14 de set. de 2013

A cruz do Cristo deve perenemente recorda-nos três coisas:

1. Até onde o homem caiu no seu desejo de ser como Deus, na sua pretensão de auto-suficiência: o homem é capaz de matar Deus! Matá-Lo no seu coração, matá-lo na sua vida pessoal e social. Ao mesmo tempo, Aquele Desfigurado da cruz é como que uma imagem do homem desfigurado no seu pecado.


2. Mas, a cruz nos revela também até onde Deus está disposto a ir para nos encontrar. Até onde o Senhor é capaz de descer em busca de Sua ovelha perdida: Deus amou tanto o mundo a ponto de entregar Seu próprio Filho, o Amado, o Único! Não há sofrimento ou escuridão que sejam maior que o amor de Deus por nós. Mesmo na treva, mesmo na dor, o Senhor estará sempre presente com Seu amor.



3. A cruz nos revela o modo de agir de Deus. Ela é a chave para se compreender como Deus pensa, como Deus faz. E nos assusta, porque a lógica do Senhor e totalmente diversa da nossa! Na cruz aparece claro o quanto os pensamentos do Senhor são diversos dos nossos... Nesse sentido, ela é sempre um forte apelo à conversão, a que mudemos nosso modo de compreender a vida e os acontecimentos! Na cruz, quando dizemos: “É o fim!”, Deus está dizendo: “É um novo começo!
Uma última palavra. Recorde-se, caro Amigo, do livro do Gênesis. No paraíso havia duas árvores: a do conhecimento do bem e do mal e a árvore da vida.O homem comeu o fruto da primeira, querendo ser como Deus, senhor do bem e do mal; assim, perdeu o fruto da segunda: foi privado da vida plena. Nunca mais a humanidade encontrou o caminho para a árvore da vida. Pois bem, ei-la: a árvore da vida é a cruz do Senhor; ele é o Fruto bendito: quem dele come tem a vida eterna, vida em abundância!


O mistério da cruz! Glória, suplício e tentação de escândalo para os cristãos; loucura inaceitável, insanidade deplorável para o mundo!

Na Sexta-feira Santa, durante a solene celebração da Paixão do Senhor, há um rito impressionante, comovente: o diácono, igreja adentro, traz uma cruz velada... e três vezes, descobrindo-a pouco a pouco, proclama, cantando: “Eis o lenho da cruz, do qual pendeu a salvação do mundo!” Frase estupenda, escandalosa, impressionante: no absurdo da cruz, na derrota da cruz, a Igreja proclama, que brotou a vida do mundo! Como pode ser? Naquela celebração, o povo, de joelhos, responde ao diácono: “Vinde, adoremos!” É belo, este rito; é comovente! Mas, como é difícil, como é dolorosa, na nossa vida e na vida do mundo, a realidade que ele exprime – o mistério da cruz, de uma humanidade crucificada, de um mundo crucificado!

Na cruz de Cristo está significada toda a cruz do mundo e da humanidade: a cruz do inocente que sofre, a cruz dos órfãos, dos que morrem na guerra, a cruz dos pobres, sem nome, sem vez nem voz... Na cruz do Senhor estão tantos povos e raças oprimidos, dizimados pela ganância e pelo ódio... Na cruz de Cristo está simbolizada toda dor, todo fracasso, toda solidão, todo peso do mundo... Na cruz do Senhor está tudo aquilo que nos deixa com uma pergunta presa na garganta: “Por que tanta dor, tanto sofrimento, tanta injustiça? Por que Deus se cala? Por que permite? Onde ele está?”

Não pode compreender o mistério da cruz quem não se deixa atingir e questionar por estas perguntas, por estas dores, por estes prantos! Não pode proclamar o triunfo do Senhor quem não suportou o absurdo da cruz do Senhor! A cruz não é um ornamento, uma brincadeira; a cruz é um ícone, um símbolo, uma parábola impressionante e dolorosa! Na cruz está significado tudo aquilo que tanto nos apavora! E, no entanto, Jesus diz, no evangelho de hoje, que era necessário passar pela cruz: “Do mesmo modo que Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado...” (Jo 3,14). Palavra impressionante, confirmada após a ressurreição: “Não era necessário que o Filho sofresse tudo isso e assim entrasse na sua glória?” (Lc 24,26). Por que era necessário? Por que no caminho do Cristo e do cristão tem que estar a cruz, bendita e maldita? Por quê? E Para quê?

Para mostrar-nos até onde o pecado nos levou e até onde o amor de Deus está disposto a ir por nós!

Vivemos num mundo crucificado, somos uma humanidade crucificada, porque nos afastamos da vida, que é Deus. Como o povo de Israel no caminho do deserto, que perdeu a paciência e murmurou contra o Senhor (cf. 1a. leitura), assim a humanidade foi e vai se fechando para o Deus da vida e foi e vai encontrando a morte. Quantas serpentes venenosas mordem nossa existência! Mas, Deus não se cansou de nós: “Amou tanto o mundo que entregou o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que Nele crer, não morra, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Era necessário! Era necessário mostrar a gravidade do nosso pecado, da nossa loucura de querer construir nossa existência sem Deus. Era necessário também mostrar até que ponto Deus nos leva a sério, até que ponto sofre conosco, até que ponto nos é solidário: Ele não explica o sofrimento; silenciosamente, toma-o sobre os ombros, sofre conosco até o mais baixo da humilhação, da solidão e da dor: “Ele esvaziou-Se de si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-Se igual aos homens. Encontrado com aspecto de homem, humilhou-Se a Si mesmo, fazendo-Se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fl 2,7).

No seu Filho único e querido, o Pai se condói com nossa dor, “com-sofre” conosco, como Deus de “com-paixão”. Ninguém, contemplando a cruz, pode pensar que Deus é indiferente e frio ante o sofrimento do mundo. Ele não nos explica o sofrimento; toma-o sobre os ombros, silencioso e cheio de dolorido amor e piedade!

Contemplar o mistério da cruz é levar a sério que existe dor e miséria no mundo; é deixar-se tocar por todo sofrimento humano... Mas é também compreender que Deus assumiu tudo isso em Jesus crucificado e venceu tudo isso na ressurreição. Contemplar a cruz dá-nos a graça de nunca perder a esperança, mesmo diante dos maiores percalços. Quem contempla a cruz, não perde a confiança em Deus, não se desespera, não se despedaça: “Do mesmo modo que Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todos aqueles que Nele crerem (que O contemplarem), tenham a vida eterna” (Jo 3,16). A cruz, portanto, joga-nos na realidade da vida e do mundo - realidade crua.... mas, cheios de esperança, pois sabemos que Cristo fez dela, da cruz, um sinal de amor e ressurreição.

