13 de mar. de 2015

Como entender que a Igreja não erra?

vaticanoA palavra “Igreja” pode ser utilizada de duas maneiras: a primeira quando designa a sua totalidade, e a segunda quando se refere ao Magistério enquanto tal. Ambas realidades são infalíveis. No primeiro caso, como afirmar que ela não erra?
O Credo professado aos domingos na Santa Missa diz:
“Creio na Igreja UNA, SANTA, CATÓLICA E APOSTÓLICA”, ora, “esses quatro atributos, inseparavelmente ligados entre si, indicam traços essenciais da Igreja e da sua missão. A Igreja não os confere a si mesma; é Cristo que, pelo Espírito Santo, concede à sua Igreja que seja una, santa, católica e apostólica, e é ainda Ele que a chama a realizar cada uma destas qualidades”, assim ensina o Catecismo da Igreja Católica em seu número 811.
Infelizmente, nos dias atuais, é comum se ouvir que a Igreja é “santa e pecadora”. Tal pensamento não poderia ser mais errôneo e falacioso. A Igreja é verdadeiramente santa e imaculada, mas os seus membros é que são pecadores. O Catecismo, por meio do “Credo do Povo de Deus”, do Papa Paulo VI, ensina que:
A Igreja é santa, mesmo tendo pecadores em seu seio, pois não possui outra vida senão a da graça: é vivendo de sua vida que seus membros se santificam; é subtraindo-se à vida dela que caem nos pecados e nas desordens que impedem a irradiação da santidade dela. É por isso que ela sofre e faz penitência por essas faltas, das quais tem o poder de curar seus filhos, pelo sangue de Cristo e pelo dom do Espírito Santo. (CIC 827)
Assim, a Igreja, Corpo de Cristo, imaculado, é como um núcleo e do qual cada católico é um membro, podendo livremente aproximar-se ou afastar-se dele. Ao aproximar-se da Igreja, o católico é cada vez mais santificado pela Graça que dela emana. Da mesma forma, se livremente o católico decide afastar-se, por sua própria responsabilidade pessoal, afasta-se da da vida da Igreja, da comunhão com o Corpo de Cristo.
A Igreja, que é mãe, quer que seus filhos estejam em comunhão com ela, por isso, seus membros santos fazem penitência e pedem perdão a Deus pelos pecados daqueles membros que se afastam do núcleo. A Igreja, portanto, é santa. Esta realidade pode ser também observada em outros aspectos: ela é infalível em matéria de fé. O próprio Cristo cuidou para que assim fosse:
“Para manter a Igreja na pureza da fé transmitida pelos Apóstolos, Cristo quis conferir à sua Igreja uma participação na sua própria infalibilidade, Ele que é a Verdade. Pelo “sentido sobrenatural da fé”, o povo de Deus «se atém indefectivelmente à fé», sob a guia do Magistério vivo da Igreja.” (CIC 889)
Haverá fé sobre a terra quando o Filho do Homem retomar, pergunta Jesus. Sim, isso é certo. Mas, onde essa Igreja será reconhecida? Naqueles que continuarem a fé dos Apóstolos ao longo dos séculos, mesmo sob tribulações.
Não se trata de quantidade, mas sim de qualidade. Serão pessoas comprometidas com a fé, unidas à vida da graça, àquela santidade e santificação promovida pela união com o Corpo de Cristo. Serão os indefectíveis na fé.
Sabendo que a Igreja como um todo não erra, resta responder de que modo o Magistério também é indefectível. O Catecismo da Igreja Católica, ensina que “a missão do Magistério está ligada ao caráter definitivo da Aliança instaurada por Deus em Cristo com o seu povo” (CIC 890). Deus tem uma aliança com o seu povo e prometeu que estaria com o seu povo todos os dias. É função do Magistério a manutenção dessa aliança, embora membros possam sair dela.
O Catecismo prossegue dizendo que “deve protegê-Io dos desvios e dos afrouxamentos e garantir-lhe a possibilidade objetiva de professar sem erro a fé autêntica.” A dificuldade da Igreja consiste também na perda do élan, quando tudo se torna fácil, o que leva também à perda da radicalidade evangélica. O povo, olhando para o Magistério, enxerga um serviço. A Igreja é infalível e dentro dessa infalibidade existe o serviço do Magistério.
“O ofício pastoral do Magistério está, assim, ordenado ao cuidado para que o Povo de Deus permaneça na verdade que liberta. Para executar este serviço, Cristo dotou os pastores do carisma de infalibilidade em matéria de fé e de costumes. O exercício deste carisma pode assumir várias modalidades.” (CIC 890)cpa_resposta_cat_lica
A Igreja possui o Magistério: o Papa e os Bispos, os quais recebem o carisma das coisas seguras na fé. Esse carisma pode ser exercido de forma solene, nas chamadas declarações ex cathedra do Papa ou nos Concílios Ecumênicos, quando esse carisma é exercido para confirmar a fé dos católicos. Mas, também de modo comum e ordinário no ensinamento do dia-a-dia, pois quando o Papa e os Bispos em comunhão com ele expõem a fé católica, estão também reproduzindo a fé recebida dos Apóstolos.
Deste modo, quando existe uma dúvida acerca de um ensinamento, o Magistério propõe uma declaração ex cathedra, mas quando é somente para reforçar o que se tem certeza, utiliza-se o modo ordinário. O que varia, portanto, é modalidade do pronunciamento.
Quando o pronunciamento é feito de forma oficial não resta dúvida de que se trata de um Magistério infalível. Contudo, no dia a dia fica mais difícil perceber essa infalibilidade. O primeiro critério é observar se o pronunciamento ou o documento contém o que a Igreja prega semper, ubique ET ab amnibus, ou seja, se está de acordo com a Tradição. Qualquer documento da Igreja só tem valor se estiver em sintonia com a Igreja de sempre, com a fé de dois mil anos.
O Magistério é infalível quando está unido continuamente à fé dos apóstolos, contudo, podem ocorrer imprecisões ou palavras mal empregadas que precisem de adequação, revisão ou esclarecimento. Pior ainda, os membros do Magistério são tão capazes de pecar quanto os demais, podendo assim cair na heresia, na apostasia ou no cisma. A História da Igreja está recheada desses exemplos e essa é grande dificuldade na aceitação da infabilidade do Magistério.
Todos os homens, inclusive os membros do clero, conforme dito, são pecadores e é preciso um esforço conjunto para que cada um mantenha-se em comunhão com a fé de sempre, com os santos, com a Tradição. Os fiéis, em sua totalidade, estão obrigados a obedecer aos membros do Magistério, conforme diz o Código de Direito Canônico:
Cân. 212 § 1. Os fiéis, conscientes da própria responsabilidade, estão obrigados a aceitar com obediência o que os sagrados Pastores, como representantes de Cristo, declaram como mestres da fé ou determinam como reitores da Igreja.
§ 2. Os fiéis têm o direito de manifestar aos Pastores da Igreja as suas necessidades e os seus anseios.
§ 3. De acordo com a ciência, a competência e o prestígio de que gozam, tem o direito e, às vezes, até o dever de manifestar aos Pastores sagrados a própria opinião sobre o que afeta o bem da Igreja e, ressalvando a integridade da fé e dos costumes e a reverência para com os Pastores, e levando em conta a utilidade comum e a dignidade das pessoas, deem a conhecer essa sua opinião também aos outros fiéis.
Isso significa que é possível a colaboração dos fiéis leigos com o Magistério. Faz parte da constituição da Igreja esta ajuda. Uma vez alcançada a maioridade dentro da Igreja, cada um na sua função, todos são responsáveis em colaborar para que ela continue sendo a Esposa Santa de Cristo na Terra e, portanto, indefectível na fé.
Retirado do livro: A Resposta Católica, de Padre Paulo Ricardo

