seu discurso, Francisco elogiou o caminho de formação da Ação Católica, que este ano escolheu o lema “Viajando rumo a Ti”.
“É verdade: estamos todos em viagem rumo ao Senhor, mas muitas pessoas não pensam nisso! Que significa “viajar rumo ao Senhor”? Significa percorrer os caminhos do bem, e não do mal; o caminho do perdão, e não da vingança; o caminho da paz, e não da guerra; o caminho da solidariedade, não o do egoísmo.”
A seguir, o Pontífice falou da imigração ao citar um projeto da Ação Católica Italiana na Diocese de Agrigento, na Sicília. Ao reforçar a necessidade de acolhimento a quem chega “repleto de esperança, mas também de tantas feridas e necessidades, em busca de paz e pão”, o Papa citou um episódio ocorrido na última quarta-feira:
“Ontem, na Audiência, foi-me apresentada pelo pais uma criança negra, talvez de cinco meses. Disseram-me: ‘Nasceu no barco no canal da Sicília’. Muitas crianças conseguem chegar, outras não. E tudo o que fizeram por essa gente é bom. Obrigado por fazê-lo.”
O Papa concluiu seu discurso desejando a todos “um feliz e santo Natal” e, como de costume, pediu que rezassem por ele.

Rádio Vaticano 

17/12 – Santo Lázaro de Betânia


Lázaro de Betânia, na Judeia, irmão de Marta e Maria, deve a amizade de Jesus, não só a estrondosa ressurreição do túmulo, mas também o culto com que a Igreja o honrou no curso dos séculos. Na sua hospitaleira casa, a três milhas de Jerusalém, Jesus costumava fazer breves pausas de descanso confortado pelas atenções de Marta e Maria e pela sincera e confiante amizade do dono da casa. Lembrando essa predileção do Redentor, todo ano (tem-se notícia já no século IV) os cristãos de Jerusalém, na vigília (do dia de Ramos iam em procissão até Betânia e sobre o túmulo de Lázaro o diácono proclamava o evangelho de João que narra com muitos particulares a ressurreição de Lázaro. João é de fato o único evangelista que faz referências ao milagre. A narração, com a insólita abundância de detalhes, constitui um dos pontos salientes do quarto evangelho, pois a ressurreição de Lázaro assume, além do fato histórico, o valor de símbolo e de profecia, como prefiguração da ressurreição de Cristo. A casa de Betânia e o túmulo foram meta de peregrinações já na primeira época do cristianismo, como refere o próprio são Jerônimo. Mais tarde, os peregrinos medievais nos informam que ao lado do túmulo de Lázaro tinha surgido um mosteiro beneficiado por Carlos Magno.
Lázaro teve o privilégio de ter dois túmulos, pois morreu duas vezes. O primeiro túmulo, de onde foi tirado e ressuscitado pelo amor de Cristo (“Vejam quanto o amava”, exclamaram os judeus ao perceberem uma lágrima de comoção no rosto de Jesus) ficou vazio, uma vez que uma antiga tradição oriental considera Lázaro bispo e mártir de Chipre. A notícia do século VI tomou consistência no ano 900, quando o imperador Leão VI, o Filósofo, fez transportar as relíquias de Lázaro de Chipre para Constantinopla. Antigos afrescos encontrados na ilha parecem confirmar a presença de Lázaro em Chipre. Não tem nenhum fundamento a narração segundo a qual Lázaro e suas duas irmãs teriam sido jogados sobre uma barca sem remo e sem leme e deixados assim a mercê das ondas, que teriam empurrado a barca até Provença. Eleito bispo de Marselha, Lázaro teria colhido a palma do martírio na época do perseguidor Nero.