Texto: Dom Henrique Soares da Costa 
esse artigo é das postagens que você encontra da pagina acima no link 

Exaltação da Santa Cruz 14/09

Nos reunimos com todos os santos, neste dia, para exaltar a Santa Cruz, que é fonte de santidade e símbolo revelador da vitória de Jesus sobre o pecado, a morte e o demônio; também na Cruz encontramos o maior sinal do amor de Deus, por isso :
“Nós, porém, pregamos um Messias crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os pagãos ” (I Cor 1,23)
Esta festividade está ligada à dedicação de duas importantes basílicas construídas em Jerusalém por ordem de Constantino, filho de Santa Helena. Uma, construída sobre o Monte do Gólgota e outra, no lugar em que Cristo Jesus foi sepultado e ressuscitado pelo poder de Deus.
A dedicação destas duas basílicas remonta ao ano 335, quando a Santa Cruz foi exaltada ou apresentada aos fiéis. Encontrada por Santa Helena, foi roubada pelos persas e resgatada pelo imperador Heráclio. Graças a Deus a Cruz está guardada na tradição e no coração de cada verdadeiro cristão, por isso neste dia, a Igreja nos convida a rezarmos: “Do Rei avança o estandarte, fulge o mistério da Cruz, onde por nós suspenso o autor da vida, Jesus. Do lado morto de Cristo, ao golpe que lhe vibravam, para lavar meu pecado o sangue e a água jorravam. Árvore esplêndida bela de rubra púrpura ornada dos santos membros tocar digna só tu foste achada”.
“Viva Jesus! Viva a Santa Cruz!”


Santa Cruz, sede a nossa salvação!

A fonte que purifica

‘’Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também será levantando o Filho do homem, a fim de que tudo o que nele crer tenha a vida eterna”(Jo 3, 14-15)


No dia 14 de setembro, a igreja celebra a Exaltação da Santa Cruz. Essa festa nasceu em Jerusalém, nos primeiros séculos do cristianismo. Conforme a tradição popular, as comemorações tiveram início no ano 326, quando Santa Helena encontrou a cruz de Jesus Cristo. A celebração estendeu-se com grande rapidez pelo Oriente e pouco depois por toda cristandade.
Contam os historiadores, que no ano 614, os persas saquearam Jerusalém, destruíram muitas igrejas e apoderaram-se da Santa Cruz. No entanto, após intensa batalha, no ano 628, as relíquias foram recuperadas pelo imperador bizantino Heráclio.
Segundo uma piedosa tradição, quando seus saldados recuperaram a santa cruz, o imperador Heráclio quis carregá-la pessoalmente ao Monte Calvário, de onde havia sido retirada. Então, Heráclio foi buscá-la acompanhado de seus súditos e cortejado com toda pompa dispensada  a um monarca. Vestindo suas belas roupas, coroa e muitas joias, colocou a cruz sobre os ombros e se pôs no caminho. Mal iniciou o trajeto, a cruz foi aumentando gradativamente seu peso. A cada passo, o peso ia se tornando insuportável.
Já pensava em desistir, quando Zacarias, bispo de Jerusalém, fez-lhe ver que, para levar nos ombros a santa cruz, deveria desfazer-se das insígnias imperiais e imitar a pobreza e humildade de Cristo que, para carregá-la, despojou-se de tudo. Heráclio, numa demonstração de humildade, aceito a sugestão, trocou suas ricas vestimentas por uma túnica e, descalço conseguiu forças para levar a santa cruz até o ponto mais alto do Calvário.


Esse fato comprova que é impossível carregarmos  a cruz diária recobertos de supérfluos, e que não existe evangelho sem cruz. Relutamos em aceitar a dor, maldizemos as tribulações, e isso torna o peso do madeiro insuportável. A revolta diante da cruz da doença e das perdas diárias amplia o sofrimento. Para que a cruz dia a dia se torne leve e possamos aceitá-la com resignação, basta lembrar que Jesus, em seu calvário, só por amor, aceitou a vontade do pai e derramou todo seu sangue para nós salvar. A aceitação ameniza a angústia e a dor, é o fermento que nós faz crescer e transformar a cruz em fonte de purificação da alma.

“...não existe evangelho sem cruz”

Texto: Jorge Lorente
Fonte: revista O milite 


13 de set. de 2013

São João Crisostomo 13/09

.Doutor da Igreja, Boca de Ouro, Alma de Anjo e Coração de Pai. É o santo que celebramos neste dia: São João Crisóstomo. Nascido de família distinta, em Antioquia no ano 348. Depois da morte do pai, sua jovem mãe tratou de providenciar os melhores professores deste amado menino.
João nasceu com alma monástica, tanto que, por duas vezes passou anos no silêncio do deserto; por causa da precária saúde voltou da vivência religiosa mais retirada e em Antioquia foi ordenado sacerdote. Famoso devido ao seu dom de comunicar a Palavra de Deus, Crisóstomo não demorou a abraçar a cruz do governo pastoral da diocese de Constantinopla, já que o imperador fez de tudo para isto.
Ao perceber a má formação do clero, entregue à ambição e à avareza, o santo começou a exigir vida de pobreza e simplicidade evangélica daqueles que precisavam ser exemplo para o rebanho.
Devido aos naturais atritos com o clero e fervorosas pregações contra o luxo e imoralidades da vida social, São João teve problema com a imperatriz Eudóxia, que começou o movimento causador dos seus dois exílios, sendo que no último, os sofrimentos da longa viagem e os maus tratos foram mortais! Amado pelo povo e respeitado por todos, São João Crisóstomo morreu em 407 e deixou, além do belo testemunho dos dez anos de pontificado, suas últimas palavras as quais resumiram sua vida: “Glória seja dada a Deus em tudo!”.
São João Crisóstomo, rogai por nós!

Papa Francisco: promover a família é para o bem de todos

Cidade do Vaticano (RV) - "Evidenciar o laço que une o bem comum à promoção da família fundada no matrimônio": são os votos do Papa Francisco dirigidos aos participantes da 47ª Semana Social dos católicos italianos, aberta nesta quinta-feira em Turim.