Vaticano: Papa convoca Jubileu dedicado à Misericórdia


(Lusa)Vaticano: Papa convoca Jubileu dedicado à Misericórdia

Cidade do Vaticano, 13 mar 2015 (Ecclesia) – O Papa Francisco anunciou hoje no Vaticano que decidiu proclamar um “jubileu extraordinário”, com início a 8 de dezembro deste ano, centrado na “misericórdia de Deus”.
“Será um Ano Santo da Misericórdia. Queremos vivê-lo à luz da palavra do Senhor: ‘Sede misericordiosos como o Pai’ e isto especialmente para os confessores”, disse, na homilia da celebração penitencial a que presidiu na Basílica de São Pedro, na abertura da iniciativa ’24 horas para o Senhor’.
Francisco explicou que a iniciativa nasceu da sua intenção de tornar “mais evidente” a missão da Igreja de ser “testemunha da misericórdia”.
O Papa defendeu que “ninguém pode ser excluído da misericórdia de Deus” e que a Igreja “é a casa que acolhe todos e não recusa ninguém”.
“As suas portas estão escancaradas para que todos os que são tocados pela graça possam encontrar a certeza do perdão. Quanto maior é o pecado, maior deve ser o amor que a Igreja manifesta aos que se convertem”, realçou.
À imagem do que fez em 2014, durante o ‘rito pela reconciliação dos mais penitentes’, com absolvição individual, o Papa começou por se confessar, antes de dirigir-se a outro confessionário para ouvir algumas pessoas.
O 29.º jubileu na história da Igreja Católica, um Ano Santo extraordinário, vai começar na solenidade da Imaculada Conceição e terminar a 20 de novembro de 2016, domingo de Jesus Cristo Rei do Universo, “rosto vivo da misericórdia do Pai”, explicou o Papa.
“É um caminho que começa com uma conversão espiritual e temos de seguir por este caminho”, prosseguiu.
A organização dos vários momentos do jubileu vai estar a cargo do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização e quer ser, segundo Francisco, uma “nova etapa do caminho da Igreja na sua missão de levar a cada pessoa o Evangelho da misericórdia”.
Este é o primeiro jubileu desde o que foi convocado pelo João Paulo II no ano 2000, para assinalar o início do terceiro milénio.
Francisco destacou na sua homilia a importância de viver a misericórdia de Deus, através do sacramento da Reconciliação, como “sinal da bondade do Senhor” e do “abraço” de Jesus.
“Ser tocados com ternura pela sua mão e plasmados pela sua graça permite que nos aproximemos do sacerdote sem medo por causa das nossas culpas, mas com a certeza de ser acolhidos por ele em nome de Deus”, assinalou.
O Papa sublinhou que o julgamento de Deus é o da “misericórdia”, numa atitude de amor que “vai para lá da justiça”, e desafiou os fiéis a não ficar pela “superfície das coisas”, sobretudo quando está em causa uma pessoa.
“Somos chamados a ver mais além, a concentrar-se no coração para ver de quanta generosidade é capaz cada um”, apelou.
No dia em que decorre o 2.º aniversário da sua eleição pontifícia, Francisco deixou votos de que o próximo jubileu ajude a Igreja a “redescobrir e tornar fecunda a misericórdia de Deus” junto dos homens e mulheres dos dias de hoje.

Fonte: http://www.agencia.ecclesia.pt/noticias/vaticano/papa-convoca-jubileu-dedicado-a-misericordia/

Papa Francisco completa hoje dois anos de pontificado

13/03/15


VATICANO, 13 Mar. 15 / 11:13 am (ACI/EWTN Noticias).- Hoje, 13 de março, fazem 2 anos desde que o Arcebispo de Buenos Aires (Argentina), o então Cardeal Jorge Mario Bergoglio, foi eleito como Sucessor de São Pedro, convertendo-se assim no primeiro Papa latino-americano e jesuíta.

Antes da eleição, os cardeais já haviam entrado em acordo e visto que independente de quem fosse eleito, deveria começar uma profunda reforma na Cúria Romana. Nestes dois anos, Francisco demonstrou ser o Papa para estes tempos e chamou a atenção de muitos, dentro e fora da Igreja, por sua  simplicidade, desprendimento, atrevimento e proximidade.

Após um mês de sua eleição, Francisco criou um Conselho para a reforma institucional da cúria. Nestes dois anos, o Santo Padre criou 39 cardeais.

Uma das tarefas nas quais mais se comprometeu o Pontífice para garantir a transparência financeira do Vaticano é a reforma econômica dos distintos órgãos da Cúria. Criou também o Conselho e a Secretaria de Economia. Estes novos organismos contribuirão a uma adequada rendição de contas.

No segundo ano, o Papa realizou várias visitas ao exterior e anunciou que planeja viajar à América do Sul, aos Estados Unidos por ocasião do Encontro Mundial das Famílias e à África. Talvez a viagem mais impressionante que tenha feito foi às Filipinas e ao Sri Lanka em janeiro deste ano. O Santo Padre celebrou uma Missa em Manila diante de mais de seis milhões de pessoas, um evento que ficará na história como a Eucaristia que reuniu o maior número de pessoas no mundo.

Também presidiu uma eucaristia em Tacloban, uma região destruída pelo tufão de 2013. Recebeu numerosas manifestações de carinho pelo povo filipino e visitou as vítimas do desastre natural.

