21 de nov. de 2014

21 Nov Santa Cecília, exemplo de mulher cristã

Santa CecíliaHoje celebramos a santidade da virgem que foi exaltada como exemplo perfeitíssimo de mulher cristã, pois em tudo glorificou a Jesus. Santa Cecília é uma das mártires mais veneradas durante a Idade Média, tanto que uma basílica foi construída em sua honra no século V. Embora se trate da mesma pessoa, na prática fala-se de duas santas Cecílias: a da história e a da lenda. A Cecília histórica é uma senhora romana que deu uma casa e um terreno aos cristãos dos primeiros séculos. A casa transformou-se em igreja, que se chamou mais tarde Santa Cecília no Trastévere; o terreno tornou-se cemitério de São Calisto, onde foi enterrada a doadora, perto da cripta fúnebre dos Papas.
No século VI, quando os peregrinos começaram a perguntar quem era essa Cecília cujo túmulo e cuja inscrição se encontravam em tão honrosa companhia, para satisfazer a curiosidade deles, foi então publicada uma Paixão, que deu origem à Cecília lendária; esta foi sem demora colocada na categoria das mártires mais ilustres. Segundo o relato da sua Paixão Cecília fora uma bela cristã da mais alta nobreza romana que, segundo o costume, foi prometida pelos pais em casamento a um nobre jovem chamado Valeriano. Aconteceu que, no dia das núpcias, a jovem noiva, em meio aos hinos de pureza que cantava no íntimo do coração, partilhou com o marido o fato de ter consagrado sua virgindade a Cristo e que um anjo guardava sua decisão.
Valeriano, que até então era pagão, a respeitou, mas disse que somente acreditaria se contemplasse o anjo. Desse desafio ela conseguiu a conversão do esposo que foi apresentado ao Papa Urbano, sendo então preparado e batizado, juntamente com um irmão de sangue de nome Tibúrcio. Depois de batizado, o jovem, agora cristão, contemplou o anjo, que possuía duas coroas (símbolo do martírio) nas mãos. Esse ser celeste colocou uma coroa sobre a cabeça de Cecília e outra sobre a de Valeriano, o que significava um sinal, pois primeiro morreu Valeriano e seu irmão por causa da fé abraçada e logo depois Santa Cecília sofreu o martírio, após ter sido presa ao sepultar Valeriano e Tibúrcio na sua vila da Via Ápia.
Colocada diante da alternativa de fazer sacrifícios aos deuses ou morrer, escolheu a morte. Ao prefeito Almáquio, que tinha sobre ela direito de vida ou de morte, ela respondeu: “É falso, porque podes dar-me a morte, mas não me podes dar a vida”. Almáquio condenou-a a morrer asfixiada; como ela sobreviveu a esse suplício, mandou que lhe decapitassem a cabeça.
Nas Atas de Santa Cecília lê-se esta frase: “Enquanto ressoavam os concertos profanos das suas núpcias, Cecília cantava no seu coração um hino de amor a Jesus, seu verdadeiro Esposo”. Essas palavras, lidas um tanto por alto, fizeram acreditar no talento musical de Santa Cecília e valeram-lhe o ser padroeira dos músicos. Hoje essa grande mártir e padroeira dos músicos canta louvores ao Senhor no céu.
Santa Cecília, rogai por nós!
Canção Nova 

A Igreja levanta a sua voz em difesa dos direitos dos migrantes: Papa Francisco

21/11/14

O Papa Francisco recebeu em audiência na manhã desta sexta-feira os participantes ao VII Congresso Mundial da Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, acompanhados pelo Cardeal Antonio Maria Vegliò.
O Congresso, que iniciou nesta segunda-feira dia 17 de novembro e se concluiu hoje, dia 21 com a audiência do Papa Francisco teve como tema “Cooperação e desenvolvimento na Pastoral das migrações”.

No seu discurso, aos presentes, o Papa Francisco exprimiu os seus sinceros sentimentos de apreço e de gratidão pelo serviço e solicitude que dispensam aos homens, mulheres e crianças, que, também nos nossos dias, empreendem a “viagem da esperança” pelas estradas da emigração.

O Documento final do vosso precedente Congresso, há cinco anos atrás, recordou o Papa Francisco aos presentes, afirmava que a emigração é um convite à imaginar um futuro diferente, que tende ao desenvolvimento de todo o género humano. Neste sentido a imigração inclui cada ser humano com os seu potencial espiritual  e cultural e o contributo à um mundo mais equitativo marcado por um sentido de solidariedade global e pelo pleno respeito da dignidade humana e da vida em geral.

Ora hoje, salientou o Papa, não obstante os desenvolvimentos e as situações, por vezes penosas e até dramáticas, a emigração permanece ainda uma aspiração à esperança. Nas áreas oprimidas do planeta, onde a falta de trabalho impede a realização de uma existência digna, para muitas pessoas  e suas famílias, é grande a ânsia de encontrar um futuro e uma vida melhor em muitos lugares, apesar dos riscos, desilusões e insucessos, provocados pela crise económica.
<<Vocês analisaram, antes de tudo, os factores que provocam as migrações, de modo particular as desigualdades, a pobreza, o aumento demográfico, a crescente falta de emprego, as calamidades e mudanças climáticas, as guerras e as perseguições e a busca de trabalho das novas gerações em outras regiões do mundo. Os países que acolhem estas pessoas obtêm grandes benefícios e vantagens>>.
Porém, acrescentou o Santo Padre, tais benefícios são acompanhados de alguns problemas de integração, empobrecimento pela perda das “mentes” melhores, a fragilidade dos filhos que crescem sem pais, a ruptura de casamentos. Perante tudo isso, os agentes pastorais desenvolvem uma função preciosa para o diálogo, o acolhimento e a legalidade.
<<É aqui que a Igreja tem uma palavra à dizer. A comunidade cristã está continuamente comprometida em acolher os migrantes e a partilhar com eles os dons de Deus, sobretudo o dom da fé; ela promove projetos na evangelização e na assistência aos migrantes; procura ser lugar de esperança, formação e sensibilização; defende os direitos dos migrantes>>
De facto, concluiu o Papa Francisco, a Igreja è mãe, sem confins e sem fronteiras; é mãe de todos e se esforça em promover a cultura do acolhimento e da solidariedade.
Por sua vez, prosseguiu o Papa Francisco, os migrantes com a sua humanidade e os seus valores culturais, ampliam o sentido da fraternidade humana. A sua presença é um grito à necessidade de se acabar com as desigualdades, as injustiças e os abusos. Eles podem contribuir para a construção de uma identidade mais rica da sociedade e estimular um maior desenvolvimento, criativo e respeitoso da dignidade de todos. (FL)
Fonte: http://pt.radiovaticana.va/