Cléofas 

Ano Santo: o que você precisa saber sobre as Obras de Misericórdia

Que tal praticar uma por dia neste Ano Santo?
Com o Ano Santo da Misericórdia, que se iniciou no dia 8 de dezembro na solenidade da Imaculada Conceição, o Santo Padre Francisco fez um especial convite para que se reflita e se ponha em prática as Obras de Misericórdia.
Assim está escrito na Bula ‘Misericordiae Vultus’ com a qual o Santo Padre convocou o Jubileu Extraordinário: “É meu vivo desejo que o povo cristão reflita durante o Jubileu sobre as obras de misericórdia corporais e espirituais. Será um modo para despertar nossa consciência, muitas vezes apática diante do drama da pobreza, e para entrar ainda mais no coração do Evangelho, onde os pobres são os privilegiados da misericórdia divina. A pregação de Jesus nos apresenta estas obras de misericórdia para que possamos dar-nos conta se vivemos ou não como discípulos seus”.
E… Que são as Obras de Misericórdia?
De acordo com o Catecismo da Igreja Católica, as Obras de Misericórdia “são ações caritativas mediante as quais ajudamos ao nosso próximo em suas necessidades corporais e espirituais. Instruir, aconselhar, consolar, confortar, são obras espirituais de misericórdia, como também o são perdoar e sofrer com paciência. As obras de misericórdia corporais consistem especialmente em dar de comer ao faminto, dar teto a quem não tem, vestir ao nu, visitar aos enfermos e aos presos, enterrar os mortos”.
“Entre estas obras -segue o Catecismo-, a esmola feita aos pobres é um dos principais testemunhos da caridade fraterna; é também uma prática de justiça que agrada a Deus”.

As 14 Obras de Misericórdia
Sendo assim, existem 14 Obras de Misericórdia: sete corporais e sete espirituais. As obras de misericórdia corporais são: visitar aos enfermos, dar de comer ao faminto, dar de beber ao sedento, dar pousada ao peregrino, vestir ao nu, visitar aos presos e enterrar aos defuntos.
Enquanto que as obras de misericórdia espirituais são: ensinar ao que não sabe, dar bom conselho ao que necessita, corrigir ao que se equivoca, perdoar ao que nos ofende, consolar ao triste, sofrer com paciência os defeitos do próximo e rezar a Deus pelos vivos e os defuntos.

“No ocaso de nossas vidas seremos julgados no amor”
O Papa Francisco na Bula de convocação do Jubileu extraordinário fala também do efeito das obras de misericórdia em quem as pratica, recordando que não se pode escapar às Palavras de Jesus, já que com base nelas seremos julgados: “se dermos de comer ao faminto e de beber ao sedento. Se acolhermos ao estrangeiro e vestirmos ao nu. Se dedicarmos tempo para acompanhar ao que estava enfermo ou prisioneiro. Igualmente nos perguntará se ajudamos a superar a dúvida, que faz cair no medo e em ocasiões é fonte de solidão; se fomos capazes de vencer a ignorância na qual vivem milhões de pessoas, sobretudo as crianças privadas da ajuda necessária para ser resgatados da pobreza; se fomos capazes de nos aproximarmos de quem estava sozinho e afligido; se perdoamos a quem nos ofendeu e rejeitamos qualquer forma de rancor ou de ódio que conduz à violência; se tivemos paciência seguindo o exemplo de Deus que é tão paciente conosco; finalmente, se encomendamos ao Senhor na oração nossos irmãos e irmãs”.
O Papa conclui: “Em cada um destes ‘menores’ está presente Cristo mesmo. Sua carne se faz novamente visível como corpo martirizado, chagado, flagelado, desnutrido, em fuga (…) para que nós os reconheçamos, o toquemos e o assistamos com cuidado. Não esqueçamos as palavras de São João da Cruz: ‘No ocaso de nossas vidas, seremos julgados no amor’”.