Na mensagem, endereçada ao arcebispo de Gênova e presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI), Cardeal Angelo Bagnasco, o Santo Padre recorda que a família é uma escola privilegiada de generosidade que educa a superar uma certa mentalidade individualista que se afirmou em nossa sociedade.

"A família, esperança e futuro para a sociedade italiana" é o tema desta Semana Social, mas – recorda o Papa – a família é mais que um tema, é vida, "é caminho de gerações em que se transmitem a fé junto com o amor", "é fadiga, paciência, e também projeto, esperança, futuro".

E tudo isso se torna fermento todos os dias na massa da sociedade inteira para o seu maior bem comum. O futuro da própria sociedade está radicado nos jovens e nos anciãos, que são a memória viva.

"Um povo que não cuida dos anciãos e das crianças e dos jovens – afirma não tem futuro, porque maltrata a memória e a promessa."

O Papa reitera que a Igreja oferece "uma concepção da família, que é a do livro do Gênesis, da unidade na diferença entre homem e mulher" e como tal "merece ser concretamente apoiada".

E as conseqüências das escolhas culturais e políticas, que concernem à família, atingem os vários âmbitos da vida de um país: do problema demográfico às outras questões relacionadas ao trabalho, até a própria "visão antropológica subjacente da nossa civilização".

O ponto central da mensagem de Francisco é ressaltar que "promover" a família "é trabalhar em prol de um desenvolvimento equânime e solidário". De fato, a família é "escola privilegiada de generosidade, de partilha, de responsabilidade, escola que educa a superar uma certa mentalidade individualista que se afirmou em nossas sociedades".

O Pontífice não ignora "o sofrimento de tantas famílias" devido à falta de trabalho ou aos conflitos internos, ou mesmo aos falimentos da experiência conjugal e a todos expressa a sua proximidade, mas recorda também o testemunho simples de tantas famílias "que vivem a experiência do matrimônio e do ser pais com alegria", "sem medo de enfrentar também os momentos da cruz que – diz –, vivida em união com a do Senhor, não impede o caminho do amor, mas, pelo contrário, pode torná-lo mais forte".

Francisco recorda também a figura do Beato Giuseppe Toniolo, que faz parte daquela fileira de católicos leigos que, apesar das dificuldades de seu tempo, souberam percorrer caminhos profícuos "para trabalhar na busca e na construção do bem comum", ressaltando que o exemplo deles "constitui um encorajamento sempre válido para os católicos leigos de hoje a, por sua vez, buscar caminhos eficazes para a mesma finalidade".

Por fim, faz votos de que esta Semana Social possa contribuir "de modo eficaz para evidenciar o laço que une o bem comum à promoção da família fundada no matrimônio, acima de preconceitos e ideologias". (RL)







Qual é a diferença entre a bíblia católica e a bíblia protestante?