Papa Francisco: A Igreja nunca seja um comércio, a redenção de Cristo é gratuita

21/11/14

A Igreja nunca seja um comércio, a redenção de Cristo é gratuita – esta a mensagem principal do Papa Francisco na missa que celebrou em Santa Marta, na manhã desta sexta-feira dia 21 de novembro por ocasião da Festa Litúrgica da Apresentação da Virgem Santa Maria no Templo.
Na sua breve reflexão, o Papa sublinhou a Liturgia de hoje que propõe a passagem evangélica na qual Jesus expulsa os vendilhões do Templo, que transformam a casa de oração em covil de ladrões. Este gesto de Jesus é um verdadeiro ato de purificação: o Templo tinha sido profanado e, como tal, também o Povo de Deus, profanado com o grande pecado do escândalo. E o Papa acrescentou que este tipo de comportamento pode escandalizar o povo, mesmo hoje em dia. Quantas vezes, ao entrarmos na igreja, deparamos com uma lista de preços: batizados, bênçãos, intenções de Missa afirmou o Santo Padre que contou uma pequena história:
"Uma vez, recentemente ordenado, eu estava com um grupo de universitários, e um casal queria se casar. Tinham ido a uma paróquia: mas queria casar-se com Missa. E lá, o secretário paroquial disse: - ‘Não é possível’. Mas porque não se pode casar com Missa? Se o Concílio recomenda fazer sempre com a Missa...’. ‘Não é possível porque não podemos passar de 20 minutos’. - ‘Mas porquê’? – ‘Porque tem outros horários marcados’. – ‘Mas nós queremos a Missa’. – ‘Então vocês devem pagar dois horários’. E para casar com Missa tiveram que pagar dois horários. Este é um pecado de escândalo".
O Papa Francisco recordou ainda: “Sabemos o que Jesus diz àqueles que são motivo de escândalo: “É melhor que sejam atirados ao mar”:
"Quando aqueles que estão no Templo – sejam sacerdotes, leigos, secretário, mas que precisam administrar a Pastoral do Templo – transformam-se em homens de negócio, o povo se escandaliza. E nós somos responsáveis por isto. Os leigos, inclusive! Todos. Porque se vejo que isso acontece na minha paróquia, devo ter a coragem de dizer isso cara a cara ao pároco. E as pessoas sofrem aquele escândalo. É curioso: o povo de Deus sabe perdoar os seus sacerdotes que apresentam alguma fraqueza, que escorregam num pecado...sabe perdoar. Mas são duas as coisas que o povo de Deus não pode perdoar: um padre apegado ao dinheiro e um padre que maltrata as pessoas.”
 “Porque a redenção é gratuita; Ele vem trazer a gratuidade de Deus, a gratuidade total do amor de Deus. E quando a Igreja ou as Igrejas se tornam comércio, diz-se que ..., não é tão gratuita, a salvação... É por isso que Jesus pega o chicote na mão para fazer este rito de purificação no Templo. Hoje a liturgia celebra a Apresentação de Nossa Senhora no Templo: da menina... Uma mulher simples, como Ana que está naquele momento, e entra Nossa Senhora. Que ela ensine a todos nós, a todos os pastores, a todos aqueles que têm responsabilidades pastorais, a manter limpo o Templo, para receber com amor os que vêm, como se cada um deles fosse Nossa Senhora". 
(RS/SP/MT/RB)
Fonte: http://pt.radiovaticana.va/

21/11 – Apresentação de Nossa Senhora no Templo

Nossa Senhora adentrando no templo[11]A memória que a Igreja celebra hoje não encontra fundamentos explícitos nos Evangelhos Canônicos, mas algumas pistas no chamado proto-evangelho de Tiago, livro de Tiago, ou ainda, História do nascimento de Maria. A validade do acontecimento que lembramos possui real alicerce na Tradição que a liga à Dedicação da Igreja de Santa Maria Nova, construída em 543, perto do templo de Jerusalém.
Os manuscritos não canônicos, contam que Joaquim e Ana, por muito tempo não tinham filhos, até que nasceu Maria, cuja infância se dedicou totalmente, e livremente a Deus, impelida pelo Espírito Santo desde sua concepção imaculada. Tanto no Oriente, quanto no Ocidente observamos esta celebração mariana nascendo do meio do povo e com muita sabedoria sendo acolhida pela Liturgia Católica, por isso esta festa aparece no Missal Romano a partir de 1505, onde busca exaltar a Jesus através daquela muito bem soube isto fazer com a vida, como partilha Santo Agostinho, em um dos seus Sermões:
“Acaso não fez a vontade do Pai a Virgem Maria, que creu pela fé, pela fé concebeu, foi escolhida dentre os homens para que dela nos nascesse a salvação; criada por Cristo antes que Cristo nela fosse criado? Fez Maria totalmente a vontade do Pai e por isto mais valeu para ela ser discípula de Cristo do que mãe de Cristo; maior felicidade gozou em ser discípula do que mãe de Cristo. E assim Maria era feliz porque já antes de dar à luz o Mestre, trazia-o na mente”.
A Beata Maria do Divino Coração dedicava devoção especial à festa da Apresentação de Nossa Senhora, de modo que quis que os atos mais importantes da sua vida se realizassem neste dia.
Foi no dia 21 de novembro de 1964 que o Papa Paulo VI, na clausura da 3ª Sessão do Concílio Vaticano II, consagrou o mundo ao Coração de Maria e declarou Nossa Senhora Mãe da Igreja.
Nossa Senhora da Apresentação, rogai por nós!
Fonte: Canção Nova