16 de dez. de 2015

16/12 – Santa Adelaide

Narrada por Santo Odilo, abade de Cluny, que conviveu com ela, a vida de Santa Adelaide emociona pelos sofrimentos que passou. De rainha tornou-se prisioneira, sofreu maus tratos e passou por diversas privações, para depois, finalmente assumir um império. Tudo isso dentro da honestidade, vivendo uma existência piedosa, de muita humildade e extrema caridade para com os pobres e doentes. Nascida em 931, Adelaide era uma princesa, filha do rei da Borgonha, atual França casado com uma princesa da Suécia. Ficou órfã de pai, aos seis anos. A corte acertou seu matrimônio com o rei Lotário, da Itália, do qual enviuvou três anos depois. Ele morreu defendendo o trono, que acabou usurpado pelo inimigo vizinho, rei Berenjário. Então, a rainha Adelaide foi mandada para a prisão. Contudo, ajudada por amigos leais, conseguiu a liberdade. Viajou para a Alemanha para pedir o apoio do imperador Oton. Esse, além de lhe devolver a corte, casou-se com ela. Assim, tornou-se a imperatriz Adelaide, caridosa, piedosa e amada pelos súditos. Durante anos tudo era felicidade, mas o infortúnio atingiu-a novamente. O imperador morreu e Adelaide viu-se outra vez viúva. Assumiu seu filho Oton II, que aceitava seus conselhos, governando com ponderação. Os problemas reiniciaram quando ele se casou com a princesa grega, Teofânia. Como não gostava da influência da sogra sobre o marido, conseguiu fazê-lo brigar com a mãe, por causa dos gastos com suas obras de caridade e as doações que fazia aos conventos e igrejas. Por isso exigiu que Adelaide deixasse o reino. Escorraçada, procurou abrigo em Roma, junto ao Papa. Depois passou um período na França, na corte de seu irmão, rei da Borgonha. Mas a dor da ingratidão filial a perseguia, Viu também que ele reinava com injustiça, dentro do luxo, da discórdia e da leviandade, devido a má influência de Teofânia. Nessa época foi seu diretor espiritual o abade Odilo, de Cluny. Ao mesmo tempo o abade passou a orientar Odon II. Após dois anos de separação, arrependido, convidou a mãe a visitá-lo e pediu seu perdão. Adelaide se reconciliou com filho e a paz voltou ao reino. Entretanto o imperador morreria logo depois. Como o neto de Adelaide, Oton III, não tinha idade para assumir o trono, a mãe o fez. E novamente a vida de Adelaide parecia se encaminhar para o martírio. Teofânia, agora regente, pretendia matar a sogra. Só não morreu, porque Teofânia foi assassinada antes, quatro semanas depois de assumir o governo. Adelaide se tornou a imperatriz regente da Alemanha, por direito e de fato. Administrou com justiça, solidariedade e piedade. Trouxe para a corte as duas filhas de sua maior inimiga e as educou com carinho e proteção. O seu reinado foi de obrigações políticas e religiosas muito equilibradas, distribuindo felicidade e prosperidade para o povo e paz para toda a nação. Nos últimos anos de vida Adelaide foi para o convento beneditino de Selz, na Alsácia, que ela fundara, em Strasburgo. Morreu ali com oitenta e seis anos de idade, no dia 16 de dezembro de 999.



Cléofas 

Sinais do Jubileu: porta santa, amor, confissão e perdão

16/12/2015

Quarta-feira, 16 de Dezembro – na audiência geral na Praça de S. Pedro o Papa Francisco falou sobre os sinais do Jubileu. Segundo o Santo Padre este Ano Santo é celebrado em todo o mundo para marcar a comunhão eclesial na Igreja para que esta se torne cada vez mais intensa:
“Possa esta comunhão eclesial tornar-se sempre mais intensa, para que a Igreja seja no mundo o sinal vivo do amor e da misericórdia do Pai.”
No entanto, a misericórdia e o perdão não podem ficar reduzidos a belas palavras; são vida e dão vida neste Jubileu, se aderirmos de coração aos sinais que o caracterizam: cruzar a Porta Santa, amar a todos e tudo perdoar, aproximarmo-nos do sacramento da Confissão – afirmou o Papa Francisco.
O primeiro sinal é a Porta Santa – continuou o Papa – que eu quis aberta em todas as dioceses do mundo, para todos os fiéis poderem experimentar a graça do Jubileu. Aquela Porta indica o próprio Jesus, que nos convida a entrar e repousar n’Ele, mas também nos impele a sair ao encontro dos outros, levando-lhes o seu abraço de amor e perdão. Por isso, não teria grande eficácia o Jubileu, se a porta do nosso coração não se abrisse para deixar Cristo passar para os outros:
“Assim como a Porta Santa permanece aberta, porque é o sinal do acolhimento que Deus nos reserva, assim também há-de estar sempre aberta de par em par a nossa porta, sem excluir ninguém.“
Improvisando o Papa Francisco chamou a atenção para eventuais enganos com pagamentos de indulgências:
“Estejam atentos! Não é que algum mais esperto vos diga que se tem que pagar. A salvação não se paga! A salvação não se compra! A Porta é Jesus e Jesus è grátis…. a salvação è grátis!”
 “Por vezes ouvimos pessoas lamentarem-se de que não conseguem perdoar” – afirmou o Papa, concordando que não é fácil perdoar, porque o nosso coração é pobre e, só com as nossas forças, não conseguimos perdoar. Mas tornamo-nos capazes de perdão, se nos abrirmos a Deus e acolhermos a sua misericórdia em nós.
“Desta forma, amar e perdoar são o sinal concreto de que a fé transformou o nosso coração, manifestando-se em nós a própria vida de Deus: amar e perdoar, como Deus ama e perdoa.
Um sinal fundamental do Jubileu é o Sacramento da Confissão – disse ainda o Santo Padre – que nos reconcilia com Deus. Vendo o estado miserável em que nos deixaram os nossos pecados, que reconhecemos e Lhe confessamos, Deus enche-Se de compaixão ficando Ele com os nossos pecados e regenerando-nos como seus filhos; acolhe-nos no seu seio e encoraja-nos a seguir pela estrada do bem. E o Papa Francisco concluiu a sua catequese encorajando os fiéis neste Ano Santo:
“Portanto, coragem! Vivamos o Jubileu iniciando com estes sinais que comportam uma grande força de amor. O Senhor acompanhar-nos-á para conduzir-nos a fazer experiência de outros sinais importantes para a nossa vida.”
O Santo Padre saudou também os peregrinos de língua portuguesa:
“Queridos peregrinos de língua portuguesa, bem-vindos! De coração vos desejo aquela misericórdia imensa e inesgotável que o Pai nos deu com o seu Filho feito Menino. Possam os vossos corações e as vossas famílias alegrar-se com a presença deste Deus feio Homem, a exemplo da Virgem Mãe que O concebeu por obra do Espírito Santo! Feliz Natal!”
O Papa Francisco a todos deu a sua benção!