A diferença entre a bíblia católica e a protestante está no Antigo Testamento, ou seja, o Novo Testamento é idêntico tanto para os católicos quanto para os evangélicos. São 27 livros, começando pelo Evangelho de Mateus e terminando no Livro do Apocalipse.
Qual é a diferença, então, no Antigo Testamento? A diferença reside no cânon dos livros. Ou seja, uma diferença na lista dos livros. Para os católicos, o Antigo Testamento é formado por 46 livros, enquanto que para os protestantes por apenas 39 livros, nela estão ausentes os livros de Tobias, Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico (Sirácida ou Sirac), I Macabeus e II Macabeus. Além disso, faltam alguns fragmentos dos livros de Ester e de Daniel.
Como isso aconteceu e quando? Ora, o católico crê que a Igreja possui um Magistério, ou seja, pessoas escolhidas por Cristo, sucessoras dos Apóstolos, que garantem que o Evangelho transmitido e a fé professada são os mesmos ensinados por Cristo ao longo do tempo.
No século XVI os protestantes afastaram-se desse Magistério e o renegaram. Afirmaram, entre outras coisas, que a Igreja Católica havia se corrompido, portanto, deveriam voltar à Igreja Primitiva num esforço arqueológico para reparar o que teria sido a "traição" perpetrada pela Igreja Católica a Jesus.
Neste esforço arqueológico, os protestantes descobriram que os judeus tinham uma lista diferente de livros, totalizando 39 livros. Daí para concluírem que a "terrível" Igreja Católica acrescentou os outros sete livros foi questão de tempo.
Engana-se quem argumenta que foi Lutero quem retirou os sete livros da Bíblia. Foi um processo lento, no qual ele continuava a publicá-los em sua bíblia, pois tinha pleno conhecimento de que esses sete livros haviam sido acrescentados numa segunda fase. Tanto é verdade e conhecido que são chamados deuterocanônicos. Foi somente no século XIX que os protestantes decidiram abolir de vez esses sete livros do seu cânon.
O Antigo Testamento foi compilado inicialmente em hebraico. O livro era formado por três partes: 1. a Torá que continha os cinco primeiros livros, também chamados de pentateuco; 2. ONeviim que continha os Profetas; 3. O Kethuvim que continha os Escritos. A diferença entre aTanakh (Bíblia hebraica) e o Antigo Testamento adotado pela Igreja Católica estava no livro que continha os "Escritos".
Interessante frisar que foi muito lento o processo de canonização desses livros. Primeiramente foram canonizados os livros da Torá, posteriormente os dos Profetas e, somente muito tempo depois os dos Escritos. Na época de Jesus o cânon da Bíblia judaica ainda não estava fechado. Portanto, os judeus, contemporâneos de Jesus, ainda debatiam sobre quais eram os livros sagrados. Por exemplo, os saduceus só criam nos livros da Torá, já os fariseus aceitavam os Profetas e os Escritos, mas não totalmente, pois achavam que a inspiração dos Escritos ainda não estava concluída.
Jesus deu uma ordem aos Apóstolos: ide pelo mundo e evangelizai. Ora, o mundo daquela época falava o grego, que era o equivalente ao inglês de hoje, portanto, os Apóstolos começaram a pregar o Evangelho em grego, mas como, se a Bíblia estava em hebraico? Os Apóstolos, então, passaram a utilizar uma tradução da Bíblia do hebraico para o grego denominada Septuaginta, que havia sido elaborada em Alexandria antes de Cristo.
Ocorre que na Tradução dos Setenta, como também é chamada a Septuaginta, estão contidos aqueles sete livros. Ora, um biblista sério é capaz de perceber que em diversas citações do Antigo Testamento encontradas no Novo, a tradução utilizada é a da Septuaginta. Esse era o livro utilizado pelos Apóstolos. A Igreja Católica adotou-o, portanto.
É verdade, também, que houve um conflito entre os cristãos e os judeus, pois estes perceberam que os Apóstolos estavam pregando o Evangelho de forma diferente e, assim, os expulsaram das sinagogas. E esse fato motivou os judeus também a fecharem o cânon dos livros sagrados, o que aconteceu no final do século I, tendo eles decidido pela exclusão definitiva daqueles sete livros que constavam da Septuaginta.
Importante perceber que isso ocorreu um século após a vinda de Jesus. Desta forma, os protestantes, ao aceitarem o cânon da bíblia judaica, estão aceitando a autoridade dos rabinos judeus depois de Cristo.
Muito se poderia argumentar ainda nesse sentido, contudo, para os católicos basta saber que quem define o cânon das Escrituras é a Igreja. Lembrando também que foi esta mesma Igreja quem definiu os outros 27 livros do Novo Testamento, sobre os quais não há discussão. Portanto, uma pergunta que não pode deixar de ser feita é: por que os protestantes aceitam a autoridade da Igreja Católica que definiu os 27 livros do Novo Testamento e não aceitam a autoridade dessa mesma Igreja quanto aos 46 livros do Antigo Testamento?
Até o terceiro século o cânon do Novo Testamento não estava ainda definido. Isso é histórico. Haviam muitas listas, muitas discussões acerca de quais livros deveriam ou não integrar as Sagradas Escrituras. Assim, não há argumento que justifique a postura protestante diante daquele questionamento. A atitude protestante não tem lógica.
O primeiro documento da Igreja faz referência a esse canôn atual (46 livros no Antigo e 27 livros no Novo Testamento) foi o Concílio de Hipona, na época de Santo Agostinho. Infelizmente, não restaram consignados os atos desse concílio. Contudo, quase contemporâneo a Santo Agostinho, tem-se o Decretum Damasi, publicado no ano 382, que diz:
"Agora tratemos das Escrituras divinas, o que a Igreja católica universal deve acolher e que deve evitar.
Começa a ordem do Antigo Testamento. Gênese, 1 livro; Êxodo, 1 livro; Levítico, 1 livro; Números, 1 livro; Deuteronômio, 1 livro;, Josué, 1 livro; Juízes, 1 livro; Rut, 1 livro; Reis, 4 livros, <= Samuel, 2; Reis 2> Paralipômeno<= Crônicas> 2 livros; 150 Salmos [Saltério], 1 livro; Salamão [Salomão], 3 livros; Provérbios, 1 livro; Eclesiastes, 1 livro; Cântico dos Cânticos, 1 livro; Sabedoria, 1 livro; Eclesiástico, 1 livro.
Igualmente, a ordem dos Profetas: Isaías, 1 livro; Jeremias, 1 livro; com as Cinot, isto é suas lamentações; Ezequiel, 1 livro; Daniel, 1 livro; Oséias, 1 livro; Jonas, 1 livro; Naum, 1 livro; Ambacum [Habacuc], 1 livro; Sofonias, 1 livro; Ageu, 1 livro; Zacarias, 1 livro; Malaciel [Malaquias], 1 livro.
Igualmente a ordem das histórias: Jó, 1 livro; Tobias, 1 livro; Esdras [Hesdras], 2 livros <= 1 de Esdras, 1 de Neemias>; Ester, 1 livro; Judite, 1 livro; Macabeus, 2 livros.
Igualmente, a ordem da Escritura do Novo e eterno Testamento, que a Igreja santa e católica [romana] reconhece e venera: dos Evangelhos [4 livros:] segundo Mateus, 1 livro; segundo Marcos, 1 livro; segundo Lucas, 1 livro; segundo João, 1 livro. [Igualmente, dos Atos dos Apóstolos, 1 livro]
Cartas de Paulo [apóstolo], em número de 14: aos Romanos, 1 [ep.], aos Coríntios, 2[ep.], aos Efésios, 1; aos Tessalonicenses, 2; aos Gálatas, 1; aos Filipenses, 1; aos Colossenses, 1; a Timóteo, 2; a Tito, 1; a Filímon [Filêmon], 1; aos Hebreus, 1.