A Rosa de Santa Teresinha

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Não sou especialista em rosas, mas fui pesquisar, não de maneira profunda, os vários nomes de rosas, e percebi que elas têm o nome de rainhas e princesas, mas nenhum botânico teve a ideia de dar a uma delas o nome de “Rosa de Santa Teresinha”. Ah, se eu fosse botânico! Inventaria uma nova espécie de rosa com este nome para que todas as pessoas, quando quisessem uma rosa de Santa Teresinha, pudessem tê-la bem perto.
Não faz muito tempo que, meditando sobre a “História de uma Alma”, o livro mais belo saído do coração de uma jovem de 22 anos, que pode ser colocado ao lado dos livros mais famosos e dos mais lidos da humanidade, me deparei com uma frase de Santa Teresinha que tocou profundamente o meu coração e me deu o desejo de escrever aos meus amigos leitores: “SEREI O AMOR”.
Estas palavras são um projeto de vida, um caminho que Teresinha assume da Palavra de Deus, especialmente do “cântico do amor” que o apóstolo Paulo nos dá na sua primeira Carta aos Coríntios. No capítulo 13, Paulo nos revela sua mais profunda convicção de que, de nada servem todos os dons que Deus nos dá se faltar o amor. O amor é tudo.
O mesmo Deus, sendo tudo, se define como sendo Amor. E nós somos chamados a ser amor por participação. Não seremos nada se o nosso coração estiver vazio desta força divina que é capaz de gerar grandes profetas, mártires e santos. Toda pessoa, por mais simples que possa ser no seu agir, age somente por dois motivos: ou por amor, ou por falta de amor. Não há como fugir dessa realidade.
Alguém age por amor quando esquece de si mesmo, não procura nenhuma satisfação própria e tem na sua frente o outro. Por isso, é capaz de “dar a própria vida por aquele que ama”. Entretanto, não se age com amor quando, antes de qualquer ação, fazemos toda uma reflexão e um cálculo matemático para saber quanto vamos perder ou quanto vamos ganhar.
Teresinha do Menino Jesus entendeu e praticou este verdadeiro sentido do amor. Compreendeu que era necessário mergulhar no oceano infinito do amor de Deus, revestir-se desse amor para poder ser alguém útil a Deus e aos outros. Movida por este sentimento, sintetiza maravilhosamente a sua vocação: “Todavia, sinto em mim outras vocações: a de guerreiro, a de sacerdote, a de apóstolo, a de doutora, a de mártir; enfim, sinto a necessidade, o desejo de realizar, para Ti, Jesus, as mais heróicas obras.Compreendi que o Amor abrange todas as vocações, que o Amor é tudo, que abrange todos os tempos e todos os lugares. Numa palavra, que ele é Eterno! Então, na minha alegria delirante, exclamei: Ó Jesus, meu Amor. Enfim, encontrei minha vocação: é o Amor! Sim, achei meu lugar na Igreja, e esse lugar, meu Deus, fostes vós que o destes a mim. No Coração da Igreja, minha Mãe, serei o Amor. Serei tudo!”
A rosa de Santa Teresinha deveria se chamar “a rosa do amor”, e ser plantada em todos os jardins, em todos os recantos, em todas os lugares, nas praças públicas, nas casas, nas igrejas. Deveria ser a rosa símbolo do amor humano e do amor divino. Uma rosa diferente, com um perfume delicado que somente os que amam poderiam percebê-lo. Uma rosa com cores delicadas que somente seriam vistas pelos olhos que não têm maldade. Uma rosa invisível ao mal e visível ao bem, uma rosa silenciosa, mas que grita convocando todos a amar.
Frei Patricio Sciadini, OCD

Hino da Campanha da Fraternidade 2015 Oficial com letra

Fonte: Youtube

01 - Hino CF 2015

Tema: Fraternidade: Igreja e sociedade
Lema: Eu vim para servir (cf. Mc 10,45)
L.: Pe. José Antonio de Oliveira
M.: Pe. José Weber

01 - Em meio às angústias, vitórias e lidas,
No palco do mundo, onde a história se faz, (cf. GS 2)
Sonhei uma Igreja a serviço da vida.
Eu fiz do meu povo os atores da paz! (2x)

Quero uma Igreja solidária,
Servidora e missionária,
Que anuncia e saiba ouvir.
A lutar por dignidade,
Por justiça e igualdade,
Pois "Eu vim para servir". (Mc 10,45)


02 - Os grandes oprimem, exploram o povo,
Mas entre vocês bem diverso há de ser.
Quem quer ser o grande se faça de servo:
Deus ama o pequeno e despreza o poder. (2x) (cf. Mc 10,42-45)
03 - Preciso de gente que cure feridas,
Que saiba escutar, acolher, visitar.
Eu quero uma Igreja em constante saída, (EG, 20)
De portas abertas, sem medo de amar! (2x)
04 - O meu mandamento é antigo e tão novo:
Amar e servir como faço a vocês.
Sou mestre que escuta e cuida seu povo,
Um Deus que se inclina e que lava seus pés. (2x) (cf. Jo 13)
05 - As chagas do ódio e da intolerância
Se curam com o óleo do amor-compaixão. (cf. Lc 10,29ss)
Na luz do Evangelho, acende a esperança.
Vem! Calça as sandálias, assume a missão! (2x)

Igreja e Sociedade: a Campanha da Fraternidade de 2015

Em 2015, a Igreja Católica Apostólica Romana celebra o 50º aniversário de encerramento do Concílio Vaticano II, realizado de outubro de 1962 a outubro de 1965. Tratou-se do evento mais marcante da Igreja no século 20. 