Rádio Vaticano 

Papa: verdadeira riqueza da Igreja são os pobres e não o dinheiro

15/12/2015


A Igreja seja humilde, pobre e confiante no Senhor – esta a mensagem principal do Papa Francisco na Missa em Santa Marta na manhã desta terça-feira dia 15 de dezembro.
Partindo do Evangelho do dia o Santo Padre falou das tentações que podem corromper o testemunho da Igreja e recordou que Jesus chama a atenção dos chefes dos sacerdotes e adverte-os para o facto de que até as prostitutas entrarão primeiro do que eles no Reino dos Céus.
Uma Igreja que se entrega a Deus, deve “ter essas três características”: humildade, pobreza e confiança no Senhor – afirmou o Papa Francisco:
“Uma Igreja humilde, que não se vanglorie dos poderes, das grandezas. Humildade não significa uma pessoa abatida, fraca, com os olhos sem expressão… Não, isso não é humildade, isso é teatro! É uma humildade faz de conta. A humildade tem um primeiro passo: ‘Eu sou pecador’.”
Finalmente, a confiança no Senhor, porque esta é a herança prometida – salientou o Papa na conclusão da sua homilia:
“ Esta é a herança que nos promete o Senhor: ‘… deixarei no meio de ti um povo humilde e pobre, e eles confiarão no nome do Senhor’.”

Rádio Vaticano 

Dia Mundial da Paz: vencer a indiferença

15/12/2015

Nesta terça-feira dia 15 de Dezembro foi publicada a Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz que se celebra no próximo dia 1 de janeiro de 2016. O documento tem como título ‘Vence a indiferença e conquista a paz’.
Nesta Mensagem o Santo Padre convida a humanidade a manter a esperança depois de um ano marcado por “guerras e atos terroristas”. O Papa valoriza aspectos positivos deste ano de 2015, em particular, a Cimeira do Clima de Paris, a COP21, que procurou “novos caminhos para enfrentar as alterações climáticas e salvaguardar o bem-estar da Terra”
O Papa Francisco refere também a Cimeira de Adis-Abeba, para arrecadação de fundos destinados ao desenvolvimento sustentável do mundo, e à adoção, por parte das Nações Unidas, da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
O Santo Padre manifesta a “convicção” de que Deus “não abandona a humanidade” e recorda na sua mensagem as pessoas frágeis da sociedade como os reclusos, migrantes e os desempregados.
Na conferência de imprensa de apresentação da Mensagem o Cardeal Peter Turkson, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, afirmou que “não é só a indiferença que está no centro da Mensagem, mas também a esperança na capacidade do homem, com a graça de Deus, de superar o mal”.
Na conferência de imprensa foi também afirmado pelo Dr. Vittorio Alberti, oficial do referido Conselho Pontifício, que a misericórdia vence a indiferença:
“A misericórdia não é só um facto moral, mas um facto mental e intelectual: é a liberdade de pensamento. Francisco esta dando a chave profunda, cultural e espiritual, para combater a indiferença.”

Fonte: Rádio Vaticano 

15 de dez. de 2015

Autorizada pelo Vaticano a reconciliação de Padre Cícero com a Igreja

REDAÇÃO CENTRAL, 14 Dez. 15 / 03:46 pm (ACI).- Padre Cícero Romão Batista, o conhecido sacerdote nordestino com fama de santo e que faleceu punido pelo Vaticano, foi reconciliado com a Igreja Católica. Assim anunciou o Bispo de Crato (CE), Dom Fernando Panico, neste domingo, 13. A ocasião para tornar público o fato foi a abertura da Porta Santa da Catedral de Nossa Senhora da Penha, pelo Ano da Misericórdia.