Provavelmente o momento mais emocionante foi quando uma menina de 12 anos lhe perguntou: “Por que as crianças sofrem?” “Cristãos, devemos pedir a graça de chorar, sobre tudo os do bem-estar, e chorar sobre as injustiças e os pecados, porque o choro te abre a entender novas dimensões da realidade”, disse o Papa.

No Sri Lanka, canonizou o missionário José Vaz e ressaltou “a importância do diálogo, do respeito pela dignidade humana, do esforço de envolver todos para encontrar soluções adequadas em ordem à reconciliação e ao bem comum”.

Por outro lado, Francisco pediu as orações de todos os católicos pelo atentado contra os jornalistas da revista Charlie Hebdo em Paris, sem se importar com publicações anteriores desta revista que publicou imagens ofensivas contraBento XVI, contra ele mesmo e a Igreja.

Sobre este tema, o Santo Padre falou sobre uso adequado da liberdade de imprensa e as consequências das agressões verbais. “A liberdade de expressão deve levar em consideração a realidade humana, e por esta razão deve ser prudente… Não posso ofender constantemente, provocar uma pessoa continuamente, porque me arrisco a deixa-la chateada, e me arrisco a receber uma reação injusta, uma que não é justa”, assinalou na conferência de imprensa no voo de volta de Manila a Roma em janeiro.

O Papa Francisco não deixou de motivar a unidade dos cristãos e sempre expressou a sua preocupação e apoio pela perseguição dos fiéis por parte dos terroristas do Estado Islâmico no Iraque, Síria, a região do Oriente Médio, Sudão, entre outros.

Sobre o recente assassinato de 21 cristãos coptos na Líbia, o Papa disse: “recordando estes irmãos que morreram unicamente por confessarem Cristo, peço que nos encorajemos uns aos outros para prosseguir com este ecumenismo, que nos está a dar força, o ecumenismo do sangue. Os mártires são de todos os cristãos”.

O Santo Padre visitará em 21 de março um bairro italiano ligado à máfia conhecida como a Camorra e planeja celebrar a Missa de Quinta-Feira Santa no presídio romano de Rebibbia.

Francisco também aprovou o decreto de martírio de Dom Óscar Arnulfo Romero -cuja beatificação se realizará em 23 de março em El Salvador- o mesmo dia que aprovou o decreto de martírio de três missionários assassinados no Peru pelo grupo terrorista Sendero Luminoso.

Para comemorar os dois anos do pontificado do Papa Francisco, o Vaticano publicou um folheto eletrônico com diversas fotos do Santo Padre que pode ver-se em: http://w2.vatican.va/content/vatican/it/special/2015/2-anniversary.html#/page/1

Fonte ACI digital

O poder da Oração

992379_14208308A oração opera maravilhas.
1.Como todas as obras sobrenaturais, é ela meritória e satisfatória. O que propriamente lhe pertence é a impetração. O homem ora e pede: Deus o ouve e atende a prece, não tanto em vista dos merecimentos que a criatura possa ter, porém, principalmente em virtude da Sua misericórdia e da mesma prece. A impetração corresponde à força da oração como tal e não ao mérito daquele que ora. E esse caráter particular, é o que mais cabalmente demonstra a excelência da oração e sua valia aos olhos de Deus.
2.E até onde vai o poder da impetração? Entende-se a todas as necessidades do homem sem excetuar nenhuma, não tendo outros limites que não os da onipotência e misericórdia divina. Assim no-lo afirma o Salvador: “Crede que obtereis tudo o que pedirdes” (Mt 21, 22; 7,7). “Pedi e recebereis” (Jo 14,13.)
Se, pois, Deus nada excetua, não nos cabe a nós fazer restrições. Por conseguinte, devemos pedir tudo o que razoavelmente desejarmos e que seja conforme a vontade divina, mormente os bens espirituais. A nossa confiança de obtê-los deve estar na razão da excelência e necessidades desses dons. Relativamente às vantagens temporais, importa proceder com alguma reserve. Talvez algumas delas não nos poderiam ser concedidas, senão por punição divina. A Sagrada Escritura prova magnificamente a eficácia da oração. Israel no deserto, Moisés, Josué, os grandes feitos dos juízes e dos Macabeus, os milagres de Jesus e os dos Apóstolos, em suma, toda a história da oração e de seus efeitos. É uma contínua e maravilhosa cadeia em que a prece humana e a humana miséria se entrelaçam com a misericórdia divina, o socorro de Deus.
As leis naturais derrogam ante o poder da oração, porquanto momentaneamente podem permanecer suspensa: foi a oração que fez parar e retroceder o sol (cf. Jos 10,13).
Assim como a abóbada celeste se estende sobre nosso globo, tal a prece se desdobra, por sobre a humanidade e lhe protege a marcha através dos séculos.
3.Existe um mundo, o mais das vezes oculto aos nossos olhares e conhecido apenas do céu, no qual a ação da prece se revela gloriosamente; é o mundo das almas, o reino onde elas se formam e se purificam santificando-se. Tudo acaba por ceder ante a suave e penetrante eficácia da oração: paixões indômitas, violência das tentações, ocasiões perigosas; de tudo ela triunfa, transformando o homem, brandamente, por uma gradação insensível.
O ferro é duro de malhar. Submetei-o, porém, à ação do ferro e podereis dar-lhe a forma que quiserdes. Orai, perseverai na oração e dominareis vossas paixões, quaisquer que sejam.
“Ei-lo que ora” dizia o Senhor a Ananias, referindo-se a Paulo, convertido durante o percurso de Jerusalém a Damasco. Saulo só respirava ódio e ameaças contra o Senhor: o Senhor o subjuga e, mediante a oração, o transforma em seu Apóstolo.
Nada há que temer de um homem que ora, assim como nada há que recear a seu respeito.
Aquilo que os Antigos esperavam da filosofia, isto é, a nitidez e a paz do espírito, o equilíbrio dos sentimentos, a fortaleza na tribulação e no sofrimento, a oração dava aos primeiros cristãos. Era ela que lhes fazia às vezes de escola e metafísica; era ela a poderosa alavanca que lhes  permitia soerguer a terra do mundo pagão.
Ainda hoje, é nela que reside a força , a ciência e a politica da Igreja, que por meio dela triunfa sempre, seja subjugando o adversário, seja convertendo-o.
4.Onde, porem, se acha o segredo da eficácia da oração?Vida_espiritual_menor
Na união da criatura com o Criador. Grande é o poder do homem no domínio da natureza, ainda quando se acha reduzido às próprias forças. Qual não será, se ele opera com Deus e nele se apoia, se tem a seu favor a Providência, a Sabedoria e o Poder da mesma Divindade?
É, pois, de admirar que haja milagres?
Mediante a oração o homem torna-se, nas mãos de Deus, um instrumento inteligente, e assim a ele redunda parte do resultado.
Na aliança formada pela oração, entre Deus e o homem, este só concorre com a própria fraqueza, a qual confessa, implorando o auxílio divino. Deus contribui com a sua bondade, seu poder e fidelidade.
Não se trata, no presente caso, de qualquer mérito nosso, mas da misericórdia divina, causa eficiente do poder da oração.
A fraqueza é sempre poderosa ante a verdadeira magnanimidade. Se um animalejo recorre à nossa proteção, não lhe rejeitamos a súplica. A criança é onipotente no seio da família; pede e tudo obtém. Comparativamente ao animal, o home é menos favorecido, em mais de um ponto de vista. O animal nasce provido do necessário para subsistir: possui armas e vestimentas; o homem permanece sem defesa, por largo espaço de tempo. Eis a razão pela qual Deus o dotou de mãos cuja habilidade e indústria lhe permitem acudir às suas necessidades. Em relação à vida espiritual, a oração nos presta auxilio similar. Por meio dela o homem pode prove-se de alimento, vestuário, adornos e proteção; pode empreender coisas árduas e tudo leva a cabo. É ela, pois, a dinâmica do cristão. Quem era fosse a nossa vida sempre conforme as suas leis!
Por meio da oração, o homem toma parte nos conselhos da S. S. Trindade onde se debatem os interesses do mundo. Não há um só deles em que a prece não tenha o direito de intervir e assim um simples e humilde cristão regula, de concerto com a Divindade, os destinos do universo. E sempre assim foi.
A sorte do cristianismo não se decidiu unicamente no combate da ponte Milvia, nem tão pouco, apenas no anfiteatro, onde os mártires davam a Deus o testemunho do sangue; mas também no silêncio das igrejas subterrâneas onde oravam os fiéis; sob as palmeiras dos eremitas êmulos de S. Paulo, e nas grutas dos Antônios. Imensa é a eficácia da oração e não está na nossa alçada aquilatar o poder que ela nos confere, porquanto atinge o próprio Deus, que ela, num peculiar sentido, desarma e violenta, evidentemente porque Ele assim o determinou. O Senhor se apraz nessa violência que, longe de apoucá-Lo, o glorifica.
Essa verdade nos deve animar e dar confiança na valia da oração, ou melhor, na sua onipotência.
Trecho retirado do livro: A Vida Espiritual Reduzida a Três Princípios