A comemoração deste aniversário está sendo ocasião para recordar personalidades importantes do Concílio, como os papas João XXIII e Paulo VI; mas também para voltar às grandes intuições e orientações dessa “assembleia geral” do episcopado católico de todo o mundo. De fato, os ensinamentos conciliares ainda estão longe de serem plenamente postos em prática, embora um caminho significativo já tenha sido percorrido nesses 50 anos.
 
"A CF vai retomar essas intuições fecundas do Concílio e propô-las novamente à reflexão no contexto brasileiro, durante o ano de 2015"
No Brasil, diversos eventos vêm sendo realizados em âmbitos acadêmicos e eclesiais, nos últimos 3 anos, para comemorar esse cinquentenário. Para 2015, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) está promovendo uma reflexão mais ampla, em nível popular, sobre o Concílio, através da Campanha da Fraternidade (CF). Com o tema - “Fraternidade: Igreja e Sociedade” –, e o lema – “Eu vim para servir” –, a Campanha aborda a relação Igreja-sociedade à luz da fé cristã e das diretrizes do Concílio Vaticano II.
A CF parte de dois pressupostos fundamentais para a vida cristã e centrais no Concílio: a auto-compreensão da própria Igreja; as implicações da fé cristã para o convívio social e para a presença da Igreja no mundo. Em outubro de 1963, na abertura da segunda sessão do Concílio, o papa Paulo VI expressou isso nas duas perguntas feitas no seu discurso aos participantes: Igreja, que dizes de ti mesma? Igreja, dize qual é tua missão? Os 16 documentos conciliares respondem a essa dupla interpelação.
De fato, o Cristianismo, vivido pela Igreja Católica, é uma religião histórica e não apenas sapiencial, embora também tenha esta conotação. Além de transmitir ensinamentos a serem acolhidos pessoalmente, sua proposta também é levar a uma prática social e histórica, onde suas convicções e ensinamentos sejam traduzidos em expressões de cultura e formas de convívio social.
A auto-compreensão da Igreja aparece, sobretudo, no documento conciliar Lumen gentium (A luz dos povos): ela entende ser formada por todos os que aderem a Cristo pela fé no Evangelho e pelo batismo; assim, mais que uma instituição juridicamente estruturada, que não deixa de ser, ela é um imenso “povo de Deus”, presente entre os povos e nações de todo o mundo, não se sobrepondo a eles, mas inserindo-se neles, como o sal na comida, ou como o fermento na massa do pão. Portanto, a identificação pura e simples da Igreja com os membros da hierarquia é insuficiente e inadequada; ela é a comunidade de todos os batizados, feitos discípulos de Jesus Cristo e testemunhas do seu Evangelho.
A partir desse princípio, entende-se que uma das grandes questões assumidas pelo Concílio tenha sido a superação da visão dicotômica - “Igreja-mundo”. Isto se desdobra no esforço da Igreja de abrir-se ao diálogo com o mundo, de estabelecer uma relação fecunda com as realidades humanas, acolher o novo e o bem que há em toda parte, partilhar as próprias convicções, contribuindo para a edificação do bem comum, colocando-se ao serviço do mundo, sem ser absorvida por ele.
 
"...a Igreja, 'povo de Deus', fiel à missão recebida de Jesus Cristo, quer estar a serviço da comunidade humana"...
O documento conciliar que melhor expressa esta postura é a Constituição Pastoral Gaudium et spes (A alegria e a esperança...), aprovado e promulgado por Paulo VI em 1965, às vésperas do encerramento do Concílio. Este texto denso inicia com as palavras paradigmáticas: “a alegria e a esperança, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo”.
Nele aparece a visão cristã sobre o mundo e o homem, sua dignidade, sua existência e sua vocação; reflete-se sobre a comunidade humana e as relações sociais, o sentido do trabalho e da cultura e sobre a participação da Igreja, enquanto “povo de Deus” inserido na sociedade, na promoção do bem de toda a comunidade humana.
Os cristãos e suas organizações tomam parte da história dos povos e da grande família humana. E a Igreja, “povo de Deus”, fiel à missão recebida de Jesus Cristo, quer estar a serviço da comunidade humana, não zelando apenas pelos seus projetos internos e seu próprio bem. O papa Francisco vem recordando isso constantemente nos seus pronunciamentos: que ela precisa ser “uma Igreja em saída”, uma “comunidade samaritana”, ou como “um hospital de campo”, para socorrer e assistir os feridos... Mas também quando diz que a Igreja não pode se omitir, nem abster de dar sua contribuição para a reta ordem ética, social, econômica e política da sociedade.
O pressuposto teológico e antropológico dessa preocupação do Concílio é a convicção de que a humanidade constitui uma única grande família de filhos de Deus e de irmãos entre si. Por isso mesmo, o empenho em favor da dignidade e dos direitos humanos fundamentais de cada ser humano, bem como na edificação da justiça social, da fraternidade entre todos e da assistência a toda pessoa necessitada, é parte integrante da sua missão, bem como da vida cristã coerente de cada membro da Igreja.
A CF vai retomar essas intuições fecundas do Concílio e propô-las novamente à reflexão no contexto brasileiro, durante o ano de 2015, especialmente no período da Quaresma, em que se prepara a celebração da Páscoa cristã. O lema – “eu vim para servir” retoma as palavras de Jesus: “eu não vim para ser servido, mas para servir e para entregar a minha vida pela salvação de todos” (Mc 10,45). A promoção do verdadeiro espírito fraterno no convívio social é, sem dúvida, um importante serviço à sociedade.
Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo (SP)
Fonte: Portal A12 

20 de nov. de 2014

Papa Francisco ensina a lição do sanduíche

20/11/14

Uma divertida comparação para explicar a diferença entre colaboração e compromisso

Papa Francisco fez um grupo de jovens rir em seu encontro com eles no Vaticano, ao recordar uma metáfora do humorista argentino Luis Landriscina sobre “o sanduíche de presunto e queijo”, para incentivar os jovens a comprometer-se em recuperar a dignidade das pessoas.
 