“O Papa, com a autoridade que ele tem, depois dos estudos feitos e todo o aconselhamento que houve, escutou a voz da misericórdia”, disse Dom Panico durante a celebração.


Padre Cícero, conhecido pelo seu envolvimento na política, sofreu suspensão da ordem sacerdotal por parte Santa Sé, em 1894, sob acusação de manipulação da fé. Segundo o site da Diocese de Crato, em 2006, Dom Panico formou uma comissão e deu entrada na Congregação para Doutrina da Fé, no Vaticano, ao processo de reabilitação de Padre Cícero, ou seja, a recuperação da ordem que havia sido suspensa. Mas, “como o padre já havia falecido e as punições cessadas, não tinha o que o Papa reabilitar”, afirma o texto da diocese nordestina.

Ainda segundo o site, “de 2006 a 2014, uma equipe de direito canônico do Vaticano estudou como resolver esta questão. Eles chegaram à conclusão de que a Igreja teria que ter uma Reconciliação”, apagando as oposições à ação do padre que faleceu em 1934.

Desde a morte de Padre Cícero, inúmeros de romeiros vão até Juazeiro do Norte, como grande expressão de fé.



“Como a ação do Padre Cícero se tornou crescente mesmo após a sua morte, eles disseram era oportuno a reconciliação da Igreja com o Padre”, disse o chanceler da diocese, Armando Lopes Rafael sobre a reconciliação.

A carta da reconciliação foi enviada pelo Papa Francisco à Diocese de Crato em outubro deste ano, assinada pelo Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin. No texto, ainda não divulgado na íntegra, é a apontada a relação entre Padre Cícero e a evangelização, ressaltando “os bons frutos que hoje podem ser vivenciados pelos inúmeros romeiros que, sem cessar, peregrinam a Juazeiro atraídos pela figura daquele sacerdote”.

“Procedendo desta forma, pode-se perceber que a memória do Padre Cícero Romão Batista mantém, no conjunto de boa parte do catolicismo deste país, e, dessa forma, valorizá-la desde um ponto de vista eminentemente pastoral e religioso, como um possível instrumento de evangelização popular”, afirma a missiva vaticana.

A figura do sacerdote foi em algumas ocasiões associada aos ideais comunistas. Entretanto, o próprio Padre Cícero se distanciou desta postura e afirmava que “o comunismo foi fundado pelo demônio”.


“Lúcifer é o seu chefe e a disseminação de sua doutrina é a guerra do diabo contra Deus. Conheço o comunismo e sei que é diabólico. É a continuação da guerra dos anjos maus contra o criador e seus filhos”, dizia.

Padre Cícero

Nascido em 1844 na cidade de Crato, Padre Cícero, foi ordenado em 1870, tendo ido para a região de Juazeiro dois anos depois. Em 1894, foi suspenso da ordem por manipulação da fé, em razão de um caso que ainda hoje é chamado “milagre da hóstia”.

O sacerdote, conforme relatos, teria dado a comunhão a uma mulher e a hóstia teria sangrado em sua boca. Pe. Cícero pediu que dois médicos e um farmacêutico estudassem o caso e estes alegaram que se tratava de algo inexplicável à luz da ciência.

O então Bispo de Fortaleza (CE), Dom Joaquim José Vieira, tendo conhecimento do fato, nomeou Comissão que o estudou e concluiu que não houve milagre. Com isso, o Vaticano suspendeu a ordem de Pe. Cícero.

A partir de 1911, o Padre Cícero passou a se envolver diretamente com a política. Neste ano, com a emancipação de Juazeiro, foi nomeado o primeiro prefeito do município. Mais tarde, foi eleito também para outros cargos políticos e participou da Sedição de Juazeiro, em 1914, junto com grandes coronéis, contra a intervenção do governo federal no Estado.

Nesta época, por causa do chamado “milagre da hóstia” muitas pessoas já peregrinavam a Juazeiro, com romarias cada vez maiores.

Diante disso, em 1916, a Santa Sé declara que Cícero estaria excomungado por ainda alimentar o fanatismo. Mas, por causa da saúde dele, que já se encontrava com seus 72 anos, o Bispo de Crato, Dom Quintino Rodrigues, evitou que o Vaticano aplicasse a excomunhão e exigiu dele uma retratação pública. Então, o Santo Ofício reviu a pena, e apesar de não decretar sua excomunhão, manteve suspensa a ordem sacerdotal.