As provações

As dificuldades e os sofrimentos da vida são, em geral, os motivos que levam as pessoas a procurarem uma direção espiritual. Ao sacerdote cabe iluminar com a luz do Evangelho essas situações tão delicadas, procurando dar um sentido para elas.
O famoso terapeuta Viktor Frankl, fundador da Logoterapia, afirmava que o sentido das coisas era fundamental para que se alcance o equilíbrio psíquico e, para isso, citava o filósofo ateu Friedrich Nietzsche que dizia que “o ser humano é capaz de suportar qualquer como, desde que tenha um porquê".
Sendo assim, é preciso antes de mais nada, entender o significa a provação. Em grego, πειρασμός ( peirasmos), é traduzida de duas maneiras: tentação e provação. Ambas possuem o mesmo conteúdo semântico, mas, ao longo do tempo, houve uma diferenciação técnica entre elas. A tentação é usada quando o sujeito é o Diabo, e provação quando o sujeito é Deus. Houve uma mudança de finalidade, como se vê.
O Diabo só tem um objetivo, pelo qual não descansa: fazer com o homem perca a sua alma. Logo, quando o sofrimento tem origem demoníaca, a finalidade é sempre essa: levar o homem para o fogo do inferno, para a morte eterna. Nesse viés, nem sempre é interessante para o Diabo tentar o homem pelo sofrimento, mais fácil é mantê-lo no conforto, usufruindo das benesses da vida material, pois assim estará dando sozinho passos largos rumo ao abismo.
Deus, ao contrário, não tenta o homem, conforme atesta a Sagrada Escritura: “Ninguém, ao ser tentado, deve dizer: 'É Deus que me tenta', pois Deus não pode ser tentado pelo mal e tampouco tenta a alguém." (Tg 1,13) Isso não significa, porém, que Deus não permita que a provação aconteça. Ele tem uma outra finalidade. Ele prova os seus eleitos porque quer ver o amor e a santidade florescerem em seus amigos.
Ensina São Paulo, no famoso Hino da Caridade (ICor 13, 1-13) que se não tiver amor, nada há. O que santifica o homem é o AMOR. Portanto, não é uma questão de rezar ou não rezar, sofrer ou não sofrer, mas sim, de amar ou não amar. E querendo promover o amor, Deus permite as provações.
O exemplo de São Padre Pio é contundente. Ele tinha tentações, promovidas pelo Diabo, a fim de que ele vacilasse em sua fé e se perdesse. As provações, por sua vez, Deus as permitia para fortalecer o santo no amor.
Mas, por que Deus promove o crescimento do amor por meio do sofrimento? Por uma razão muito simples: a Cruz não é a exceção, é a regra. Não é possível seguir Jesus sem ela. “Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz, cada dia, e siga-me." (Lc 9, 23) Portanto, a cruz é a condição para seguir a Cristo.
Sendo assim, por que Deus quis desse modo? Porque no mundo onde reina o egoísmo e o pecado, somente pela purificação (cruz) é possível fazer florescer o amor. “ Sine sanguinis effusione non fit remissio", ou seja, sem derramamento de sangue não há redenção (Hb 9,22), pois é assim que o amor manifesta a sua verdadeira natureza. Ele é um pacto de sangue, em que se afirma “eu derramo meu sangue, mas não desisto de você".
Deus quer que o homem cresça em amor até a estatura de Cristo. Muitos cumprem com sua obrigação, realizam tudo com zelo, são bons cristãos, etc., mas são acometidos repentinamente pela vaidade e pela soberba. Acham-se melhores que os demais, pois estão “fazendo tudo certo". Nesse momento é que Deus entra para “contrariar", para começar a purificação. E como é Deus que age recebe o nome de purificação passiva.
Importante recordar que no crescimento espiritual existem três fases: 1. purgativa (iniciantes); 2. iluminativa (progredidos); 3. unitiva (perfeitos). Na passagem da primeira para a segunda fase, entra a fase da cruz. É ela que promove a purificação, pois a pessoa já fez tudo que podia sozinha e não é mais capaz de avançar espiritualmente, por isso Deus dá a oportunidade da pessoa progredir e se purificar.
Esse processo é diferente entre as pessoas de vida ativa e contemplativa. Os contemplativos são purificados por meio de aridez espiritual, ou como São João da Cruz chama de “noite escura dos sentidos". Já nos ativos essa “noite" se manifesta em provações reais: doenças, perseguições, insucesso pastoral, em que Deus permite que ocorram.
A purificação é importante, pois prepara a pessoa para Deus. E ela acontecerá ou nesta vida ou no purgatório, isso é certo. Santo Tomás ensina que a maior das penas nesta terra equivale à menor das penas no purgatório, ou seja, é melhor sofrer aqui do que no purgatório.
O sofrimento deve ser encarado como uma graça, um dom de Deus. O Padre Reginald Garrigou-Lagrange, famoso autor espiritual, ao falar sobre a santificação dos sacerdotes em sua obra “As três vias e as três conversões", cita o exemplo de um padre francês, muito bem relacionado, que foi caluniado e suspenso injustamente. Diante disso, prostrou-se ante o Cristo crucificado e O louvou, agradecendo pela oportunidade de amá-Lo.
Assim, diante da provação ou da tentação, necessário é refletir sobre o motivo pelo qual Deus está permitindo uma ou outra. E se Ele permite é porque deseja o crescimento espiritual de seus filhos, portanto, só resta ajoelhar-se diante Dele e repetir, como o padre francês: “Meu Deus, que oportunidade maravilhosa de vos amar!"