Falando em espanhol, o Papa Francisco se dirigiu ao simpósio dejovens contra a prostituição e o tráfico de pessoas, realizado na Casa Pio IV nos dias 15 e 16 de novembro.
 
Em sua fala, divulgada no YouTube, o Papa recordou as palavras de Landriscina, “que explicou a diferença entre colaborar e comprometer-se. Todos têm que colaborar, mas nós, cristãos, temos de nos comprometer”.
 
E continuou com a metáfora de Landriscina: “A vaca, quando nos dá o leite, colabora para a nossa alimentação. Ela dá o leite e com ele fazemos o queijo, que colocamos no sanduíche. Mas um sanduíche só de queijo fica um pouco sem graça, então é preciso acrescentar presunto. E então lembramos do porco, que, para nos dar o presunto, não colabora, mas dá a vida, se compromete”.
 
Papa Francisco explicou que “comprometer-se é dar a vida, é arriscar a vida, e a vida tem sentido somente quando estamos dispostos a arriscá-la, a dedicá-la a fazer o bem aos outros. Eu gosto de ver tantos jovens que estão com essa vontade de se comprometer. Lembrem-se do sanduíche de presunto e queijo!”.
 
Participaram do evento numerosos jovens de diferentes nacionalidades, próximos dessa realidade, com o objetivo de compartilhar sua experiência e unir ideias contra o tráfico de pessoas.
 
Papa lhes agradeceu pelo trabalho que estão realizando. E disse: “Esta é uma luta que todos nós estamos chamados a realizar, uma luta contra esse movimento que leva a humanidade a pensar que uma pessoa é um objeto que se usa e joga fora. Um objeto de uso. Precisamos resgatar a dignidade das pessoas”.
 
“Estamos certamente em uma época na qual a pessoa humana é usada como objeto e acaba sendo material de descarte – denunciou. Aos olhos de Deus, não existe material descartável, só existe dignidade.”
 
“O trabalho que vocês fazem, a inquietude que vocês carregam é voltar a resgatar o que está sendo descartado, para voltar a ungi-lo com dignidade. Obrigado por isso que estão fazendo, pelo trabalho, por comprometer-se. Comprometer-se é dar a vida, gastar a vida”, acrescentou.
 
No final do simpósio, o chanceler da Academia para as Ciências, Marcelo Sánchez Sorondo, estendeu ao Pontífice uma declaração conjunta contra o tráfico de pessoas, assinada por todos os participantes.
 
(Artigo publicado originalmente por Aciprensa)

Repassado por: Aleteia 

Parlamento Europeu e Turquia – viagens do Papa apresentadas pelo Padre Lombardi

19/11/14

Na próxima semana o Papa Francisco realizará duas importantes viagens internacionais. No dia 25 de novembro visitará o Parlamento Europeu, em Estrasburgo na França, e de 28 a 30, realizará uma viagem apostólica à Turquia, onde, entre outros compromissos, encontrará o Patriarca Ecuménico de Constantinopla, Bartolomeu I. As duas viagens foram apresentadas na passada segunda-feira pelo Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Padre Federico Lombardi, num encontro com os jornalistas.
São duas viagens com características diferentes, mas semelhantes na rápida preparação. A viagem a Estrasburgo, a quinta viagem internacional de Francisco, foi organizada logo após a renovação do Parlamento Europeu, e portanto, coincidindo com uma assembleia parlamentar. A sucessiva viagem à Turquia, por sua vez, a sexta internacional do pontificado, realiza-se após as eleições e a formação de um novo governo, mas sobretudo por ocasião da data de 30 de novembro, Festa de Santo André e grande festa do Patriarcado Ecuménico. Portanto, “a data certa” - precisa Padre Lombardi – para aceitar o convite do Patriarca Ecuménico Bartolomeu I.
A viagem a Estrasburgo será a mais breve viagem papal da história - 3 horas e 50 minutos -, e será caracterizada pela ausência de qualquer evento pastoral, litúrgico ou religioso. O Papa preferiu manter a finalidade primeira da viagem que será somente de visita às instituições europeias e um momento de reflexão sobre a situação atual do continente que sofreu grandes transformações desde a última viagem de um pontífice a Estrasburgo, realizada em 1988 por João Paulo II.
“O contexto de hoje é realmente muito novo e isto justifica efetivamente uma nova viagem do Papa que com esta viagem fala a toda a Europa, não somente à União, mas à Europa inteira com todos os seus povos” – comentou o Padre Lombardi.
Sobre as polémicas em relação à possível confusão entre chefe religioso e chefe de Estado, o Padre Lombardi afirmou o seguinte:
“O que eu observaria - e que todos sabemos muito bem, e o Papa melhor do que todos -, é que não é um chefe político de Estado com poderes militares, económicos e com interesses políticos particulares. Mas a presença do Papa no mundo das organizações internacionais é a de uma grande autoridade reconhecida, a nível internacional e mundial, por séculos, como uma grande autoridade de caráter religioso e moral de uma comunidade muito numerosa, como o é a Igreja Católica, e também as instituições, os próprios Estados  desejam, na sua grande maioria, ter relações com esta autoridade, ter também representantes junto a esta autoridade. Isto quer dizer que também as autoridades políticas no mundo reconhecem a importância da mensagem daquilo que o Papa representa e diz sobre os grandes problemas, os grandes valores da humanidade: a paz, a justiça, o bem-estar, a convivência entre os povos”.
A viagem à Turquia representa uma continuidade na tradição das viagens papais ao país e ao Patriarca de Constantinopla. Assim o fizeram, precedentemente, Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI, com diferentes motivações:
“Existe, naturalmente, a atenção pelo país hóspede, portanto, pela Turquia, que se encontra no Médio Oriente; existe o diálogo inter-religioso, pois a Turquia é um país de imensa maioria muçulmana; existe uma pequena comunidade católica que, como sempre quando o Papa viaja ao exterior, é levada em consideração para ser encorajada e visitada; e existe, como bem sabemos, a sede do Patriarcado Ecuménico com o Patriarca Bartolomeu, com quem se desenvolveu um diálogo de amizade fraterna há muito tempo”.
Uma das perguntas recorrentes sobre esta viagem, quer por parte da imprensa que por parte dos jornalistas presentes no encontro com o Padre Lombardi, foi sobre a eventualidade de um encontro do Santo Padre com os refugiados dos conflitos em andamento na Síria e no Iraque e acolhidos na Turquia:
“Nos encontros de Istambul com os jovens e na catedral, certamente estarão pessoas que não são somente locais, mas que chegarão também, por vários motivos, de diversas outras partes. Portanto, serão ocasiões em que certamente teremos presenças ou representantes que vão um pouco neste sentido”.
Será sobretudo ecuménico o caráter predominante da viagem do Papa à Turquia. Na ocasião o Papa Francisco e o Patriarca Bartolomeu assinarão uma declaração conjunta. (RS/JE)
Fonte: http://pt.radiovaticana.va/