Padre Cícero faleceu em Juazeiro do Norte no dia 20 de julho de 1934, aos 90 anos. Está sepultado na Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Juazeiro do Norte.

No próximo domingo, 20 de dezembro, em Missa nesta Igreja, Dom Fernando Panico irá fazer o anúncio oficial da reconciliação de Padre Cícero com a Igreja Católica aos romeiros de Juazeiro do Norte.


Fonte: ACIDIGITAL 

15/12 – Santa Maria Vitória de Fornari Strata

Pouco depois de sua morte, a bem-aventurada Maria Vitória apareceu a uma devota admiradora usando três vestes: a primeira era de cor escura, mas enfeitada de ouro e prata; a segunda também era escura, mas enfeitada com gemas luzentes; a terceira era azul-branca, com um branco fulgurante. Prescindindo da sua historicidade, essa visão resume os três estados de vida (casada, viúva e religiosa) através dos quais a santa passou: foi de fato filha, esposa, mãe, viúva e religiosa (fundadora, superiora e simples freira). Deu exemplo das mais diferentes virtudes. Maria Vitória nasceu em Gênova em 1562, sétima dos nove filhos de Jerônimo e Bárbara Veneroso. Cresceu num ambiente de amor e de piedade e também um pouco austero. A menina talvez tenha desejado entrar na vida religiosa, mas quando os pais lhe encontraram um noivo na pessoa de Ângelo Strata, uniu-se a ele em matrimônio aos 17 anos. Não demoraram a chegar os filhos. Quando Ângelo morreu, oito anos e oito meses após o matrimônio, cinco filhinhos se penduravam na saia da mãezinha de vinte e cinco anos e um sexto nasceria um mês depois. Não obstante a tranqüilidade financeira e os filhos, Maria Vitória se sentiu improvisamente sem nada e atravessou uma tremenda crise, durante a qual invocou muitas vezes a morte, Superada a crise, pronunciou três votos: de castidade, de nunca usar jóias e vestidos de seda e de não tomar parte em festas mundanas. Depois que suas filhas se tornaram cônegas lateranenses e os filhos entraram entre os mínimos, ela se uniu a Vicentina Lomellini Centurione, Maria Tacchini, Chiara Spinola e Cecília Pastori para fundar a Ordem das Irmãs da Anunciação Celeste no mosteiro preparado para elas no castelinho de Gênova por Estêvão Centurione, o marido de Vicentina. Ele também abraçou a vida religiosa e sacerdotal. A regra redigida pelo jesuíta Bernardino Zanoni, pai espiritual da Fornari, estimulava as religiosas a uma íntima devoção a Bem-aventurada Virgem da Anunciação e estabelecia uma intensa vida de piedade, uma pobreza genuína e uma clausura absoluta. Fundadora e priora, Maria Vitória transcorre os últimos cinco anos como simples religiosa, dando exemplos de humildade e de obediência. Morreu a 15 de dezembro de 1617 e foi beatificada por Leão XII em 1828.


Cléofas

O que é uma “Porta Santa”? Quando a Igreja iniciou a tradição de abrir as “Portas Santas”?