Fonte: https://padrepauloricardo.org

12 de mar. de 2015

Papa: Confissão não deve ser uma tortura

12/03/2015

Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco recebeu nesta quinta-feira (12/03), na Sala Clementina, no Vaticano, os participantes do 26º Curso sobre o Foro interno da Penitenciaria Apostólica.
Depois de saudar o Penitencieiro Mor, Cardeal Mauro Piacenza, o regente da Penitenciaria Apostólica, Dom Krzysztof Nykiel, e demais membros do organismo vaticano, o pontífice disse que o curso tem a finalidade pastoral de ajudar os novos sacerdotes e candidatos ao Sacramento da Ordem a administrarem corretamente o Sacramento da Reconciliação.
"Os sacramentos, como sabemos, são o lugar da proximidade e ternura de Deus pelos homens. Eles são a maneira concreta que Deus pensou para vir ao nosso encontro, para nos abraçar, sem se envergonhar de nós e do nosso limite", frisou Francisco.
"Dentre os sacramentos, o da Reconciliação torna presente o rosto misericordioso de Deus: o concretiza e o manifesta continuamente. Não podemos nos esquecer seja como penitentes seja como confessores que não existe nenhum pecado que Deus não possa perdoar", disse ainda o Santo Padre.
"À luz desse dom maravilhoso de Deus", o pontífice sublinhou três exigências: viver o Sacramento da Penitência como meio para educar para a misericórdia, deixar-se educar por aquilo que celebramos e manter o olhar sobrenatural. 
Viver o Sacramento da Penitência como meio para educar para a misericórdia
"Viver o sacramento como meio para educar para a misericórdia, significa ajudar os nossos irmãos a fazerem experiência de paz e compreensão humana e cristã. A confissão não deve ser uma tortura. Todos devem sair da confissão com a alegria no coração, com o rosto radiante de esperança, mesmo se às vezes, como sabemos, molhado pelas lágrimas da conversão e alegria", disse ainda Francisco.
O Santo Padre frisou que "o sacramento, com todos os atos do penitente, não deve se tornar um interrogatório pesado, incômodo e invasor. Pelo contrário, deve ser um encontro libertador e rico de humanidade, através do qual educar para a misericórdia que não exclui, mas inclui o justo compromisso de corrigir o mal cometido. Assim, o fiel se sentirá convidado a se confessar frequentemente e aprenderá a fazê-lo da melhor maneira possível, com aquela delicadeza da alma que faz tanto bem ao coração, até mesmo ao coração do confessor. Nesse sentido, nós sacerdotes cresçamos na relação pessoal com Deus a fim de que se dilate nos corações o seu Reino de amor e paz".
Deixar-se educar por aquilo que celebramos
Aos confessores Francisco disse: "Deixem-se educar pelo Sacramento da Reconciliação! Quantas vezes nos acontece de ouvir confissões que nos edificam! Irmãos e irmãs que vivem uma autêntica comunhão pessoal e eclesial com o Senhor e um amor sincero pelos irmãos. Almas simples, almas de pobres em espírito, que se abandonam totalmente ao Senhor, que confiam na Igreja e também no confessor. Nos acontece de presenciar verdadeiros milagres de conversão. Pessoas que há meses ou anos estão sob o domínio do pecado e que, como o Filho Pródigo, caem em si e decidem se levantar e retornar à casa do Pai para implorar o seu perdão. Como é bom acolher estes irmãos e irmãs arrependidos com o abraço bendizente do Pai misericordioso que tanto nos ama e se alegra por todo filho que volta para Ele de coração! Podemos aprender da conversão e do arrependimento de nossos irmãos. Eles nos convidam a fazer um exame de consciência: eu, sacerdote, amo o Senhor que me fez ministro de sua misericórdia? Eu, confessor, estou disponível à mudança, à conversão, como este penitente para o qual fui colocado a serviço?"
Manter o olhar sobrenatural
"Quando se ouve as confissões sacramentais dos fiéis é preciso manter sempre um olhar interior dirigido ao céu, ao sobrenatural. Devemos primeiramente reavivar em nós a consciência de que ninguém é colocado em tal ministério por si mesmo, nem por suas competências teológicas ou jurídicas, nem por sua feição humana ou psicológica. Fomos constituídos ministros da reconciliação somente pela graça de Deus, gratuitamente e por amor, por misericórdia. Somos ministros da misericórdia graças à misericórdia de Deus. Nunca devemos perder este olhar sobrenatural que nos torna realmente humildes, acolhedores e misericordiosos para com todo irmão e irmã que pede para se confessar. Até mesmo a maneira de ouvir os pecadores deve ser sobrenatural, respeitosa pela dignidade e história pessoal de cada um, a fim de que se possa compreender o que Deus quer dele ou dela. Por isso, a Igreja é chamada a educar os seus membros, sacerdotes, religiosos e leigos, para a arte do acompanhamento, a fim de que todos aprendam sempre a tirar as sandálias diante da terra sagrada do outro. Todo penitente que procura a confissão é 'terra sagrada' que deve ser cultivada com dedicação, zelo e atenção pastoral", disse ainda Francisco em seu discurso.
O Papa convidou os presentes "a usufruírem do tempo quaresmal para a conversão pessoal e dedicação generosa à escuta das confissões a fim de que o Povo de Deus possa chegar purificado à Festa Pascal, que representa a vitória definitiva da Misericórdia Divina sobre todo o mal do mundo". (MJ)
Fonte: http://br.radiovaticana.va/