Igualmente, as cartas canônicas [(cân. ep.], em número de 7: do apóstolo Pedro 3 cartas, do apóstolo Tiago 1 ep., do apóstolo João 1 ep., do outro João, o presbítero, 2 ep., do apóstolo Judas o Zelote, 1 ep.
Termina o cânon do Novo Testamento." (DH 179 e 180)
O Catecismo da Igreja Católica em seu número 120 e seguintes ensina sobre o cânon das Escrituras:
"Foi a Tradição apostólica que fez a Igreja discernir que escritos deveriam ser enumerados na lista dos Livros Sagrados. Esta lista completa é denominada "Cânon" das Escrituras. Ela comporta 46 (45, se contarmos Jr e Lm juntos) escritos para o Antigo Testamento e 27 para o Novo:
Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, os dois livros de Samuel, os dois livros dos Reis, os dois livros das Crônicas, Esdras e Neemias, Tobias, judite, Ester, os dois livros dos Macabeus, Jó, os Salmos, os Provérbios, o Eclesiastes (ou Coélet), o Cântico dos Cânticos, a Sabedoria, o Eclesiástico (ou Sirácida), Isaías, Jeremias, as Lamentações, Baruc, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias, para o Antigo Testamento; os Evangelhos de Mateus, de Marcos, de Lucas e de João, os Atos dos Apóstolos, as Epístolas de S. Paulo aos Romanos, a primeira e a segunda aos Coríntios, aos Gálatas, aos Efésios, aos Filipenses, aos Colossenses, a primeira e a segunda aos Tessalonicenses, a primeira e a segunda a Timóteo, a Tito, a Filêmon, a Epístola aos Hebreus, a Epístola de Tiago, a primeira e a segunda de Pedro, as três Epístolas de João, a Epístola de Judas e o Apocalipse, para o Novo Testamento." (120)
Além disso, existem ainda mais dois documentos que citam o cânon das Escrituras. O primeiro é o Concílio de Florença, em seu Decretum pro Iacobitis, de 04 de fevereiro de 1442, que diz:
"A Igreja confessa um só e o mesmo Deus como autor do Antigo e do Novo Testamento, isto é, da Lei e dos Profetas e também do Evangelho, porque os Santos do um e do outro Testamento falaram sob inspiração do mesmo Espírito Santo; e ela aceita e venera os livros deles, compreendidos sob os seguintes títulos:
Os cinco livros de Moisés, isto é, Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio; os livros de Josué, dos Juízes, de Rute, os quatro dos Reis, os dois dos Paralipômenos, Esdras e Neemias, Tobias, Judite, Ester, Jó, os Salmos e Davi, os Provérbios, o Eclesiastes, o Cântico dos Cânticos, a Sabedoria, o Eclesiástico, Isaías, Jeremias, Baruc, Ezequiel, Daniel, os doze profetas menores, isto é, Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias, ois dois de Macabeus, os quatro Evangelhos de Mateus, de Marcos, de Lucas e de João, as catorze cartas de Paulo: aos Romanos, duas aos Coríntios, aos Gálatas, aos Efésios, aos Filipenses, aos Colossenses, as duas aos Tessalonicenses, duas a Timóteo, a Tito, a Filêmon, a Epístola aos Hebreus, a Epístola de Tiago, as duas cartas de Pedro, as três João, uma de Tiago, uma de Judas, os Atos dos Apóstolos e o Apocalipse de São João."
O segundo é famoso Concílio de Trento que em 08 de abril de 1546 publicou o Decreto sobre os livros sagrados e as tradições a serem acolhidas. Vejamos o que diz:
"O Sacrossanto, Ecumênico e Geral concílio de Trento, congregado legitimamente no Espírito Santo e presidido pelos três legados da Sé Apostólica, propondo-se sempre por objetivo que exterminados os erros se conserve na Igreja a mesma pureza do Evangelho, que prometido antes na Divina Escritura pelos Profetas, promulgou primeiramente por suas próprias palavras, Jesus Cristo, Filho de Deus e Nosso Senhor, e depois mandou que seus apóstolos a pregassem a toda criatura, como fonte de toda verdade que conduz à nossa salvação, e também é uma regra de costumes, considerando que esta verdade e disciplina estão contidas nos livros escritos e nas traduções não escritas, que recebidas na voz do mesmo Cristo pelos apóstolos ou ainda ensinadas pelos apóstolos, inspirados pelo Espírito Santo, chegaram de mão em mão até nós.
Seguindo o exemplo dos Padres católicos, recebe e venera com igual afeto de piedade e reverência, todos os livros do Velho e do Novo Testamento, pois Deus é o único autor de ambos assim como as mencionadas traduções pertencentes à fé e aos costumes, como as que foram ditadas verbalmente por Jesus Cristo ou pelo Espírito Santo, e conservadas perpetuamente sem interrupção pela Igreja Católica. Resolveu também unir a este decreto o índice dos Livros Canônicos, para que ninguém possa duvidar quais são aqueles que são reconhecidos por este Sagrado Concílio. São então os seguintes:
Do antigo testamento: cinco de Moisés a saber: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Ainda: Josué, Juízes, Rute, os quatro dos Reis, dois do Paralipômenos, o primeiro de Esdras, e o segundo que chamam de Neemias, o de Tobias, Judite, Ester, Jó, Salmos de Davi com 150 salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Sabedoria, Eclesiástico, Isaías, Jeremias com Baruc, Ezequiel, Daniel, o dos Doze Profetas menores que são: Oseias, Joel, Amós, Abdías, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonías, Ageu, Zacarias e Malaquias, e os dois dos Macabeus, que são o primeiro e o segundo.
Do Novo Testamento: os quatro Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João, os Atos dos Apóstolos escritos por São Lucas Evangelista, catorze epístolas escritas por São Paulo Apóstolo: aos Romanos, duas aos Coríntios, aos Gálatas, aos Efésios, aos Filipenses, aos Colossenses, duas aos Tessalonicenses, duas a Timóteo, a Tito, a Filemon, aos Hebreus. Duas de São Pedro Apóstolo, três de São João Apóstolo, uma de São Tiago Apóstolo, uma de São Judas Apóstolo, e o Apocalipse do Apóstolo São João. Se alguém então não reconhecer como sagrados e canônicos estes livros inteiros, com todas as suas partes, como é de costume desde antigamente na Igreja católica, e se acham na antiga versão latina chamada Vulgata, e os depreciar de pleno conhecimento, e com deliberada vontade as mencionadas traduções, seja excomungado.
Fiquem então todos conhecedores da ordem e método com o qual, depois de haver estabelecido a confissão de fé, há de proceder o Sagrado concílio e de que testemunhos e auxílios servirão principalmente para comprovar os dogmas e restabelecer os costumes da Igreja." (DH 1501-1505)
Portanto, diferentemente dos protestantes que seguem o princípio da sola scriptura, nós, os católicos não somos a religião de um livro. Somos a religião que crê que em uma Pessoa: Nosso Jesus Cristo, o qual está vivo e presente em sua Igreja. Esta Igreja - Católica Apostólica Romana - que celebra em sucessão apostólica os mesmos sacramentos, crê na mesma fé, nas mesmas Escrituras e que está embaixo do mesmo governo eclesiástico com o Papa e os Bispos em comunhão com ele.
Como disse Santo Agostinho: "Ego vero Evangelio nos crederem, nisi me catholicae Ecclesiae commoveret auctoritas" (eu não creria no Evangelho, se a isto não me levasse a autoridade da Igreja católica).