Jesus chora quando o nosso coração se fecha às suas surpresas – o Papa em Santa Marta

20/11/14

Jesus chora quando o nosso coração se fecha às suas surpresas – esta a principal mensagem do Papa Francisco na missa em Santa Marta na quinta-feira dia 20 de novembro.
No Evangelho do dia proposto por S. Lucas encontramos Jesus que chora sobre a cidade de Jerusalém. O Papa Francisco referiu-se ao fechamento do coração da cidade eleita. Segundo o Santo Padre estava satisfeita de si mesma, contente e tranquila, não precisava do Senhor. Não tinha percebido que precisava de salvação.
 “Por que Jerusalém não recebeu o Senhor? Porque estava tranquila com o que tinha, não queria problemas. Mas, como diz o Senhor no Evangelho, “Se tu, ao menos neste dia que te é dado, conhecesses o que te pode trazer a paz!... Mas não, isso está oculto aos teus olhos”. Tinha medo de ser visitada pelo Senhor; tinha medo da gratuidade da sua visita. Estava segura nas coisas que podia administrar. Nós somos seguros nas coisas que podemos governar, mas a visita do Senhor, suas surpresas... nós não podemos controlar”. 
"Jerusalém tinha medo disso: de ser salva pelo caminho de surpresas do Senhor. Tinha medo do Senhor, do seu Esposo, do seu Amado, e Jesus chora. Quando o Senhor visita o seu povo, leva a alegria, a conversão; nós não temos medo da alegria, não, mas sim da felicidade que o Senhor nos traz, porque não podemos controlá-la. Temos medo da conversão porque converter-se significa deixar que o Senhor nos conduza”. 
“Jerusalém era tranquila, feliz - continuou o Papa - o templo funcionava. Os sacerdotes faziam os sacrifícios, as pessoas vinham em peregrinação, os doutores da lei tinham organizado tudo! Tudo claro! Todos os mandamentos claros... Mesmo com tudo isso Jerusalém tinha a porta fechada”. A cruz, “preço daquela rejeição” - observa o Papa - mostra-nos o amor de Jesus, o que o leva a “chorar também hoje - tantas vezes - pela sua Igreja”.
“Eu me pergunto-me: hoje nós cristãos, que conhecemos a fé, o catecismo, que vamos à missa todos os domingos, nós cristãos, nós pastores estamos felizes de nós mesmos? Porque temos tudo resolvido e não precisamos de novas visitas do Senhor... E o Senhor continua a bater à porta de cada um de nós e da sua Igreja, dos pastores da Igreja. Sim, a porta do nosso coração, da Igreja, dos pastores não se abre: o Senhor chora, também hoje”.
O Papa Francisco concluiu a sua homilia colocando esta questão como exame de consciência: “Pensemos em nós: como estamos neste momento diante de Deus?”.
(RS/CM/SP)
Fonte: http://pt.radiovaticana.va/

Papa Francisco: Maria guia-nos à infinita beleza de Deus

20/11/14

Teve lugar na tarde desta quinta-feira a XIX Sessão Pública das Pontifícias Academias para o ano de 2014, sob o tema "Maria Ícone da infinita beleza de Deus", preparada pela Pontifícia Academia Mariana Internacional. Interveio o Cardeal Gianfranco Ravasi, Presidente do Pontifício Conselho para a Cultura. A sessão também recordou a figura do Beato Papa Paulo VI e o documento Marialis Cultus, sobre Maria e o culto que a Igreja lhe dirige, 40 anos após a sua publicação, em 1974. Durante a sessão, o Cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin entregou em nome do Santo Padre o Prémio das Pontifícias Academias no âmbito da mariologia.
Na sua mensagem ao Card. Ravasi o Papa saudou a todos os que participam nesta XIX Sessão Pública das Pontifícias Academias, dedicada ao tema “Maria ícone da infinita beleza de Deus. A Marialis Cultus e o magistério mariológico-mariano de Paulo VI", que quis dedicar à Mãe de Deus, e ao culto a ela dedicado também como Mater Ecclesiae, duas Cartas Encíclicas, a Mense Maio e a Christi Matri
Naquela solene e histórica ocasião – diz o Papa na sua mensagem – o Beato Paulo VI quis indicar Maria a toda a Igreja como "a Mãe de Deus e a nossa Mãe espiritual". O mesmo Pontífice, dez anos mais tarde, num seu discurso durante o Congresso mariológico-mariano organizado em Roma pela Pontifícia Academia Mariana Internacional, por ocasião do Ano Santo de 1975, quis tornar-se promotor no âmbito da pesquisa mariológica e da piedade popular da “via pulchritudinis”, o itinerário de pesquisa que parte da descoberta e da admiração devota da beleza de Maria, vista como reflexo da infinita beleza de Deus.
Na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, recorda o Papa, ele também confiou o caminho da Igreja à materna intercessão de Maria, lembrando a todos os crentes que "existe um estilo mariano na actividade evangelizadora da Igreja, porque todas as vezes que olhamos para Maria voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do afecto. Nela vemos que a humildade e a ternura não são virtudes dos fracos, mas dos fortes, que não precisam de maltratar os outros para se sentirem importante ... Esta dinâmica de justiça e ternura, de contemplação e caminho em direcção aos outros, é o que faz dela um modelo eclesial para a evangelização".
Não nos cansemos, pois, de aprender com Maria, de admirar e contemplar sua beleza, de nos deixarmos guiar por ela que nos conduz sempre à fonte originária e à plenitude da autêntica e infinita  beleza,  de Deus, que se revelou a nós em Cristo, Filho do Pai e Filho de Maria.
E para encorajar e apoiar a todos os que se empenham em oferecer um sério e válido contributo à pesquisa mariológica e, particularmente, à pesquisa que percorre e aprofunda a via pulchritudinis, o Papa atribuiu o Prémio das Pontifícias Academias à Associação Mariológica Interdisciplinar Italiana, sobretudo pela publicação da Revista Theotokos. (BS)
Fonte: http://pt.radiovaticana.va/