Francisco: os santos levam avante a Igreja, não os hipócritas

12/03/2015

Cidade do Vaticano (RV) – Um cristão não tem alternativa: se não se deixar tocar pela misericórdia de Deus, como fazem os Santos, acaba por ser um hipócrita: foi o que disse o Papa na manhã desta quinta-feira (12/03), na Missa celebrada na Casa Santa Marta.
Em sua homilia, Francisco ressaltou que no início foram os Profetas e depois, os Santos. Com eles, Deus construiu no tempo a história da sua relação com os homens. E mesmo assim, não obstante a excelência desses escolhidos – apesar de seus ensinamentos e suas ações – a história da salvação sofreu vicissitudes, foi adornada com tantas hipocrisias e infidelidade.
Deus chora um coração endurecido
Na reflexão, o Papa abrange um amplo horizonte, de Abel aos nossos dias. Na voz de Jeremias, proposta pela Leitura do dia, há a voz do próprio Deus, que constata com amargura que o povo eleito, mesmo tendo recebido muitos benefícios, não O ouviu. Deus “deu tudo”, observou Francisco, mas recebeu em troca somente “coisas ruins”. “A fidelidade desapareceu – repetiu o Papa -, vocês não são um povo fiel:
“Esta é a história de Deus. Parece que Deus chora, aqui. Amei-o tanto, dei-lhe tanto e você… Tudo contra mim. Também Jesus, olhando Jerusalém, chorou. Porque no coração de Jesus havia toda esta história onde a fidelidade tinha desaparecido. Nós fazemos a nossa vontade, mas fazendo este caminho de vida, seguimos um caminho de endurecimento: o coração se endurece, se petrifica. E a Palavra do Senhor não entra. E o povo se afasta. Também a nossa história pessoal pode se tornar assim. E hoje, neste dia quaresmal, podemos nos perguntar: ‘Eu ouço a voz do Senhor, ou faço o que quero e o que eu gosto?’”.
De heréticos a Santos
Também o episódio do Evangelho mostra um exemplo de “coração endurecido”, surdo à voz de Deus. Jesus cura um possuído endemoniado e, em troca – disse o Papa – recebe uma acusação: ”Tu expulsas os demônios em nome do demônio. Tu és um bruxo demoníaco”. É a típica acusação dos “legalistas”, observou Francisco, “que acreditam que a vida seja regulada pelas leis que eles fazem”:
"Isso também aconteceu na História da Igreja! Pensem na pobre Joana D'Arc: hoje é santa! Pobrezinha! Estes doutores a queimaram viva, porque diziam que era herética, acusada de heresia, mas eram os doutores, aqueles que conheciam a doutrina certa, os fariseus: distanciados do amor de Deus. Próximo a nós, pensem no Beato Rosmini. Os seus livros não podiam ser lidos, era pecado lê-los. Hoje ele é beato. Na Historia de Deus com o seu povo, o Senhor mandava os Profetas para dizer que amava o seu povo. Na Igreja, o Senhor manda os santos. São os santos que levam adiante a vida da Igreja. Não são os potentes, não são os hipócritas, mas os santos." 
Não existe um meio-termo
Os santos, disse Francisco, são aqueles que não têm medo de se deixar acariciar pela misericórdia de Deus. Por isso, os santos são homens e mulheres que entendem muitas misericórdias, muitas misérias humanas e acompanham o povo de perto. Não desprezam o povo: 
"Jesus disse: Quem não está comigo, está contra mim. Não existe um meio-termo, um pouco de lá e um pouco de cá? Não. Ou você está no caminho do amor ou no caminho da hipocrisia. Ou você se deixa amar pela misericórdia de Deus ou faz aquilo que você quer, segundo o seu coração que se endurece cada vez mais nesta estrada. Quem não está comigo, está contra mim: não existe um meio-termo. Ou você é santo ou caminha em outra estrada. Quem não recolhe comigo, dispersa, arruína. É um corrupto que corrompe". (BF/MJ)
Fonte: http://br.radiovaticana.va/

Antigo Testamento: lendas ou história real?