12 de set. de 2013

- São Guido de Anderlecht 12/09

Guido de Anderlecht viveu entre os séculos X e XI, tendo nascido em Brabante, Bélgica. Desde a infância, já demonstrava seu desapego pelos bens terrenos, tanto que, na juventude, distribuiu aos pobres tudo o que possuía e ganhava. Na ânsia de viver uma vida ascética, Guido abandonou a casa dos pais, que eram bondosos cristãos camponeses, e foi ser sacristão do vigário de Laken, perto de Bruxelas, pois assim poderia ser mais útil às pessoas carentes e também dedicar-se às orações e à penitência.

Quando ficou órfão, decidiu ser comerciante, pois teria mais recursos para auxiliar e socorrer os pobres e doentes. Mas seu navio repleto de mercadorias afundou nas águas do Sena. Então, o comerciante Guido teve a certeza de que tinha escolhido o caminho errado. De modo que se convenceu do equívoco cometido ao abandonar sua vocação religiosa para trabalhar no comércio, mesmo que sua intenção fosse apenas ajudar os mais necessitados.

Sendo assim, Guido deixou a vida de comerciante, vestiu o hábito de peregrino e pôs-se novamente no caminho da religiosidade, da peregrinação e assistência aos pobres e doentes. Percorreu durante sete anos as inseguras e longas estradas da Europa para visitar os maiores santuários da cristandade.

Depois da longa peregrinação, que incluiu a Terra Santa, Guido voltou para o seu país de origem, já fraco e cansado. Ficou hospedado na casa de um sacerdote na cidade de Anderlecht, perto de Bruxelas, de onde herdou o sobrenome. Pouco tempo depois, morreu, com fama de santidade. Foi sepultado naquela cidade e sua sepultura tornou-se um pólo de peregrinação. Assim, com o passar do tempo, foi erguida uma igreja dedicada a ele, para guardar suas relíquias.

Ao longo dos séculos, a devoção a são Guido de Anderlecht cresceu, principalmente entre os sacristãos, trabalhadores da lavoura, camponeses e cocheiros. Aliás, ele é tido como protetor das cocheiras, em especial dos cavalos. Diz a tradição que Guido não resistiu a uma infecção que lhe provocou forte desarranjo intestinal, muito comum naquela época pelos poucos recursos de saneamento e higiene das cidades. Seu nome até hoje é invocado pelos fiéis para a cura desse mal.

A sua festa litúrgica, tradicionalmente celebrada no dia 12 de setembro, traz uma carga de devoção popular muito intensa. Na cidade de Anderlecht, ela é precedida por uma procissão e finalizada com uma benção especial, concedida aos cavalos e seus cavaleiros.

fonte http://www.paulinas.org.br/

O silêncio e os maus sonhos

O silêncio da vigília da praça de São Pedro está fazendo ruído. E o dia de oração e de jejum convocado pelo Papa Francisco talvez possa ajudar a superar os projetos de quem, depois de ter ignorado por mais de dois anos e meio a tragédia na Síria, agora gostaria de intervir. Mas com o risco fundado e assustador de atear um conflito que já provocou mais de cento e dez mil mortos, numerosíssimos feridos e mais de seis milhões de deslocados e refugiados.
Um conflito que está causando desastres, pondo em perigo sobretudo as minorias do país e deturpando, com o uso da violência, a autêntica vocação das religiões, que várias vezes em tempos recentes reiteraram a sua vontade de paz. E o que aconteceu na aldeia de Maalula - lugar simbólico querido a cristãos e muçulmanos, onde ainda é usada uma forma da língua aramaica que é muito próxima da que Jesus falava – demonstra que o perigo é real.
Talvez iniciativa alguma da Santa Sé a favor da paz, entre as dos últimos decênios, tenha como esta impressionado e comovido o coração de muitíssimas pessoas no mundo inteiro sem diferenças de religião ou de ideologias. E é um compromisso que continua, garantiu depois do Angelus o Pontífice. Agradecendo a todos e convidando ainda a rezar "para que cessem imediatamente a violência e a devastação na Síria", mas também no Líbano, Iraque, Egipto, e para que progrida o processo de paz entre israelianos e palestinianos.
São a oração e o jejum as armas indicadas pelo Papa Francisco para afastar a violência e a guerra, suscitando um consenso que parece aumentar entre mulheres e homens de boa vontade: é possível aprender de novo a percorrer os caminhos da paz, disse retomando um slogan lançado por Paulo VI: "Aliás gostaria que cada um de nós, do mais pequeno ao mais grande, até àqueles que são chamados a governar as nações, respondesse: sim, queremos".
Na meditação pronunciada depois do rosário diante da antiquíssima imagem da Salus populi Romani o Pontífice citou só alguns versículos do Gênesis, para mostrar o contraste entre a bondade da criação e o pecado do homem, e dois trechos de Paulo VI, da mensagem para um dia da paz e do discurso pronunciado diante das Nações Unidas para repetir, depois de dois tremendos conflitos mundiais e face ao pesadelo nuclear, a rejeição da guerra.
"Deixai cair as armas das vossas mãos", implorou na época Montini. E prosseguiu: "as armas especialmente as terríveis, que a ciência moderna vos deu, ainda antes de fazer vítimas e ruínas, causam maus sonhos, alimentam maus sentimentos".
Sonhos e sentimentos maus que o Papa Francisco denuncia de novo e que é urgente afastar para o bem de todos.
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Giovanni Maria Vian
Diretor do Jornal 
L'Osservatore Romano
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Encontrei o que estava perdido