Papa Francisco na FAO: fala-se de novos direitos mas quem tem fome pede dignidade

20/11/14

Na manhã desta quinta-feira o Papa Francisco visitou a sede da FAO onde decorre a II Conferência Internacional sobre a nutrição, sob o tema “Nutrição melhor, vida melhor”. No seu discurso o Papa se alegrou com a decisão de reunir nesta Conferência representantes de Estados, instituições internacionais, organizações da sociedade civil, do mundo da agricultura e do setor privado, para estudar juntos as formas de intervenção para garantir a nutrição e as mudanças necessárias que devem ser acrescentadas às estratégias atuais. A unidade de propósitos e de obras mas, sobretudo, o espírito de fraternidade, podem ser decisivos para soluções adequadas e a Igreja sempre procura estar atenta e solícita ao bem-estar espiritual e material das pessoas, e de modo particular as marginalizadas e excluídas, para que a sua segurança e dignidade sejam garantidas.
O Papa constatou em seguida que os destinos de cada nação estão hoje mais do que nunca entrelaçados entre si, como membros de uma mesma família que dependem uns dos outros, mas estas  relações estão demasiadas vezes danificadas pela suspeita recíproca, que por vezes se converte em formas de agressão bélica e econômica, minando a amizade entre irmãos e rechaçando ou descartando quem já está excluído. Mas o direito à alimentação só será garantido se nos preocuparmos todos com o sujeito real, ou seja, com a pessoa que sofre os efeitos da fome e da desnutrição, disse o Papa que também denunciou uma realidade frequente nos nossos dias em que se fala tanto em direitos, esquecendo com frequência os deveres e nos preocupamos pouco com os que passam fome.
A luta contra a fome e a desnutrição é dificultada pela «prioridade do mercado» e pela «preeminência da ganância», que reduziram os alimentos a uma mercadoria qualquer, sujeita à especulação, inclusive financeira. E enquanto se fala de novos direitos, o faminto está aí, na esquina da rua, e pede um documento de identidade, ser considerado em sua condição, receber uma alimentação de base saudável. Pede-nos dignidade, não esmola – reiterou o Papa Francisco. Estes critérios – prosseguiu o Papa - não podem permanecer na simples teoria: pessoas e povos exigem que a justiça seja colocada em prática; não apenas a justiça legal, mas também a contributiva e a distributiva e por isso, os planos de desenvolvimento e de trabalho das organizações internacionais deveriam levar em consideração o desejo de ver que se respeitam em todas as circunstâncias, os direitos fundamentais da pessoa humana, e da pessoa faminta em particular.
O interesse pela produção, a disponibilidade de alimentos e o acesso a eles, as mudanças climáticas, o comércio agrícola, devem certamente inspirar regras e medidas técnicas – continuou o Papa Francisco - mas a primeira preocupação deve ser a própria pessoa, aquelas que carecem de alimento cotidiano e que deixaram de pensar na vida, nas relações familiares e sociais e lutam apenas pela sobrevivência e, citando a intervenção de João Paulo II na FAO em 1992, alertou a comunidade internacional para o risco do “paradoxo da abundância”: existe comida para todos, mas nem todos podem comer, enquanto o desperdício, o descarte, o consumo excessivo e o uso de alimentos para outros fins estão sob nossos olhos, e este paradoxo infelizmente continua sendo atual. E falou igualmente da solidariedade como outro desafio que se deve enfrentar. O crescente individualismo e a fragmentação que caracterizam as nossas sociedades terminam por  privar os mais frágeis de uma vida digna provocando revoltas contra as instituições - a solidariedade torna as pessoas capazes de ir ao encontro do próximo e fundar suas relações mútuas neste sentimento de fraternidade que vai além das diferenças e dos limites, e encoraja a procurarmos, juntos, o bem comum.
Cada mulher, homem, criança, idoso, deve poder contar em todas as partes com estas garantias e é dever de todo Estado, atento ao bem-estar de seus cidadãos, subscrevê-las sem reservas, e preocupar-se com a sua aplicação. A Igreja Católica procura oferecer também neste campo sua contribuição, através de uma atenção constante à vida dos pobres em todos os lugares do planeta, para identificar e assumir os critérios que o desenvolvimento de um sistema internacional equânime deve cumprir, critérios que, no plano ético, se baseiam em pilares como a verdade, a liberdade, a justiça e a solidariedade e, no campo jurídico, incluem a relação entre o direito à alimentação e o direito à vida e a uma existência digna, o direito a ser protegidos pela lei, nem sempre próxima à realidade de quem passa fome, e a obrigação moral de partilhar a riqueza econômica do mundo.
E por último o Papa reiterou que nenhum sistema de discriminação, de facto ou de direito, vinculado à capacidade de acesso ao mercado dos alimentos, deve ser tomado como modelo das ações internacionais que se propõem a eliminar a fome e pediu ao Todo Poderoso para que abençoe todos aqueles que, com diferentes responsabilidades, se colocam ao serviço dos que passam fome e sabem atendê-los com gestos concretos de proximidade e para que a comunidade internacional saiba escutar as deliberações desta Conferência e considere expressão da comum consciência da humanidade: dar de comer aos famintos para salvar a vida no planeta.
Fonte: http://pt.radiovaticana.va/