Com a intenção de lembrar isto aos fiéis, Martinho V abriu pela primeira vez a Porta Santa da Basílica do Latrão como marco inicial do Jubileu de 1423. Somente em 1499 o costume foi estendido à Porta Santa da Basílica de São Pedro, por desejo de Alexandre VI.
Na verdade, os Anos Santos já existiam bem antes de começar o costume de abrir as Portas Santas e em sua passagem, lucrarem-se indulgências. Em 1300, Bonifácio VIII convocou um jubileu pela primeira vez e muitos peregrinos foram à Roma também atraídos pela veneração da famosa relíquia do véu de Verônica. Foi instituída a regra de celebrar-se um jubileu apenas a cada 100 anos. Contudo, em 1350, Clemente VI, exilado em Avinhão, proclamou um até então extraordinário (não tinham se passado 100 anos do primeiro e único) a pedido dos romanos, para amenizar o incômodo pela ausência do Papa na Cidade e ser paralelo ao ano jubilar hebraico celebrado a cada 50 anos. Mesmo com o jubileu proclamado e aberto, o Papa não esteve presente na Cidade Eterna e a peregrinação foi estendida também à Basílica Lateranense, já que até então os peregrinos só visitavam o túmulo de São Pedro. O Cisma do Ocidente, em 1378, quando havia 3 papas contemporaneamente, a sequência foi perturbada. Somente em 1390, Bonifácio IX proclamou um fora do tempo esperado, em atenção ao atraso, e incluiu a Basílica de Santa Maria Maior entre os destinos da peregrinação.
Em 1400, o mesmo Papa declarou um novo jubileu, para respeitar o período de meio século entre cada Ano Santo, e ajuntou à peregrinação as Basílicas de São Lourenço Fora-dos-muros, Santa Maria em Trastevere e Santa Maria Rotonda. Como havia um antipapa em Avinhão, os Reinos espanhol, francês e alguns italianos cederam à heresia, apoiaram o papa ilegítimo e não tomaram parte na peregrinação. Acabado o exílio em Avinhão, Martinho V reduziu a periodicidade para 33 anos, em memória do tempo de vida de Cristo, e proclamou um Ano Santo em 1423. Em 1475, o Jubileu foi nomeado pelo primeira vez como “Ano Santo”, a periodicidade foi reduzida para 25 anos (já tinha havido pessoas que nunca participaram de algum Jubileu devido ao então reduzido tempo de vida) e a invenção da imprensa ajudou a divulgar as primeiras orações requeridas para o lucro das indulgências. Como já dissemos, em 1500 Alexandre VI quis abrir também a Porta Santa da Basílica Vaticana e determinou que esta deveria ser aberta primeiramente e marcar o início dos Jubileus, seguida pela abertura das Portas Santas das outras três Basílicas Maiores.
Duas verdades se aplicam na bela tradição de abrir a Porta Santa e ao passar por ela, lucrar-se indulgências:
1. Que ela representa a Cristo, ao passo que ninguém tem acesso ao Pai senão por Ele, designação feita por Ele mesmo;
2. Ao fato dos peregrinos passarem pela Porta e lucrarem indulgências concedidas para a ocasião, aplicam-se as palavras do Salmista: «Esta é a porta do Senhor; por ela entram apenas os justos» (Sal 118/117, 20). Sim, o lucro das indulgências perdoa as penas temporais às quais estão ligados os pecadores, ao passo que estes buscaram a confissão e a absolvição sacramentos e apagaram os seus pecados – são justos, isto é, têm o céu por prêmio.
A Porta Santa do Vaticano era um simples porta de serviço, ao lado esquerdo da fachada da Basílica. Para ampliá-la e transformá-la em Porta Santa, foi necessário demolir uma capela decorada com mosaicos e que fora dedicada à Mãe de Deus por João VII.
Algumas explicações: a prática de murar a parte interna de uma porta especial começou quando Constantino pediu que Silvestre I publicasse uma bula o perdão dos crimes àqueles que buscassem asilo na Basílica de São Pedro em época previamente estabelecida. Contudo, o privilégio foi grosseiramente abusado e os Papas passaram a ordenar que a tal porta fosse murada em seu lado interno em todas as estações, exceto quando fosse época de graça especial. Pode ser lenda, mas um peregrino florentino conta como viu no Jubileu de 1450 a devoção do povo ao querer levar como relíquias os fragmentos da parede derrubada da Porta Santa. De fato, nos preparativos para a abertura do Ano Santo, o muro era desprendido do resto do prédio, à tríplice batida do Pontífice com o martelo, deixavam-no cair, e vinham os Padres Penitenciários e varriam e lavavam a passagem. Posteriormente, o martelo se tornou objeto de arte e valioso; em 1525 foi feito um com ouro e punho de ébano. Também a espátula, com a qual o Papa dava início ao muramento da Porta, a partir de 1525 passou a ser ricamente decorada. O rito de Burcardo prevê que dois cardeais depositem dois pequenos tijolos de ouro e de prata.