11480Com base no artigo de Alan Millard: “La arqueologia y la fiabilidad de la Bíblia”, na revista ECCLESIA 2004-2, pp. 147-156, dom Estevão Bettencourt nos apresenta sérias provas de existência dos personagens bíblicos do Antigo Testamento.
É discutida a historicidade de personagens e episódios do Antigo Testamento, visto que as escavações arqueológicas nem sempre confirmam os  .
Moisés: Embora tenha desempenhado papel importante no Egito do século XIII a. C., Moisés é totalmente desconhecido fora do mundo bíblico; donde a pergunta: por que nada se encontra a respeito dele nas inscrições e nos documentos do Egito? Terá realmente existido? – Para entender este silêncio, levem-se em conta dois fatores:
a) os faraós mandavam gravar as suas façanhas heroicas nas pedras de seus tempos: os administradores confeccionavam listas de receitas e despesas…, mas nos templos do Egito nunca se registravam desastres ou a tragédia das tropas impedidas de atravessar o Mar Vermelho…
b) para escrever, os egípcios usavam papiro, matéria que se deteriorava na umidade do país; eram bem conservados os rolos de papiros enterrados ou guardados em túmulos. Por conseguinte não causa surpresa o silêncio relativo a Moisés no documentário do Egito.
Davi: O rei Davi (1010-970) foi muito importante em sua época não somente por sua atuação em Israel, mas também por sua projeção fora do país. Não obstante, as fontes literárias dos povos vizinhos não o mencionam; daí a questão: terá existido mesmo?
Em resposta note-se que naquela época (por volta do ano 1.000 a. C.) os egípcios não se interessavam por assuntos de fora das suas fronteiras. Quanto à Assíria, estava ocupada em debelar as tribos aramaicas que se agitavam e tinham invadido a Babilônia, além de terem fundado o reino de Damasco. No tocante a Tiro, sabe-se que os seus reis foram amigos de Israel, mas também nos documentos de Tiro não há referência a Davi. Nem este fato causa estranheza, pois Tiro é cidade, ainda hoje existente, de cujo passado quase nada se sabe; não apresenta inscrição alguma de seus próprios reis. Por isto não causa espécie o silêncio sobre o rei Davi.
Recentemente foi descoberto em Tel Dan (fronteira setentrional de Israel) um fragmento de tábua de pedra portadora de inscrições em caracteres fenícios: registra a vitória de um rei cujo nome se perdeu pela fragmentação da pedra; poderia ser Razael de Damasco: venceu “um rei da Casa de Davi”. Estes dizeres dão testemunho de que, por volta de 849 a. C., havia uma dinastia fundada por um rei chamado Davi. Tem-se assim uma referência extra-bíblica ao rei Davi e à sua descendência.
É importante considerar ainda a armadura com que Davi se muniu para enfrentar o gigante Golias (1 Sm 17, 5-7). “Cobria a cabeça com um capacete de bronze; vestia uma couraça de escamas que pesava cinco mil siclos de bronze e trazia as pernas protegidas por peneiras de bronze e um escudo de bronze entre os ombros. A haste de sua lança era como uma travessa de tear e a ponta de sua lança pesava seiscentos siclos de ferro”.
No trecho acima aparece quatro vezes a palavra “bronze” e uma vez o vocábulo “ferro”. Este pormenor oferece valiosa pista para se definir a data do relato. Com efeito, se este tivesse sido redigido em época tardia, ou seja no século VII a. C., ou depois, a proporção dos metais seria estranha, pois então a armadura de um guerreiro seria de ferro; o bronze seria antiquado, ao passo que no século XI a. C, (época de Davi), o bronze era habitual e o ferro ainda era uma novidade reservada a casos especiais, como seria o da ponta de lança. Um escritor que redigisse um relato fictício sobre Davi 400 anos após a morte deste, não teria conhecimento de tais minúcias. Pergunta-se então: se o episódio da luta de Davi contra Golias é digno de crédito, por que não o seria a narrativa de outras façanhas do rei Davi?
Do livro do Gênesis até os livros dos Reis não há referência a moedas: está só ocorre nos livros posteriores ao exílio (587-538 a. C.); usava-se a palavra “siclo”, que significava anéis ou barras de ouro e prata, com os quais se fazia o comércio. Assim Abraão comprou o campo de Efron por 400 siclos de prata, a fim de lá enterrar sua esposa Sara; cf. Gn 23, 16; o ciclo era posto na balança ou pesado. Verdade é que em 1 Cr 29, 7 se diz que Davi pagou com moedas; isto se explica pelo fato de terem sido os livros das Crônicas escritos após o exílio. As primeiras moedas foram cunhadas e postas em circulação pelos persas no ano de 600 a. C., aproximadamente. Será lícito então concluir que o uso da palavra “siclo” é sinal de que os mencionados livros foram escritos em época remota, como relatos históricos e não como produtos de ficção literária.
O conjunto dos indícios catalogados fundamenta satisfatoriamente a tese de que a historiografia do Antigo Testamento é digna de crédito.
(Fonte: Revista: “Pergunte e Responderemos”, Nº 510 – Ano 2004 – Pág. 545; Em PR 485/2002, pp. 445ss.)

Nunca desanimar na luta contra o pecado: sempre é tempo de conversão!

Quaresma_OraçãoO pecado é o grande mal desta vida; custou a vida de Deus morto na cruz para podermos ficar livres dele. Ele é a raiz mais profunda de todos os males. São Paulo diz que “o salário do pecado é a morte” (Rom 6,23); quer dizer, toda lágrima, toda dor e a morte, têm a sua causa primeira no pecado, desde o pecado original até os nossos pecados pessoais. O pecado é “amor de si mesmo até ao desprezo de Deus”, disse S. Agostinho (A cidade de Deus, 14,28).
Jesus veio nos trazer a libertação contra a “escravidão do pecado”. “Sabemos que o nosso velho homem foi crucificado com Ele, para que seja reduzido à impotência o corpo outrora subjugado pelo pecado” (Rom 6,6).
Deus disse Caim: “É verdade, se fizeres o bem, andarás de cabeça erguida; mas se fizeres o mal, o pecado estará à porta, espreitando-te. Tu, porém, poderás dominá-lo” (Gen 4,7). É possível dominar o pecado com a graça de Deus. Não temos desculpas diante da derrota para o pecado. São Paulo disse que:
“Não vos sobreveio tentação alguma que ultrapassasse as forças humanas. Deus é fiel: não permitirá que sejais tentados além das vossas forças, mas com a tentação ele vos dará os meios de suportá-la e sairdes dela” (1 Cor 10,13).
Se Deus não nos abandona na tentação, então, se caímos no pecado é porque não fizemos o que Jesus mandou: “Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito é forte, mas a carne é fraca” (Mt 26,41). Sem vigiar e orar não venceremos o pecado. Deus avisa: “Quem ama o perigo nele perecerá” (Eclo 3,27).cpa_sede_santos
Deus disse a seu povo: “O mandamento que hoje te dou não está acima de tuas forças, nem fora de teu alcance… Mas esta palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração: e tu a podes cumprir” (Deut 30,11-13). Podemos cumprir os mandamentos de Deus e não pecar.
A Bíblia traz várias listas de pecados. “As obras da carne são manifestas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, feitiçaria, ódio, rixas, ciúmes, ira, discussões, discórdia, divisões, invejas, bebedeiras, orgias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos previno, como já vos preveni: os que tais coisas praticam não herdarão o Reino de Deus” (Gl 5,19-21). Outras listas podem ser vistas em Rm 1,28-32; 1Cor 6,9-10; Ef 5,3-5; Cl 3,5-9; 1Tm 1,9-10; 2Tm 3,2-5.
Temos de lutar com todas as forças contra o pecado porque ele nos separa de Deus e mata a nossa alma. São Tomás de Aquino diz que “há duas mortes; a primeira quando o corpo se separa da alma; a segunda quando a alma se separa de Deus”. Para a primeira haverá a ressurreição; mas para a segunda não há solução, a alma se separa definitivamente de Deus, é o inferno, a frustração absoluta e definitiva.
O Catecismo diz que: “O pecado mortal é uma possibilidade radical da liberdade humana, como o próprio amor. Acarreta a perda da caridade e a privação da graça santificante, isto é, do estado de graça. Se este estado não for recuperado mediante o arrependimento e o perdão de Deus, causa a exclusão do Reino de Cristo e a morte eterna no inferno, já que nossa liberdade tem o poder de fazer opções para sempre, sem regresso”. (n.1861)
Fomos criados para participar da vida bem-aventurada, feliz, de Deus; viver sem ele, para sempre, é a morte da alma. Santo Agostinho disse que “é desígnio de Deus que toda alma desregrada seja para si mesma o seu castigo”. “Eu pecava, porque em vez de procurar em Deus os prazeres, as grandezas e as verdades, procurava-os nas suas criaturas: em mim e nos outros. Por isso precipitava-me na dor, na confusão e no erro”. O salmista diz que “O que ama a iniquidade odeia a sua alma” (Sl 10,6). O pecado é a nossa tristeza, a santidade é a nossa alegria, diz o Santo.
É tão grave o pecado que a Carta aos hebreus manda “resistir até o sangue na luta contra o pecado” (Heb 12,4). Muitos preferiram o martírio do que o pecado.
Na Quaresma, sobretudo, Deus nos dá uma grande oportunidade de conversão, de deixar o pecado, de romper com o mal. O profeta Joel nos pede: “Rasgai vossos corações e não vossas vestes; voltai ao Senhor vosso Deus, porque ele é bom e compassivo, longânime e indulgente, pronto a arrepender-se do castigo que inflige” (Joel 2,13).
Você vê que no carnaval, muitas pessoas se escondem atrás de máscaras, de fantasias, para fazer o que querem, o que acham que as fazem se sentir melhores (de uma certa forma). Da mesma maneira, também em nossa relação com Deus fazemos isso, mascaramos nossos pecados para nos sentirmos melhores (de certa forma). Fugimos de Deus e de nós mesmos. cpa_como_fazer_a_vontade_de_deusSe não formos sinceros com Deus, não podemos crescer em nossa vida interior, não podemos ter uma verdadeira conversão, e esfriamos na fé. É preciso coragem para enfrentar a nós mesmos e nossos pecados e nos voltarmos de coração a Deus.
A Igreja nos dá os remédios contra o pecado: a vigilância sobre os sentidos, o jejum, a esmola, a oração, a meditação da Palavra de Deus e de bons livros, a Confissão e a Eucaristia. Quem usa esses remédios, mesmo que caia, acaba vencendo sobre os pecados. É uma luta dura, mas necessária, sem a qual não podemos agradar a Deus e ser felizes.
“O jejum purifica a alma, eleva os sentidos, sujeita a carne ao espírito, faz-nos contrito e humilhado o coração, dissipa o nevoeiro da concupiscência, extingue os odores da sensualidade, acende a verdadeira luz da castidade”, diz S. Agostinho.
O profeta nos diz: “Volta, Israel, ao Senhor teu Deus, porque foi teu pecado que te fez cair”. (Oséias 14, 1). “Eis o que diz o Senhor à casa de Israel: Buscai-me e vivereis!” (Amós 5, 4). “Buscai o bem e não o mal, e vivereis; e o Senhor Deus dos exércitos estará convosco, como o dizeis” (Amós 5, 14).
Nunca podemos desanimar na luta contra o pecado, pois o Catecismo nos diz que: “Não há pecado algum, por mais grave que seja, que a Santa Igreja não possa perdoar. “Não existe ninguém, por mau e culpado que seja, que não deva esperar com segurança a seu perdão, desde que seu arrependimento seja sincero.” Cristo que morreu por todos os homens, quer que, em sua Igreja, as portas do perdão estejam sempre abertas a todo aquele que recua do pecado” (n.982).
Prof. Felipe Aquino