No mês de setembro, temos como tradição na Igreja Católica celebrar o mês da Bíblia no Brasil. Esse costume vem do fato de que no dia 29 celebramos a morte de São Jerônimo, o tradutor da Bíblia do grego antigo e do Hebraico para o Latim. 
Para orientar o leitor das Sagradas Escrituras, cada ano a equipe coordenadora propõe um lema e um determinado livro da Bíblia para ser estudado, refletido, seja individualmente como nas comunidades. Para este ano foi indicado o Evangelho de Jesus segundo Lucas sob o prisma do discipulado-missionário, tendo como o lema: “Alegrai-vos comigo, encontrei o que estava perdido” (Lc 15). 
“Há muito, Deus tem tentado esclarecer ao homem, acerca do seu grande amor por nós. A ovelha perdida, é uma parábola contada por Jesus, afim de mostrar a busca incessante do pai por seus filhos. Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. O sopro do pai o fez vivente. Somos seus filhos. Jesus começa ilustrando a disposição do bom pastor, que na falta de uma ovelha, somente uma delas, sai e enfrenta o que for preciso para a resgatar e a trazer em segurança ao aprisco. E foi isso mesmo que aconteceu. O pai nunca rompeu a sua relação com o homem. O ser humano foi quem se perdeu, se distraiu, não teve atenção suficiente e errou o caminho”.
Nesta perspectiva de encontrar o caminho de volta, a Palavra de Deus é a bússola que orientará com certeza ao rumo do amor infinito de Deus. E no retorno à casa, ao aprisco das ovelhas a alegria se transformará em festa, amigos e vizinhos serão convidados para se alegrar por uma única ovelha que voltou, que foi encontrada. 
Ao mesmo tempo que a Palavra de Deus na Bíblia é bússola, não podemos esquecer de que ninguém vive sozinho. A presença de um amigo, de um irmão, para caminhar juntos será fundamental, a fim de sentir no retorno a força para chegar. Como faz bem, como é indispensável um Cirineu, para apoiar e dividir o pesa da cruz. 
Cada um nós tem uma história, uma vida que vai sendo construída a cada momento. Na dinâmica do caminho somos interpelados de todos os lados, por propostas encantadoras. 
Porém nenhuma propõe em primeiro lugar a cruz. O Mestre Jesus ao fazer a proposta do seguimento dele deixa claro: “Quem quiser me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz cada dia e siga-me” (Lc 14,26). No mundo ninguém fala em renúncia, em cruz, em perseguição, tudo é festa, tudo é feito para viver um paraíso terrestre, onde tudo termina aqui. Toda escolha exige renúncia, perdas, e também ganhos, com uma pequena diferença, que tudo se encaminha para o paraíso celeste, onde tudo será uma festa eterna. 
Nunca e ninguém pode substituir ninguém no caminho da felicidade aqui e no outro mundo. Não existe representação e muito menos delegação. Somos todos convidados em primeira pessoa e julgados como indivíduos agraciados e amados desde toda a eternidade. 
O Deus que nos amou e ama nos chama para ir contra a  corrente do mundo, das ideologias alienantes, das doutrinas modernas, e do modernismo facilitador de tudo. É preciso coragem para retomar o caminho. Se faz necessário renunciar as coisas de Deus e ficar com o Deus das coisas. Alegremo-nos por uma só ovelha que volta ao colo do pastor. 

Dom Anuar Battisti é Arcebispo de Maringá (PR).

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Mês da Bíblia: O jovem e a Palavra de Deus

.Mais uma vez estamos no mês de setembro, este mês nos é proposto pela Igreja como sendo o “mês da Bíblia” e nesse contexto devemos nos perguntar: qual deve ser a nossa relação com a Palavra de Deus?
Vivemos em um mundo da rapidez, estamos cercados pelas “últimas tecnologias”, atualizações constantes; as notícias de ontem já são ultrapassadas, o que valem são as notícias que acabaram de sair no portal on-line ou aquelas que estão ainda para sair daqui a minutos, segundos… No meio de tanta informação, rapidez, velocidade, movimento será que nós jovens conseguimos encontrar espaço para fazermos um momento de encontro com a Palavra de Deus? A resposta é bem pessoal! (Responda para você mesmo, para você mesma: será que eu João, Pedro, Lucas, Marcelo, Thiago, Raphael, Maria, Márcia, Bianca, Sandra consigo encontrar espaço para ler e meditar a Palavra de Deus no meio de tanta informação?) Se a resposta for “sim”, muito bem! Se for “não”, hummmmm… Tem alguma coisa errada! Falta tempo? Organização? Vontade? O que falta para nos encontrarmos mais com a Palavra de Deus?
A Bíblia é a nossa “fonte” sempre disponível para saciarmos nossa sede de sabedoria, amor, ternura de Deus; ela é como uma grande carta de amor que o Pai do céu nos enviou, escrita por homens e mulheres inspirados pela ação do Espírito Santo, que até hoje e por todos os séculos vivifica e vivificará a vida e obra missionária da Igreja. Parafraseio o documento de Aparecida que nos orienta muito bem sobre a relação que devemos ter entre a Pessoa de Jesus e as novas tecnologias, instrumentos de comunicação: “É preciso, urgente e necessário fazer com que o rosto de Cristo e a Sua Palavra apareçam em todos os monitores de TV, Celulares, Notebooks, Tablets; para que a missão seja cada vez mais difundida, o Reino de Deus esteja cada vez mais próximo das pessoas (de preferência que cada uma reconheça que o Reino começa dentro dela) e para que o Evangelho – Boa-nova da vida – seja cada vez mais ouvido, experimentado e colocado em prática por todas as pessoas.
Bom, a conversa está muito boa, mas quero encerrar este bate-papo quero propor um texto – do qual desconheço a autoria – mas que possivelmente já poderão ter lido em algum lugar. Fica a dica para a nossa reflexão:
Já imaginou o que aconteceria se tratássemos nossa Bíblia do jeito que tratamos nosso celular?
E se sempre carregássemos nossa Bíblia no bolso ou na bolsa?
E se déssemos “uma olhada” nela várias vezes ao dia?
E se voltássemos para apanhá-la quando a esquecêssemos em casa ou no escritório?
E se a usássemos para enviar mensagens aos nossos amigos?
E se a tratássemos como se não pudéssemos viver sem ela?
E se com ela presenteássemos as crianças?
E se a usássemos quando viajamos?
E se lançássemos mão dela em caso de emergência?
Ao contrário do celular, a Bíblia não fica sem sinal. Ela “pega” em qualquer lugar.
Não é preciso se preocupar com a falta de crédito porque Jesus já pagou a conta os créditos não têm fim. E o melhor de tudo: não cai a ligação e a carga da bateria é para toda a vida.
Vou ficando por aqui! Logo nos encontraremos de novo! Sejamos bons “jovens de Maria”, pois através dela o caminho até Jesus fica muito mais bonito, feliz e carinhoso! Paz e Bem!


Luiz Fernando Miguel – Seminarista da Arquidiocese de Aparecida, Licenciando em filosofia, apresentador do programa Conexão Jovem (Rádio Frei Galvão) e colunista voluntário do Canal “Jovens de Maria”.
Fonte: http://www.a12.com/jovensdemaria/





11 de set. de 2013

Dom Henrique Soares da Costa

No cristianismo, o rito litúrgico tem um sentido profundo, santíssimo e bem claro: na força do Espírito Santo, aqueles gestos, palavras e símbolos tornam realmente presente o mistério da nossa redenção:
colocam no PRESENTE da nossa existência com toda a sua força salvadora
os santos mistérios salvíficos ocorridos no PASSADO
e já nos antecipa a plenitude da salvação que manifestar-se-
á sem véus nem limitações no FUTURO.


Portanto, na Liturgia cristã não há cerimônias; há ritos sagrados;
não há coreografias, há gestos salvíficos.