Inicialmente, a Porta Santa de cada uma das Basílicas Maiores era de madeira. Porém, depois foram substituídas por portas de metal: Bento XIV inaugurou a primeira assim na Basílica de São Pedro em 1748. Em 24 dezembro 1949, Pio XII proclamou o Ano Santo e abençoou uma nova Porta, agora de bronze. Encerrados os Anos Jubilares, na parte interna da Porta é construído um muro que, embora dificilmente volte a ocorrer os abusos do tempo do Papa Silvestre I, é uma maneira de indicar que ora não é celebrado qualquer Ano Santo e impedir que a Porta seja violada em tempos não jubilares.
Este rito permaneceu inalterado até o jubileu de 1950, pois, no Natal de 1975, Paulo VI já não quis mais usar a espátula e os dois tijolos “cardinalícios” para começar a reconstrução da parede que lacraria a Porta Santa: simplesmente, o Pontífice fechou as portas de bronze e o Ano Santo foi declarado encerrado. Na verdade, a tradição de o Papa derrubar o muro foi manchada pelo incidente de generosos fragmentos terem atingido Paulo VI na abertura do Ano Santo no Natal de 1974.
João Paulo II continuou as modificações no Grande Jubileu do Ano 2000: não derrubou ele mesmo o muro – este já tinha sido removido -, mas abriu a Porta Santa. Mas, muito mais se explica quando nos lembramos que Dom Piero Marini era o Mestre das Celebrações Pontifícias de então. Ele abriu precedentes no ritual de Burcardo. Antes de tudo, o que foi feito para antecipar e, assim, simplificar a solene abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro e das outras Basílicas: o Arcipreste e alguns cônegos de cada Basílica, acompanhados de um cerimoniários papal, rezaram diante da Porta Santa, assistiram à sucessiva demolição da parede, se detiveram em oração diante do Altar Papal e depois foi apresentado ao Papa o conteúdo de cada caixa com as moedas comemorativas do último jubileu. Isto foi o “recognitio” (do latim, reconhecimento) de cada Porta e a comprovação de que ela não tinha sido violada e que o Ano Santo poderia ser aberto.
O papa polonês fez questão de pessoalmente abrir a Porta de cada Basílica. A primeira, por razões de precedência, foi a da Basílica de São Pedro na Noite de Natal de 1999. O Santo Padre foi paramentado com um estranho pluvial do qual a cor não era facilmente reconhecível e a qual não se compreendia para a ocasião. O rito começou no átrio da Basílica e estavam presentes também os Bispos e Cardeais concelebrantes, o decano do Tribunal da Rota Romana, membros do Capítulo de Cônegos e Frades Penitenciários, Chefes de Estado, membros do Corpo Diplomático acreditado junto à Santa Sé e do Coro da Capela Musical Pontifícia. Depois de iniciado o rito e proclamado o Evangelho do episódio que Cristo na sinagoga lê o livro do profeta Isaías, o Pontífice caminhou até a Porta e disse “Esta é a porta do Senhor”, ao que responderam todos “Nela os justos entrarão” (Salmo 117, 20).
V. Entrarei na Vossa casa, ó Senhor.
R. Adorar-Vos-ei em Vossa templo santo (Salmo 5, 8).
V. Abri-me as portas da justiça.
R. Entrarei e agradecerei ao Senhor.
João Paulo II empurrou a Porta, dois “sampietrini” terminaram de abri-la e ele se ajoelhou no limiar, enquanto a Basílica era iluminada. O coro então cantou “Cristo ontem, hoje e sempre, princípio e fim. Cristo alfa e ômega. A Ele, a glória nos séculos!”. Nisso, fiéis da Ásia e da Oceania decoraram o contorno da Porta com flores e no piso derramaram fragrâncias, ao som de música oriental (!). Novamente, o Papa se dirigiu à Porta e nela recebeu o Livro dos Evangelhos, apresentou-o a todos e depois o entregou ao diácono, ao que saudaram o som de chifres, como no jubileu bíblico. A procissão ingressou na Basílica ao canto inicial do Coro e no Altar da Confissão foi proclamado o Ano Santo, seguido do canto do Gloria. O Evangelho de Natal foi proclamado em grego e em latim, como (lembraram disto!) rubrica a liturgia papal. A missa continuou como de costume.
A Porta Santa de São João do Latrão foi aberta no dia de Natal; a de Santa Maria Maior, em 1º janeiro 2000 e a de São Paulo Fora-dos-muros, em 18 de janeiro, no início da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, com a presença do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla e do Primaz da Comunhão Anglicana, além de representantes do Conselho Mundial de Igrejas.
O Papa concluiu o Jubileu com a simples clausura da Porta Santa de São Pedro em 06 janeiro 2001, Solenidade da Epifania do Senhor. Posteriormente, foram depositadas no muramento seguinte medalhas comemorativas e um pergaminho atestando a abertura e a conclusão do Ano Santo.
Hoje, dia 08 de dezembro de 2016, será aberta a Porta Santa que dará início ao Ano Santo da Misericórdia.

Natividade de São João Batista: o maior dos profetas

A natividade de  São João Batista  é  uma solenidade muito importante no ano litúrgico, porque nesse dia lembramos o maior dos profetas, com...