11 de mar. de 2015

Papa aos idosos: "melhor idade" não é hora de parar de remar

11/03/2015

Cidade do Vaticano (RV) – “Como queria uma Igreja que desafia a cultura do descarte com a alegria transbordante de um novo abraço entre os jovens e os idosos”. Assim, o Papa terminou sua reflexão da Audiência Geral desta quarta-feira (11/03), diante de milhares de pessoas na Praça São Pedro.
Francisco retomou suas considerações sobre o valor e a importância do papel dos avós nas famílias. Afirmou que a “sociedade não está pronta, espiritualmente e moralmente, a dar pleno valor aos idosos”. Reiterou, contudo, que o Senhor é garantia de que os anciãos “são uma graça e uma missão” e que não é tempo de “parar de remar”.
“Este período da vida é diferente dos demais, não há dúvidas. Uma vez, de fato, não era tão normal ter tempo à disposição; hoje é muito mais. E até mesmo a espiritualidade cristã foi pega meio que de surpresa, e se trata então de delinear uma espiritualidade das pessoas idosas”, disse o Papa.
Cristo dá novo fôlego
Como exemplo evangélico de incentivo a não esmorecer, Francisco citou São Lucas quando descreve a infância de Jesus e a reação dos anciãos Simeão e Ana, “que se moveram animados pelo Espírito Santo” quando José e Maria levaram Jesus até o templo. “Eles reconheceram a Criança, e descobriram uma nova força, para uma nova tarefa: louvar e testemunhar por este Sinal de Deus”, recordou Francisco.
Importância da oração
“A oração dos avós e dos idosos é um grande dom para a Igreja”. O Papa garantiu que isto é uma grande injeção de sabedoria para a humanidade e citou o exemplo do Papa emérito. “Olhemos a Bento XVI, que escolheu viver na oração e na escuta de Deus a última parte de sua vida!”.
Francisco, incluindo-se entre os anciãos, recordou que eles têm a possibilidade de “interceder diante das expectativas das novas gerações, lembrar os jovens ambiciosos que a vida sem amor é árida, aos jovens medrosos que a angústia do futuro pode ser vencida, aos jovens tão apaixonados por si mesmos que há mais alegria em dar do que em receber”.
Base sólida
“Os avós formam o 'coral' permanente de um grande santuário espiritual, no qual a oração de súplica e o canto de louvor alicerçam a comunidade que trabalha e luta no campo da vida”, refletiu o Papa ao afirmar que a oração “purifica incessantemente o coração e previne o seu endurecimento por ressentimentos e egoísmos”. Ao afirmar que a vocação dos idosos é transmitir aos jovens o sentido da fé e da vida, o Papa lamentou aqueles que se resignaram com o passar dos anos.
“Como é feio o cinismo de um idoso que perdeu o sentido do testemunho, que despreza os jovens e não comunica a sabedoria da vida”. E finalizou: “Trago ainda comigo, no meu breviário, as palavras que minha avó me deu no dia da minha ordenação sacerdotal”. (RB)
Fonte: http://br.radiovaticana.va/

Natividade de São João Batista: o maior dos profetas

A natividade de  São João Batista  é  uma solenidade muito importante no ano litúrgico, porque nesse dia lembramos o maior dos profetas, com...