Mas, até mesmo do ponto de vista simplesmente humano, cultural, os ritos são necessários! Eis o que disse hoje o intelectual ex-presidente Fernando Henrique, ao tomar posse na Academia Brasileira de Letras:

"Agradeço, comovido, a honra de me sentar em tão ilustre companhia. Não fosse eu algo treinado em antropologia e não houvesse sido casado por tantas décadas com destacada antropóloga, poderia talvez desconsiderar a importância dos ritos que conformam a existência humana, que são elemento insubstitutível na tessitura da memória, a que nos agarramos na medida em que o tempo nos consome."

Pois é: sem rito não há memória, não se colhe a transcendência das ações humanas, dos momentos, dos valores que norteiam a existência. Sem ritos, o homem se desumaniza... O rito permeia a nossa existência:
rito para o namoro, para o noivado, rito para o casamento, rito à mesa, rito na sedução, rito na morte, no funeral, no luto, nos pêsames, rito na guerra e na paz. O homem e ser capaz de rito porque é ser capaz de dar significado às coisas e aos acontecimentos...

Isto se dá ao máximo no Rito Sagrado da Liturgia quando o Evento salvífico torna-se ritualmente presente, tornando atuante na nossa vida a presença salvadora do Deus Uno e Trino: os ritos litúrgicos são ação do Filho que traz a salvação do Pai na potência operante do Espírito para que os filhos dos homens participem da vida de filhos de Deus!

Brincar com isso é matar na alma o cristianismo, esvaziar a missão da Igreja de ser sacramento da salvação e diminuir o homem na sua humanidade! É para pensar!


fonte: https://www.facebook.com/domhenrique.dacosta

DEUS NOS CASTIGA E NOS PROVA?

Uma das ideias recorrentes sobre a presença de Deus em nossas vidas é que ele nos castiga em razão de nossas faltas e nos prova para ver o tamanho de nossa fé.
Não é incomum encontrar pessoas que afirmam serem castigos de Deus doenças, fenômenos da natureza, a própria morte. Também é corriqueiro encontrar afirmações que sofrimentos vividos são “provações”.
Para mim, ver castigos e provações por parte de Deus em nossos comportamentos, são convicções que corrompem a verdadeira fé. Se Deus é nosso Pai, como ensinou Jesus Cristo ((Mateus 6,9), se Deus é Amor como incansavelmente afirma São João (1 João 4, 16), atribuir a ele nossas dores é apresentar um rosto desfigurado.
Vamos refletir. Para isso tomo dois fatos bíblicos. Um do Antigo Testamento (1 Reis 17,20-24). Outro narrado pelo Evangelho de Lucas (7,11-17).
O texto do Livro dos Reis mostra uma viúva que acolhe em sua casa o profeta Elias. O filho da viúva, uma criança, adoece e morre. Para a viúva, o fato de ter recebido um homem de Deus em sua casa, fez com que Deus se lembrasse dos pecados dela e a castigasse com a morte do filhinho. O profeta Elias também pensa no castigo já que caminhava numa época de seca, vista também como castigo de Deus em razão dos desvios do povo. Todavia implora a Deus para que faça o menino reviver. Deus atende seu pedido e ele devolve o filho à mãe.
No texto de São Lucas Jesus, à entrada da cidade de Naim, encontra o enterro de um jovem, filho único de mãe viúva. Jesus, tomado de compaixão pela mãe, ressuscita o jovem. São Lucas usa somente três vezes o verbo “splangnizomai” que significa “comover as entranhas”.
O verbo vai parecer também nas parábolas do bom samaritano (10,29-37) e naquela que leva o nome de filho pródigo (15,11-31).
As duas, e mais o fato de Naim, fazem aparecer o termo misericórdia que é composto pelo verbo colocar e pela palavra coração, significando colocar o coração naquilo que se faz, naquilo que se diz. Comover com sentimento entranhado e colocar o coração se contrapõem, a meu ver, com castigo e provação. Se no Antigo Testamento a linguagem pedagógica da Bíblia falava num Deus irascível, vingativo, o Novo Testamento fala de um Deus que é essencialmente amor e que por amor nos enviou seu Filho para que nele tivéssemos vida João 10,10). É preciso ter clareza que Deus não castiga ninguém nem tem prazer com a destruição do pecador. Deus quer que quando erramos nos convertamos, nos corrijamos (Ezequiel 33). Igualmente creio que Deus não prova ninguém. Porque não há nada que ele desconheça. Nada é escondido ou surpreendente para Deus (Salmo 139 ou 138).
Nós sim podemos ver em sofrimentos, dores e até em catástrofes uma linguagem que nos leve a pensar e agir na direção de melhorarmos nossos comportamentos e cuidados com nossas vidas e com a natureza. Nada me proíbe de ver numa situação difícil um modo de perceber se continuo confiando em Deus num momento de dor. Sou eu quem deve provar a Deus que continuo acreditando no seu amor num momento em que sofro a doença, a morte, um insucesso. E a base deste crer na dificuldade está na certeza de que Deus quer sempre o Bem e sua vontade é sempre o Bem. Deus não quer o mal nem o sofrimento. Geradores de dores são os comportamentos humanos. Os descuidos consigo e com o mundo que nos rodeia.
Costumo dizer – e creio nisso – que se todos nos tratássemos como irmãos e irmãs ficaríamos devedores das limitações naturais: uma doença que chega, a morte que acontecerá. Não teríamos corrupção, mentira, abuso de poder, desvios de condutas, etc. E mesmo diante da doença e da morte viveríamos a solidariedade fraterna e a certeza de fé de que a última palavra é a de Deus: ressurreição e Vida. O desafio é viver assumindo que nossas limitações físicas e afetivas são sempre consequência de nossos comportamentos. E que a dificuldade de mudar nossas atitudes faz atribuir a Deus as medidas que nos fazem sofrer. Os cristãos têm a missão de anunciar a verdadeira face de Deus. Aquela que ficou visível na pessoa de Jesus Cristo (João 14, 8-11).
Mons. Giovanni Barrese, Pároco da Igreja Matriz de São João Batista de Atibaia/Diocese de Bragança Paulista, colunista do “Jornal da Cidade” e um dos apresentadores do Programa “Orar é Amar” da RIC 107,1 FM.
http://www.miliciadaimaculada.org.br

Natividade de São João Batista: o maior dos profetas

A natividade de  São João Batista  é  uma solenidade muito importante no ano litúrgico, porque nesse dia lembramos o maior dos profetas, com...