20 NOV Santo Edmundo, sustento e apoio dos fracos

santo-edmundoReinava Offa nos Estados ingleses. Desejando terminar seus dias em Roma, no exercício da piedade e da penitência, passou a coroa para Edmundo, de quinze anos de idade, descendente dos antigos reis anglo-saxões da Grã-Bretanha.
Edmundo, segundo os seus historiadores, foi coroado no dia de Natal de 885. Suas qualidades morais tornaram-no modelo dos bons reis. Tinha grande aversão aos lisonjeiros; toda a sua ambição era manter a paz e assegurar a felicidade dos súditos. Daí o grande zêlo na administração da justiça e na implantação dos bons costumes nos seus Estados. Foi o pai dos súditos, sobretudo dos pobres, protetor das viúvas e dos órfãos, sustento e apoio dos fracos. O fervor no serviço de Deus realçava o brilho das suas outras virtudes. A exemplo dos monges e de várias outras pessoas piedosas, aprendeu o saltério de cor.
No décimo quinto ano do seu reinado, foi atacado pelos Dinamarqueses Hínguar e Hubla, príncipes desta nação, verdadeiros piratas, que foram desembarcar na Inglaterra. Edmundo, a princípio, manteve-se sereno, confiando num tratado que tinha feito com os bárbaros logo que vieram para o seu país. Mas quando viu que não respeitaram o tratado, reuniu o seu exército. Mas os infiéis receberam auxílios. Perante este reforço do inimigo, Edmundo sentia-se impotente para o combater.
Então os bárbaros fizeram-lhe várias propostas que recusou, por serem contrárias à religião e à justiça que devia aos súditos. Preferiu expor-se à morte a trair sua consciência. Carregaram-no de pesadas cadeias e levaram Edmundo à tenda do general inimigo. Fizeram-lhe novas propostas. Respondeu com firmeza que a religião lhe era mais cara do que a vida, e que nunca consentiria em ofender a Deus, que adorava. Hínguar, enfurecido com esta resposta, mandou açoitá-lo cruelmente.
O santo sofreu todos os maus tratos com paciência invencível, invocando o Sagrado Nome de Jesus. Por fim, foi condenado a ser decapitado, recebendo a palma do martírio a 20 de novembro de 870.
Os ingleses consideraram-no mártir e dedicaram-lhe numerosas igrejas.
Santo Edmundo, rogai por nós!
Canção Nova 

19 de nov. de 2014

OS MENDIGOS DE AMOR

O amor é muito nobre para ser pedido, cobrado ou implorado”
A Palavra de Deus nos ensina, na primeira Carta aos Coríntios, capítulo 13, a plenitude e a beleza do amor. Pela preciosidade das palavras, essa passagem, vez ou outra, é usada como declaração de casais apaixonados. Mas poucas são as vezes em que verdadeiramente encaramos aquilo que deve ser mudado em nós quando lemos esse trecho bíblico. Já reparou nisso? Uma das partes mais partilhadas da Sagrada Escritura está distante do real sentido. Existe uma confusa camada dentro de nós que separa o amor do apego.
Tenha certeza, meu irmão, que o amor não se transforma em apego, pois ele jamais passará. Já o apego, bastam algumas decepções para que ele se transforme em repúdio. Vejamos se em nossos relacionamentos pode estar acontecendo o mesmo.
Conhecemos uma pessoa e ela nos atrai por suas qualidades externas ou internas. Então, criamos sobre essa admiração uma idealização e, muitas vezes, chegamos ao extremo da idolatria. Começamos a achar louvável todas as ações dessa pessoa, não deixamos, de forma alguma, de lhe dar títulos de honra como “melhor amiga (o)”, “amor maior” etc.
“Deus nos deu autonomia para que buscássemos a felicidade sem que ela dependesse da ação de outro”
Criamos, assim, uma prisão afetiva, que nada mais é do que um falso amor. Passamos a não enxergar mais o outro como uma pessoa, mas como um objeto, que deve estar de prontidão para nos demonstrar carinho constantemente da forma e na hora que quisermos. Nossa imaturidade é tanta, que nos passamos por “pedintes de amor”. Da mesma forma que se cobra uma dívida, passamos a cobrar atenção. Com o passar do tempo, a convivência vai nos mostrando que esse alguém tão maravilhoso é passível de falhas e pecados, por isso não consegue ”cumprir os deveres” que colocamos sobre ele de nos fazer feliz.
Perceba a reação em cadeia que ocorre: impusemos ao outro, de forma errada, a missão de nos fazer feliz, o que é extremamente autodestrutivo, pois Deus nos deu autonomia para que buscássemos a felicidade sem que ela dependesse da ação de outro.
O amor é muito nobre para ser pedido, cobrado ou implorado. Se você já passou ou está passando por uma situação humilhante, saiba que somente o amor de Deus é capaz de preencher esse vazio. Santa Teresa de Ávila dizia: “A quem tem Deus nada falta, só Deus basta!”. Portanto, tire as vendas dos seus olhos e veja que o Senhor não pediu para que você dependesse afetivamente dos outros. Ele pediu para que você os amasse da mesma forma como Ele ama você. E a fórmula para sair dessa prisão é simples: imitar Cristo. O processo pode ser longo, mas a cura e a maturidade que se instalará em seu coração será tão grandiosa que, finalmente, você vai ter a coragem de olhar os outros como Jesus olhou.

Por Fernando Henrique de Aguiar Souza
Fonte: http://destrave.cancaonova.com/

Natividade de São João Batista: o maior dos profetas

A natividade de  São João Batista  é  uma solenidade muito importante no ano litúrgico, porque nesse dia lembramos o maior dos profetas, com...